Na discussão sobre a
educação dos surdos, devem-se relevar as necessidades e dificuldades
lingüísticas dos mesmos. Atualmente, entende-se, na educação desses alunos, a
primeira língua deve ser a de sinais, pois possibilitam a comunicação inicial
na escola em que eles são estimulados a se desenvolver, uma vez que os surdos
possuem certo bloqueio para a aquisição natural da linguagem oral.
O ensino de libras vem
sendo reconhecido como caminho necessário para uma efetiva mudança nas
condições oferecidas pela escola no atendimento escolar desses alunos, por ser
uma língua viva, produto de interação das pessoas que se comunicam.
Essa linguagem é um
elemento essencial para a comunicação e fortalecimento de uma identidade Surda
no Brasil e, dessa forma, a escola não pode ignorar no processo de ensino
aprendizagem.
A educação inclusiva se
orienta pela perspectiva da diversidade, com metodologias e estratégias
diferenciadas, com responsabilidade compartilhada, cuja capacitação do
professor passa pelo conhecimento sobre a diversidade, com a família,
responsabilidade para com o exercício da profissão. As transformações acontecem
na atividade principal, quando o aluno esta dentro da sala de aula.
Este é o principal
motivo de haver modificação, pois sem ela, não haverá mudança, considerando que
as relações e a constituição do ser humano acontecem nas situações mais ocultas
da vida.
Segundo Quadros (1998,
pg. 64), assim como as línguas faladas às línguas de sinais não são universais:
cada país apresenta a sua própria língua. No caso do Brasil, tem - se a LIBRAS.
O ensino de dessa
linguagem é uma questão preocupante no contexto da educação dos surdos, pois o
reconhecimento da importância do estudo da mesma no ensino de surdos, ainda é
deixado de lado. Portanto há uma necessidade maior de reflexão no sentido de
evidenciar a sua importância.
De acordo com FRITH
(1985,1990 p. 1503):
“A dislexia do
desenvolvimento consiste numa interrupção da progressão da leitura ao longo dos
estágios logográfico, alfabético e ortográfico. Nessa dislexia, a criança tem
dificuldades para progredir do estagio logográfico ao alfabético, e em
desenvolver a rota fonológica. Assim, ela tende a fazer leitura visual de um
conjunto limitado de palavras de sobrevivência de alta freqüência que conseguiu
memorizar, e comete erros visuais envolvendo a composição grafêmica das
palavras”.
A principal função da
escola é possibilitar ao aluno adequar-se ao conhecimento ensinado pelo
professor. Neste processo de ensino aprendizagem, os conceitos oferecidos pela
escola interagem com os conceitos do senso comum aprendidos no cotidiano e,
nessa interação é que a escola reorganiza os ensinamentos modificando-os, que
se consolidam a partir do senso comum.
Para essas reflexões
serem realizadas, as bases teóricas foram buscadas em estágios em salas de
aula, em questionários aplicados a professores especializados e em bibliografia
de outros autores como: Heloisa Maria Moreira Lima Salles, Enilde Faulstich,
Orlene Lúcia Carvalho, Ana Adelina Lopo Ramos, Carlos Skiliar, entre outros,
pois desenvolvem pesquisas e análises de suma importância apresentado no devido
artigo.
A LIBRAS – Linguagem
Brasileira de sinais
A libra, não é apenas
uma linguagem, uma vez que prestam as mesmas funções das línguas orais, pois
ela possui todos os níveis lingüísticos e como toda língua de sinais, a LIBRAS
é uma língua de modalidade visual-gestual, não estabelecida através do canal
oral, mas através da visão e da utilização do espaço.
Como a língua de sinais
se desenvolve de forma, é lógico e aceitável que os surdos se comuniquem
naturalmente utilizando as mãos, cabeça e outras partes do corpo, por estarem
privados da audição.
Sobre isto, SALLES
(2004), menciona:
“A LIBRAS é adotada de
uma gramática constituída a partir de elementos Constitutivos das palavras ou
itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos
fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam também
especificidades, mas seguem também princípios básicos gerais. É adotada também
de componentes pragmáticos convencionais codificados no léxico e nas estruturas
da LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos
sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. A LIBRAS é a
língua utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil, portanto não é
uma língua universal.”
Histórico da Língua Brasileira
de Sinais na Educação de Surdos
Não se sabe certo onde
surgiu a língua de sinais nas comunidades surdas, mas foram criadas por homens
que tentaram recuperar a comunicação através dos demais canais por terem um
impedimento auditivo. Não existem registros oficiais do surgimento da língua de
sinais no mundo. Alguns educadores, mesmo fracassando não mediam esforços para
fazer os surdos falarem, inclusive no Brasil, já outros, criavam adaptações
técnicas e metodologia especifica para ensinar os surdos levando em
consideração as suas diferenças lingüísticas. No entanto, vários surdos
sinalizavam entre si, criando um momento propício para a constituição de uma
língua de sinais.
Desenvolvimento da
pessoa surda
A relação entre o homem
e o mundo acontece mediada pela linguagem, porque permite ao ser humano
planejar suas ações, estruturar seu pensamento, registrar o que conhece e
comunicar-se.
A língua é o principal
meio de desenvolvimento do processo cognitivo do pensamento humano. Por isso a
presença de uma língua é considerada fator indispensável ao desenvolvimento dos
processos mentais.
A disposição de um
ambiente lingüístico é necessária para que a pessoa possa sintetizar e recriar
os mecanismos da língua. É através da linguagem que a criança percebe o mundo e
constrói a sua própria concepção. Com bases na pesquisa realizada a Escola
Municipal Geraldo Caldani, percebemos que os surdos possuem desenvolvimento
cognitivo compatível de aprender como qualquer ouvinte, no entanto, os surdos
que não adquirem uma língua, têm dificuldade de perceber as relações e o
contexto mais amplo das atividades em que estão inseridos, assim o seu
desenvolvimento e aprendizagem ficam fragmentados.
Segundo Lúria (1986), os
processos de desenvolvimento da linguagem incluem o conjunto de interações
entre a criança e o ambiente tornando-se necessário desenvolver alternativas
que possibilitem os alunos com surdez adquirir linguagem aperfeiçoando esse
potencial.
Quando uma criança surda
tem acesso a sua língua natural, ou seja, a língua de sinais, ela se desenvolve
integralmente, pois tem inteligência semelhante a dos ouvintes, diferindo
apenas na forma como aprendem que é visual e não oral-auditiva. No entanto, a
maioria das crianças surdas vêm de famílias ouvintes que não dominam a língua
de sinais, e por isso, é essencial a imersão escolar na primeira língua das
crianças surdas, já que essa aquisição da linguagem permitem o desenvolvimento
das funções cognitivas.
A LIBRAS no contexto do
Ensino Fundamental
A escola é muito
importante na formação dos sujeitos em todos os seus aspectos. É um lugar de
aprendizagem, de diferenças e de trocas de conhecimento, precisando, portanto
atender a todos sem distinção, a, fim de não promover fracassos, discriminações
e exclusões.
Diferente dos ouvintes,
grande parte das crianças surdas entram na escola sem o conhecimento da língua,
sendo que a maioria delas vem de famílias ouvintes que não sabem a língua de
sinais, portanto, a necessidade que a LIBRAS seja, no contexto escolar, não só
língua de instrução, mas, disciplina a ser ensinada, por isso, é imprescindível
que o ensino de LIBRAS seja incluído nas séries iniciais do ensino fundamental
para que o surdo possa adquirir uma língua e posteriormente receber informações
escolares em língua de sinais.
O papel da língua de
sinais na escola vai além da sua importância para o desenvolvimento do surdo,
por isso, não basta somente a escola colocar duas línguas nas classes, é
preciso que haja a adequação curricular necessária, apoio para os profissionais
especializados para favorecer surdos e ouvintes, a fim de tornar o ensino
apropriado a particularidade de cada aluno. Sobre isso Skliar menciona:
Segundo SKLIAR (2005, p.
27): “ Usufruir da língua de sinais é um direito do surdo e não uma concessão
de alguns professores e escolas”.
A escola deve apresentar
alternativas voltadas ás necessidades lingüísticas dos surdos, promovendo
estratégias que permitam a incursão e o desenvolvimento da língua de sinais
como primeira língua.
As diferentes formas de
proporcionar uma educação à criança de uma escola, dependem das decisões
político-pedagógicas adotadas pela escola. Ao optar por essa educação, o
estabelecimento de ensino assume uma política em que duas línguas passarão a
ser exercitadas no espaço escolar.
Preparação dos
profissionais
Deve-se pensar em uma
preparação para os profissionais para incluir crianças com necessidades
especiais no ensino fundamental, pois nesse processo, o educador irá estar
diretamente interligado com esses alunos favorecendo o desenvolvimento das
habilidades para a prática pedagógica, com o auxílio de um programa
assistencial infantil, que atende essas crianças, que obrigatoriamente deve
estar presente na escola.
Quando ocorre o
preconceito da sociedade quanto ao deficiente auditivo, é preciso que haja
educadores qualificados e ambiente adequado para o atendimento aos alunos
amenizando essa problemática, dando importância à perspectiva de atender as
exigências da sociedade que só alcançará seu objetivo quando todas as pessoas
tiverem acesso à informação e conhecimento necessário para a formação de sua
cidadania.
Em meio a discussões
sobre os questionários aplicados a profissionais na escola Geraldo Caldani,
releva que para o desempenho das atividades pedagógicas em relação às crianças
com deficiência auditiva, devem receber assessoramento da equipe pedagógica e
de intérpretes que atendem as necessidades dos alunos surdos inclusos no ensino
regular.
A inclusão do deficiente
auditivo deve ser integral, acima de tudo, digna de respeito e direito a
educação com qualidade atendendo aos interesses individuais e nos grupos
sociais.
A educação especial
passa por uma transformação em termos da sua concepção e diretrizes legais. É
preciso estabelecer um plano de ação político-pedagógico que envolva a inclusão
das pessoas portadoras de necessidades especiais. Faz-se necessário lembrar que
a Educação Especial delineia um processo de construção e compreensão de
posicionamentos quanto às orientações e diretrizes atuais.
Com o processo de
inclusão dos portadores de necessidades educativas especiais no ensino
fundamental, devemos levar em consideração que as mudanças são freqüentes,
principalmente quando consideramos que toda a nossa tradição histórica tem sido
preconceituosa e discriminativa. Quanto a isso, os profissionais sabem que
existe uma grande preocupação no rendimento escolar, por isso, o educador deve
estar preparado para lidar com situações constrangedoras, pois terá contato com
diferentes tipos de alunos.
Há ainda, uma grande
preocupação quanto a participação dos pais na escola, pois são poucos os que
são presente na educação escolar. Os mesmos, muitas vezes desconhecem a LIBRAS,
pois utilizam gestos que são reproduzidos naturalmente.
No processo de inclusão
no âmbito escolar, deverá ser feito um trabalho de conscientização que é um
trabalho essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária, na
qual as diferenças sejam consideradas e respeitadas.
As diferenças humanas
Os ouvintes são
acometidos pela crença de que ser ouvinte é melhor do que ser surdo, pois, na
ótica do ouvinte, ser surdo é o resultado da perda de uma habilidade disponível
para a maioria dos seres humanos. No entanto, essa parece ser uma questão de
mero ponto de vista. “Um órgão a mais ou a menos em nossa máquina teria feito
de nós outra inteligência” (FAULSTICH, 2004 p.36 ).
Se não há limite entre a
grandeza e a pequenez podemos concluir que ser surdo não é melhor nem pior de
ser ouvinte, mas diferente. Esta é uma questão que merece ser amplamente
discutida, pois, estão limitadas as considerações das pessoas com necessidades
especiais.
Segundo Skliar (2005)
explica que falar em Cultura Surda como um grupo de pessoas localizados no
tempo e no espaço é fácil, mas refletir sobre o fato de que nessa comunidade
surgem processos culturais específicos é uma visão rejeitada por muitos, sobre
o argumento da concepção da cultura universal.
Quanto à Língua de
sinais, cabe ressaltar a forma como os indivíduos são nela nomeados,
atribuindo-se aos sujeitos características físicas, psicológicas, associadas ou
não a comportamentos particulares, os mais variados, os quais personificam os
indivíduos. É uma língua adquirida efetivamente no contato com seus falantes.
Esse contato acontece com a participação da família, onde a cultura esta em
plena transformação e ao mesmo tempo diversifica seus hábitos e costumes que
refletem nessa cultura.
Nesse sentido, é
fundamental o contato da criança surda com os adultos surdos e outras crianças
com as mesmas necessidades para que haja a interação lingüística favorável que
possibilite um ambiente de interação, quando se trata de língua de sinais.
O processo de
alfabetização de surdos tem duas enquetes a serem ressaltadas: o relato de
estórias por parte da comunidade e a produção de literatura infantil em sinais
(não sistemas de comunicação artificial, portuguesa sinalizado, ou qualquer
outra coisa que não seja a Língua de Sinais Brasileira (LSB)). Recuperar a
produção literária da comunidade surda é necessário para tornar produtivo o
processo de alfabetização.
Segundo Quadros, o papel
do surdo adulto na educação se torna fundamental para o desenvolvimento da
pessoa surda. É preciso produzir estórias utilizando-se configurações de mãos
específicas, produzirem estórias em primeira pessoa sobre pessoas surdas, sobre
pessoas ouvintes, produzir vídeo de produções literárias de adultos surdos.
“A educação é direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
(Constituição da República Federativa do Brasil, III, Art. 205).
A educação de surdos e a
educação especial
A educação especial para
surdos parece não ser o marco adequado para uma discussão significativa sobre a
educação dos surdos. Mas, ela é o espaço habitual onde se produzem e se
reproduzem táticas e estratégias de naturalização dos surdos em ouvintes, e o
local onde a surdez é disfarçada. De acordo com SALLES (2004, p.12):
“Os processos para as
crianças surdas são produzidos dentro de uma subclasse de educação chamada
‘especial’. No caso da educação especial, significa algo adicional ao comum; na
verdade é uma subdivisão ou uma porção que daí se limita. Pressuposições são
feitas a partir de ‘capacidade de absorção’ de tais crianças marcadas, a
respeito das possíveis limitações de seus potenciais cognitivos, ao invés de
questionar se ‘canais de absorção’ alternativos poderiam ser-lhes disponíveis.
Ironicamente, todos os esforços de instrução e reabilitação focalizam-se,
muitas vezes exclusivamente, do canal ‘perdido’ que falta como a única
característica ao redor da qual todo o ensino deveria girar. Esta retração
irônica pela educação especial produz um mundo limitado de aprendizado de
interação social. Embora esta obsessão por ouvir possa ser traçada, a
combinação da fala com a linguagem, o resultado imediato é uma opressão direta
das crianças surdas e uma negação das identidades sociais que lhes podem estar
disponíveis como adultos surdos”.
A necessidade de
construir um território mais significativo para a educação dos surdos nos
conduz a um conjunto de inquietações acerca de como narramos aos outros, de
como os outros se narram a si mesmos, e de como essas narrações são colocadas
de um modo estático nas políticas e nas praticas pedagógicas.
A tensão e a ruptura com
a educação especial só podem ser entendidas como estratégias para deslocar
representações e não no seu sentido linear, literal. O movimento de aproximação
com outras linhas de estudo em educação também é uma provocação para o
descentramento.
Reflexão sobre o
fracasso educacional dos surdos
A falta de compreensão e
de produção dos significados da língua oral e o analfabetismo na escola antiga,
a mínima proporção dos surdos tinham acesso a estudos de ensino superior, pois
estava escassa a qualificação profissional para o trabalho, e estes são motivos
para várias justificações impróprias sobre o fracasso na educação dos surdos.
Uma delas, está a culpabilizacao aos professores ouvintes por esse fracasso e a
localização do fracasso nos processos dos métodos de ensino – o que esforça a
necessidade de sistematizá-los ainda mais, de torná-los mais rigorosos e
impiedosos com relação aos surdos.
Nesses tipos de
justificações, evita-se a denuncia do fracasso da escola, da educação e do
compromisso da responsabilidade do Estado.
Os que fracassam em
relação aos surdos são os direitos lingüísticos e de cidadania quanto, as
teorias de aprendizagem que refletem as condições cognitivas dos surdos.
O que se faz necessário
quanto à presença do fracasso, é o surgimento de novas teorias e variadas
perspectivas. Chegamos à conclusão que a educação dos surdos não fracassou, ela
apenas conseguiu os resultados previstos em função dos mecanismos e das relações
de poderes e de saberes atuais.
Em relação a isso foram
questionadas as formas de processo de ensino aprendizagem e quais são os
processos e as metodologias utilizadas na Escola Municipal Geraldo Caldani.
Os professores têm o
auxílio necessário da equipe pedagógica e freqüentam cursos de LIBRAS
semanalmente, utilizando sempre o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola
que é adequado para proporcionar uma metodologia diversificada e eficiente para
que haja interação entre professores e alunos em sala de aula para se obter
resultados significativos.
Também são usados
recursos visuais diferenciados com o objetivo de proporcionar melhor
entendimento dos conteúdos explanados no decorrer das aulas tanto no espaço
como nos recursos usados em sala de aula na qual possui laboratório de
informática com acesso a internet e vídeos diversificados adaptados em libras e
coleção do dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da LÍNGUA de Sinais
Brasileira.
Reflexão sobre as
potencialidades educacionais dos surdos
A educação dos surdos
pode muito bem ser definida como uma história de impossibilidades. A reflexão
sobre o consenso das potencialidades educacionais dos surdos não deve ser
apressadamente interpretada sobre o modo como os surdos podem ser educados e
como uma conseqüência de objetivos pedagógicos a serem desenvolvidos em termos
de uma preposição metodológica.
Os Estudos Surdos em
Educação podem ser pensados como um território de investigação educacional e de
preposições políticas que, através de um conjunto de concepções lingüísticas
definem uma particular aproximação com o conhecimento e com os discursos sobre
a surdez e sobre o mundo dos surdos.
A escola de surdos e o
trabalho
As escolas de surdos vêm
atuando de forma direta no que se refere na formação de surdos trabalhadores.
Essa formação atua diretamente no que se refere à na disciplina do sujeito para
uma melhor adequação às necessidades do mundo do trabalho. O sentido de aprendizagem
possibilita ao aluno surdo uma atividade que evita que o aluno seja no
futuro uma “carga” para a família.
Fica evidenciado que os
jovens alunos surdos vinham sendo disciplinados a uma rotina que atendia ao
ritmo das antigas fábricas que surgiram na época.
O sentido de
reabilitação pode ser facilmente encontrado em diferentes projetos direcionados
às questões do trabalho nas escolas de surdos. É importante ressaltar que se a
escola de surdos atende a criança e jovens que ainda não foram inseridos no
mercado de trabalho, é equivocado falar em reabilitação, como se fosse
necessário reparar algo ou alguém que já falhou.
Essas escolhas de
atividades profissionais são motivadas pela crença de muitos pais e educadores
de que a informática é a atividade ideal para os surdos. Outros projetos
privilegiam ofícios que não exigem escolaridade mais avançada, mas que
possibilitam um trabalho mais individual, sem a necessidade de contato
freqüente com o público.
O compromisso assumido
pelas escolas em garantir ao seu aluno surdo uma formação para um emprego,
comprovando a eficiência do processo educacional, leva as mesmas a se
constituírem em agência de emprego. Alunos surdos e seus familiares vão até
esses profissionais na certeza de que eles irão atender seus anseios por um
emprego e pela possível independência financeira.
Segundo CARVALHO, (2004)
argumenta que surdez e problema se conectam de forma muito imediata. As
dificuldades ligadas à falta de emprego resultam em um difícil acesso a
informação adequada e aos processos de tomada de decisão, fazendo com que os
alunos surdos e familiares procurem na escola apoio e auxilio.
A visão da escola
A escola tem sido objeto
para muitos estudos e projetos educativos e sociais que determina a
participação de diferentes grupos culturais. Na Escola Geraldo Caldani, sempre
ouve a preocupação com o perfil da escola, com o disciplinamento e com a
educação de excluídos oriundos das classes populares e de grupos culturais,
pois em todos os sentidos sempre houve preconceitos.
As diferenças existentes
entre grupos culturais estão presentes na escola moderna, porém, não sabe como
trabalhar e pensar as mesmas. A escola esta preparada para uniformizar os
sujeitos que devem ser “livres”, educados e servis. Esta dificuldade em trabalhar
com essas diferenças não se observa só na escola, mas em todas as instituições
que se deparam com o crescimento material gerado pela ciência e tecnologia.
Segundo GÓES(1999) diz
que a escola esta entre posições de direita e esquerda e que esta vem
colaborando para diminuir as diferenças.
Por um lado é vista como
capaz de promover o uso da razão e da formação de alunos livres, e por outro, é
vista como incompetente por não conseguir formar cidadãos e por estar
produzindo divisões entre ricos e pobres. CARVALHO (2004) diz:
“A pesquisa educacional
vem desenvolvendo, nas ultimas décadas, um imenso arsenal de teorias,
interpretações, recomendações, prescrições, etc. que se ocupam com a crise
educacional. Com isso essas teorias tentam descrever, analisar, compreender e
até modificar a educação especial moderna. E, para isso, trazem o aporte da
Psicologia, da Filosofia, da Sociologia, da Politicologia, etc.”
Pensar a escola
possibilitará os profissionais estudar várias outra formas sociais -
pedagógicas para que o pensamento da escola passe a ver o sujeito como um ser
de produção de sentidos, valores e identidades. Precisamos questionar o papel
que a escola desempenha, e principalmente, uniformizar sujeitos para a redução
de suas vidas em “reproduzir” a realidade de outros.
Muitas são as diferenças
existentes na escola, assim como, muitas são as formas como podemos vê-las e
pensá-las, isto dependerá do interesse e posição de quem a estuda. As
diferenças culturais ou na cultura devem ser vistas e pensadas como diferenças
políticas que devem sobressair aos limites lingüísticos, de cor, raça e de
gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das variáveis
observadas nesta experiência no estudo sobre o ensino de libras na educação
fundamental na Escola Municipal Geraldo Caldani, foi possível observar que a
inclusão escolar e a educação dos alunos surdos, promovem algumas modificações
que devem ocorrer anterior à sua presença na escola, como as modificações que
ocorrem à medida que as especificidades são identificadas, bem como a
capacitação dos profissionais que irão trabalhar diretamente com eles.
Desta maneira, este
artigo reafirma que a inclusão de alunos surdos na sala de aula do ensino comum
é uma proposta não relacionada somente com as questões da surdez, mas com
questões que envolvem uma diferença diversificada num sentido de que outros
caminhos pedagógicos devem ser trilhados para que estes alunos possam vir a
constituir-se como um sujeito surdo pertencente a uma sociedade cuja maioria é
de ouvintes. Dentre estes ouvintes, outras diferenças também existem, pois
vivemos em uma sociedade que também não reconhece as necessidades dos ouvintes,
não tem um olhar para suas particularidades.
Esses aspectos crítico -
pedagógicos que envolvem o ensino de libras para as séries iniciais sempre
estarão sujeito a mudanças. Estas, não ocorrem de modo rápido e também não são
de fácil elaboração, pois os conceitos sobre a educação e língua de sinais,
necessitam ser reformulados e ao mesmo tempo esses novos conceitos que circulam
no interior escolar, devem ser aceitos por todos na área da educação, sabendo
que conflitarão com aqueles já existentes.
Há muito que se fazer
ainda no que se diz respeito sobre a educação especial. As instituições de
ensino precisam proporcionar mais recursos lingüísticos para os deficientes
auditivos para que eles possam se desenvolver de forma autônoma, preparando -
se para os desafios do cotidiano fazendo a diferença.
Desta forma, será no
cotidiano da inclusão escolar, através das experiências e reflexões das mesmas,
que se estabelecerá no processo social, as maneiras para a inclusão e quais
serão as propostas pedagógicas utilizadas para o ensino das crianças com
necessidades educativas especiais.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GÓES, Maria Cecília
Rafael; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. Surdes, Processo Educativo e
Subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000.
GÓES, Maria Cecília
Rafael; Linguagem, Surdez e Educação. 2ª ed. Campinas, SP: autores associados,
1999. – coleção (educação). contemporânea)
SALLES, Heloisa Maria
Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene Lúcia; RAMOS, Ana Adelina
Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, vol. 1 - caminhos para a pratica
pedagógica, Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, 2004.
QUADROS, Ronice Muller
de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira - Estudos
Lingüísticos, 2004. Ed 1. Artmed Psipedagogi.
SALLES, Heloisa Maria
Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene Lúcia; RAMOS, Ana Adelina
Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, vol. 2 - caminhos para a pratica
pedagógica, Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, 2004.
SKLIAR, Carlos; A
Surdez, um olhar sobre as diferenças. 3ª edição; ed. Mediação – Porto Alegre –
RS – 2005.
CAPOVILLA, Fernando Cezar;
RAPHAEL, Walkiria Duarte; Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua
de Sinais Brasileira; vol. II – SP – 2006
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