O
final do século XIX e a 1ª década do século XX na Europa, foram marcados por um clima de confiança e otimismo.
Os homens da época tinham a sensação de que a Europa teria o domínio definitivo
sobre todos os continentes. Porém, por trás dessa aparência de tranqüilidade
estavam presentes graves problemas econômicos.
O mundo encontrava-se dividido e
submisso às grandes potências européias e aos Estados Unidos. Não existiam mais
territórios sem dono e as grandes potências brigavam entre si na tentativa de
expandir suas áreas de dominação econômica e política.
A Revolução Industrial trouxe
transformações importantes para a economia capitalista: surgiram as máquinas
elétricas e os motores a combustão.
As indústrias mais importantes
extraiam petróleo, fabricavam aço, máquinas e
navios.
A competição capitalista estimulou o crescimento de algumas empresas;
porém, levou ao fracasso muitas outras. Empresas mais fracas foram compradas ou
faliram, enquanto que as grandes ficaram maiores ainda.
Os chamados monopólios (grandes
empresas) passaram a controlar os grandes setores da economia. Tais empresas
queriam crescer e enriquecer cada vez mais. Desejavam matérias-primas (minério,
algodão, cacau), mão-de-obra barata (para trabalhar nas minas com salários
reduzidos e lucros para os patrões) e mercados consumidores.
Para conseguir tudo isso as
empresas (monopólios) precisavam investir capital em outros lugares do mundo e
criar impérios econômicos (principalmente em países de economia mais frágil) e
tudo isso com a ajuda de seus respectivos governos.
Economistas alemães e ingleses do
início do século XX chamaram essa nova fase do capitalismo mundial de Imperialismo.
Esse choque de imperialismos
acabou deflagrando a Primeira Grande
Guerra.
O Imperialismo estava ligado a
dois fenômenos:
- Investimento de capital no
estrangeiro
- Domínio econômico de um país
sobre o outro
Os países imperialistas
colonizaram vastas regiões na África e na Ásia e justificaram as suas ações baseadas
no racismo (“raça branca merece dominar as demais”), etnocentrismo (“brancos
civilizados levam progresso aos povos primitivos”), darwinismo (“nações mais
fortes sobrevivem e mais fracas, não”).
No começo do século XX, a
indústria alemã estava ultrapassando a inglesa. Tanto alemães quanto ingleses
não queriam competir no mercado e para acabar de vez com a concorrência, seus
governos decidiram que uma guerra seria muito bem-vinda.
Porém, era preciso convencer o
povo de que não havia outra saída. Para tal “serviço de convencimento”, a
imprensa foi fundamental, e cada país usava os jornais para tentar destruir
moralmente o outro.
Em 1871, a Alemanha se tornou um
país unificado, essa unificação se completou depois que os
alemães derrotaram a França na Guerra
Franco-Prussiana. Como conseqüência, a França foi obrigada a
entregar a região de Alsácia-Lorena,
fato que levou os franceses a quererem vingança.
A Europa estava a um passo da
guerra e os países disputavam novas colônias. A situação se agravou ainda mais
quando o arquiduque Francisco Ferdinando (herdeiro do trono austríaco) visitou
Sarajevo. A população de Sarajevo odiava os austríacos e o filho do imperador
austríaco resolveu desfilar de carro aberto pela cidade.
Francisco Ferdinando foi assassinado e esse fato é considerado
a causa imediata da Primeira Guerra.
Porém, vários outros fatores
também contribuíram para o advento da guerra.
- A construção da estrada de
ferro Berlin-Bagdá: sua construção colocaria à disposição da Alemanha os
lençóis petrolíferos do Golfo Pérsico
e os mercados orientais, além de ameaçar as rotas de comunicação entre a
Inglaterra e seu Império.
- Pan-Eslavismo Russo (união de todos os povos eslavos sob a proteção da Rússia): o Pan-Eslavismo servia de justificativa para os interesses imperialistas da Rússia de dominar regiões da Europa Oriental habitadas por outros povos eslavos (poloneses, ucranianos, tchecos, eslovacos, sérvios, búlgaros, croatas)
- Nacionalismo da Sérvia
- Conflitos originários da decadência do Império Turco
- A Alemanha e a Itália eram imperialistas, queriam e precisavam de colônias, para isso precisariam tomar as colônias de outros países, já que não havia mais quase locais para serem dominados
- Crises no Marrocos: alemães, ingleses e franceses
disputavam essa área
- Primeira e segunda Guerra Balcânica
- Primeira e segunda Guerra Balcânica
Das rivalidades entre essas
várias potências, surgiram dois sistemas de alianças. O que unia esses dois
blocos era a existência de inimigos comuns:
- Tríplice Entente
(Inglaterra, França e Rússia)
- Tríplice Aliança (Alemanha, Império Austro – Húngaro e Itália)
A primeira guerra dividiu-se em 3
fases:
- Guerra de movimento: momentos iniciais do conflito. O jogo de Alianças
e as hostilidades arrastaram vários países para o conflito
- Guerra de Trincheiras: consistia na
construção de trincheiras
pelos alemães em solo francês. Nesse momento foram introduzidas novas armas
como as metralhadoras e os tanques.
- Ofensivas
Em 1915, Japão e Itália entraram
na guerra, porém, o primeiro se retirou do conflito após tomar os territórios
alemães na China e algumas colônias.
Em 1916, houve duas grandes
batalhas envolvendo Franceses, Ingleses e Alemães:
Batalha de Somme (1 milhão de 100
mil mortos) e a Batalha de Verdun (600 mil mortos).
Os EUA vendiam alimentos,
combustível, produtos industriais e máquinas para a França e a Inglaterra. Tudo
pelo sistema de crediário (“compre agora e pague depois da guerra”).
Com o passar do tempo, a situação
ficava pior (destruição, fome, miséria e matanças) e os EUA começaram a temer
que a França e a Inglaterra não pagassem pelas mercadorias compradas dos
americanos (os dois países deviam aos americanos quase 2 bilhões de dólares).
Com essa mentalidade, os
americanos começaram a fazer uma forte campanha a favor da entrada do país na
guerra.
Em março de 1917, os alemães
afundaram alguns navios americanos que iam comerciar com a Inglaterra e no dia
6 de abril o Congresso americano votava favoravelmente a declaração de guerra à
Alemanha.
Em 1917, várias propostas de paz
foram lançadas por países e entidades neutras. O presidente dos EUA (Woodrow
Wilson), em 1918, levou essas idéias ao Congresso no chamado “Programa dos 14
Pontos”.
Em março do 1918 (após a
revolução socialista) o governo russo assinava a paz com a Alemanha e se
retirava da guerra. Bulgária, o Império Turco e o Império Austro- Húngaro
também seguiam o exemplo russo e se retiraram do conflito.
Enquanto os países se retiravam
aos poucos do conflito, o povo alemão se rebelava contra a guerra.
Em 1918, a Alemanha foi
transformada em República e o novo governo aceitou o armistício dando por encerrado o conflito.
Em 1919, iniciou-se a Conferência
de Paris (no Palácio de Versalhes), onde seriam tomadas as decisões
diplomáticas do pós-guerra. Os 27 países “vencedores” participaram da
conferência.
O Tratado de Versalhes colocou de
lado o “Programa dos 14 Pontos” e os “vencedores” impuseram duras penalidades à
Alemanha:
- A Alemanha perdeu suas colônias
- Ficou proibida de ter forças
armadas
- Foi considerada culpada pela
guerra
- Teve que pagar uma indenização
aos “vencedores”
Com tudo isso, a Alemanha perdeu
muito dinheiro e mergulhou na maior crise econômica de sua história.
Na Alemanha, não havia mais
imperador, agora o país era uma república democrática e esse período foi
chamado de “República de Weimar” que
durou até 1933, quando os nazistas tomaram o poder impondo um regime
ditatorial.
Até então, essa foi a pior guerra
que o mundo conhecera, foram 9 milhões de mortos e além deles, 6 milhões de
soldados voltaram mutilados.
Além dessas, a guerra também
trouxe outras sérias conseqüências.
- Famílias destruídas e crianças
órfãs
- Os EUA tornaram-se o país mais
rico do mundo
- O império Austro-Húngaro se
fragmentou
- Surgimento de alguns países
(Iugoslávia) e desaparecimento de outros
- O império turco após 200 anos
de decadência se dividiu
- Em 1919, foi criada a Liga das
Nações (sediada na Suíça); porém, pouco tempo depois ela fracassou
- O desemprego aumentou na Europa
Quatro anos após a Guerra, a
Europa já não era mais a mesma. Dentre as principais mudanças estão:
- presidentes no lugar de
príncipes, automóveis circulando pelas ruas, submarinos nos mares e aviões nos
céus
- O cinema e o rádio também
começaram a se expandir
- As mulheres tomaram consciência
dos seus direitos e tornaram-se mais livres
Tudo isso caracterizava uma nova
fase mundial, era o início de um novo século.
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