Durante muito tempo na história
brasileira o Brasil esteve fortemente ligado a um determinado produto que o
colocasse no mercado. Isso aconteceu por mais de 400 anos, apenas alternando o
principal produto na pauta de exportação. O pau-brasil, a cana de
açúcar e o ouro marcaram-se
como produtos de destaque na economia brasileira, mas desde o Segundo Reinado até o fim da República do Café com Leite
o principal produto de exportação brasileiro foi o café.
Essa dependência tão grande em relação a um único produto como base econômica fazia com que o país enfrentasse uma série de problemas
decorrentes das variações de demanda mundial ou das próprias crises de mercado,
por isso era necessário que certas medidas desesperadas fossem tomadas para
garantir a sustentabilidade do produto e da economia brasileira.
Na última década do século XIX, coincidente com o
início da República, o Brasil enfrentou uma crise de superprodução de café. Ou seja, muito se produzia esperando uma
absorção imediata pelos países consumidores mundo afora. Mas não era simples
assim. Se a quantidade do produto ocorre de forma elevada no mercado mundial, o
seu preço automaticamente cai segundo as leis de oferta e procura.
Seguindo esse paradigma, os cafeicultores
brasileiros estavam enfrentando uma grave crise em relação ao preço de seu
produto. A cotação do café no mercado mundial caia consecutivamente, sendo que
o valor do produto chegou a ficar quatro vezes menor do que era normal e
esperado pelos produtores. Estes, revoltados e preocupados, tinham estreita
ligação com o governo do país, pois integravam o sistema oligárquico que determinava
quem seria o presidente do Brasil (política do café com leite), além de que era o café que garantia as boas
condições econômicas brasileiras.
Frente a tal situação, o governo brasileiro
resolveu se articular e criar medidas para que pudessem valorizar o preço do
café no mercado mundial. Assim, Jorge Tibiriçá, Francisco Sales e Nilo Peçanha,
governadores respectivamente dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro se reuniram na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, em fevereiro
de 1906 para firmar um acordo de valorização do produto. O presidente então era Rodrigues Alves, a quem estava condicionada a aprovação do acordo assinado
entre os governadores no dia 26 de fevereiro. Segundo o que ficou estabelecido
no chamado Convênio de Taubaté, o
governo brasileiro compraria o excedente da produção de café para que a
quantidade disponível no mercado fosse suficiente para garantir o preço do
produto elevado. Isto garantia o lucro dos cafeicultores, que mesmo no momento
de crise continuaram produzindo em larga escala.
A medida foi adotada pelo governo brasileiro e
criou novos problemas. Para garantir a compra do produto o Estado brasileiro
precisou contrair vários empréstimos para dar conta da aquisição do produto até
1924, quando foi criado o Instituto do
Café de São Paulo que realizava a aquisição de forma indireta. Além
disso, a execução de tal política fez com que se estendesse uma cultura
econômica baseada em um único produto na pauta de exportação.
O Convênio
de Taubaté fez com que o ciclo cafeeiro permanecesse no Brasil até a
crise de 1929 que abalou a bolsa de valores de Nova York e teve consequências
no mundo todo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário