INTRODUÇÃO : A
INDEPENDÊNCIA
A criação de uma
República Presidencialista e Federalista, pela constituição norte-americana de
1787, concedia autonomia para cada Estado decidir por seu destino em vários
aspectos, inclusive no tocante à mão-de-obra. Nesse sentido, nem a
independência dos Estados Unidos e nem a Constituição, irão alterar a condição de
vida da população negra nos Estados sulistas, que permanece majoritariamente
escrava.
Essa estagnação
do sul (atual sudeste), representada por uma economia agro-exportadora com base
no latifúndio escravista, contrastava-se cada vez mais com o desenvolvimento do
norte (atual nordeste), industrial e abolicionista, tornando-se num futuro
próximo, um entrave para o desenvolvimento capitalista dos Estados Unidos.
ANTECEDENTES DA
GUERRA
O intenso
crescimento territorial dos Estados Unidos na primeira metade do século XIX,
acompanhado de um rápido aumento da população, com muitos imigrantes europeus
atraídos pela facilidade de adquirir terras, tornava ainda mais flagrante, o
contraste entre o desenvolvimento do norte e o atraso do sul.
No norte, o
capital acumulado durante o período colonial, criou condições favoráveis para o
desenvolvimento industrial cuja mão-de-obra e mercado, estavam no trabalho assalariado. A abundância
de energia hidráulica, as riquezas minerais e a facilidade dos transportes
contribuíram muito para o progresso da região, que defendia uma política
econômica protecionista. Já o sul, de clima seco e quente permaneceu atrasado
com uma economia agro-exportadora de algodão e de tabaco, baseada no latifúndio
escravista. Industrialmente dependente, o sul era franco defensor do
livre-cambismo, caracterizando mais um contraponto com a realidade do norte.
O Acordo de
Mississipi em 1820 proibia a escravidão acima do paralelo 36o40'. Em
conseqüência, o presidente Monroe, que assinara o tratado, foi homenageado com
a denominação de "Monróvia", para capital do Estado da Libéria,
fundado na África em 1847, para receber os escravos libertados que quisessem
voltar à sua terra. Em 1850 foi firmado o Compromisso Clay, que concedia
liberdade para cada Estado da federação decidir quanto ao tipo de mão-de-obra.
Em 1852, Harriet
Beecher Stowe publicou a romance abolicionista A Cabana do pai Tomás, que
vendeu 300 mil cópias só no ano de sua edição, sensibilizando toda uma geração
na luta pelo abolicionismo. Dois anos depois surgia o Partido Republicano, que
abraçou a causa do abolicionismo.
Em 1859, um
levante de escravos foi reprimido na Virgínia e seu líder John Brow foi
enforcado, transformando-se em mártir do movimento abolicionista. No ano
seguinte, o ex-lenhador que chegou a História advogado, Abraham Lincoln,
elegeu-se pelo novo Partido Republicano. O Partido Democrata, apesar de mais poderoso,
encontrava-se dividido entre norte e sul, o que facilitou a vitória de Lincoln,
um abolicionista bem moderado que estava mais preocupado com a manutenção da
unidade do país. Em campanha Lincoln teria afirmado que "Se para defender
a União eu precisar abolir a escravidão, ela será abolida, mas se para defender
a União eu precisar manter a escravidão, ela será mantida". Apesar da
questão do escravismo ser apenas secundária para Lincoln, o mesmo era visto
pelos latifundiários escravistas do sul como um verdadeiro revolucionário.
Sentindo-se
ameaçados pelo abolicionismo, em 20 de dezembro de 1860 iniciava-se na Carolina
do Sul um movimento separatista, que seguido por outros seis Estados, reuniu-se
no Congresso de Montgomery no Alabama, decidindo pela criação dos "Estados
Confederados da América". A secessão estava formalizada com um novo país
nascendo no sul. Os estados do norte e do Oeste reagirão dizendo que o sul não
tinha o direito de separar-se e formar um outro país. Iniciava-se assim em 1861
a maior guerra civil do século XIX, a Guerra de Secessão, também conhecida como
"Guerra Civil dos Estados Unidos" ou ainda como "Segunda Revolução
Norte-Americana", que se estendeu até 1865 deixando um saldo de 600 mil
mortos.
A GUERRA
Enquanto o sul
possuía apenas 1/3 dos 31 milhões de habitantes do país, dos quais mais de três
milhões eram escravos, e contava apenas com uma fábrica de armamentos pesados,
o norte já contava com pelo menos três fábricas de armas bem mais modernas, um
sólido parque industrial, uma vasta rede ferroviária e uma poderosa esquadra. Mesmo com
esse contraste totalmente desfavorável, foi o sul que lançou a ofensiva,
criando uma nova capital - Richmond - e elegendo para o governo Jefferson
Davis, que a 12 de abril de 1861 atacou o forte de Sunter.
Se inicialmente o
conflito mostrava algumas vitórias do Sul, que instituiu o serviço militar
obrigatório e convocou toda população para a guerra, com o prolongamento do
conflito, o norte ia consolidando sua vitória.
Para fortalecer o
norte, Lincoln extinguiu a escravidão nos Estados rebeldes em 1862 e prosseguiu
incentivando o expansionismo, através da promulgação do Homestead Act, que
fornecia gratuitamente 160 acres a todos aqueles que cultivassem a terra
durante cinco anos. No mar o norte também demonstrava toda sua supremacia com
os couraçados, modernas embarcações que surgiram nessa guerra e foram
responsáveis pelo decisivo bloqueio naval imposto sobre o sul.
A abolição
efetiva da escravidão só ocorreu em 31 de janeiro de 1865. Após três meses, o
general sulista Robert Lee oficializava o pedido de rendição ao general
nortista Ulisses Grant. Alguns dias depois o presidente Abrahan Lincoln era
assassinado pelo fanático ator sulista John Wilkes Booth.
A Guerra de
Secessão é considerada a primeira guerra moderna da história, fazendo surgir os
fuzis de repetição e as trincheiras, que irão marcar de forma mais acentuada, a
Primeira Guerra Mundial entre 1914 e 1918. As novas técnicas tornam obsoletos o
sabre e o mosquete, fazendo da a luta corpo a corpo uma forma de combate cada
vez mais inútil.
DESDOBRAMENTOS
Com um saldo de
600 mil mortos e o sul devastado, a guerra radicalizou a segregação racial
surgindo associações racistas como Ku-Klux-Klan, fundada por brancos racistas
em Nashville no ano de 1867, com o objetivo de impedir a integração dos negros
como homens livres com direitos adquiridos e garantidos por lei após a abolição
da escravidão. O traço característico de seus membros era o uso de capuzes
cônicos e longos mantos brancos, destinados a impedir o reconhecimento de quem
os usava. A intimação contra os negros atingia também em menor escala brancos
que com eles se simpatizavam, além de judeus, católicos, hispânicos e qualquer
indivíduos contrário à segregação racial. A prática de terror dava-se desde
desfiles seguidos por paradas com manifestações racistas, até linchamentos,
espancamentos e assassinatos, passando ainda por incêndios de imóveis e
destruição de colheita.
Com o término da
guerra, a recuperação econômica dos Estados Unidos foi fulminante, sendo
facilitada pela abundância de recursos naturais e por uma extensa rede de
transporte fluvial e ferroviário, já estava presente nos Estados Unidos desde o
final do século XIX, quando surgiram gigantescos conglomerados, representando o
processo de concentração industrial mais conhecido como truste, que criou
verdadeiros oligopólios atuando nos mais variados setores da indústria de bens
duráveis de consumo, como aço, petróleo e borracha, destacando-se a Ford, a
General Motors e a Chrysler, como também a Firestone e a Goodyear.
O expansionismo
da economia norte-americana pelo mundo, tornava-se cada vez mais inevitável sob
a ótica da nova etapa que caracterizava o capitalismo no final de século XIX: o
imperialismo, que nos Estados Unidos foi evidenciado pela política do Big Stick
- "Fale macio, carregue um grande porrete e irá longe" - adotada pelo
presidente Theodore Roosevelt em 1901. Na América Central o intervencionismo
norte-americano evidenciava-se com construção do canal do Panamá, visando a
ligação do Atlântico com o Pacífico, e com uma emenda na
constituição de
Cuba (emenda Platt), que assegurou aos Estados Unidos o direito de intervir na
recém independente nação caribenha. Destacam-se posteriormente outras
intervenções, como na República Dominicana (1905), na Nicarágua (1909), no
México (1914), no Haiti (1915), além da compra das Ilhas
Virgens
Ocidentais à Dinamarca em 1916.
Considerada a
maior guerra civil do século XIX, a Guerra de Secessão foi vital para o
desenvolvimento capitalista dos Estados Unidos, pois somente com o seu término
criou-se no país um mercado unificado, baseado no modelo industrial nortista,
representando assim, o primeiro grande passo para o avanço capitalista, que
levará os Estados Unidos à condição de principal potência hegemônica do mundo
no século XX.
Thanks a lot for sharing this amazing knowledge with us. This site is fantastic. I always find great knowledge from it. DESENTUPIDORA EM PINHEIROS
ResponderExcluir