quarta-feira, 10 de abril de 2013

CONVÊNIO DE TAUBATÉ

Durante muito tempo na história brasileira o Brasil esteve fortemente ligado a um determinado produto que o colocasse no mercado. Isso aconteceu por mais de 400 anos, apenas alternando o principal produto na pauta de exportação. O pau-brasil, a cana de açúcar e o ouro marcaram-se como produtos de destaque na economia brasileira, mas desde o Segundo Reinado até o fim da República do Café com Leite o principal produto de exportação brasileiro foi o café.

Essa dependência tão grande em relação a um único produto como base econômica fazia com que o país enfrentasse uma série de problemas decorrentes das variações de demanda mundial ou das próprias crises de mercado, por isso era necessário que certas medidas desesperadas fossem tomadas para garantir a sustentabilidade do produto e da economia brasileira.

Na última década do século XIX, coincidente com o início da República, o Brasil enfrentou uma crise de superprodução de café. Ou seja, muito se produzia esperando uma absorção imediata pelos países consumidores mundo afora. Mas não era simples assim. Se a quantidade do produto ocorre de forma elevada no mercado mundial, o seu preço automaticamente cai segundo as leis de oferta e procura.

Seguindo esse paradigma, os cafeicultores brasileiros estavam enfrentando uma grave crise em relação ao preço de seu produto. A cotação do café no mercado mundial caia consecutivamente, sendo que o valor do produto chegou a ficar quatro vezes menor do que era normal e esperado pelos produtores. Estes, revoltados e preocupados, tinham estreita ligação com o governo do país, pois integravam o sistema oligárquico que determinava quem seria o presidente do Brasil (política do café com leite),  além de que era o café que garantia as boas condições econômicas brasileiras.

Frente a tal situação, o governo brasileiro resolveu se articular e criar medidas para que pudessem valorizar o preço do café no mercado mundial. Assim, Jorge Tibiriçá, Francisco Sales e Nilo Peçanha, governadores respectivamente dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro se reuniram na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, em fevereiro de 1906 para firmar um acordo de valorização do produto. O presidente então era Rodrigues Alves, a quem estava condicionada a aprovação do acordo assinado entre os governadores no dia 26 de fevereiro. Segundo o que ficou estabelecido no chamado Convênio de Taubaté, o governo brasileiro compraria o excedente da produção de café para que a quantidade disponível no mercado fosse suficiente para garantir o preço do produto elevado. Isto garantia o lucro dos cafeicultores, que mesmo no momento de crise continuaram produzindo em larga escala.

A medida foi adotada pelo governo brasileiro e criou novos problemas. Para garantir a compra do produto o Estado brasileiro precisou contrair vários empréstimos para dar conta da aquisição do produto até 1924, quando foi criado o Instituto do Café de São Paulo que realizava a aquisição de forma indireta. Além disso, a execução de tal política fez com que se estendesse uma cultura econômica baseada em um único produto na pauta de exportação.

O Convênio de Taubaté fez com que o ciclo cafeeiro permanecesse no Brasil até a crise de 1929 que abalou a bolsa de valores de Nova York e teve consequências no mundo todo.


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