Urupês
é uma coletânea de contos e crônicas do escritor brasileiro Monteiro Lobato,
considerada sua obra-prima e publicada originalmente em 1918. Inaugura na
literatura brasileira um regionalismo crítico e mais realista do que o
praticado anteriormente, durante o romantismo. A crônica que dá título ao livro
traz uma visão depreciativa do caboclo brasileiro, estereótipo contrário à visão
romântica dos autores modernistas.
Os contos do livro são:
Os faroleiros
O
engraçado arrependido
A
colcha de retalhos
A
vingança da peroba
Um
suplício moderno
Meu
conto de Maupassant
"Pollice
Verso"
Bucólica
O mata-pau
O mata-pau
Bocatorta
O comprador de fazendas
O comprador de fazendas
O
estigma
Velha
Praga
Urupês
Monteiro Lobato escreve com um tom moralizante e didático que também aparece nas obras infantis, além do apreço pela linguagem e gramática.
Monteiro Lobato escreve com um tom moralizante e didático que também aparece nas obras infantis, além do apreço pela linguagem e gramática.
Dentre seus personagens, Monteiro Lobato apresenta o homem como produto do meio, como por exemplo o caboclo Jeca Tatu.
Tipos oportunistas, como o malandro vigarista, estão presentes em Urupês, por isso é preciso compreender muito bem o contexto histórico-social brasileiro do período, pois o autor está intimamente relacionado a ele.
Suas descrições minuciosas de um Brasil primitivo, arborizado e provinciano fazem o leitor ser transportado para o período em que a história é narrada.
O autor, preocupado em reproduzir nos textos a riqueza da fala brasileira da zona rural, com seus coloquialismos e neologismos tipicamente orais, tem no recurso da oralidade a maior ousadia, pois nessa época o uso do português coloquial em obras era visto como algo “inferior” e sem valor literário. Pode-se dizer, então, que a obra antecede as convenções estilísticas propostas pelos modernistas da Semana de 22.
Em ''Velha Praga'' originalmente um artigo publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, passsa a ser publicado como parte da obra, uma vez que daí que vem a inspiração para o livro. Nesse texto, o autor denuncia as queimadas praticadas pelos caboclos nômades na Serra da Mantiqueira e os problemas por elas causados. Ao mesmo tempo, mostra o descaso em que essas pessoas vivem.
Jeca Tatu é o representante máximo do caboclo que vive na preguiça, alimentando-se e daquilo que a natureza lhe oferece, sem nenhum tipo de educação e alheio a tudo o que acontece pelo mundo. Sertanejo preguiçoso, cachaceiro e analfabeto, representa a ignorância do homem do campo...
É
a denúncia do descaso do governo com relação às pessoas da zona rural uma vez
que, segundo Monteiro Lobato, “Jeca Tatu não é assim, ele está assim”.
Lobato
faz críticas às práticas devastadoras da natureza (queimada, derrubada de
árvores, desmatamento) e culpa o homem rural por não ter consciência da
preservação da natureza.
Apresenta,
nesta obra, um estilo cheio de afeições amorosas e pela presença da morte.
Vejamos
um exemplo no conto ''Bucólica'' – ele era um amante da natureza, gostava das
flores... Era sensível. Ficou sabendo que a Anica tinha morrido, perguntava do
quê, mas ninguém sabia responder. Tinha morrido. Só isso podiam e sabiam dizer.
Finalmente encontrou Inácia, uma agregada da casa dos Suãs – família da menina
– essa saberia do que a menina tinha morrido. A negra contou. A menina tinha
morrido de sede! Era aleijada, estava doente e então Inácia foi ao bairro do
Libório, mas começou a chover e ela ficou presa por lá. À noite, Anica pediu
água para a mãe, mas ela não buscou e a pobre, já sofrendo na cama, ficou a
gemer com sede. Encontraram o corpo dela na cozinha, aos pés do pote de água.
Não conseguiu nem alcançar o pote, a caneca estava como antes, toda a cozinha
estava como antes, exceto pelo corpo da aleijada que se arrastou até lá para
morrer de sede tão perto da água.
O termo urupês tem sua origem no termo tupi-guarani uru-pê, forma abreviada de urupeba, fungo “orelha-de-pau” que cresce na madeira velha ou apodrecida.
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