terça-feira, 20 de outubro de 2015

EDUCAÇÃO NO BRASIL - O PROBLEMA NÃO É SÓ DINHEIRO!

O discurso da qualidade da educação no Brasil sempre bate na mesma tecla, ou seja, alega-se a falta de investimentos. 
O cotidiano escolar é repleto de denuncias e histórias da falta de recursos e do descaso do poder público.
O resultado de pesquisa internacional como o PISA (Program for International Student Assessment) que avalia o raciocínio lógico em matemática e ciências dos alunos apontam para um desastre educacional nas próximas décadas, pois entre os 76 países participantes o Brasil ficou com a vergonhosa classificação de 60º lugar.
Entretanto, pesquisa aponta que o “Brasil investe mais em educação do que países ricos, mas gasto por aluno é pequeno”.
A matéria publicada pelo Correio da Bahia, cita estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que menciona o Brasil como um dos países que gasta mais do Produto Interno Bruto (PIB) com educação do que os países mais ricos, e apesar disto tem resultados medíocres no ranking educacional mundial.
Apesar das mazelas já conhecidas de nosso sistema educacional, o Brasil investe 5,7% do PIB em educação, sendo que países mais desenvolvidos não passam de 5% do PIB nacional, diante deste quadro podemos concluir que é necessário romper com a ideia de que é preciso injetar mais dinheiro na educação que esta tudo resolvido.
É obvio que não! Não basta simplesmente injetar dinheiro na educação, pois somente isso não garante a qualidade de nossa educação. 
Apesar do alto investimento quando considerados todos os gastos públicos do país, o Brasil não consegue distribuir o dinheiro de forma eficiente para garantir uma boa educação aos brasileiros, nem para tornar a economia mais eficiente.
Essa distribuição ineficiente fica mais nítida nos gastos por aluno segundo a pesquisa da OCDE, o aluno brasileiro tem investimento US$ 2.985, isso equivale a um terço da média dos 34 países integrantes da OCDE, que é de US$ 8.952.
Vejamos o cenário em alguns países ricos, seu investimento por aluno/anual:
  • Noruega (US$ 14.099),
  • Suíça (US$ 13.799),
  • Dinamarca (US$ 12.903),
  • Estados Unidos (US$ 11.760)

É importante lembrar que embora cerca de 94% das crianças em idade escolar estão na escola, ainda existem altos índices de evasão ao longo do ensino fundamental e médio, chegando a atingir números significativos 50% e 70%%.
Não se pode negar que o desafio de inserir milhões de jovens na Educação Superior foi alcançado nas últimas décadas, pois o número de alunos universitários passou de 1,5 milhão em 1990 para 6,5 milhões em 2010. 
O problema é que este avanço ainda é pequeno se considerar que somente cerca de 14% da população jovem, estão em cursos superiores e que 76% destes estão estudando em instituições privadas, e neste total mais de 70% optaram pela modalidade EaD por questões financeiras exclusivamente.
Uma situação ainda preocupante é a qualidade de ensino nos cursos superiores, pois as IES refletem a situação de despreparo dos jovens formados por um ensino médio de baixa qualidade e resultado de um ensino fundamental deficitário.
Como entender escolas públicas sucateadas e professores com péssima renumeração com investimentos milionários do PIB nacional?
A meu ver teríamos que criar um sistema rígido de controle dos investimentos para evitar desvios, pois grande problema da educação brasileira em relação a essa rechonchuda fatia do PIB é que todo esse dinheiro termina se perdendo pelos ralos da “burocracia brasileira” e na roubalheira descarada de governantes que desviam recursos educacionais para áreas que rendem mais votos e para seus bolsos.
É necessário romper com este exército de “analfabetos funcionais universitários” ou a globalização continuará a nos reservar os últimos lugares no ranking educacional mundial, lembrando que o conhecimento é um instrumento de poder.
A escola que temos compromete as futuras gerações, pois não basta você dar acesso à escola é necessários criar um ambiente escolar desafiador, bem equipado, com cultura, arte, esporte, recursos tecnológicos, merenda de qualidade e  professores qualificados, motivados, com salários dignos e principalmente respeitados como formadores da sociedade futura.


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