A REPÚBLICA DA
ESPADA
A República da Espada teve seu início
quando os militares lideraram o país politicamente entre os anos de 1889 a
1894. Assim que a monarquia foi derrubada, o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca guiou as decisões tomadas no Brasil.
Neste período,
foram tomadas algumas decisões de suma importância para o povo brasileiro.
Ocorreu a separação oficial entre Igreja e Estado (fim do regime do Padroado),
foi instituído o casamento civil e uma nova bandeira foi criada com o lema “Ordem e Progresso”.
Apesar de
implantada a República da Espada, surgiram as disputas entre qual seria o melhor modelo republicano a ser instaurado. Pelo lado dos militares, a idéia de um
regime republicano centralizador era defendida. Mas as oligarquias rurais e os
grandes cafeicultores paulistas se opuseram à idéia dos militares, pregavam a
implantação de um regime republicano voltado aos estados, assim, não poderiam
ser controlados economicamente e nem ter sua administração ameaçada. Queriam
com esta proposta aumentar o poder de veto e ampliar seus interesses.
Muitos consideram a
República da Espada o primeiro período ditatorial no Brasil. As figuras chaves
da época foram os marechais Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca. A repressão era forte contra os
levantes populares e os simpatizantes de Dom Pedro II.
Deodoro da Fonseca
foi obrigado a renunciar devido a problemas de saúde, além disso, tinha graves
problemas políticos. Os desentendimentos com as oligarquias cafeeiras,
grevistas e a Primeira Revolta Armada levaram Floriano Peixoto a substituir marechal
Deodoro. Peixoto assumiu a presidência tomou uma série de decisões:
Estatizou a moeda.
Estimulou a
indústria.
Baixou o preço de
imóveis e alimentos.
Repreendeu
movimentos monarquistas.
Proibiu o Jornal do
Brasil.
Conquistando a
simpatia do povo, Floriano deu início a consolidação da república, mas teve que
enfrentar a grande Revolução Federalista do Rio Grande do Sul. Esta revolução terminou em 1895,
vencida pelo exército republicano após o governo de Peixoto. Houve também o
combate da Segunda Revolta da Armada e da Revolta dos 13 Generais. As duas
últimas vencidas pelos republicanos.
A República da
Espada caiu diante do poder político dos barões do café de São Paulo e dos
pecuaristas de Minas Gerais. Assim, foi instituída a República do Café com Leite, dando início a uma nova fase política do Brasil.
REVOLTA ARMADA
A Revolta Armada foi uma forma de
represália liderada pela Marinha brasileira, que estava insatisfeita com o
governo de Msarechal Deodoro da Fonseca.
Em 1889, logo
quando a República foi proclamada, o presidente provisório Marechal Deodoro da
Fonseca tinha uma bomba em suas mãos. Ele tinha que escolher
qual candidato ia apoiar de cada Estado, o que deixou alguns grupos de elites
incomodados.
Dois anos depois
ocorreram as eleições presidenciais, Deodoro saiu vitorioso por pouco e tinha
como vice-presidente Floriano Peixoto, que contava com o apoio
de todos os seus opositores. O então presidente resolveu agir e ordenou o
fechamento do Congresso, o que fez com que alguns centros da Marinha, incluindo
o da Baía de Guanabara se revoltassem. Sem apoio do seu Gabinete, do Congresso
Nacional e até de seus eleitores, Marechal Deodoro encontrava-se acuado e sem
saída, viu que a única possibilidade de impedir que o Rio de Janeiro fosse
invadido era se renunciasse a presidência, e foi exatamente o que fez.
Foi então que o seu
vice, Floriano Peixoto assumiu o cargo provisoriamente. Porém, a nova Constituição afirmava que deveria existir uma
nova eleição caso o cargo de presidente ou de vice ficassem vago. Floriano
ignorou a lei e a oposição passou a acusar ele de se manter no poder
ilegalmente. Reuniu o Congresso e depôs todos os governadores que apoiaram
Deodoro.
Floriano recebeu
uma carta vinda da parte de alguns generais que o ordenavam a convocar
imediatamente novas eleições, pois a Constituição tinha que ser respeitada.
Além de não dar crédito á ordem imposta pelos generais, o presidente ordenou a
prisão de todos os envolvidos com o levante que ameaçava o seu governo.
Então, os oficiais
superiores das Forças Armadas convocaram uma reunião a fim de escolherem os
novos governadores. Planejaram também um golpe para destituir Floriano Peixoto
do poder. Mas, não encontraram o apoio necessário no Rio de Janeiro, trocando
alguns tiros com o exército. Migrarem para o Sul do país. Lá, tentaram um
acordo com os gaúchos que faziam parte do federalismo, mas também não tiveram sucesso.
O presidente
Floriano Peixoto, amparado pelo Exército Brasileiro, as elites estaduais, além
de uma nova frota de navios obtidos no exterior, derrotaram os revoltosos em
março de 1894.
REVOLUÇÃO
FEDERALISTA
Era 1892 e Floriano Peixoto acabava de enfrentar o Manifesto dos 13 Generais. Eles
pediam seu afastamento da presidência e a ocorrência de novas eleições.
Floriano reagiu prontamente e utilizou a lei para punir seus opositores. O
Código Militar previa prisão e afastamento para insubordinação militar, assim,
Floriano Peixoto conseguiu se livrar dos 13 Generais.
Porém, uma nova
revolta surgiria no Rio Grande do Sul, a Revolução Federalista, que se deu no ano de 1893 e foi até 1895.
Júlio de Castilhos era membro do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e
defendia o governo e o estabelecimento de Floriano Peixoto no comando do país.
Mas, isso desagradava o Partido Federalista (maragatos)
de Silveira Martins, um inimigo da centralização política que ocorria no Rio
Grande do Sul.
Em 1892, Castilho
foi intitulado presidente do estado, o que acendeu a centelha da Revolução
Federalista de uma vez. Seiscentos homens foram convocados para a batalha contra os Republicanos. Os combates mais
conhecidos foram os de Lagoa Branca e Restinga da Jarraca, dos quais os
“maragatos” (federalistas) saíram vitoriosos.
Eles queriam
destituir Castilhos e iniciar uma votação por plebiscito, onde a população
escolheria o tipo de governo a ser seguido. Esta derrota irritou os "pica-paus"
(republicanos) e o marechal Floriano Peixoto recorreu ao exército federal,
conhecido na época como tropa legalista. Junto a isso, houve colaboração da
polícia estadual contra os “maragatos”.
Devido a esta
pressão e aos armamentos utilizados pelas fileiras do governo, os maragatos
foram derrotados no embate do riacho Inhanduí. Apesar disso, foram apoiados
por tropas gaúchas e derrotaram as tropas legalistas na batalha de Cerro do
Ouro, dando continuidade à ataques em outras regiões do estado.
A guerra chegou ao
seu auge no momento em que os “maragatos” se aliaram aos rebeldes da Revolta Armada, que haviam tomado recentemente Desterro (atual
Florianópolis).
Após diversas
outras batalhas, dominaram o Paraná e Curitiba, mas começaram a ficar
desfalcados devido ao grande número de conflitos. Após verificarem os prós e
contras de outros ataques, decidem recuar e centram suas forças apenas no
território gaúcho. Em 1895, o Presidente recém-eleito, Prudente de Morais, assina um acordo de paz, dando fim aos combates.
O governo concede
novamente o poder para Júlio de Castilhos e os “maragatos” são penalizados.
PRUDENTE DE MORAIS
O paulista Prudente
de Morais foi o primeiro presidente civil. Prudente José de Morais Barros nasceu na cidade
de Itu no interior de São Paulo no dia 4 de outubro de 1841. Seu pai faleceu
ainda durante sua infância, o que o fez se mudar juntamente com sua família
para a cidade da Constituição, que hoje recebe o nome de Piracicaba, também no
interior de São Paulo.
Em São Paulo
formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1863 e retornou logo em
seguida para Piracicaba dando início a sua carreira
de advogado. Mas já em 1865 foi eleito vereador na cidade e assumiu o cargo de
presidente da Câmara Municipal. Sua carreira política tomou força e o jovem
político subiu rapidamente. Em 1868 tornou-se deputado provincial pelo Partido
Liberal, todavia em 1876 trocou de partido. Vestindo a camisa do Partido Republicano
Paulista (PRP) foi eleito mais três vezes como deputado provincial pelo estado
de São Paulo e uma vez como deputado da Assembléia Geral do Império.
Prudente de Morais
integrava a campanha abolicionista e também a republicana. Quando a República
foi proclamada em 1889 foi nomeado pelo presidente marechal Deodoro da Fonseca
como governador da província de São Paulo, exercendo o cargo até 1890. No mesmo
ano foi eleito senador e trocou de função.
Não tardou e
Prudente de Morais concorreu pela primeira vez para o posto de Presidente da
República contra o marechal Deodoro da Fonseca em 1891, quando já era
presidente do Congresso Constituinte. Entretanto, neste momento a pressão
militar exercida para apoiar o marechal Deodoro da Fonseca foi mais forte e o mesmo
acabou eleito indiretamente para a presidência.
Após o governo de
outro militar, marechal Floriano Peixoto, que assumiu em decorrência da
renúncia de Deodoro, Prudente de Morais candidatou-se novamente para a sucessão
de Floriano. Desta vez foi eleito. Sua vitória colocava o primeiro civil na
presidência do Brasil e representava a vitória da oligarquia cafeeira de São
Paulo.
Seu governo não foi
fácil e já começou enfrentando situações complicadas. Enfrentou logo de partida
a oposição dos florianistas (seguidores do ex-presidente Floriano Peixoto) e a
reorganização do Partido Monarquista. Teve que se esforçar muito contra as
medidas antiinflacionárias do governo e a queda do preço do café no mercado
mundial.
Como se não fosse
suficiente, algumas revoltas complicaram mais ainda o governo de Prudente de
Morais, que ficou conhecido como o Pacificador. No Rio Grande do Sul encerrou a Revolução Federalista através de um tratado de paz e no sertão baiano
teve que combater uma revolta liderada por Antonio Conselheiro, conhecida como Canudos
em 1897.
Externamente, o
presidente Prudente de Morais precisou interferir em um incidente diplomático
que envolvia o Brasil e a Inglaterra em 1896. Sem nenhum motivo, a Inglaterra
invadiu e ocupou a Ilha de Trindade, mas felizmente o presidente resolveu a
questão de forma favorável ao Brasil.
No âmbito pessoal,
Prudente de Morais sofreu um atentado no dia 5 de novembro de 1897, no qual seu
Ministro da Guerra, marechal Carlos
Machado Bittencourt, foi ferido em seu lugar e acabou falecendo.
Apesar de todas as
dificuldades, traçou e realizou uma inteligente política econômica. Foi capaz
de firmar definitivamente a República e reatar as relações diplomáticas com
Portugal. Isso fez com que Prudente de Morais desfrutasse de grande popularidade
no fim do seu mandato.
Após deixar o cargo
foi sucedido por Campos Sales e retornou para Piracicaba, onde continuou exercendo trabalhos de advocacia
durante alguns anos, até adoecer por conta de uma tuberculose e falecer no dia
13 de dezembro de 1902.
Prudente de Morais
foi homenageado dando nome as cidades de Presidente Prudente (SP), Prudente de
Morais (MG) e Prudentópolis (PR).
CAMPOS SALES
O quarto presidente
do Brasil.
Como mais um representante da oligarquia cafeeira do estado de São Paulo, seu
governo teve início dando-se empenho ao combate contra a inflação e deixou como
legado uma estrutura de sustentação das oligarquias chamada Política dos Governadores.
Manuel Ferraz de Campos Sales nasceu na cidade
de Campinas no dia 15 de fevereiro de 1841. Formou-se em Direito, exerceu a
profissão de advogado durante algum tempo e então iniciou sua carreira
política como deputado provincial pelo estado de São Paulo entre 1867 e 1871,
em 1872 foi vereador. Voltou a ser deputado provincial entre 1882 e 1883 e
também entre 1888 e 1889. Já neste ano tornou-se presidente da comissão central
do Partido Republicano de São Paulo.
Quando a República
foi proclamada assumiu o Ministério de Justiça do governo provisório de Deodoro
da Fonseca, entre 1889 e 1891. Simultaneamente foi Senador pelo estado de São
Paulo na Assembléia Nacional Constituinte entre 1890 e 1891. Em 1892 partiu
para viver na Europa onde atuou como colaborador do jornal Correio Paulistano
até 1893.
De volta ao Brasil,
Campos Sales exerceu o cargo de governador de São Paulo de 1894 até 1898,
quando ocorreram as eleições diretas para a Presidência da República, na qual
saiu vencedor
assumindo o posto no dia 15 de novembro de 1898.
O início do governo
presidencial do paulista Campos Sales não foi nada fácil. Em decorrência da política do encilhamento proposta anos antes por Ruy Barbosa,
o presidente anterior viu crescer absurdamente o quadro inflacionário e também
as dívidas do país. Prudente de Morais deixou então uma série de problemas econômicos para serem
resolvidos por Campos Sales. Logo de início, como tentativa de tirar o país de
uma situação economicamente muito desfavorável, Campos Sales aceitou uma
proposta de acordo com os banqueiros ingleses e viajou até Londres para tomar
novo empréstimo, o qual ficou conhecido como funding loan.
Como parte do acordo feito com os ingleses, o presidente se empenhou para
combater a inflação e a desvalorização da moeda, não permitiu mais emissão de
papel-moeda e retirou grande quantia de circulação.
Como a principal
preocupação do então governo presidencial era tentar de alguma forma anenizar a
situação econômica, outras medidas foram acrescentadas. Campos Sales reduziu as
despesas do Estado e aumentou sua receita através de uma série de impostos que
foram criados. Obviamente o peso da carga tributária não agradou a população
que enfrentava condições inadequadas de vida em meio a muita pobreza. Mesmo a
queda dos preços não foi suficiente para elevar em tão pouco tempo a qualidade
de vida dos brasileiros. O povo apelidou o presidente de Campos Selos, por causa de um dos
impostos chamado de imposto dos selos.
Politicamente, foi
Campos Sales que desenvolveu e implementou a máquina que sustentaria durante
tanto tempo a oligarquia cafeeira no poder. Buscando gerar uma estabilização
política que favorecesse as elites estaduais, foi criada a chamada Política dos
Governadores, na qual coronéis, governadores estaduais e o presidente saiam
favorecidos. Através deste mecanismo se conseguia o apoio necessário nas
bancadas do Congresso, ao mesmo tempo em que os governadores e coronéis
desfrutavam também de seus interesses.
Durante seu
governo, Campos Sales criou ainda o Instituto de Manguinhos, que entre outras
coisas dedicava-se a fabricação de vacinas contra a peste bubônica. Quando
finalmente seu mandato chegou ao fim, deixou o posto vaiado pela população que
não foi capaz de compreender a política de ajuste financeiro necessária tomada
por Campos Sales. Mas mesmo assim, conseguiu que Rodrigues Alves, o candidato que indicou para sucessão, vencesse o
pleito eleitoral.
Entre 1909 e 1912
foi novamente Senador pelo estado de São Paulo. No mesmo ano de 1912 tornou-se
ministro plenipotenciário do Brasil na Argentina. O nome de Campos Sales chegou
a ser cogitado nas articulações políticas para as eleições presidenciais de 1914,
mas em 28 de junho de 1913 faleceu repentinamente na cidade de Santos, onde
enfrentava dificuldades financeiras.
Campos Sales foi
homenageado posteriormente dando nome as cidades de Campos Sales, no Ceará, e
Salesópolis, em São Paulo.
RODRIGUES ALVES
Rodrigues Alves foi o
terceiro presidente civil e paulista seguido a ocupar o cargo de Presidente do Brasil. Graças ao governo esforçado de Campos Sales para reduzir os danos econômicos do país, Rodrigues Alves assumiu em melhores
situações financeiras e dedicou seu governo a uma revitalização e modernização
dos espaços públicos que passavam por situações de degradação.
O paulista, nascido
na cidade de Guaratinguetá em 7 de julho de 1848, Francisco de Paula Rodrigues
Alves era filho do português Domingos Rodrigues Alves com Isabel Perpétua Marins. Teve sua formação básica
no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, em regime de internato e mais tarde
formou-se em Letras na Academia do Largo de São Francisco na turma de 1870.
Voltando para
Guaratinguetá exerceu as profissões de juiz de paz, promotor e advogado. Entrou
então para a política e foi eleito vereador pela mesma cidade de Guaratinguetá.
Tornou-se ainda um empresário do café de grande sucesso e enorme riqueza, a
qual foi considerada a terceira maior fortuna do país. Morava em uma fazenda com 400 cômodos.
Logo foi eleito
deputado provincial por São Paulo, representando o Partido Conservador. Exerceu
dois mandatos, de 1872 a 1875 e também de 1878 a 1879. Em 1885 foi eleito
deputado geral, ainda pelo Partido Conservador, permanecendo no posto até 1887,
quando finalmente assumiu a presidência da província de São Paulo, até 1888.
Neste ano sua ocupação foi como conselheiro do Império.
Nos dois últimos
anos da Monarquia no Brasil, 1888 e 1889, voltou a ser deputado provincial. Já
no início do período republicano tomou lugar na Assembléia Nacional
Constituinte como deputado, onde permaneceu até 1891. Após a renúncia do
presidente Deodoro da Fonseca, tornou-se ministro da Fazenda do presidente Floriano Peixoto entre 1891 e 1892, voltando ao cargo no governo de Prudente
de Morais, entre 1895 e 1896. Daí seguiram-se dois mandatos como Senador do
estado de São Paulo representando o Partido Republicano Paulista (PRP), tendo
fim em 1900.
Em 1902 Rodrigues
Alves foi eleito então Presidente da República, assumindo no dia 15 de
novembro. Sua eleição foi fruto do acordo político chamado de Política dos Governadores elaborado e implantado pelo seu antecessor Campos
Sales. Rodrigues Alves representava também o acordo estabelecido entre as
oligarquias de Minas Gerais e São Paulo.
O governo de
Rodrigues Alves foi beneficiado pela recuperação econômica promovida por
Campos Sales no mandato anterior. O ex-presidente trabalhou no momento mais
difícil, no qual era preciso fazer alguns sacrifícios e esforços para colocar a
economia nacional nos eixos. O resultado de seu empenho foi aproveitado por
Rodrigues Alves, que desfrutando de mais dinheiro nos cofres públicos dedicou
seu governo a recuperação dos espaços públicos que estavam em situações de
calamidade. O dinheiro era proveniente dos capitais estrangeiros e do repentino
estouro da borracha amazônica no mercado mundial.
As ações do
presidente tiveram enfoque maior na então capital da República, Rio de Janeiro.
Para a prefeitura da capital nomeou o engenheiro Pereira Passos, dando-o plenos
poderes para promover uma modernização na cidade. Esta se deu através de
ampliação do porto, alargamento de ruas e construção de avenidas. Além disso,
regulamentaram-se novas posturas políticas, como a proibição do comércio
ambulante.
Politicamente, no
escopo interno, o presidente Rodrigues Alves combateu a primeira greve geral
ocorrida na capital republicana, no dia 15 de agosto de 1903. Já externamente,
foi em seu governo que o Tratado de Petrópolis foi assinado. Este definiu os limites entre Brasil
e Bolívia e determinou que o território do Acre seria de possessão brasileira.
Embora não fosse
interesse de Rodrigues Alves, o Convenio de Taubaté foi concluído e aprovado em seu governo pelo
Congresso Nacional. Através de tal convênio ficava estabelecido que o governo
federal compraria o excedente da produção de café para valorizar o preço do
produto no mercado mundial, o que satisfazia a vontade da oligarquia cafeeira.
No tocante social
ocorreu a famosa Revolta da Vacina. O médico e cientista Osvaldo Cruz, que dirigira o Instituto Manguinhos, foi
nomeado pelo presidente como diretor geral de Saúde Pública, com a
responsabilidade de combater as epidemias presentes de peste bubônica e febre
amarela. Em 1904 estabeleceu-se a obrigatoriedade da vacinação contra a
varíola, representantes do governo iam até a casa das pessoas para cumprir o
estabelecido. Inconformados e com pouco conhecimento sobre o assunto, a
população se rebelou contra a vacinação tomando as ruas do Rio de Janeiro em
protesto no dia 10 de fevereiro.
Após deixar a
presidência, Rodrigues Alves voltou a governar o estado de São Paulo entre
1912 e 1916. Entre 1916 e 1918 exerceu mais uma vez o cargo de Senador e foi
eleito neste último ano Presidente da República. Entretanto,
estava com a saúde debilitada e não teve condições de tomar posse, acabou
falecendo no Rio de Janeiro no dia 16 de janeiro de 1919.
Hoje é considerado
o presidente da República Velha que mais se preocupou com a população. Recebeu como homenagem
seu nome empregado na cidade de Presidente Alves (SP).
AFONSO PENA
Afonso Pena foi
o primeiro mineiro a ser Presidente da República como resultado do acordo da política do café com leite que determinava o rodízio entre mineiros e paulistas
na presidência. O governo de Afonso Pena foi relativamente estável na economia
em função do legado deixado por seu antecessor, se empenhou na integração e
colonização do território brasileiro.
Afonso Augusto Moreira
Pena era filho de imigrante português que veio ao Brasil em busca de ouro.
Nasceu no dia 30 de novembro de 1847 na cidade de Santa Bárbara em Minas
Gerais. Por conta dos estudos
foi para São Paulo, onde se formou pela Faculdade de Direito de São Paulo em
1870, sendo colega de turma de indivíduos renomados na história do Brasil como Rodrigues Alves, Ruy Barbosa e Castro Alves. Exerceu a
profissão de advogado por alguns anos, mas logo deu início a sua carreira política.
Em 1874 tornou-se deputado pelo estado de Minas
Gerais. Membro do Partido Liberal, conseguiu ser eleito quatro vezes como
deputado geral entre os anos de 1878 a 1889. Durante o governo liberal, que
teve início em 1878, assumiu os cargos de ministro da Guerra, da Agricultura e da Justiça.
Já no período republicano, Afonso Pena integrou a
Assembléia Nacional Constituinte. Em protesto contra a ação do presidente Deodoro da Fonseca de dissolver o Congresso Nacional, o então deputado Afonso
Pena renunciou ao cargo.
Alguns anos depois se elegeu governador do estado
de Minas Gerais e foi responsável pelo impasse da mudança da capital do estado,
escolhendo por fim a cidade de Belo Horizonte como nova sede dos poderes
administrativos. Em 1902 chegou ao cargo de vice-presidente da República, uma
vez que o vice eleito inicialmente, Francisco Silvano de Almeida Brandão, havia
sido eleito, mas não empossado no cargo, pois veio a falecer anteriormente.
Assim, Afonso Pena desenvolveu a função entre 1902 e 1906.
Quando começou a campanha de sucessão do presidente
Rodrigues Alves o indicado pelo mesmo foi o mineiro Afonso Pena, que foi eleito
sem oposição para assumir no dia 15 de novembro de 1906, tendo Nilo Peçanha como vice-presidente. Afonso Pena se tornou o único membro do Gabinete Imperial
de Dom Pedro II a ter alcançado a Presidência da República.
O governo do mineiro Afonso Pena começou sem
grandes problemas financeiros, a situação econômica deixada por Rodrigues
Alves, ex-presidente, era relativamente boa. Afirmou sua autoridade com um
governo presidencialista e deu ênfase para as questões econômicas, tinha como
prioridade sanear e colonizar o espaço brasileiro.
Visando melhorar o escoamento da produção de café,
Afonso Pena desenvolveu redes ferroviárias nos estados do sudeste e promoveu
ampliação e modernização de portos. O mineiro tinha interesse em promover a
industrialização do país, mas teve que ceder primeiro aos interesses dos
cafeicultores que o colocaram no poder através dos acordos oligárquicos.
Promoveu também a entrada de mão-de-obra imigrante
no país, especialmente os italianos, para engrossar o trabalho nas fazendas de
café. Mas foi justamente com os italianos que as ideologias anarquistas
chegaram ao país e influenciaram os trabalhadores dos núcleos urbanos a
organizar suas primeiras greves na história brasileira em busca de melhores condições
de trabalho.
O exército também foi favorecido no governo de
Afonso Pena, passando por uma modernização e estabelecendo a obrigatoriedade do
serviço militar a partir de 1908. Mas como sempre deu mais atenção à
administração do que às movimentações políticas, gerou-se uma crise em torno de
sua sucessão que ficou conhecida como campanha civilista. Foi justamente no auge dessa crise que Afonso Pena
adoeceu e morreu em decorrência de uma pneumonia no dia 14 de junho de 1909, no
Rio de Janeiro. A presidência foi transferida então para o seu vice, Nilo Peçanha, que completou o mandato.
Afonso Pena foi homenageado dando nome à cidade de
Penápolis, no interior de São Paulo.
NILO PEÇANHA
Nilo Peçanha foi
um presidente fluminense entre a política do café com leite. -Por ocasião da morte do presidente Afonso Pena, em 1909, o cargo foi transferido então ao seu vice, Nilo Peçanha, que completou o mandato
presidencial entre 1909 e 1910.
Nilo Procópio Peçanha nasceu
na cidade de Campos, no interior do Rio de Janeiro, no dia 2 de outubro de
1867. Era filho de uma família simples ligada ao campo e tinha a pele mulata, o que lhe causou uma série de
situações desconfortáveis. Foi muitas vezes subjugado durante sua vida e
comenta-se que no seu período como presidente as fotos oficiais do líder
político eram retocadas para fazê-lo parecer dono de uma pele mais clara.
Iniciou seus estudos de formação superior na
Faculdade de Direito de São Paulo, mas formou-se por fim na Faculdade de
Direito de Recife, em 1887, onde abriu um escritório de advocacia. Pouco tempo
depois retornou para sua cidade natal e foi um dos fundadores do Clube Republicano, o que o impulsionou para a carreira política.
Antes de tomar posse como vice-presidente de Afonso
Pena em 1906, Nilo Peçanha passou por diversos outros cargos políticos e esteve
presente nos momentos mais marcantes na nascente República no Brasil. Na
Assembléia Nacional Constituinte, durante o governo provisório do presidente
marechal Deodoro da Fonseca, foi um dos deputados. Foi também governador e Senador pelo
estado do Rio de Janeiro em 1903. Na ocasião da formulação do Convênio de Taubaté, Nilo Peçanha foi um dos signatários.
Finalmente em 1906 na posse do presidente eleito,
Afonso Pena, Nilo Peçanha estava presente como vice-presidente da República. O governo de Afonso Pena foi
relativamente equilibrado economicamente, a maior crise de seu governo se deu
em relação ao seu sucessor na presidência. Afonso Pena preocupou-se muito mais
com a administração do Estado e pouco se importou com as movimentações
políticas de bastidores, especialmente no que implicava na sucessão política.
Essa situação gerou uma crise política chamada de campanha civilista, envolvendo a sucessão. Por ironia do destino,
Afonso Pena foi acometido por uma pneumonia no auge da crise política e acabou
falecendo em 1909, permanecendo alheio ao processo eletivo que seguiria.
Com a morte do então presidente, o vice, Nilo
Peçanha, automaticamente assumiu o cargo para completar o mandato. No exercício
da função, embora por pouco tempo, Nilo Peçanha promoveu marcantes medidas para
o país. Foi o responsável por restabelecer os ministérios da Agricultura,
Indústria e Comércio, que tinham sido extintos no mandato presidencial do
marechas Floriano Peixoto. Outras medidas marcantes foram a criação do Serviço de Proteção ao Índio, seguindo
sugestão daquele que seria o primeiro diretor da entidade, o tenente-coronel Cândido Rondon, e também inaugurou e
fez desenvolver o ensino técnico no Brasil.
Coube a Nilo Peçanha se empenhar na indicação do
sucessor ao posto de Presidente da República. O indicado por Nilo Peçanha foi o
militar gaúcho marechal hermes da Fonseca; a campanha foi vitoriosa e apoiada também pelas
forças conservadoras das antigas oligarquias, vencendo Ruy Barbosa , que era o candidato de São Paulo e Bahia.
Quando abandonou a presidência passando o cargo
para Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha se mudou para a Europa onde viveu entre
1910 e 1912. Seu retorno se deu em função de assumir o posto mais uma vez de
Senador do estado do Rio de Janeiro. Em 1914 foi eleito governador do Rio de
Janeiro, mas não chegou a cumprir todo o mandato, pois foi nomeado para o
Ministério das Relações Exteriores em 1917.
Nilo Peçanha tentou se eleger presidente mais uma
vez em 1921, mas fracassou nas urnas e foi derrotado por Artur Bernardes. Acabou afastando-se da vida política e faleceu no Rio de
Janeiro em 31 de março de 1924.
Foi homenageado batizando a cidade de Nilo Peçanha,
na Bahia.
ARTUR BERNARDES
O mineiro Artur
Bernardes recebeu o mandato de Presidente do Brasil sob uma conjuntura
de várias revoltas e protestos espalhados pelo território nacional. A maior
parte de seu governo foi sob estado de sítio, mas mesmo assim conseguiu
cumpri-lo e eleger seu sucessor dentro da política do café com leite.
Artur da Silva Bernardes
nasceu na cidade de Viçosa, Zona da Mata Mineira, no dia 8 de agosto de 1875, filho de funcionário público português. Como quase todos os presidentes da República Velha, também estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde bacharelou-se como advogado em 1910. Após ser
diplomado retornou para sua cidade natal e iniciou sua carreira
profissional. Não tardou muito e deu começo também a sua carreira política
elegendo-se vereador e presidente da Câmara Municipal em 1906. No ano seguinte
assume o cargo de deputado estadual por Minas Gerais, passando em 1909 a deputado federal.
Exerce este cargo até 1910 e desempenha no mesmo ano a função de Secretário de
Finanças. Entre 1915 e 1917 é eleito para um novo mandato de deputado federal.
O nome de Artur Bernardes tornou-se importante e
respeitado na política mineira e mais tarde estendeu-se para a nacional. Dentro
do Partido Republicano Mineiro
tornou-se o principal nome e retirou o comando do partido de um longo legado de
políticos da região sul de Minas Gerais, transferindo então o centro de
decisões da política do estado para a região da Zona da Mata. Com uma ascensão
tão poderosa, não era de se estranhar que fosse eleito para presidente do
estado de Minas Gerais no mandato que se seguiria entre 1918 e 1922.
Ao término da presidência de Epitácio Pessoa, o
estado de São Paulo já anunciava Artur Bernardes como candidato para sucessão.
Sua escolha estava dentro dos parâmetros da tradicional política do café com
leite, atendendo aos interesses das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo.
Assim, Artur Bernardes toma posse como presidente em 15 de novembro de 1922.
O novo presidente recebeu o cargo para governar um
país que passava por fortes agitações. As consequências da Primeira Guerra
Mundial afetavam todos os países do mundo e também o Brasil, balançando
principalmente as estruturas econômicas. Mas não era somente por influências
externas que seu mandato seria abalado.
Em território nacional o presidente Artur Bernardes
enfrentou algumas revoltas espalhadas pelo território brasileiro. No ano de
1924, no estado de São Paulo, estourou uma revolta militar proveniente dos
tenentes, chamada Revolta Paulista de
1924. Na liderança do movimento estavam Isidoro Dias Lopes e os irmãos
Juarez e Joaquim Távora, os revoltosos tomaram a cidade de São Paulo
protestando pelos direitos militares. O presidente precisou bombardear a cidade
para colocar fim ao manifesto.
No sul do país, no estado do Rio Grande do Sul,
surgiram duas revoltas. A primeira liderada pelos históricos maragatos
contra a quinta eleição seguida do governador do estado e que só foi resolvida
por intervenção federal. Já no ano de 1926 inicia-se um movimento chamado Coluna Prestes, o qual promoveria uma imensa marcha pelo país que se
estenderia até 1927 em luta contra as forças que declaravam lealdade ao governo
federal.
Por esses motivos o governo de Artur Bernardes é traçado quase todo sob estado de sítio, restando
pouco tempo para outras medidas políticas. Entretanto, foi em seu mandato, em
1926, que foi aprovada uma importante reforma na Constituição Federal, na qual
estabelecia-se a limitação do habeas
corpus, o veto presidente para a intervenção nos estados e o poder do
Executivo Federal. Economicamente, acabou com a sustentação do governo federal
para o preço do café no mercado mundial, transmitindo então o problema para os
próprios estados resolverem, sendo que para isso foi criado o Instituto do Café
de São Paulo.
Ao fim de seu mandato consegue entrar em acordo com
as oligarquias do Café com Leite e indica para sua sucessão Washington Luís, que era carioca na realidade, mas tinha atuação política pelo
estado de São Paulo e se declarava como paulista por opção. Artur Bernardes
atuou ainda na Revolução de 1930 contra o movimento que tinha Getúlio Vargas na frente e apoiou também a Revolução Constitucionalista de 1932, a derrota nos dois movimentos fez
com que se exilasse em Portugal até 1934, quando é promulgada a Constituição da
República. É eleito então deputado federal e permanece no cargo até 1937, data
da imposição do Estado Novo.
Artur Bernardes participa do processo de redemocratização em 1945 e da Assembléia Constituinte no ano seguinte. É eleito novamente para o
cargo de deputado federal, onde permanece até 1955 por virtude de seu
falecimento no dia 23 de março do mesmo ano, na cidade do Rio de Janeiro.
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