A Belle Époque é normalmente
compreendida como um momento na trajetória histórica francesa que teve seu
início no final do século XIX, mais ou menos por volta de 1880, e se estendeu
até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Mas, na
verdade, não é possível demarcar tão rigorosamente seus limites, uma vez que
ela é mais um estado espiritual do que algo mais preciso e concreto.
No Brasil, por exemplo, este
período tem início em 1889, com a Proclamação da República, e vai até 1922,
quando explode o Movimento Modernista, com a realização da Semana da Arte Moderna na cidade de São
Paulo. A Belle Époque brasileira
é, no entanto, instaurada lentamente no país, por meio de uma breve introdução
que começa em meados de 1880, e depois ainda sobrevive até 1925, sendo aos
poucos minada por novos movimentos culturais.
Esta era é até hoje relembrada
como uma época de florescimento total do belo, de transformações, avanços e paz
entre o território francês, onde este movimento se centralizou, e os países
europeus mais próximos. Surgem novas descobertas e tecnologias, e o cenário cultural fervilha com o aparecimento dos cabarés, do
cancan, do cinema. A face artística é subvertida com o nascimento do Impressionismo e da Art Nouveau. Em outras
terras a arte e a arquitetura nascentes neste momento são conhecidas como obras de estilo ‘Belle Époque’.
No Brasil a ligação com a França
é profunda nesta fase da História. Entre os membros da elite brasileira, era
inconcebível não ir a Paris ao menos uma vez por ano, para estar sempre a par
das mais recentes inovações. Em meados do século XIX, cinco importantes mostras
internacionais organizadas na cidade-luz indicaram as novas inclinações
estéticas aos artistas de todo o mundo.
Uma delas, a de 1855, revelou uma
oposição entre os seguidores do neoclassicismo de Dominique Ingres e os do
romantismo de Eugéne Delacroix.
Este saiu vitorioso do embate, estendendo seu triunfo ao movimento cultural por
ele representado. Nesta mesma exposição o artista Gustave Courbet, ao ver seus
trabalhos rejeitados, montou próximo ao salão das obras expostas seu Pavilhão
do Realismo. Em 1867 seus esforços são recompensados, pois neste ano ele e sua
obra tornam-se o centro das atenções, com o êxito da escola realista.
Ao mesmo tempo, este período
testemunhou a escalada do socialismo organizado e dos militantes operários. Os
confrontos criados por este novo cenário, somados às controvérsias políticas
então vigentes, geraram um posicionamento dos franceses entre a esquerda e a
direita. Mesmo com esta tensão no ar, o contexto desta época é lembrado como a
era dourada, subitamente abalada pelo início da Primeira Guerra Mundial.
Mudanças profundas marcam o
cotidiano da Belle Époque, provocadas pelo aparecimento de novas tecnologias
como o telefone, o telégrafo sem fio, o cinema, a bicicleta, o automóvel, o avião, entre outras invenções. Paris se torna o centro
cultural mundial, com seus cafés-concertos, balés, operetas, livrarias,
teatros, boulevards e a alta costura inspirando e influenciando várias regiões
do Planeta. Toda a elite intelectual consome avidamente os livros de
Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Zola, Anatole France e Balzac, uma referência
existencial para os que estavam sintonizados com os ares da Belle Époque.
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