quinta-feira, 14 de março de 2013

A REVOLUÇÃO NICARAGUENSE


Pré-Revolução

A História da Revolução da Nicarágua, em seu início, se confunde com a vida do “camponês” general-guerrilheiro Augusto César Sandino.

No início do século XIX, passado o processo de independência mexicana, as regiões pertencentes à América Central experimentaram diversas transformações políticas em favor da formação de várias nações independentes. Na maioria dos casos, as elites locais obtinham o apoio estadunidense e britânico na formação de nações frágeis e incapazes de fazer frente aos interesses das potências capitalistas. Foi nesse contexto que notamos o surgimento da Nicarágua.

Em 1926, começou a trabalhar numa fazenda de donos estadudinenses, onde começou a regimentar pessoal para o movimento revolucionário. Sua principal visão era a divisão de terras e riquezas por todos os nicaragüenses e expulsão dos fuzileiros americanos de terras nicaragüenses, os partidários de Sandino participaram de movimentos de guerrilha que atuaram no país entre 1926 e 1933, determinado a dar fim à intervenção imperialista em seu país. Entre outros pontos, defendia a realização de um projeto de distribuição de terras e saída dos militares americanos que ocupavam o território nicaragüense.

Influenciado pelas greves de princípios nacionalistas, Sandino aprendera sobre defender uma nação em sua viajem pelo México.

A Nicarágua encontrava-se nas mãos americanas, com regalias cedidas a eles. A ajuda dos fuzileiros na independência da Nicarágua, fizeram-os achar que haveriam regalias e que terras nicaragüenses eram terras amigas.

A guerra era inevitável, acontecendo e se enquadrando em fugas para as montanhas antecedidas de ataques surpresas, numa espécie de “guerrilha”, quando os americanos concordaram sair do país mediante rearranjos no poder político.

Acontecendo isso em 1933, foi montada a Guarda Nacional que foi treinada pelos os mesmos estadudinenses que saíram da Nicarágua. A Guarda Nacional tinha como chefe Anastázio Somoza, após conseguir a saída das tropas estadunidense do país, Sandino aceitou assinar um acordo onde concordava em depor das armas mediante a preservação da soberania de seu país. Este período ficou conhecido como Revolução Sandinista.

SOMOZA

A opção pela pacificação política permitiu que militares liderados por Anastásio Somoza Garcia empreendessem o assassinato do líder revolucionário e em 1936 Somoza dá um golpe e assume o poder na Nicarágua dando início a Dinastia Somoza que vai até 1979 um governo ditatorial alinhado aos interesses norte-americanos.

Em 1961, um novo movimento guerrilheiro é formado com o objetivo de acabar com a ingerência estrangeira e a opressão ditatorial. A partir da reunião de líderes, como Tomás Borge, Carlos Fonseca e Carlos Mayorga, fundou-se a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Seus partidários passaram a formar sindicatos, abrir escolas de alfabetização e organizar focos em favor do seu projeto de natureza socialista. Este momento foi marcado pelo aspecto de conscientização da população (também estudantes e intelectuais) que se reuniram em sindicatos; a JPN (Juventude Patriótica Nicaragüense) foi formada. Em 1967 a FSLN se tornou o principal canal do povo na luta armada contra o Somozismo.

O governo de Somoza enfraquecia-se progressivamente, quando 1978 o jornalista Pedro Chamorro que comandava o maior jornal do país em oposição ao regime foi assassinado a mando de Anastázio, a guerra civil tomou conta do país. Os EUA tiraram seu apoio, houve uma insurreição popular que levou uma junta provisória ao poder. Em 1984 foram feitas as primeiras eleições livres depois da vitória da revolução, vencendo Daniel Ortega, líder da FSLN.

A FSLN conseguiu uma administração, nos seus 11 anos no poder, de verdadeiro socialismo: de 52% abaixou-se para 12% da população analfabeta. Conseguiu-se se evidenciar uma reforma agrária; a educação fortificou-se a vinda de professores da França, Alemanha.

Permanências
Somoza fugiu e foi assassinado no Paraguai. A Guarda Nacional que fora expulsa do país, se armou e se agrupou em Honduras com apoio e treinamento americano e argentino.

POLÍTICA INTERNA

No plano político interno, os sandinistas promoveram uma aproximação com as nações do bloco socialista. Além disso, prometiam um amplo processo de desapropriação onde o Estado controlaria as terras e as demais forças produtivas do país. O projeto radical oferecido pelos sandinistas acabou não só incomodando os interesses do bloco capitalista, bem como de porções heterogêneas da população nicaragüense. Dessa maneira, a partir de 1981, formou-se uma ação contra-revolucionária no país.

Os oponentes do governo sandinista, popularmente conhecidos como “Contras”, tiveram o apoio financeiro dos Estados Unidos e de membros da alta cúpula católica do país. Durante toda a década de 1980, o governo sandinista enfrentou uma grave crise econômica que ampliou as forças oposicionistas e colocou a Nicarágua à beira do caos. Em 1990, a crise acabou configurando uma derrota eleitoral dos sandinistas e a eleição de Violeta Chamorro, mulher do jornalista assassinado assim ia ao poder, dando fim à hegemonia sandinista.

Somente após uma seqüência de governos de tendência neoliberal e conservadora, os sandinistas se fortaleceram politicamente com as permanências dos problemas que afligiam a população. Em 2007, Daniel Ortega voltou à presidência com um discurso político moderado e com o apoio declarado dos norte-americanos. Hoje, o histórico líder da revolução de 1979 tem de enfrentar o atraso tecnológico, a inflação, o desemprego e a dívida externa que corroem a Nicarágua.

Referências:
OLIC, Nélson Bacic. Geopolítica da América Latina. São Paulo: Moderna, 1992.
BRUIT, Héctor H. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988.
PRADO, Maria Ligia. A formação das nações latino-americanas. São Paulo: Atual, 1987.
SADER, Emir. Socialismo na América Latina. São Paulo: Atual, 1992.

Nenhum comentário:

Postar um comentário