A educação
indígena no Brasil é um direito constitucional assegurado aos índios sob a responsabilidade da FUNAI,
A Fundação Nacional do Índio.
Falar da educação dos índios nos dias atuais requer uma breve
análise histórica deste povo. Precisamos reconhecer que nesses 512 anos, os povos
indígenas têm sito destruídos, mortos, perseguidos e marginalizados pelos "civilizados". Mesmo com toda política de proteção e leis preocupadas pela qualidade de vida
dos índios, estamos longe de um tratamento digno e justo àqueles que foram os
primeiros habitantes desta terra. Se este é um povo que vem perdendo sua
identidade, sua cultura e costumes, sua história e a própria vida,
pois várias foram as tribos dizimadas por doenças levadas por homem branco, também a educação teve seu
processo e seus propósitos alterados e ajustados as necessidades de cada tribo.
De modo geral, a educação indígena antigamente
tinha objetivo de catequizar os índios e torná-los missionários,
apaziguando-os, tornando-os dóceis e submissos as necessidades do povo da
cultura dos brancos, no caso os colonizadores. Ensinavam a Língua Portuguesa,
desconsideravam os mitos, as crenças, os hábitos indígenas e as aulas eram
ministrados por professores brancos, primeiro os padres
depois pessoas comuns que passavam a viver nas aldeias para educar - catequizar os indígenas.
Algumas tribos passaram a viver mais como brancos
do que como os índios, maravilhados pelas novidades e comodidades da vida fora
da aldeia. Outros foram incansáveis e defenderam seu modo de vida, usando o
processo de educação dos jovens, exatamente para manter a cultura de seu povo.
Devido à realidade de exploração que a maioria das tribos vivia, os próprios
povos sentiram a necessidade de aprender a escrita de sua língua moderna.
Hoje, a escola indígena, na maior parte dos povos
que mantêm contato com a civilização, tem como objetivo manter os costumes dos índios e
ensinar a sua língua junto com outras matérias. O currículo diferenciado não é
só o ensino da língua materna, mas de todo um currículo além das questões de
cada povo. A diversidade lingüística está diretamente ligada à questão da
educação, pois são faladas no mínimo 180 (cento e oitenta) línguas indígenas e
o processo educacional atual visa manter um equilíbrio, para que a língua
oficial do país não seja imposta, mas também haja espaço para o ensino da
língua indígena, de modo que esta não se perca, daí a importância do professor
bilíngüe.
Desta maneira, cabe salientar o que está posto no
item IV, das Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena ( MEC/
SEF, 1994) que afirma:
· Um dos aspectos relevantes
para a definição do currículo de uma escola é o conhecimento da prática
cultural do grupo a que a escola se destina, já que estas práticas é que
definem determinadas estratégias de ações e padrões de interação entre as
pessoas, que são determinadas no processo de desenvolvimento do indivíduo. Isso
requer uma intensa experiência em desenvolvimento curricular e também métodos
de investigação e pesquisa para compreender as práticas culturais do grupo. Daí
a necessidade de formação de uma equipe multidisciplinar constituída de antropólogos, lingüistas e educadores entre outros, de maneira
a garantir que o processo de ensino-aprendizagem se insira num contexto mais
amplo do que o processo paralelo dissociado de outras instâncias de apreensão e
compreensão da realidade.
Portanto, a educação indígena, como um todo, deve
ser um processo de construção coletiva envolvendo uma formação política e
específica do professor e da professora, envolvendo a própria comunidade e as
organizações indígenas, com articulações de entidades de apoio governamentais,
e não governamentais (ONG). Os índios não podem ser figuras ligadas somente ao
passado do Brasil, devemos buscar, conhecer e valorizar essa porção da
cultura brasileira.
Cabe salientarmos também os problemas enfrentados
pelas inúmeras Instituições Escolares Indígenas do Brasil professores reunidos
na III Assembléia Geral do Conselho dos Professores Indígenas da Amazônia, ocorrida
em Manaus, no ano de 2003 onde fizeram um diagnóstico da situação
das escolas indígenas e destacaram entre os principais problemas enfrentados:
·
Não reconhecimento
das escolas indígenas;
·
Falta de
infra-estrutura adequada;
·
Discriminação e
preconceito;
·
Não implementação
da legislação da Educação Escolar Indígena, em especial a Resolução 03/99;
·
Ausência de
representação indígena nos Conselhos de Educação;
·
Falta de uma
política pública para atender a necessidade do Ensino Superior voltado aos
interesses dos povos indígenas buscando o compromisso das universidades
públicas;
·
Falta de
atendimento ao Ensino Fundamental II, de 6ª
a 9ª ano;
·
Falta de concursos
públicos diferenciados para resolver a situação dos contratos temporários.
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