A GUERRA DE CANUDOS (1896/7)
O principal personagem desse episódio, o marinheiro João Cândido ficou preso na Ilha das Cobras junto com outros 17 companheiros, onde 15 deles acabaram morrendo dias após. O “almirante negro” sobreviveu mas foi internado a revelia no Hospital de Alienados no Rio de Janeiro. Julgado em 1912, João Cândido foi absolvido o mesmo aconteceu com os sobreviventes da Revolta. O preço foi alto mas o movimento pode ser considerado vitorioso. A Revolta da Chibata é, até os dias de hoje, um tabu dentro Marinha do Brasil.
A GUERRA DO CONTESTADO (1912/6)
Em 1912, José Maria e centenas de seguidores se fixaram no povoado de Taquaraçu, em Santa Catarina. Os fazendeiros locais incomodados com aquela aglomeração pediram ajuda ao governo. Assim como os seguidores de Conselheiro, os do monge José Maria foram acusados de serem fanáticos monarquistas. Ameaçados por tropas policiais, os crentes se retiraram para Campos do Irani, no município paranaense de Palmas, onde se instalaram. Foram atacados pela polícia paranaense. José Maria e muitos fieis foram mortos.
A morte do monge ao invés de esvaziar o movimento surtiu efeito contrário. Acreditando na ressurreição de seu líder, os crentes se reorganizaram. Milhares de pessoas aderiram ao movimento formando as chamadas “vilas santas”.
As “vilas santas” foram atacadas pelo Exército, forças públicas estaduais e bandos de jagunços sendo destruídas. Os interesses dos coronéis locais e da empresa do capitalista norte-americano Percival Farquhar, dedicada a exploração e venda de madeira estavam, enfim, resguardados.
O MOVIMENTO OPERÁRIO
Durante a República Velha ocorreram algumas revoltas sociais que
deixam claro que o predomínio oligárquico não foi exercido sem contestação. No
interior nordestino onde a superexploração, a miséria e a fome era a realidade
do sertanejo, surgiram líderes messiânicos cuja o mais conhecido foi Antônio
Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro.
As pregações de Conselheiro atraia milhares de fieis que
passaram a seguir o beato em sua peregrinação pelo sertão. Em 1893, Conselheiro
e seus seguidores fundaram, em uma fazenda abandonada o Arraial de Canudos. Uma
comunidade onde todos trabalhavam e os frutos do trabalho era repartido de
acordo com as necessidades de cada família. Lá não havia exploração, fome e
outros males que atormentavam os sertanejos...parecia o paraíso terrestre.
Quanto mais o Arraial prosperava mais incomodava os poderosos da região. Os
fazendeiros temiam perder mão-de-obra os padres, fieis. Aproveitaram-se das
convicções políticas de Conselheiro, que por diversas vezes tinha se
manifestado contra a República para fazer guerra a Canudos. A cada expedição
feita contra Canudos que não obtinha êxito, reforçava-se a idéia de que o
Arraial era um foco de perigosos monarquistas dispostos a destruir a República.
Os jornais do Rio, através de notícias alarmantes ajudava a por mais “lenha na
fogueira”, criando um clima de histeria na capital do país. Em 1897, Canudos
foi riscado do mapa após ter resistido bravamente e vencido as três tentativas
anteriores. Em fins do século XX o Exército fez sua mea culpa em relação ao
episódio, admitindo que a Guerra de Canudos foi um grande equívoco do qual o
Exército Brasileiro tomou parte.
O CANGAÇO
O CANGAÇO
O Cangaço foi um fenômeno ocorrido no SERTÃO NORDESTINO de
meados do século XIX ao início de 1940.. O cangaço tem suas origens em questões
sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro, caracterizando-se por ações
violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, seqüestravam
coronéis (grandes fazendeiros) e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham
moradia fixa: viviam perambulando pelo sertão, praticando tais crimes, fugindo
e se escondendo.
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o "lampião", denominado o "Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro.
Por parte das autoridades e de suas vítimas Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra.
O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, o "lampião", denominado o "Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro.
Por parte das autoridades e de suas vítimas Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra.
No dia 28 de julho de 1938 na localidade de Angicos, no estado
de Sergipe, Lampião foi vítima de uma emboscada onde foi morto junto com sua
mulher, Maria Bonita e outros cangaceiros de seu bando. Tiveram suas cabeças
decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria assustar e
desestimular esta prática na região. Depois do fim do bando de Lampião, os
outros grupos de cangaceiros, já enfraquecidos, foram se desarticulando até
terminarem de vez ,no início de 1940.
A REVOLTA DA VACINA (1904)
Não era só no campo que as camadas mais humildes viviam
oprimidas. A Revolta da Vacina ocorreu em 1904 em plena capital federal. Os
populares do Rio de Janeiro rebelaram-se contra a tentativa do governo de impor
a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola a todas as pessoas. Aos gritos
de “abaixo a vacina” viraram bondes no centro da cidade, quebraram os lampiões,
ergueram barricadas em diversos bairros e enfrentaram as forças policiais da
capital. Durante os conflitos ocorreu uma tentativa de levante militar visando
derrubar o governo que não conseguiu êxito. O governo decretou estado de sítio,
reprimiu e perseguiu violentamente os revoltosos. O regulamento da vacina foi
alterado, tornando facultativa sua aplicação.
A REVOLTA DA CHIBATA (1910)
A REVOLTA DA CHIBATA (1910)
A escravidão acabou em 1888, porém esqueceram de comunicar tal
acontecimento ao alto comando da marinha, pois em 1910, os marinheiros que por
coincidência eram negros na sua maioria sofriam castigos corporais por parte
dos oficiais que além de serem brancos vinham de famílias tradicionais de
linhagem escravocrata. Os marinheiros, liderados por João Cândido o “almirante
negro” que tinha a dignidade de um mestre-sala como cantou o poeta, se
rebelaram após um colega de farda ser punido com 250 chibatadas. Na noite de 22
de novembro de 1910 explodia a Revolta da Chibata, assumiram o comando dos
encouraçados Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Deodoro e apontaram os seus canhões
para a cidade do Rio de Janeiro. Os marujos exigiam o fim dos castigos físicos,
melhoria do soldo e da alimentação e anistia para os participantes da revolta.
Pego de “calças curtas” o então presidente Hermes da Fonseca não teve outra
saída a não ser aceitar as exigências dos marinheiros. Refeito do susto o
governo deu o troco, a anistia concedida aos marinheiros acabou sendo
desconsiderada, ocorrendo afastamentos, prisões, mortes deportação.
O principal personagem desse episódio, o marinheiro João Cândido ficou preso na Ilha das Cobras junto com outros 17 companheiros, onde 15 deles acabaram morrendo dias após. O “almirante negro” sobreviveu mas foi internado a revelia no Hospital de Alienados no Rio de Janeiro. Julgado em 1912, João Cândido foi absolvido o mesmo aconteceu com os sobreviventes da Revolta. O preço foi alto mas o movimento pode ser considerado vitorioso. A Revolta da Chibata é, até os dias de hoje, um tabu dentro Marinha do Brasil.
A GUERRA DO CONTESTADO (1912/6)
Ocorreu no Sul do país em uma região cuja posse era disputada
por Santa Catarina e Paraná, por isso chamada Contestado. Os moradores dessa
localidade sofriam com os coronéis que constantemente expulsavam posseiros de
suas terras anexando-as. Com a construção da ferrovia que ligaria o RS a SP e
que passava justamente nesse lugarejo e posteriormente com a chegada de uma
grande madereira estrangeira na região centenas de famílias foram expulsos de
suas propriedades.
Essas pessoas buscaram conforto nas pregações de beatos que
perambulavam pela região, prometendo tempos melhores. Um desses beatos foi o
monge José Maria, que se dizia o escolhido por Deus para construir na Terra a
Monarquia Celeste.
Em 1912, José Maria e centenas de seguidores se fixaram no povoado de Taquaraçu, em Santa Catarina. Os fazendeiros locais incomodados com aquela aglomeração pediram ajuda ao governo. Assim como os seguidores de Conselheiro, os do monge José Maria foram acusados de serem fanáticos monarquistas. Ameaçados por tropas policiais, os crentes se retiraram para Campos do Irani, no município paranaense de Palmas, onde se instalaram. Foram atacados pela polícia paranaense. José Maria e muitos fieis foram mortos.
A morte do monge ao invés de esvaziar o movimento surtiu efeito contrário. Acreditando na ressurreição de seu líder, os crentes se reorganizaram. Milhares de pessoas aderiram ao movimento formando as chamadas “vilas santas”.
As “vilas santas” foram atacadas pelo Exército, forças públicas estaduais e bandos de jagunços sendo destruídas. Os interesses dos coronéis locais e da empresa do capitalista norte-americano Percival Farquhar, dedicada a exploração e venda de madeira estavam, enfim, resguardados.
O MOVIMENTO OPERÁRIO
O operariado não ficou passivo diante das dificuldades que
vivenciaram durante a República Velha. O primeiro partido operário brasileiro,
o Partido Operário, foi criado pelos socialistas em 1890 na cidade do Rio de
Janeiro. Defendia reformas por meio da colaboração de classes. É obvio que suas
propostas não sensibilizaram o patronato e por tabela os trabalhadores.
Enquanto os socialistas do Partido Operário eram favoráveis a uma ação moderada, os anarquistas defendiam ações mais radicais para a imediata conquista de direitos e a destruição da sociedade capitalista. Até a década de 20, o anarquismo, em particular o anarco-sindicalismo, exerceu grande influência sobre o movimento operário brasileiro.
Enquanto os socialistas do Partido Operário eram favoráveis a uma ação moderada, os anarquistas defendiam ações mais radicais para a imediata conquista de direitos e a destruição da sociedade capitalista. Até a década de 20, o anarquismo, em particular o anarco-sindicalismo, exerceu grande influência sobre o movimento operário brasileiro.
Os anarco-sindicalistas defendiam a tese de que os sindicatos
eram os instrumentos fundamentais para deflagrar a luta por melhores condições
de vida e pela emancipação social do proletariado. Os anarco-sindicalistas eram
partidários da ação direta e negavam qualquer validade às lutas partidárias e
parlamentares. Segundo eles a revolução seria feita através de uma greve geral
que, vitoriosa, aboliria o Estado; através dos sindicatos seria organizada a
nova sociedade.
Para termos uma idéia da organização e da força do movimento
operário na República Velha, observemos os seguintes dados: no período que vai
de 1900 a 1922 ocorreram 369 greves(sendo 111 entre 1900 e 1910 e 258 entre
1910 e 1920).
Em 1917, ocorreu a primeira greve geral no Brasil. Teve início em uma fábrica de tecidos de São Paulo (Cotonifício Crespi), em reação a tentativa da empresa de prolongar o trabalho noturno sem aumento da remuneração. Os operário entraram em greve exigindo aumento de salários, abolição das multas, mudanças no regimento interno da empresa e regulamentação do trabalho feminino e infantil. A greve se espalhou por outras empresas.
Em um confronto com a polícia, um manifestante foi morto. Esse episódio fez com que o movimento grevista se alastrasse por São Paulo e contagiasse os trabalhadores de outras regiões do país. Rebentaram greves no Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O TENENTISMO
Em 1917, ocorreu a primeira greve geral no Brasil. Teve início em uma fábrica de tecidos de São Paulo (Cotonifício Crespi), em reação a tentativa da empresa de prolongar o trabalho noturno sem aumento da remuneração. Os operário entraram em greve exigindo aumento de salários, abolição das multas, mudanças no regimento interno da empresa e regulamentação do trabalho feminino e infantil. A greve se espalhou por outras empresas.
Em um confronto com a polícia, um manifestante foi morto. Esse episódio fez com que o movimento grevista se alastrasse por São Paulo e contagiasse os trabalhadores de outras regiões do país. Rebentaram greves no Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O TENENTISMO
O movimento revolucionário que ficou conhecido como Tenentismo
pelo fato de estar ligado a jovem oficialidade do Exército, apesar de defender
algumas propostas que iam de encontro aos anseios da classe média, não se vinculava
ideologicamente com nenhuma classe social. Na realidade não tinham um projeto
claro e definido, defendiam a moralização política, a introdução do voto
secreto como forma de acabar com a corrupção eleitoral , o fortalecimento do
poder central. Para por em prática as suas idéias fizeram em 05 de julho de
1922 o primeiro levante tenentista com o objetivo de derrubar Epitácio Pessoa
que estava no final do seu mandato e impedir a posse do presidente eleito Artur
Bernardes. Esse episódio ficou conhecido como Os 18 do
Forte de Copacabana.
Forte de Copacabana.
Os rebeldes foram massacrados, somente dois sobreviveram ao
enfrentamento com as tropas legalistas: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.
Dois anos após, no dia 05 de julho de 1924, ocorreu a Segunda revolta tenentista, dessa vez em São Paulo. Durante três semanas os paulistas conviveram com violentos confrontos envolvendo os rebeldes e as forças que se mantiveram ao lado do governo. Muitos bairros ficaram em ruínas, centenas de pessoas morreram. Ocorreram saques a lojas e armazéns. As forças do governo em maior número e melhor equipadas impuseram duras derrotas aos rebeldes. Na noite de 27 de julho as tropas tenentistas abandonaram São Paulo rumo ao Sul do país.
Dois anos após, no dia 05 de julho de 1924, ocorreu a Segunda revolta tenentista, dessa vez em São Paulo. Durante três semanas os paulistas conviveram com violentos confrontos envolvendo os rebeldes e as forças que se mantiveram ao lado do governo. Muitos bairros ficaram em ruínas, centenas de pessoas morreram. Ocorreram saques a lojas e armazéns. As forças do governo em maior número e melhor equipadas impuseram duras derrotas aos rebeldes. Na noite de 27 de julho as tropas tenentistas abandonaram São Paulo rumo ao Sul do país.
Os Tenentes do RS se rebelaram em outubro de 1924, sob a
liderança de Luis Carlos Prestes, que anos mais tarde viria ser a maior
referência do PCB. Cercados pelos legalistas os tenentes gaúchos conseguiram
romper o cerco e rumaram para Foz do Iguaçu, lá se encontraram com as tropas
paulistas. Nascia a lendária coluna Prestes – Miguel Costa que em quase dois
anos de marcha percorreu cerca de 25.000 km com o objetivo de levar os ideais
tenentistas Brasil a fora. Contra a Coluna Prestes foram enviadas tropas do
Exército, soldados das forças públicas estaduais, batalhões de jagunços a
serviço dos coronéis. Até mesmo Lampião, a pedido do padre-coronel Cícero, se
dispôs a enfrentar a lendária Coluna.
Em fevereiro de 1927, já no governo de Washington Luis, a coluna
se desfez, seus participantes se exilaram-se na Bolívia, no Paraguai e na
Argentina. É importante frisar que a Coluna Prestes, em todos os confrontos que
participou, não conheceu derrota. A partir de então os tenentes tomaram rumos
políticos diferenciados.