sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA - AS ORIGENS DO FACISMO


Fenômeno político que exerceu enorme influência em alguns países ao longo do século XX foi analisado por diversos estudiosos. Antonio Gramsci, Leon Trotsky, Otto Bauer, Paul Sweezy e Ernest Mandel foram apenas alguns daqueles que tentaram compreender suas características. Entre os teóricos é fundamental o olhar latino-americano de José Carlos Mariátegui, um dos primeiros a observar e acompanhar de perto os eventos ocorridos na Itália, além de tentar proporcionar uma interpretação precisa e acurada deste movimento singular, quando era jornalista e escrevia para um jornal peruano.

Mariátegui, em busca de um clima mais adequado para sua frágil saúde, mudou-se para a Itália em 1919 e encontrou um país marcado por várias experiências históricas. O Risorgimento possibilitara uma unidade geográfica, construída e idealizada pela burguesia italiana, que deixou de lado o elemento popular. A contínua fratura do norte desenvolvido e do sul agrário e dependente – o ponto nevrálgico da estrutura econômica do país – manteve-se praticamente intacta durante toda a segunda metade do século XIX. A Itália, unida a partir do ideal cultural mazziniano através do ímpeto diplomático e militar de líderes políticos e revolucionários, como o Conde de Cavour e Giuseppe Garibaldi, ainda não atingira a maioria da população, que não falava o italiano ainda e preferia dialetos regionais.

O Estado italiano surgido do Risorgimento era politicamente fraco, conservador e burocratizado e mantinha quase que inalteradas as relações e os compromissos entre a burguesia e os setores latifundiários. A Itália aparecia no cenário europeu sem força política, militar ou econômica diante das grandes potências industriais europeias. Porém uma força avassaladora estava para tomar o país: o fascismo de Benito Mussolini. Vemos o fascismo crescer e se tornar a maior força política da Itália.

Ao lado das inclinações de restauração do tipo tradicional do Estado autoritário, também enfatiza agudamente os aspectos ideológicos do fascismo. Assinala, neste sentido, o papel antecipador do poeta Gabriele D’Annunzio dentro das correntes irracionalistas do pós-guerra. Ao mesmo tempo destaca sua marginalização no momento em que o fascismo revela seu conteúdo violentamente classista. No caminho entre o céu da retórica poética e a terra firme, o movimento conserva apenas os elementos exteriores do d’annunzianismo e se propõe como núcleo de agregação de todas as forças reacionárias.

Daí o surgimento do Partido Comunista, ao que Mariátegui assiste pessoalmente, saudando-o como uma possível alternativa e chegando até mesmo a lançar a previsão de um enfrentamento final entre o fascismo e a nova força revolucionária. Depois da experiência do regime autoritário e da incapacidade de organizar uma autêntica oposição, conclui que não resta espaço para as forças demoliberais tradicionais.

O fenômeno fascista é enfocado sempre dentro de seu contexto europeu. Os traços peculiares de sua manifestação italiana, portanto, não o impedem de perceber uma tendência mais geral à agregação das forças reacionárias que abarca, de formas diferentes, em vários países do velho continente.

Principais características e ideias do fascismo:

- Totalitarismo: o sistema fascista era antidemocrático e concentrava poderes totais nas mãos do líder de governo. Este líder podia tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem consultar políticos ou representantes da sociedade.


- Nacionalismo: entre os fascistas era a ideologia baseada na ideia de que só o que é do país tem valor. Valorização extrema da cultura do próprio país em detrimento das outras, que são consideradas inferiores.


- Militarismo: altos investimentos na produção de armas e equipamentos de guerra. Fortalecimento das forças armadas como forma de ganhar poder entre as outras nações. Objetivo de expansão territorial através de guerras.


- Culto à força física: Nos países fascistas, desde jovens os jovens eram treinados e preparados fisicamente para uma possível guerra. O objetivo do estado fascista era preparar soldados fortes e saudáveis.


- Censura: Hitler e Mussolini usaram este dispositivo para coibir qualquer tipo de crítica aos seus governos. Nenhuma notícia ou ideia, contrária ao sistema, poderia ser veiculadas em jornais, revistas, rádio ou cinema. Aqueles que arriscavam criticar o governo eram presos e até condenados a morte.


- Propaganda: os líderes fascistas usavam os meios de comunicação (rádios, cinema, revistas e jornais) para divulgarem suas ideologias. Os discursos de Hitler eram constantemente transmitidos pelas rádios ao povo alemão. Desfiles militares eram realizados para mostrar o poder bélico do governo.


- Violência contra as minorias: na Alemanha, por exemplo, os nazistas perseguiram, enviaram para campos de concentração e mataram milhões de judeus, ciganos, homossexuais e até mesmo deficientes físicos.

 
- Anti-socialismo: os fascistas eram totalmente contrários ao sistema socialista. Defendiam amplamente o capitalismo, tanto que obtiveram apoio político e financeiro de banqueiros, ricos comerciantes e industriais alemães e italianos.

Curiosidade

- Embora Itália e Alemanha tenham sido os exemplos mais nítidos de funcionamento do sistema fascista, em Portugal (governo de Salazar) e Espanha (governo de Francisco Franco), neste período, características fascistas se fizeram presentes.
 
O fascismo na atualidade
Embora tenha entrado em crise após a Segunda Guerra Mundial, alguns aspectos da ideologia fascista ainda estão presentes em alguns grupos e partidos políticos. Na Europa, por exemplo, existem partidos políticos que defendem plataformas baseadas na xenofobia (aversão a estrangeiros).

 

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