sábado, 15 de março de 2014

PRICÍPIOS ELEMENTARES DE GEOPOLÍTICA E A SITUAÇÃO UCRANIANA



A regionalização é a divisão do espaço geográfico, com critérios previamente estabelecidos, em áreas menores que passam a ser chamadas de regiões. Cada região se diferencia das outras por apresentar particularidades próprias. Qualquer espaço pode ser regionalizado, isto é re-divido, um país, uma outra região, um estado, até mesmo as cidades são divididas em regiões [bairros]. Pode ser região administrativa, natural etc. No plano global o mundo também é dividido em regiões, cada continente se constitui numa região.
 A DIT - divisão internacional [social] do trabalho tem origem há aproximadamente 5.500 anos, com o aldeamento; essa divisão social foi se aperfeiçoando até os dias atuais, quando ditam às mais diferentes regiões do mundo o que elas devem produzir e/ou consumir. 
Essa desigualdade combinada se reproduz por meios desiguais como a transferência de processos de trabalho mais banais para os países subdesenvolvidos e retendo para os desenvolvidos os processos de trabalho mais sofisticados, logo, o salário é menor nos países periféricos.
Antes da Segunda Guerra Mundial havia uma ordem mundial multipolar, representada pelo Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos, Japão e Rússia. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e, especialmente, a Segunda Guerra Mundial foram momentos de desequilíbrio nessa ordem multipolar. As potências europeias e o Japão saíram arrasadas da disputa. Então EUA e União Soviética passaram a dividir o mundo entre si; o mundo ingressou, então, numa ordem bipolar, que durou até 1991.
Hoje a dúvida é: qual a nova ordem mundial? Seria monopolar, com os EUA ‘dominando’ o mundo, ou multipolar, destacando-se, principalmente, o Japão, EUA, Europa, China? A economia mundial indica a multipolaridade com o predomínio dos EUA e forte presença dos Bric, principalmente a China, que tem uma economia saudável.  Atualmente os EUA vêm passando por uma séria crise; porém o seu papel de país dominante (e representante máximo do capitalismo) é ressaltado pelo fato de que vários setores e países do mundo sofrem os efeitos dessa crise.


A SITUAÇÃO UCRANIANA
A situação de instabilidade política da Ucrânia têm gerado diversas análises dos mais variados comentaristas e especialistas em geral. Segundo a análise mais comum, a Ucrânia estaria querendo se tornar mais alinhada ao Ocidente e o “ditador” russo Putin estaria travando o avanço qualitativo desse país.  Estaríamos presenciando, segundo algumas análises, um confronto paradigmático ao dos tempos da guerra fria. Não obstante, embora supostamente similar, a crise de hoje tem como causa e consequência o avanço da política externa estadunidense de se criar “zonas de instabilidade” em nações controladas por outras hegemonias.
É claro que temos que partir para uma reflexão mais acurada, de uma análise um pouco distante e crítica do bombardeio midiático dos meios de comunicação ocidental, mais especificamente a mídia brasileira, pautada no modelo norte americano e britânico.
Ao contrário do que se dissemina, e do que escreveu Francis Fukuyama em “O Fim da História e o Último Homem”, a democracia não é o tipo ideal de regime, para todos os povos. Algumas culturas não absorvem esse modelo de poder político em suas vidas sociais.
O jogo estratégico de declarações entre Rússia e EUA, pontualmente a partir do que este tem feito para tentar vender a ideia de que defende um governo democrático na Ucrânia, corresponde a uma suposta idealização de que o regime democrático é universal. Nos subterrâneos, o verdadeiro interesse sempre foi o de instalar um governo pró-ocidente, alinhado aos planos estratégicos estadunidenses. Região por onde passam muitos dutos de gases e grande produtora nuclear, a Ucrânia é crucial para a Rússia não deixar abalar ainda mais seus poderes, que desde bem antes da queda do muro de Berlim, vem se esvaindo.
O planeta que outrora fora partilhado entre Ocidente e Oriente, EUA e Rússia, hoje se apresenta com uma configuração muito modificada, mas algumas premissas daquelas que alimentaram toda uma política externa agressiva entre o mundo capitalista e o mundo comunista ainda estão em voga, e um deles é o de controle do que Halford Mackinder denominou de “O Coração do Mundo”, ou seja, aquela faixa que compreende a Eurásia, rica em minérios.
É desde a política de contenção dos EUA, através das ideias de Nicholas Spykman, partindo de uma reinterpretação das ideias de Mackinder, que a política externa estadunidense não tem medido esforços para criar e alimentar instabilidades em diversos regimes situados em regiões-chaves, para a contenção do avanço de outras nações hegemônicas. E o principal instrumento é travar ou dirigir o fluxo de fontes de energia dessas nações, pois se entende que é minando o desenvolvimento da economia desses países que se consegue derrubar os mais diferentes regimes políticos neles instaurados.
O que se pretende é deixar claro que na blasfêmia de levar a paz e o governo democrático a outros povos, o discurso norte americano tem legitimado suas ações estratégicas de política externa com sucesso. O Caso do Iraque e Afeganistão são apenas exemplos com maior recall aos quais podemos lançar análises para entender esse jogo de poder entre as nações hegemônicas, que avançam e recuam em suas posições de domínio e influência sobre o mundo.
O anexo da Criméia já era dado como inevitável pelos especialistas em geopolítica, e o entendimento dessas sanções que o ocidente, através de seu grande líder, os EUA, estão tentando nos vender são por parte inócuas. A experiência tem nos mostrado que o poder atômico dessas hegemonias é o instrumento último que determina a posição no tabuleiro de xadrez dessas nações, e não o estrangulamento de parte do poder de comércio desses países.


 


 


 



 


 


 



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