terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O ENSINO DE LIBRAS E A EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL


Na discussão sobre a educação dos surdos, devem-se relevar as necessidades e dificuldades lingüísticas dos mesmos. Atualmente, entende-se, na educação desses alunos, a primeira língua deve ser a de sinais, pois possibilitam a comunicação inicial na escola em que eles são estimulados a se desenvolver, uma vez que os surdos possuem certo bloqueio para a aquisição natural da linguagem oral.
O ensino de libras vem sendo reconhecido como caminho necessário para uma efetiva mudança nas condições oferecidas pela escola no atendimento escolar desses alunos, por ser uma língua viva, produto de interação das pessoas que se comunicam.
Essa linguagem é um elemento essencial para a comunicação e fortalecimento de uma identidade Surda no Brasil e, dessa forma, a escola não pode ignorar no processo de ensino aprendizagem.
A educação inclusiva se orienta pela perspectiva da diversidade, com metodologias e estratégias diferenciadas, com responsabilidade compartilhada, cuja capacitação do professor passa pelo conhecimento sobre a diversidade, com a família, responsabilidade para com o exercício da profissão. As transformações acontecem na atividade principal, quando o aluno esta dentro da sala de aula.
Este é o principal motivo de haver modificação, pois sem ela, não haverá mudança, considerando que as relações e a constituição do ser humano acontecem nas situações mais ocultas da vida.
Segundo Quadros (1998, pg. 64), assim como as línguas faladas às línguas de sinais não são universais: cada país apresenta a sua própria língua. No caso do Brasil, tem - se a LIBRAS.
O ensino de dessa linguagem é uma questão preocupante no contexto da educação dos surdos, pois o reconhecimento da importância do estudo da mesma no ensino de surdos, ainda é deixado de lado. Portanto há uma necessidade maior de reflexão no sentido de evidenciar a sua importância.
De acordo com FRITH (1985,1990 p. 1503):
“A dislexia do desenvolvimento consiste numa interrupção da progressão da leitura ao longo dos estágios logográfico, alfabético e ortográfico. Nessa dislexia, a criança tem dificuldades para progredir do estagio logográfico ao alfabético, e em desenvolver a rota fonológica. Assim, ela tende a fazer leitura visual de um conjunto limitado de palavras de sobrevivência de alta freqüência que conseguiu memorizar, e comete erros visuais envolvendo a composição grafêmica das palavras”.
A principal função da escola é possibilitar ao aluno adequar-se ao conhecimento ensinado pelo professor. Neste processo de ensino aprendizagem, os conceitos oferecidos pela escola interagem com os conceitos do senso comum aprendidos no cotidiano e, nessa interação é que a escola reorganiza os ensinamentos modificando-os, que se consolidam a partir do senso comum.
Para essas reflexões serem realizadas, as bases teóricas foram buscadas em estágios em salas de aula, em questionários aplicados a professores especializados e em bibliografia de outros autores como: Heloisa Maria Moreira Lima Salles, Enilde Faulstich, Orlene Lúcia Carvalho, Ana Adelina Lopo Ramos, Carlos Skiliar, entre outros, pois desenvolvem pesquisas e análises de suma importância apresentado no devido artigo.
A LIBRAS – Linguagem Brasileira de sinais
A libra, não é apenas uma linguagem, uma vez que prestam as mesmas funções das línguas orais, pois ela possui todos os níveis lingüísticos e como toda língua de sinais, a LIBRAS é uma língua de modalidade visual-gestual, não estabelecida através do canal oral, mas através da visão e da utilização do espaço.
Como a língua de sinais se desenvolve de forma, é lógico e aceitável que os surdos se comuniquem naturalmente utilizando as mãos, cabeça e outras partes do corpo, por estarem privados da audição.
Sobre isto, SALLES (2004), menciona:
“A LIBRAS é adotada de uma gramática constituída a partir de elementos Constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico que se estruturam a partir de mecanismos fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam também especificidades, mas seguem também princípios básicos gerais. É adotada também de componentes pragmáticos convencionais codificados no léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. A LIBRAS é a língua utilizada pelos surdos que vivem em cidades do Brasil, portanto não é uma língua universal.”
Histórico da Língua Brasileira de Sinais na Educação de Surdos
Não se sabe certo onde surgiu a língua de sinais nas comunidades surdas, mas foram criadas por homens que tentaram recuperar a comunicação através dos demais canais por terem um impedimento auditivo. Não existem registros oficiais do surgimento da língua de sinais no mundo. Alguns educadores, mesmo fracassando não mediam esforços para fazer os surdos falarem, inclusive no Brasil, já outros, criavam adaptações técnicas e metodologia especifica para ensinar os surdos levando em consideração as suas diferenças lingüísticas. No entanto, vários surdos sinalizavam entre si, criando um momento propício para a constituição de uma língua de sinais.
Desenvolvimento da pessoa surda
A relação entre o homem e o mundo acontece mediada pela linguagem, porque permite ao ser humano planejar suas ações, estruturar seu pensamento, registrar o que conhece e comunicar-se.
A língua é o principal meio de desenvolvimento do processo cognitivo do pensamento humano. Por isso a presença de uma língua é considerada fator indispensável ao desenvolvimento dos processos mentais.
A disposição de um ambiente lingüístico é necessária para que a pessoa possa sintetizar e recriar os mecanismos da língua. É através da linguagem que a criança percebe o mundo e constrói a sua própria concepção. Com bases na pesquisa realizada a Escola Municipal Geraldo Caldani, percebemos que os surdos possuem desenvolvimento cognitivo compatível de aprender como qualquer ouvinte, no entanto, os surdos que não adquirem uma língua, têm dificuldade de perceber as relações e o contexto mais amplo das atividades em que estão inseridos, assim o seu desenvolvimento e aprendizagem ficam fragmentados.
Segundo Lúria (1986), os processos de desenvolvimento da linguagem incluem o conjunto de interações entre a criança e o ambiente tornando-se necessário desenvolver alternativas que possibilitem os alunos com surdez adquirir linguagem aperfeiçoando esse potencial.
Quando uma criança surda tem acesso a sua língua natural, ou seja, a língua de sinais, ela se desenvolve integralmente, pois tem inteligência semelhante a dos ouvintes, diferindo apenas na forma como aprendem que é visual e não oral-auditiva. No entanto, a maioria das crianças surdas vêm de famílias ouvintes que não dominam a língua de sinais, e por isso, é essencial a imersão escolar na primeira língua das crianças surdas, já que essa aquisição da linguagem permitem o desenvolvimento das funções cognitivas.
 
A LIBRAS no contexto do Ensino Fundamental
A escola é muito importante na formação dos sujeitos em todos os seus aspectos. É um lugar de aprendizagem, de diferenças e de trocas de conhecimento, precisando, portanto atender a todos sem distinção, a, fim de não promover fracassos, discriminações e exclusões.
Diferente dos ouvintes, grande parte das crianças surdas entram na escola sem o conhecimento da língua, sendo que a maioria delas vem de famílias ouvintes que não sabem a língua de sinais, portanto, a necessidade que a LIBRAS seja, no contexto escolar, não só língua de instrução, mas, disciplina a ser ensinada, por isso, é imprescindível que o ensino de LIBRAS seja incluído nas séries iniciais do ensino fundamental para que o surdo possa adquirir uma língua e posteriormente receber informações escolares em língua de sinais.
O papel da língua de sinais na escola vai além da sua importância para o desenvolvimento do surdo, por isso, não basta somente a escola colocar duas línguas nas classes, é preciso que haja a adequação curricular necessária, apoio para os profissionais especializados para favorecer surdos e ouvintes, a fim de tornar o ensino apropriado a particularidade de cada aluno. Sobre isso Skliar menciona:
Segundo SKLIAR (2005, p. 27): “ Usufruir da língua de sinais é um direito do surdo e não uma concessão de alguns professores e escolas”.
A escola deve apresentar alternativas voltadas ás necessidades lingüísticas dos surdos, promovendo estratégias que permitam a incursão e o desenvolvimento da língua de sinais como primeira língua.
As diferentes formas de proporcionar uma educação à criança de uma escola, dependem das decisões político-pedagógicas adotadas pela escola. Ao optar por essa educação, o estabelecimento de ensino assume uma política em que duas línguas passarão a ser exercitadas no espaço escolar.
Preparação dos profissionais
Deve-se pensar em uma preparação para os profissionais para incluir crianças com necessidades especiais no ensino fundamental, pois nesse processo, o educador irá estar diretamente interligado com esses alunos favorecendo o desenvolvimento das habilidades para a prática pedagógica, com o auxílio de um programa assistencial infantil, que atende essas crianças, que obrigatoriamente deve estar presente na escola.
Quando ocorre o preconceito da sociedade quanto ao deficiente auditivo, é preciso que haja educadores qualificados e ambiente adequado para o atendimento aos alunos amenizando essa problemática, dando importância à perspectiva de atender as exigências da sociedade que só alcançará seu objetivo quando todas as pessoas tiverem acesso à informação e conhecimento necessário para a formação de sua cidadania.
Em meio a discussões sobre os questionários aplicados a profissionais na escola Geraldo Caldani, releva que para o desempenho das atividades pedagógicas em relação às crianças com deficiência auditiva, devem receber assessoramento da equipe pedagógica e de intérpretes que atendem as necessidades dos alunos surdos inclusos no ensino regular.
A inclusão do deficiente auditivo deve ser integral, acima de tudo, digna de respeito e direito a educação com qualidade atendendo aos interesses individuais e nos grupos sociais.
A educação especial passa por uma transformação em termos da sua concepção e diretrizes legais. É preciso estabelecer um plano de ação político-pedagógico que envolva a inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais. Faz-se necessário lembrar que a Educação Especial delineia um processo de construção e compreensão de posicionamentos quanto às orientações e diretrizes atuais.
Com o processo de inclusão dos portadores de necessidades educativas especiais no ensino fundamental, devemos levar em consideração que as mudanças são freqüentes, principalmente quando consideramos que toda a nossa tradição histórica tem sido preconceituosa e discriminativa. Quanto a isso, os profissionais sabem que existe uma grande preocupação no rendimento escolar, por isso, o educador deve estar preparado para lidar com situações constrangedoras, pois terá contato com diferentes tipos de alunos.
Há ainda, uma grande preocupação quanto a participação dos pais na escola, pois são poucos os que são presente na educação escolar. Os mesmos, muitas vezes desconhecem a LIBRAS, pois utilizam gestos que são reproduzidos naturalmente.
No processo de inclusão no âmbito escolar, deverá ser feito um trabalho de conscientização que é um trabalho essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária, na qual as diferenças sejam consideradas e respeitadas.
As diferenças humanas
Os ouvintes são acometidos pela crença de que ser ouvinte é melhor do que ser surdo, pois, na ótica do ouvinte, ser surdo é o resultado da perda de uma habilidade disponível para a maioria dos seres humanos. No entanto, essa parece ser uma questão de mero ponto de vista. “Um órgão a mais ou a menos em nossa máquina teria feito de nós outra inteligência” (FAULSTICH, 2004 p.36 ).
Se não há limite entre a grandeza e a pequenez podemos concluir que ser surdo não é melhor nem pior de ser ouvinte, mas diferente. Esta é uma questão que merece ser amplamente discutida, pois, estão limitadas as considerações das pessoas com necessidades especiais.
Segundo Skliar (2005) explica que falar em Cultura Surda como um grupo de pessoas localizados no tempo e no espaço é fácil, mas refletir sobre o fato de que nessa comunidade surgem processos culturais específicos é uma visão rejeitada por muitos, sobre o argumento da concepção da cultura universal.
Quanto à Língua de sinais, cabe ressaltar a forma como os indivíduos são nela nomeados, atribuindo-se aos sujeitos características físicas, psicológicas, associadas ou não a comportamentos particulares, os mais variados, os quais personificam os indivíduos. É uma língua adquirida efetivamente no contato com seus falantes. Esse contato acontece com a participação da família, onde a cultura esta em plena transformação e ao mesmo tempo diversifica seus hábitos e costumes que refletem nessa cultura.
Nesse sentido, é fundamental o contato da criança surda com os adultos surdos e outras crianças com as mesmas necessidades para que haja a interação lingüística favorável que possibilite um ambiente de interação, quando se trata de língua de sinais.
O processo de alfabetização de surdos tem duas enquetes a serem ressaltadas: o relato de estórias por parte da comunidade e a produção de literatura infantil em sinais (não sistemas de comunicação artificial, portuguesa sinalizado, ou qualquer outra coisa que não seja a Língua de Sinais Brasileira (LSB)). Recuperar a produção literária da comunidade surda é necessário para tornar produtivo o processo de alfabetização.
Segundo Quadros, o papel do surdo adulto na educação se torna fundamental para o desenvolvimento da pessoa surda. É preciso produzir estórias utilizando-se configurações de mãos específicas, produzirem estórias em primeira pessoa sobre pessoas surdas, sobre pessoas ouvintes, produzir vídeo de produções literárias de adultos surdos.
“A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (Constituição da República Federativa do Brasil, III, Art. 205).
A educação de surdos e a educação especial
A educação especial para surdos parece não ser o marco adequado para uma discussão significativa sobre a educação dos surdos. Mas, ela é o espaço habitual onde se produzem e se reproduzem táticas e estratégias de naturalização dos surdos em ouvintes, e o local onde a surdez é disfarçada. De acordo com SALLES (2004, p.12):
“Os processos para as crianças surdas são produzidos dentro de uma subclasse de educação chamada ‘especial’. No caso da educação especial, significa algo adicional ao comum; na verdade é uma subdivisão ou uma porção que daí se limita. Pressuposições são feitas a partir de ‘capacidade de absorção’ de tais crianças marcadas, a respeito das possíveis limitações de seus potenciais cognitivos, ao invés de questionar se ‘canais de absorção’ alternativos poderiam ser-lhes disponíveis. Ironicamente, todos os esforços de instrução e reabilitação focalizam-se, muitas vezes exclusivamente, do canal ‘perdido’ que falta como a única característica ao redor da qual todo o ensino deveria girar. Esta retração irônica pela educação especial produz um mundo limitado de aprendizado de interação social. Embora esta obsessão por ouvir possa ser traçada, a combinação da fala com a linguagem, o resultado imediato é uma opressão direta das crianças surdas e uma negação das identidades sociais que lhes podem estar disponíveis como adultos surdos”.
A necessidade de construir um território mais significativo para a educação dos surdos nos conduz a um conjunto de inquietações acerca de como narramos aos outros, de como os outros se narram a si mesmos, e de como essas narrações são colocadas de um modo estático nas políticas e nas praticas pedagógicas.
A tensão e a ruptura com a educação especial só podem ser entendidas como estratégias para deslocar representações e não no seu sentido linear, literal. O movimento de aproximação com outras linhas de estudo em educação também é uma provocação para o descentramento.
Reflexão sobre o fracasso educacional dos surdos
A falta de compreensão e de produção dos significados da língua oral e o analfabetismo na escola antiga, a mínima proporção dos surdos tinham acesso a estudos de ensino superior, pois estava escassa a qualificação profissional para o trabalho, e estes são motivos para várias justificações impróprias sobre o fracasso na educação dos surdos. Uma delas, está a culpabilizacao aos professores ouvintes por esse fracasso e a localização do fracasso nos processos dos métodos de ensino – o que esforça a necessidade de sistematizá-los ainda mais, de torná-los mais rigorosos e impiedosos com relação aos surdos.
Nesses tipos de justificações, evita-se a denuncia do fracasso da escola, da educação e do compromisso da responsabilidade do Estado.
Os que fracassam em relação aos surdos são os direitos lingüísticos e de cidadania quanto, as teorias de aprendizagem que refletem as condições cognitivas dos surdos.
O que se faz necessário quanto à presença do fracasso, é o surgimento de novas teorias e variadas perspectivas. Chegamos à conclusão que a educação dos surdos não fracassou, ela apenas conseguiu os resultados previstos em função dos mecanismos e das relações de poderes e de saberes atuais.
Em relação a isso foram questionadas as formas de processo de ensino aprendizagem e quais são os processos e as metodologias utilizadas na Escola Municipal Geraldo Caldani.
Os professores têm o auxílio necessário da equipe pedagógica e freqüentam cursos de LIBRAS semanalmente, utilizando sempre o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola que é adequado para proporcionar uma metodologia diversificada e eficiente para que haja interação entre professores e alunos em sala de aula para se obter resultados significativos.
Também são usados recursos visuais diferenciados com o objetivo de proporcionar melhor entendimento dos conteúdos explanados no decorrer das aulas tanto no espaço como nos recursos usados em sala de aula na qual possui laboratório de informática com acesso a internet e vídeos diversificados adaptados em libras e coleção do dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da LÍNGUA de Sinais Brasileira.
Reflexão sobre as potencialidades educacionais dos surdos
A educação dos surdos pode muito bem ser definida como uma história de impossibilidades. A reflexão sobre o consenso das potencialidades educacionais dos surdos não deve ser apressadamente interpretada sobre o modo como os surdos podem ser educados e como uma conseqüência de objetivos pedagógicos a serem desenvolvidos em termos de uma preposição metodológica.
Os Estudos Surdos em Educação podem ser pensados como um território de investigação educacional e de preposições políticas que, através de um conjunto de concepções lingüísticas definem uma particular aproximação com o conhecimento e com os discursos sobre a surdez e sobre o mundo dos surdos.
A escola de surdos e o trabalho
As escolas de surdos vêm atuando de forma direta no que se refere na formação de surdos trabalhadores. Essa formação atua diretamente no que se refere à na disciplina do sujeito para uma melhor adequação às necessidades do mundo do trabalho. O sentido de aprendizagem possibilita ao aluno surdo uma atividade que evita que o aluno seja no futuro uma “carga” para a família.
Fica evidenciado que os jovens alunos surdos vinham sendo disciplinados a uma rotina que atendia ao ritmo das antigas fábricas que surgiram na época.
O sentido de reabilitação pode ser facilmente encontrado em diferentes projetos direcionados às questões do trabalho nas escolas de surdos. É importante ressaltar que se a escola de surdos atende a criança e jovens que ainda não foram inseridos no mercado de trabalho, é equivocado falar em reabilitação, como se fosse necessário reparar algo ou alguém que já falhou.
Essas escolhas de atividades profissionais são motivadas pela crença de muitos pais e educadores de que a informática é a atividade ideal para os surdos. Outros projetos privilegiam ofícios que não exigem escolaridade mais avançada, mas que possibilitam um trabalho mais individual, sem a necessidade de contato freqüente com o público.
O compromisso assumido pelas escolas em garantir ao seu aluno surdo uma formação para um emprego, comprovando a eficiência do processo educacional, leva as mesmas a se constituírem em agência de emprego. Alunos surdos e seus familiares vão até esses profissionais na certeza de que eles irão atender seus anseios por um emprego e pela possível independência financeira.
Segundo CARVALHO, (2004) argumenta que surdez e problema se conectam de forma muito imediata. As dificuldades ligadas à falta de emprego resultam em um difícil acesso a informação adequada e aos processos de tomada de decisão, fazendo com que os alunos surdos e familiares procurem na escola apoio e auxilio.
A visão da escola
A escola tem sido objeto para muitos estudos e projetos educativos e sociais que determina a participação de diferentes grupos culturais. Na Escola Geraldo Caldani, sempre ouve a preocupação com o perfil da escola, com o disciplinamento e com a educação de excluídos oriundos das classes populares e de grupos culturais, pois em todos os sentidos sempre houve preconceitos.
As diferenças existentes entre grupos culturais estão presentes na escola moderna, porém, não sabe como trabalhar e pensar as mesmas. A escola esta preparada para uniformizar os sujeitos que devem ser “livres”, educados e servis. Esta dificuldade em trabalhar com essas diferenças não se observa só na escola, mas em todas as instituições que se deparam com o crescimento material gerado pela ciência e tecnologia.
Segundo GÓES(1999) diz que a escola esta entre posições de direita e esquerda e que esta vem colaborando para diminuir as diferenças.
Por um lado é vista como capaz de promover o uso da razão e da formação de alunos livres, e por outro, é vista como incompetente por não conseguir formar cidadãos e por estar produzindo divisões entre ricos e pobres. CARVALHO (2004) diz:
“A pesquisa educacional vem desenvolvendo, nas ultimas décadas, um imenso arsenal de teorias, interpretações, recomendações, prescrições, etc. que se ocupam com a crise educacional. Com isso essas teorias tentam descrever, analisar, compreender e até modificar a educação especial moderna. E, para isso, trazem o aporte da Psicologia, da Filosofia, da Sociologia, da Politicologia, etc.”
Pensar a escola possibilitará os profissionais estudar várias outra formas sociais - pedagógicas para que o pensamento da escola passe a ver o sujeito como um ser de produção de sentidos, valores e identidades. Precisamos questionar o papel que a escola desempenha, e principalmente, uniformizar sujeitos para a redução de suas vidas em “reproduzir” a realidade de outros.
Muitas são as diferenças existentes na escola, assim como, muitas são as formas como podemos vê-las e pensá-las, isto dependerá do interesse e posição de quem a estuda. As diferenças culturais ou na cultura devem ser vistas e pensadas como diferenças políticas que devem sobressair aos limites lingüísticos, de cor, raça e de gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das variáveis observadas nesta experiência no estudo sobre o ensino de libras na educação fundamental na Escola Municipal Geraldo Caldani, foi possível observar que a inclusão escolar e a educação dos alunos surdos, promovem algumas modificações que devem ocorrer anterior à sua presença na escola, como as modificações que ocorrem à medida que as especificidades são identificadas, bem como a capacitação dos profissionais que irão trabalhar diretamente com eles.
Desta maneira, este artigo reafirma que a inclusão de alunos surdos na sala de aula do ensino comum é uma proposta não relacionada somente com as questões da surdez, mas com questões que envolvem uma diferença diversificada num sentido de que outros caminhos pedagógicos devem ser trilhados para que estes alunos possam vir a constituir-se como um sujeito surdo pertencente a uma sociedade cuja maioria é de ouvintes. Dentre estes ouvintes, outras diferenças também existem, pois vivemos em uma sociedade que também não reconhece as necessidades dos ouvintes, não tem um olhar para suas particularidades.
Esses aspectos crítico - pedagógicos que envolvem o ensino de libras para as séries iniciais sempre estarão sujeito a mudanças. Estas, não ocorrem de modo rápido e também não são de fácil elaboração, pois os conceitos sobre a educação e língua de sinais, necessitam ser reformulados e ao mesmo tempo esses novos conceitos que circulam no interior escolar, devem ser aceitos por todos na área da educação, sabendo que conflitarão com aqueles já existentes.
Há muito que se fazer ainda no que se diz respeito sobre a educação especial. As instituições de ensino precisam proporcionar mais recursos lingüísticos para os deficientes auditivos para que eles possam se desenvolver de forma autônoma, preparando - se para os desafios do cotidiano fazendo a diferença.
Desta forma, será no cotidiano da inclusão escolar, através das experiências e reflexões das mesmas, que se estabelecerá no processo social, as maneiras para a inclusão e quais serão as propostas pedagógicas utilizadas para o ensino das crianças com necessidades educativas especiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GÓES, Maria Cecília Rafael; LACERDA, Cristina Broglia Feitosa. Surdes, Processo Educativo e Subjetividade. São Paulo: Lovise, 2000.
GÓES, Maria Cecília Rafael; Linguagem, Surdez e Educação. 2ª ed. Campinas, SP: autores associados, 1999. – coleção (educação). contemporânea)
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene Lúcia; RAMOS, Ana Adelina Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, vol. 1 - caminhos para a pratica pedagógica, Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, 2004.
QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira - Estudos Lingüísticos, 2004. Ed 1. Artmed Psipedagogi.
SALLES, Heloisa Maria Moreira Lima; FAULSTICH, Enilde; CARVALHO, Orlene Lúcia; RAMOS, Ana Adelina Lopo. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos, vol. 2 - caminhos para a pratica pedagógica, Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, 2004.
SKLIAR, Carlos; A Surdez, um olhar sobre as diferenças. 3ª edição; ed. Mediação – Porto Alegre – RS – 2005.
CAPOVILLA, Fernando Cezar; RAPHAEL, Walkiria Duarte; Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua de Sinais Brasileira; vol. II – SP – 2006

 

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