quarta-feira, 10 de abril de 2013

A REPÚBLICA VELHA - DA ESPADA A ARTUR BERNARDES - RESUMO

A REPÚBLICA DA ESPADA

A República da Espada teve seu início quando os militares lideraram o país politicamente entre os anos de 1889 a 1894. Assim que a monarquia foi derrubada, o governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca guiou  as decisões tomadas no Brasil.
Neste período, foram tomadas algumas decisões de suma importância para o povo brasileiro. Ocorreu a separação oficial entre Igreja e Estado (fim do regime do Padroado), foi instituído o casamento civil e uma nova bandeira foi criada com o lema “Ordem e Progresso”.
Apesar de implantada a República da Espada, surgiram as disputas entre qual seria o melhor modelo republicano a ser instaurado. Pelo lado dos militares, a idéia de um regime republicano centralizador era defendida. Mas as oligarquias rurais e os grandes cafeicultores paulistas se opuseram à idéia dos militares, pregavam a implantação de um regime republicano voltado aos estados, assim, não poderiam ser controlados economicamente e nem ter sua administração ameaçada. Queriam com esta proposta aumentar o poder de veto e ampliar seus interesses.
Muitos consideram a República da Espada o primeiro período ditatorial no Brasil. As figuras chaves da época foram os marechais Floriano Peixoto e Deodoro da Fonseca. A repressão era forte contra os levantes populares e os simpatizantes de Dom Pedro II.
Deodoro da Fonseca foi obrigado a renunciar devido a problemas de saúde, além disso, tinha graves problemas políticos. Os desentendimentos com as oligarquias cafeeiras, grevistas e a Primeira Revolta Armada levaram Floriano Peixoto a substituir marechal Deodoro. Peixoto assumiu a presidência tomou uma série de decisões:
Estatizou a moeda.
Estimulou a indústria.
Baixou o preço de imóveis e alimentos.
Repreendeu movimentos monarquistas.
Proibiu o Jornal do Brasil.
Conquistando a simpatia do povo, Floriano deu início a consolidação da república, mas teve que enfrentar a grande Revolução Federalista do Rio Grande do Sul. Esta revolução terminou em 1895, vencida pelo exército republicano após o governo de Peixoto. Houve também o combate da Segunda Revolta da Armada e da Revolta dos 13 Generais. As duas últimas vencidas pelos republicanos.
A República da Espada caiu diante do poder político dos barões do café de São Paulo e dos pecuaristas de Minas Gerais. Assim, foi instituída a  República do Café com Leite, dando início a uma nova fase política do Brasil.
 
REVOLTA ARMADA
A Revolta Armada foi uma forma de represália liderada pela Marinha brasileira, que estava insatisfeita com o governo de Msarechal Deodoro da Fonseca.
Em 1889, logo quando a República foi proclamada, o presidente provisório Marechal Deodoro da Fonseca tinha uma bomba em suas mãos. Ele tinha que escolher qual candidato ia apoiar de cada Estado, o que deixou alguns grupos de elites incomodados.
Dois anos depois ocorreram as eleições presidenciais, Deodoro saiu vitorioso por pouco e tinha como vice-presidente Floriano Peixoto,  que contava com o apoio de todos os seus opositores. O então presidente resolveu agir e ordenou o fechamento do Congresso, o que fez com que alguns centros da Marinha, incluindo o da Baía de Guanabara se revoltassem. Sem apoio do seu Gabinete, do Congresso Nacional e até de seus eleitores, Marechal Deodoro encontrava-se acuado e sem saída, viu que a única possibilidade de impedir que o Rio de Janeiro fosse invadido era se renunciasse a presidência, e foi exatamente o que fez.
Foi então que o seu vice, Floriano Peixoto assumiu o cargo provisoriamente. Porém, a nova Constituição afirmava que deveria existir uma nova eleição caso o cargo de presidente ou de vice ficassem vago. Floriano ignorou a lei e a oposição passou a acusar ele de se manter no poder ilegalmente. Reuniu o Congresso e depôs todos os governadores que apoiaram Deodoro.
Floriano recebeu uma carta vinda da parte de alguns generais que o ordenavam a convocar imediatamente novas eleições, pois a Constituição tinha que ser respeitada. Além de não dar crédito á ordem imposta pelos generais, o presidente ordenou a prisão de todos os envolvidos com o levante que ameaçava o seu governo.
Então, os oficiais superiores das Forças Armadas convocaram uma reunião a fim de escolherem os novos governadores. Planejaram também um golpe para destituir Floriano Peixoto do poder. Mas, não encontraram o apoio necessário no Rio de Janeiro, trocando alguns tiros com o exército. Migrarem para o Sul do país. Lá, tentaram um acordo com os gaúchos que faziam parte do federalismo, mas também não tiveram sucesso.
O presidente Floriano Peixoto, amparado pelo Exército Brasileiro, as elites estaduais, além de uma nova frota de navios obtidos no exterior, derrotaram os revoltosos em março de 1894.

REVOLUÇÃO FEDERALISTA
Era 1892 e Floriano Peixoto  acabava de enfrentar o Manifesto dos 13 Generais. Eles pediam seu afastamento da presidência e a ocorrência de novas eleições. Floriano reagiu prontamente e utilizou a lei para punir seus opositores. O Código Militar previa prisão e afastamento para insubordinação militar, assim, Floriano Peixoto conseguiu se livrar dos 13 Generais.
Porém, uma nova revolta surgiria no Rio Grande do Sul, a Revolução Federalista, que se deu no ano de 1893 e foi até 1895. Júlio de Castilhos era membro do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e defendia o governo e o estabelecimento de Floriano Peixoto no comando do país. Mas, isso desagradava o Partido Federalista (maragatos) de Silveira Martins, um inimigo da centralização política que ocorria no Rio Grande do Sul.
Em 1892, Castilho foi intitulado presidente do estado, o que acendeu a centelha da Revolução Federalista de uma vez. Seiscentos homens foram convocados para a batalha contra os Republicanos. Os combates mais conhecidos foram os de Lagoa Branca e Restinga da Jarraca, dos quais os “maragatos” (federalistas) saíram vitoriosos.
Eles queriam destituir Castilhos e iniciar uma votação por plebiscito, onde a população escolheria o tipo de governo a ser seguido. Esta derrota irritou os "pica-paus" (republicanos) e o marechal Floriano Peixoto recorreu ao exército federal, conhecido na época como tropa legalista. Junto a isso, houve colaboração da polícia estadual contra os “maragatos”.
Devido a esta pressão e aos armamentos utilizados pelas fileiras do governo, os maragatos foram derrotados no embate do riacho Inhanduí. Apesar disso, foram apoiados por tropas gaúchas e derrotaram as tropas legalistas na batalha de Cerro do Ouro, dando continuidade à ataques em outras regiões do estado.
A guerra chegou ao seu auge no momento em que os “maragatos” se aliaram aos rebeldes da Revolta Armada, que haviam tomado recentemente Desterro (atual Florianópolis).
Após diversas outras batalhas, dominaram o Paraná e Curitiba, mas começaram a ficar desfalcados devido ao grande número de conflitos. Após verificarem os prós e contras de outros ataques, decidem recuar e centram suas forças apenas no território gaúcho. Em 1895, o Presidente recém-eleito, Prudente de Morais,  assina um acordo de paz, dando fim aos combates.
O governo concede novamente o poder para Júlio de Castilhos e os “maragatos” são penalizados.
 
PRUDENTE DE MORAIS
O paulista Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil. Prudente José de Morais Barros nasceu na cidade de Itu no interior de São Paulo no dia 4 de outubro de 1841. Seu pai faleceu ainda durante sua infância, o que o fez se mudar juntamente com sua família para a cidade da Constituição, que hoje recebe o nome de Piracicaba, também no interior de São Paulo.
Em São Paulo formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1863 e retornou logo em seguida para Piracicaba dando início a sua carreira de advogado. Mas já em 1865 foi eleito vereador na cidade e assumiu o cargo de presidente da Câmara Municipal. Sua carreira política tomou força e o jovem político subiu rapidamente. Em 1868 tornou-se deputado provincial pelo Partido Liberal, todavia em 1876 trocou de partido. Vestindo a camisa do Partido Republicano Paulista (PRP) foi eleito mais três vezes como deputado provincial pelo estado de São Paulo e uma vez como deputado da Assembléia Geral do Império.
Prudente de Morais integrava a campanha abolicionista e também a republicana. Quando a República foi proclamada em 1889 foi nomeado pelo presidente marechal Deodoro da Fonseca como governador da província de São Paulo, exercendo o cargo até 1890. No mesmo ano foi eleito senador e trocou de função.
Não tardou e Prudente de Morais concorreu pela primeira vez para o posto de Presidente da República contra o marechal Deodoro da Fonseca em 1891, quando já era presidente do Congresso Constituinte. Entretanto, neste momento a pressão militar exercida para apoiar o marechal Deodoro da Fonseca foi mais forte e o mesmo acabou eleito indiretamente para a presidência.
Após o governo de outro militar, marechal Floriano Peixoto, que assumiu em decorrência da renúncia de Deodoro, Prudente de Morais candidatou-se novamente para a sucessão de Floriano. Desta vez foi eleito. Sua vitória colocava o primeiro civil na presidência do Brasil e representava a vitória da oligarquia cafeeira de São Paulo.
Seu governo não foi fácil e já começou enfrentando situações complicadas. Enfrentou logo de partida a oposição dos florianistas (seguidores do ex-presidente Floriano Peixoto) e a reorganização do Partido Monarquista. Teve que se esforçar muito contra as medidas antiinflacionárias do governo e a queda do preço do café no mercado mundial.
Como se não fosse suficiente, algumas revoltas complicaram mais ainda o governo de Prudente de Morais, que ficou conhecido como o Pacificador. No Rio Grande do Sul encerrou a Revolução Federalista através de um tratado de paz e no sertão baiano teve que combater uma revolta liderada por Antonio Conselheiro, conhecida como Canudos em 1897.
Externamente, o presidente Prudente de Morais precisou interferir em um incidente diplomático que envolvia o Brasil e a Inglaterra em 1896. Sem nenhum motivo, a Inglaterra invadiu e ocupou a Ilha de Trindade, mas felizmente o presidente resolveu a questão de forma favorável ao Brasil.
No âmbito pessoal, Prudente de Morais sofreu um atentado no dia 5 de novembro de 1897, no qual seu Ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt, foi ferido em seu lugar e acabou falecendo.
Apesar de todas as dificuldades, traçou e realizou uma inteligente política econômica. Foi capaz de firmar definitivamente a República e reatar as relações diplomáticas com Portugal. Isso fez com que Prudente de Morais desfrutasse de grande popularidade no fim do seu mandato.
Após deixar o cargo foi sucedido por Campos Sales e retornou para Piracicaba, onde continuou exercendo trabalhos de advocacia durante alguns anos, até adoecer por conta de uma tuberculose e falecer no dia 13 de dezembro de 1902.
Prudente de Morais foi homenageado dando nome as cidades de Presidente Prudente (SP), Prudente de Morais (MG) e Prudentópolis (PR).
 
CAMPOS SALES
O quarto presidente do Brasil. Como mais um representante da oligarquia cafeeira do estado de São Paulo, seu governo teve início dando-se empenho ao combate contra a inflação e deixou como legado uma estrutura de sustentação das oligarquias chamada Política dos Governadores.
Manuel Ferraz de Campos Sales nasceu na cidade de Campinas no dia 15 de fevereiro de 1841. Formou-se em Direito, exerceu a profissão de advogado durante algum tempo e então iniciou sua carreira política como deputado provincial pelo estado de São Paulo entre 1867 e 1871, em 1872 foi vereador. Voltou a ser deputado provincial entre 1882 e 1883 e também entre 1888 e 1889. Já neste ano tornou-se presidente da comissão central do Partido Republicano de São Paulo.
Quando a República foi proclamada assumiu o Ministério de Justiça do governo provisório de Deodoro da Fonseca, entre 1889 e 1891. Simultaneamente foi Senador pelo estado de São Paulo na Assembléia Nacional Constituinte entre 1890 e 1891. Em 1892 partiu para viver na Europa onde atuou como colaborador do jornal Correio Paulistano até 1893.
De volta ao Brasil, Campos Sales exerceu o cargo de governador de São Paulo de 1894 até 1898, quando ocorreram as eleições diretas para a Presidência da República, na qual saiu vencedor assumindo o posto no dia 15 de novembro de 1898.
O início do governo presidencial do paulista Campos Sales não foi nada fácil. Em decorrência da política do encilhamento proposta anos antes por Ruy Barbosa, o presidente anterior viu crescer absurdamente o quadro inflacionário e também as dívidas do país. Prudente de Morais deixou então uma série de problemas econômicos para serem resolvidos por Campos Sales. Logo de início, como tentativa de tirar o país de uma situação economicamente muito desfavorável, Campos Sales aceitou uma proposta de acordo com os banqueiros ingleses e viajou até Londres para tomar novo empréstimo, o qual ficou conhecido como funding loan. Como parte do acordo feito com os ingleses, o presidente se empenhou para combater a inflação e a desvalorização da moeda, não permitiu mais emissão de papel-moeda e retirou grande quantia de circulação.
Como a principal preocupação do então governo presidencial era tentar de alguma forma anenizar a situação econômica, outras medidas foram acrescentadas. Campos Sales reduziu as despesas do Estado e aumentou sua receita através de uma série de impostos que foram criados. Obviamente o peso da carga tributária não agradou a população que enfrentava condições inadequadas de vida em meio a muita pobreza. Mesmo a queda dos preços não foi suficiente para elevar em tão pouco tempo a qualidade de vida dos brasileiros. O povo apelidou o presidente de Campos Selos, por causa de um dos impostos chamado de imposto dos selos.
Politicamente, foi Campos Sales que desenvolveu e implementou a máquina que sustentaria durante tanto tempo a oligarquia cafeeira no poder. Buscando gerar uma estabilização política que favorecesse as elites estaduais, foi criada a chamada Política dos Governadores, na qual coronéis, governadores estaduais e o presidente saiam favorecidos. Através deste mecanismo se conseguia o apoio necessário nas bancadas do Congresso, ao mesmo tempo em que os governadores e coronéis desfrutavam também de seus interesses.
Durante seu governo, Campos Sales criou ainda o Instituto de Manguinhos, que entre outras coisas dedicava-se a fabricação de vacinas contra a peste bubônica. Quando finalmente seu mandato chegou ao fim, deixou o posto vaiado pela população que não foi capaz de compreender a política de ajuste financeiro necessária tomada por Campos Sales. Mas mesmo assim, conseguiu que Rodrigues Alves,  o candidato que indicou para sucessão, vencesse o pleito eleitoral.
Entre 1909 e 1912 foi novamente Senador pelo estado de São Paulo. No mesmo ano de 1912 tornou-se ministro plenipotenciário do Brasil na Argentina. O nome de Campos Sales chegou a ser cogitado nas articulações políticas para as eleições presidenciais de 1914, mas em 28 de junho de 1913 faleceu repentinamente na cidade de Santos, onde enfrentava dificuldades financeiras.
Campos Sales foi homenageado posteriormente dando nome as cidades de Campos Sales, no Ceará, e Salesópolis, em São Paulo.
 
RODRIGUES ALVES
Rodrigues Alves foi o terceiro presidente civil e paulista seguido a ocupar o cargo de Presidente do Brasil. Graças ao governo esforçado de Campos Sales para reduzir os danos econômicos do país, Rodrigues Alves assumiu em melhores situações financeiras e dedicou seu governo a uma revitalização e modernização dos espaços públicos que passavam por situações de degradação.
O paulista, nascido na cidade de Guaratinguetá em 7 de julho de 1848, Francisco de Paula Rodrigues Alves era filho do português Domingos Rodrigues Alves com Isabel Perpétua Marins. Teve sua formação básica no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, em regime de internato e mais tarde formou-se em Letras na Academia do Largo de São Francisco na turma de 1870.
Voltando para Guaratinguetá exerceu as profissões de juiz de paz, promotor e advogado. Entrou então para a política e foi eleito vereador pela mesma cidade de Guaratinguetá. Tornou-se ainda um empresário do café de grande sucesso e enorme riqueza, a qual foi considerada a terceira maior fortuna do país. Morava em uma fazenda com 400 cômodos.
Logo foi eleito deputado provincial por São Paulo, representando o Partido Conservador. Exerceu dois mandatos, de 1872 a 1875 e também de 1878 a 1879. Em 1885 foi eleito deputado geral, ainda pelo Partido Conservador, permanecendo no posto até 1887, quando finalmente assumiu a presidência da província de São Paulo, até 1888. Neste ano sua ocupação foi como conselheiro do Império.
Nos dois últimos anos da Monarquia no Brasil, 1888 e 1889, voltou a ser deputado provincial. Já no início do período republicano tomou lugar na Assembléia Nacional Constituinte como deputado, onde permaneceu até 1891. Após a renúncia do presidente Deodoro da Fonseca, tornou-se ministro da Fazenda do presidente Floriano Peixoto entre 1891 e 1892, voltando ao cargo no governo de Prudente de Morais, entre 1895 e 1896. Daí seguiram-se dois mandatos como Senador do estado de São Paulo representando o Partido Republicano Paulista (PRP), tendo fim em 1900.
Em 1902 Rodrigues Alves foi eleito então Presidente da República, assumindo no dia 15 de novembro. Sua eleição foi fruto do acordo político chamado de Política dos Governadores elaborado e implantado pelo seu antecessor Campos Sales. Rodrigues Alves representava também o acordo estabelecido entre as oligarquias de Minas Gerais e São Paulo.
O governo de Rodrigues Alves foi beneficiado pela recuperação econômica promovida por Campos Sales no mandato anterior. O ex-presidente trabalhou no momento mais difícil, no qual era preciso fazer alguns sacrifícios e esforços para colocar a economia nacional nos eixos. O resultado de seu empenho foi aproveitado por Rodrigues Alves, que desfrutando de mais dinheiro nos cofres públicos dedicou seu governo a recuperação dos espaços públicos que estavam em situações de calamidade. O dinheiro era proveniente dos capitais estrangeiros e do repentino estouro da borracha amazônica no mercado mundial.
As ações do presidente tiveram enfoque maior na então capital da República, Rio de Janeiro. Para a prefeitura da capital nomeou o engenheiro Pereira Passos, dando-o plenos poderes para promover uma modernização na cidade. Esta se deu através de ampliação do porto, alargamento de ruas e construção de avenidas. Além disso, regulamentaram-se novas posturas políticas, como a proibição do comércio ambulante.
Politicamente, no escopo interno, o presidente Rodrigues Alves combateu a primeira greve geral ocorrida na capital republicana, no dia 15 de agosto de 1903. Já externamente, foi em seu governo que o Tratado de Petrópolis foi assinado. Este definiu os limites entre Brasil e Bolívia e determinou que o território do Acre seria de possessão brasileira.
Embora não fosse interesse de Rodrigues Alves, o Convenio de Taubaté foi concluído e aprovado em seu governo pelo Congresso Nacional. Através de tal convênio ficava estabelecido que o governo federal compraria o excedente da produção de café para valorizar o preço do produto no mercado mundial, o que satisfazia a vontade da oligarquia cafeeira.
No tocante social ocorreu a famosa Revolta da Vacina. O médico e cientista Osvaldo Cruz, que dirigira o Instituto Manguinhos, foi nomeado pelo presidente como diretor geral de Saúde Pública, com a responsabilidade de combater as epidemias presentes de peste bubônica e febre amarela. Em 1904 estabeleceu-se a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, representantes do governo iam até a casa das pessoas para cumprir o estabelecido. Inconformados e com pouco conhecimento sobre o assunto, a população se rebelou contra a vacinação tomando as ruas do Rio de Janeiro em protesto no dia 10 de fevereiro.
Após deixar a presidência, Rodrigues Alves voltou a governar o estado de São Paulo entre 1912 e 1916. Entre 1916 e 1918 exerceu mais uma vez o cargo de Senador e foi eleito neste último ano Presidente da República. Entretanto, estava com a saúde debilitada e não teve condições de tomar posse, acabou falecendo no Rio de Janeiro no dia 16 de janeiro de 1919.
Hoje é considerado o presidente da República Velha que mais se preocupou com a população. Recebeu como homenagem seu nome empregado na cidade de Presidente Alves (SP).

AFONSO PENA
Afonso Pena foi o primeiro mineiro a ser Presidente da República como resultado do acordo da política do café com leite que determinava o rodízio entre mineiros e paulistas na presidência. O governo de Afonso Pena foi relativamente estável na economia em função do legado deixado por seu antecessor, se empenhou na integração e colonização do território brasileiro.
Afonso Augusto Moreira Pena era filho de imigrante português que veio ao Brasil em busca de ouro. Nasceu no dia 30 de novembro de 1847 na cidade de Santa Bárbara em Minas Gerais. Por conta dos estudos foi para São Paulo, onde se formou pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1870, sendo colega de turma de indivíduos renomados na história do Brasil como Rodrigues Alves, Ruy Barbosa e Castro Alves. Exerceu a profissão de advogado por alguns anos, mas logo deu início a sua  carreira política.
Em 1874 tornou-se deputado pelo estado de Minas Gerais. Membro do Partido Liberal, conseguiu ser eleito quatro vezes como deputado geral entre os anos de 1878 a 1889. Durante o governo liberal, que teve início em 1878, assumiu os cargos de ministro da Guerra, da Agricultura e da Justiça.
Já no período republicano, Afonso Pena integrou a Assembléia Nacional Constituinte. Em protesto contra a ação do presidente Deodoro da Fonseca de dissolver o Congresso Nacional, o então deputado Afonso Pena renunciou ao cargo.
Alguns anos depois se elegeu governador do estado de Minas Gerais e foi responsável pelo impasse da mudança da capital do estado, escolhendo por fim a cidade de Belo Horizonte como nova sede dos poderes administrativos. Em 1902 chegou ao cargo de vice-presidente da República, uma vez que o vice eleito inicialmente, Francisco Silvano de Almeida Brandão, havia sido eleito, mas não empossado no cargo, pois veio a falecer anteriormente. Assim, Afonso Pena desenvolveu a função entre 1902 e 1906.
Quando começou a campanha de sucessão do presidente Rodrigues Alves o indicado pelo mesmo foi o mineiro Afonso Pena, que foi eleito sem oposição para assumir no dia 15 de novembro de 1906, tendo Nilo Peçanha como vice-presidente. Afonso Pena se tornou o único membro do Gabinete Imperial de Dom Pedro II a ter alcançado a Presidência da República.
O governo do mineiro Afonso Pena começou sem grandes problemas financeiros, a situação econômica deixada por Rodrigues Alves, ex-presidente, era relativamente boa. Afirmou sua autoridade com um governo presidencialista e deu ênfase para as questões econômicas, tinha como prioridade sanear e colonizar o espaço brasileiro.
Visando melhorar o escoamento da produção de café, Afonso Pena desenvolveu redes ferroviárias nos estados do sudeste e promoveu ampliação e modernização de portos. O mineiro tinha interesse em promover a industrialização do país, mas teve que ceder primeiro aos interesses dos cafeicultores que o colocaram no poder através dos acordos oligárquicos.
Promoveu também a entrada de mão-de-obra imigrante no país, especialmente os italianos, para engrossar o trabalho nas fazendas de café. Mas foi justamente com os italianos que as ideologias anarquistas chegaram ao país e influenciaram os trabalhadores dos núcleos urbanos a organizar suas primeiras greves na história brasileira em busca de melhores condições de trabalho.
O exército também foi favorecido no governo de Afonso Pena, passando por uma modernização e estabelecendo a obrigatoriedade do serviço militar a partir de 1908. Mas como sempre deu mais atenção à administração do que às movimentações políticas, gerou-se uma crise em torno de sua sucessão que ficou conhecida como campanha civilista. Foi justamente no auge dessa crise que Afonso Pena adoeceu e morreu em decorrência de uma pneumonia no dia 14 de junho de 1909, no Rio de Janeiro. A presidência foi transferida então para o seu vice, Nilo Peçanha, que completou o mandato.
Afonso Pena foi homenageado dando nome à cidade de Penápolis, no interior de São Paulo.
 
NILO PEÇANHA
Nilo Peçanha foi um presidente fluminense entre a política do café com leite. -Por ocasião da morte do presidente Afonso Pena, em 1909, o cargo foi transferido então ao seu vice, Nilo Peçanha, que completou o mandato presidencial entre 1909 e 1910.
Nilo Procópio Peçanha nasceu na cidade de Campos, no interior do Rio de Janeiro, no dia 2 de outubro de 1867. Era filho de uma família simples ligada ao campo e tinha a pele mulata, o que lhe causou uma série de situações desconfortáveis. Foi muitas vezes subjugado durante sua vida e comenta-se que no seu período como presidente as fotos oficiais do líder político eram retocadas para fazê-lo parecer dono de uma pele mais clara.
Iniciou seus estudos de formação superior na Faculdade de Direito de São Paulo, mas formou-se por fim na Faculdade de Direito de Recife, em 1887, onde abriu um escritório de advocacia. Pouco tempo depois retornou para sua cidade natal e foi um dos fundadores do Clube Republicano, o que o impulsionou para a carreira política.
Antes de tomar posse como vice-presidente de Afonso Pena em 1906, Nilo Peçanha passou por diversos outros cargos políticos e esteve presente nos momentos mais marcantes na nascente República no Brasil. Na Assembléia Nacional Constituinte, durante o governo provisório do presidente marechal Deodoro da Fonseca,  foi um dos deputados. Foi também governador e Senador pelo estado do Rio de Janeiro em 1903. Na ocasião da formulação do Convênio de Taubaté, Nilo Peçanha foi um dos signatários.
Finalmente em 1906 na posse do presidente eleito, Afonso Pena, Nilo Peçanha estava presente como vice-presidente da República. O governo de Afonso Pena foi relativamente equilibrado economicamente, a maior crise de seu governo se deu em relação ao seu sucessor na presidência. Afonso Pena preocupou-se muito mais com a administração do Estado e pouco se importou com as movimentações políticas de bastidores, especialmente no que implicava na sucessão política. Essa situação gerou uma crise política chamada de campanha civilista,  envolvendo a sucessão. Por ironia do destino, Afonso Pena foi acometido por uma pneumonia no auge da crise política e acabou falecendo em 1909, permanecendo alheio ao processo eletivo que seguiria.
Com a morte do então presidente, o vice, Nilo Peçanha, automaticamente assumiu o cargo para completar o mandato. No exercício da função, embora por pouco tempo, Nilo Peçanha promoveu marcantes medidas para o país. Foi o responsável por restabelecer os ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio, que tinham sido extintos no mandato presidencial do marechas Floriano Peixoto. Outras medidas marcantes foram a criação do Serviço de Proteção ao Índio, seguindo sugestão daquele que seria o primeiro diretor da entidade, o tenente-coronel Cândido Rondon, e também inaugurou e fez desenvolver o ensino técnico no Brasil.
Coube a Nilo Peçanha se empenhar na indicação do sucessor ao posto de Presidente da República. O indicado por Nilo Peçanha foi o militar gaúcho marechal hermes da Fonseca; a  campanha foi vitoriosa e apoiada também pelas forças conservadoras das antigas oligarquias, vencendo Ruy Barbosa , que era o candidato de São Paulo e Bahia.
Quando abandonou a presidência passando o cargo para Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha se mudou para a Europa onde viveu entre 1910 e 1912. Seu retorno se deu em função de assumir o posto mais uma vez de Senador do estado do Rio de Janeiro. Em 1914 foi eleito governador do Rio de Janeiro, mas não chegou a cumprir todo o mandato, pois foi nomeado para o Ministério das Relações Exteriores em 1917.
Nilo Peçanha tentou se eleger presidente mais uma vez em 1921, mas fracassou nas urnas e foi derrotado por Artur Bernardes. Acabou afastando-se da vida política e faleceu no Rio de Janeiro em 31 de março de 1924.
Foi homenageado batizando a cidade de Nilo Peçanha, na Bahia.
 
ARTUR BERNARDES
O mineiro Artur Bernardes recebeu o mandato de Presidente do Brasil sob uma conjuntura de várias revoltas e protestos espalhados pelo território nacional. A maior parte de seu governo foi sob estado de sítio, mas mesmo assim conseguiu cumpri-lo e eleger seu sucessor dentro da política do café com leite.
Artur da Silva Bernardes nasceu na cidade de Viçosa, Zona da Mata Mineira, no dia 8 de agosto de 1875, filho de funcionário público português. Como quase todos os presidentes da República Velha, também estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde bacharelou-se como advogado em 1910. Após ser diplomado retornou para sua cidade natal e iniciou sua carreira profissional. Não tardou muito e deu começo também a sua carreira política elegendo-se vereador e presidente da Câmara Municipal em 1906. No ano seguinte assume o cargo de deputado estadual por Minas Gerais, passando em 1909 a deputado federal. Exerce este cargo até 1910 e desempenha no mesmo ano a função de Secretário de Finanças. Entre 1915 e 1917 é eleito para um novo mandato de deputado federal.
O nome de Artur Bernardes tornou-se importante e respeitado na política mineira e mais tarde estendeu-se para a nacional. Dentro do Partido Republicano Mineiro tornou-se o principal nome e retirou o comando do partido de um longo legado de políticos da região sul de Minas Gerais, transferindo então o centro de decisões da política do estado para a região da Zona da Mata. Com uma ascensão tão poderosa, não era de se estranhar que fosse eleito para presidente do estado de Minas Gerais no mandato que se seguiria entre 1918 e 1922.
Ao término da presidência de Epitácio Pessoa, o estado de São Paulo já anunciava Artur Bernardes como candidato para sucessão. Sua escolha estava dentro dos parâmetros da tradicional política do café com leite, atendendo aos interesses das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo. Assim, Artur Bernardes toma posse como presidente em 15 de novembro de 1922.
O novo presidente recebeu o cargo para governar um país que passava por fortes agitações. As consequências da Primeira Guerra Mundial afetavam todos os países do mundo e também o Brasil, balançando principalmente as estruturas econômicas. Mas não era somente por influências externas que seu mandato seria abalado.
Em território nacional o presidente Artur Bernardes enfrentou algumas revoltas espalhadas pelo território brasileiro. No ano de 1924, no estado de São Paulo, estourou uma revolta militar proveniente dos tenentes, chamada Revolta Paulista de 1924. Na liderança do movimento estavam Isidoro Dias Lopes e os irmãos Juarez e Joaquim Távora, os revoltosos tomaram a cidade de São Paulo protestando pelos direitos militares. O presidente precisou bombardear a cidade para colocar fim ao manifesto.
No sul do país, no estado do Rio Grande do Sul, surgiram duas revoltas. A primeira liderada pelos históricos maragatos contra a quinta eleição seguida do governador do estado e que só foi resolvida por intervenção federal. Já no ano de 1926 inicia-se um movimento chamado Coluna Prestes, o qual   promoveria uma imensa marcha pelo país que se estenderia até 1927 em luta contra as forças que declaravam lealdade ao governo federal.
Por esses motivos o governo de Artur Bernardes é traçado  quase todo sob estado de sítio, restando pouco tempo para outras medidas políticas. Entretanto, foi em seu mandato, em 1926, que foi aprovada uma importante reforma na Constituição Federal, na qual estabelecia-se a limitação do habeas corpus, o veto presidente para a intervenção nos estados e o poder do Executivo Federal. Economicamente, acabou com a sustentação do governo federal para o preço do café no mercado mundial, transmitindo então o problema para os próprios estados resolverem, sendo que para isso foi criado o Instituto do Café de São Paulo.
Ao fim de seu mandato consegue entrar em acordo com as oligarquias do Café com Leite e indica para sua sucessão Washington Luís, que era carioca na realidade, mas tinha atuação política pelo estado de São Paulo e se declarava como paulista por opção. Artur Bernardes atuou ainda na Revolução de 1930  contra o movimento que tinha Getúlio Vargas  na frente e apoiou também a Revolução Constitucionalista de 1932, a  derrota nos dois movimentos fez com que se exilasse em Portugal até 1934, quando é promulgada a Constituição da República. É eleito então deputado federal e permanece no cargo até 1937, data da imposição do Estado Novo.
Artur Bernardes participa do processo de redemocratização em 1945 e da Assembléia Constituinte no ano seguinte. É eleito novamente para o cargo de deputado federal, onde permanece até 1955 por virtude de seu falecimento no dia 23 de março do mesmo ano, na cidade do Rio de Janeiro.

 

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