sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

SÃO PAULO ANTIGA - A TRAGÉDIA DO JOELMA



São Paulo, 01 de fevereiro de 1974. A abafada sexta-feira, há 39 anos que apenas estava começando dava sinais de que seria apenas mais um dia na agitada capital paulista, mas às 08:54min daquela manhã um curto-circuito iria transformar a rotina da cidade e de centenas de pessoas por completo.



O endereço do Joelma já tinha sido palco de um triste acontecimento no ano de 1948, quando um engenheiro químico decidiu acabar com a vida da mãe e de suas irmãs no caso que ficou conhecido como “Crime do Poço”. Após o fatídico acontecimento os imóveis ficaram vazios até que a área toda foi demolida para dar lugar ao novo arranha-céu.

Um dos grandes colossos de concreto do centro de São Paulo, o Edifício Joelma ainda era um jovem perto da maioria de seus vizinhos, erguidos décadas antes mas desde sua inauguração, em 1971, chamava a atenção pelas suas linhas modernas e pela sua altura imponente, com 25 andares. Tão logo foi inaugurado, o prédio foi alugado para o Banco Crefisul.

O fatídico curto-circuito não poderia ter acontecido em andar pior, no décimo segundo pavimento, justamente o meio do edifício. Para piorar, as salas do edifício eram repleta de materiais que colaboravam com a propagação do fogo, como divisórias, carpetes, cortinas e móveis de madeira, além dos forros que eram de fibra.

Poucos minutos após o incêndio ter início, a fumaça e o calor já tomava conta do interior do prédio e principalmente impedindo as pessoas de fugirem pelas escadas, já que elas são localizadas no centro da construção. Para piorar a situação, o prédio não possui escadas de incêndio o que levou muitas pessoas a arriscarem descer pelos elevadores do Joelma.

E mesmo sendo a opção mais arriscada muitos se salvaram descendo pelos elevadores do edifício, enquanto estes ainda funcionavam. Mas não ia demorar para ter um colapso no sistema elétrico e os elevadores pararem, ocasionando a morte de um ascensorista no vigésimo andar.

Sem alternativas e com o pavor à flor da pele, as pessoas que ainda estavam no Joelma se dividiram. Muitos foram para o terraço na esperança de um resgate de helicóptero e outros foram para os parapeitos das janelas. Para complicar ainda mais a situação, o edifício não possuía heliporto e as telhas e a fumaça impediam um pouso ou aproximação maior dos helicópteros.

Muitas pessoas, em pânico, não enxergam outra solução para se salvarem que não seja pular. Assim, mais de vinte pessoas optaram por esta solução desesperada mesmo com o pedido de bombeiros de não fazê-lo. Nenhum sobreviveu.

Cerca de uma hora e meia depois do incêndio ter tido início, todo o material inflamável do prédio já havia sido consumido pelas chamas, assim o incêndio finalmente seria debelado. Os resgates continuariam por mais algumas horas, até que às 13:30 todos os serviços de socorro e resgate aos sobreviventes foram concluídos. Terminava assim o mais terrível incêndio da história da Cidade de São Paulo.

DADOS DO EDIFÍCIO:
Nome: Edifício Praça da Bandeira (ex Edifício Joelma)
Ano da construção: 1971
Andares: 25
Elevadores: 4


DADOS DA TRAGÉDIA:
Dia: 01/02/1974
Mortos: 188
Feridos: 300 (número aproximado)


À época o terrível incêndio do Joelma, ocorrido poucos anos após o fatídico incêndio do Edifício Andraus, abriu o debate para a necessidade da revisão urgente do código do obras da cidade de São Paulo. O que estava em vigor em 1974 havia sido criado 4 décadas antes, em 1934, quando a cidade era muito menor, seus edifícios não eram tão complexos e a cidade tinha pouco mais de 700.000 habitantes.

A investigação das causas que levaram o edifício a incendiar-se apontaram falhas na execução da manutenção do sistema elétrico do edifício, cujo sistema que era precário, estava muito sobrecarregado. Tanto a empresa responsável pela manutenção à época como o próprio Banco Crefisul e seus representantes diretamente ligados ao ocorrido receberam condenações.


Após o fatídico incêndio o Joelma ficou fechado para reformas e adequações por 4 anos, sendo reaberto em 1978 com o nome de Edifício Praça da Bandeira, embora muitos ainda se refirama ele com o nome original.

A tragédia de dois grandes edifícios paulistanos nos anos 1970 também desencadeou uma série de comentários sobre qual seria o próximo arranha-céu da cidade a ter problemas de incêndio. As apostas da época apontavam o Palácio Zarzur Kogan como o próximo da lista, mas a campanha era mais difamatória do que realista. Os boatos levaram o edifício a mudar de nome, trocando para Mirante do Vale.

Veja mais fotos do incêndio do Edifício Joelma (clique na miniatura para ampliar):


 
     
 

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