domingo, 2 de março de 2014

CRÔNICA - O PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAÇÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA

É fundamental pensar o planejamento como uma ferramenta para dar mais eficiência à ação humana.
Daí decorre que as pessoas, no dia-a-dia:
1. não descobrem com clareza quais são os problemas;
2. não constroem conjuntos de ideias;
3. não conseguem fazer uma avaliação de sua prática;
4. não conseguem propor mudanças na realidade ou na prática;
Planejar é, sempre, buscar a transformação da realidade. É, sempre, propor ações, atitudes, regras e rotinas que possam levar à satisfação de necessidades, planejamento que muda para transformar.
Há níveis diferentes de planejamento porque há diferença nas ações humanas.
Os Passos para uma Prática Lúcida.
Todo o fazer humano está ligado a ser um conjunto de ações, rotinas, regras e atitudes para transformar ideias em realidades.
Não pode haver ideias transformadas em processos se não houver ideias. É um terrível engano, mais comum do que parece, a prática de partir do problema para o processo. Existem até correntes de planejamento que se basearam (não tão grosseiramente, é verdade) nesta relação direta problema-processo. Nada se consegue, evidentemente, desta maneira; os resultados podem ser desastrosos. A organização de ideias é, nas circunstâncias atuais, uma das necessidades mais importantes.
Na escola esse diagnóstico equivale a uma análise de todos os processos em andamento a fim de verificar até que ponto eles são adequados para realizar as ideias que constaram no projeto pedagógico. Talvez este seja o nó da questão: se o projeto pedagógico tem a ideia de escola democrática, de ligação da escola com a realidade (são apenas exemplos), ela precisa analisar com atenção e rigor até que pontos os processos (ações, atitudes, regras e rotinas) estão construindo democracia, até que pontos conteúdos escolares brotam da realidade e levam a compreendê-la. É essencial esta compreensão dos processos existentes para poder descobrir necessidades de novos processos e de correção dos que podem ser mantidos, mas precisam de mudanças.
Se fosse possível transformar ideias em processos e fizer isto com utilidade sem depender dos passos anteriores, poderíamos ter uma economia de tempo, de trabalho e, até, de recursos.
Os processos, muitas vezes, são predeterminados. Funcionam, por exemplo, na medicina: quando o diagnóstico, feito a partir de ideias que sustentam uma teoria, estabelece uma doença ou um mal qualquer, o médico apela para o processo que já foi estabelecido por estudos anteriores. Se outro mais eficaz é descoberto, ele é logo adotado e o que é fundamental acontece: um resultado, motivado por um processo engendrado pela análise da realidade em confronto com uma ideia, tudo isto deslanchado por um problema. Não é tão simples porque, além da ciência, as ideias educacionais são sempre permeadas pelas crenças, pela Filosofia, pela arte, pela ideologia.
Em educação temos processos preestabelecidos. Eles foram construídos a partir de problemas velhos, derivados do confronto entre um conjunto de ideias que serviam a humanidades passadas e uma realidade não mais existente. Não servem mais para os problemas, para as ideias e para a realidade de hoje, mas se firmaram.
Há vários tipos de planejamento porque há vários tipos de ação humana.
Para consertar máquinas, certamente há necessidade de planejamento. Ele consistirá de três passos:
- compreensão do padrão da máquina, isto é, da estrutura que lhe permite o funcionamento;
- um diagnóstico – é o que mais aparece – buscando descobrir as diferenças existentes na máquina real em relação ao padrão ideal desta mesma máquina;
- decisão do que se vai fazer, incluindo aqui as ações diretas de solução do(s) problema(s) e/ou as orientações (propostas como estratégias) de uso da máquina.
Muito parecido com o caso anterior é a administração de alguns serviços públicos, não necessariamente governamentais, cujo padrão esteja quase totalmente dado. Há ideias de segurança, bem-estar, bom atendimento, rapidez, etc. que devem ser realizadas. Estas ideias dão os critérios – pode-se falar aqui de indicadores – para a prática.
O diagnóstico, além de verificar a existência e a extensão de problemas, incluirá o grau de satisfação das pessoas que trabalham no serviço e dos que usufruem seus benefícios.
A decisão sobre o que se vai fazer é mais abrangente em virtude dos acréscimos anteriores. Além disto, estas decisões insistirão mais em estratégias, visando aos modos de ser e de se comportar que aumentem a qualidade do serviço, dentro do padrão estabelecido.
As Grandes Linhas de Planejamento e seu Uso
O planejamento, embora inerente ao ser humano para encaminhar as questões do dia-a-dia, torna-se uma ferramenta com conceitos, modelos, técnicas e instrumentos bem definidos a partir do começo do século passado, com a revolução comunista que constrói a União Soviética. No mundo capitalista, o planejamento, para as questões mais complexas, passa a ser usual, nos governos, depois da segunda guerra mundial. A partir desta adoção pelos governos, o planejamento passa a ser uma das preocupações de instituições, grupos, movimentos, organizações não governamentais: podemos dizer que ele se universaliza.
A. Para estes casos aperfeiçoou-se o planejamento que se chamou “Solução de Problemas”.
B. Este é o caso típico do “Gerenciamento da Qualidade Total”.
C. Estamos no reino do “Planejamento Estratégico”.
D. Só o “Planejamento Participativo” pode dar conta destes casos

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