domingo, 10 de agosto de 2014

O QUE FOI O AI-5

O  que foi.
Ato Institucional AI 5.
Medida jurídica de exceção.
Contra o Estado de Direito.
Com a finalidade de preservar.
O Regime Militar.
Evitar a redemocratização da nação.
Portanto, um ato de natureza fascista.

Estabelecido por um regime de exceção.
De caráter autoritário.
Editado em dezembro 1968.
Vigorando durante o período.
Da ditadura militar.
Objetivo do ato.
Exterminar com as liberdades individuais.
Estabelecendo definitivamente.
O poder político dos militares.
Com o pretexto.
Como se o Brasil estivesse.
Na eminência de uma revolução.
Marxista.
Uma das loucuras da direita brasileira.

Contra as classes populares.
Como se o povo estivesse.
Articulado.
Em defesa do socialismo.
Pro Soviético.
O  Brasil pudesse alinhar.
Ao governo de Moscou.
Defendendo as ideias da KGB.
Contra as orientações do pentágono americano. 
AI 5.
Foi um dos delírios fascistas do Regime Militar.
No Brasil.
Em defesa da Filosofia política.
O neoliberalismo econômico.
O ato Institucional AI 5.
Contrariamente aos demais atos.
Que antecederam.
Pois legalmente.
Não tinha determinação de vigência.
O que tratava não significar.
Como medida excepcional de transição.

É a leia mais fascista.
Da história do Brasil.
Desde a sua colonização.
Coroa e republica.
O ato AI 5.
Conferia poderes excepcionais.
Semelhantes ao do Regime Nazista.
Na Alemanha de Hitler.
Nem mesmo os reis.
Das monarquias nacionais.
Na Europa.
Tinham tanto poderes.
Semelhante ao fascismo italiano.
O Presidente da Republica.
Era superior a todas as Instituições.
O Estado era o militarismo.
A nação os generais.
A burguesia o comandante geral.
Do reacionarismo econômico e político.


O ato dava autoridade ao Presidente da República.
Fechar o congresso.
Do modo que ele bem entendesse.
Cassar os mandatos.
Sobretudo, das esquerdas do Brasil.
Ou dos partidos.
Que lutavam para redemocratização.

O ato AI 5.
Dava direito ao Presidente.
Suspender todos os direitos políticos.
Do cidadão brasileiro.
Demitir ou aposentar.
Os servidores públicos.
Que fossem contrários.
Ao Regime Fascista do Brasil.

O Ato AI5.
Era tão de direita e nazista.
Que suspendia a garantia constitucional.
Da ampla defesa do acusado.
Negava a presunção da inocência.
Retirando do cidadão brasileiro.
O direito da habeas corpus.
Nem mesmo a Inquisição medieval.
Fora tão ditatorial.
Pois as pessoas só eram condenadas.
Após a realização de suas defesas.
Motivo pelo qual.
Não é nenhum exagero.
Comparar o ato AI5.
Com Regime de Exceção de Hitler.

O cidadão brasileiro.
Não tinha nenhum direito.
Quando era enquadrado.
Em crimes contra a ideologia de segurança nacional.
Ou inflações  contra ordem econômica social.
Como também  a defesa da suposta.
Economia popular.
O golpe militar.
 Foi uma exigência da burguesia brasileira.
Que na história política do Brasil.
Tem feito de tudo.
Para evitar transformações.
Econômicas em benefício das classes pobres.
Essa burguesia.
Historicamente.
Derrubou Getulio Vargas.
Levando ao próprio suicídio.
 Não porque Getulio fora ditador.
Mas devido ter realizado.
Medidas sociais.
Em benefício dos trabalhadores.

A mesma burguesia.
 Criou uma convulsão nacional.
Até a derrubada.
Do governo João Goulart.
Não pelo fato de João Goulart.
Ter sido socialista.
Pois nunca fora.
Mas em razão.
Das realizações populares.
Em benefícios dos trabalhadores.
O motivo do financiamento da ditadura militar.
A derrubada do governo democrático.
Anterior.

A burguesia sempre esteve disposta.
A tudo.
Ela mesma cria situações.
Para jogar a sociedade.
Que é despolitizada.
Contra os governos sociais.
Tem sido desse modo historicamente.
No Brasil.
E não acredito que será muito diferente.
Às vezes o fascismo se repete no mundo.
Caracterizando como regimes democráticos.
Refiro ao governo italiano.
Mais recentemente.
Para não dizer outras formas de governo.
Espalhados pelo mundo.
É fundamental que a sociedade seja crítica.
Politicamente.
Atenta inclusive com a história política do Brasil.
Quais são os verdadeiros motivos.
Das ações políticas no Brasil.

É muito tarde para prevalecer o espírito ingênuo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

DOCÊNCIA REFLEXIVA PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA


INTRODUÇÃO
O desencadeamento deste estudo fundamenta-se numa reflexão realizada em torno de minha trajetória escolar, desde o ingresso na pré-escola até os dias de hoje nas aulas da especialização. Ao observar como o processo de ensino vem sendo desenvolvido, através da prática pedagógica dos professores, articuladas ou não, com as características que são solicitadas no contexto atual do campo profissional.

Pude perceber que, apesar das demandas do mundo do trabalho exigirem um profissional autônomo e crítico; a escola, a qual possui papel fundamental para desenvolvimento da sociedade, não tem conseguido contribuir para a formação de sujeitos com tais características. Ainda que, vivencie-se atualmente um período de reformas na Educação e todas justificadas para que as mudanças ocorram em função da rapidez com que as informações são processadas, com o advento das inovações tecnológicas que transformam tanto o cenário internacional como nacional; o pensar a Formação de Professores, significa que os educadores, acadêmicos e alunos encontram-se insatisfeitos com os modelos atuais, e isso representa um desafio enorme.

DESENVOLVIMENTO
Quando analisamos etimologicamente o que seja reflexão nos deparamos como o ato de analisar as razões de algo, assim podemos afirmar que refletir é o ato consciente de investigar, e apenas nos propomos a investigar algo com a finalidade de conhecê-lo minimamente, desta forma como podemos refletir a Educação se dela já temos conhecimento? Talvez o correto fosse afirmar que precisamos redescobrir a Educação.

Quando trazemos a ação do docente para o universo da pesquisa, da reflexão, notamos que a prática docente não se limita a ensinar, sua atuação precisa transcender os espaços educativos, o modelo “giz, lousa e saliva”, tão propalado como funcional, já não é o bastante, há a necessidade urgente de ocupar-se os espaços educativos, se o que se pretende é valorizar as formas de pensar e agir dos educadores, conscientizando-os como atores do conhecimento, é mandatório refletirmos sobre a prática educativa, base das transformações na Educação.

Observamos, no entanto, que não há interesse político na formação e no desenvolvimento de indivíduos conscientes e cientes de sua realidade, num país com níveis de analfabetismo alto como o nosso, os detentores do conhecimento são poucos indivíduos, influenciadores de opinião, e sua gestão submete-se a interesses desvirtuados do propósito do ensino como senso comunitário. O ensino, seja ele básico ou superior, deve estar em constante processo de melhoria e não se permitir findar. Estamos continuamente procurando conhecimento e o educador precisa ser ágil para atender às demandas que a modernidade apresenta.

A crítica generalizada em relação ao modelo de formação dos professores, muitas vezes rasa, face a um mercado cada vez mais competitivo leva ao surgimento de novas alternativas, as quais visam suprir as necessidades dos acadêmicos em formação, bem como dos profissionais atuantes na Educação. A partir disso, tem-se como uma proposta emergente de ensino, o modelo Crítico-reflexivo. O modelo, que inclui um forte componente de reflexão contribui para que o futuro professor se sinta capaz de enfrentar situações adversas, tomando decisões coerentes fundamentadas num paradigma eficaz que interligue teoria e prática (KRUG, 1996). As estratégias escolhidas envolvem processos de reflexão por parte, tanto do professor, como do professor em formação (AMARAL, MOREIRA e RIBEIRO, 1996).

Uma das mais interessantes observações sobre o desenvolvimento do lado crítico foi feita pelo célebre Paulo Freire ao afirmar que, no modelo das "escolas burguesas", onde os que se julgam seus detentores do conhecimento traziam em "sua tônica fundamentalmente  em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", segundo Freire a escola conservadora aliena os alunos do mundo, contrário, ao modelo freireano que tem o objetivo de tirá-los da zona de conforto do desconhecimento.

Nessa perspectiva, é que o papel do professor e sua prática docente exercem função fundamental para a construção de um novo projeto de ensino e de uma Formação Profissional coerente com as necessidades dos educandos, para atender à demanda desta nova sociedade as escola precisam ser questionadoras, e isso opõe-se ao modelo tradicional e monopolizador da docência rotineira; é através do diálogo que podemos perceber a educação como uma atividade reflexiva, com respeito à alteridade e o reconhecimento de nossas próprias limitações.

De outro lado temos o desafio de um profissional desmotivado, marginalizado, tratado de forma desumana pela lógica dominante capitalista, trabalhando péssimas condições, assumindo muitas vezes papéis que não lhe competem ou para os quais não está preparado na orientação dos jovens, submetido a um sistema de ensino que sabota a formação do cidadão crítico; ao contrário, atende a interesses políticos do momento e transforma o ato de ensinar, numa forma mecânica e alienante; exige-se deste profissional a busca por uma nova forma de educar, onde a formação do educando seja o principal objetivo, e o enfrentamento das questões primordiais da Educação sejam efetivamente enfrentadas; qual a finalidade do ensino? Quem é o agente da mudança do docente? De quem é a responsabilidade pela mudança? Estas perguntas pairam tal como nuvens pesadas sobre o assunto da Educação, mas ainda atendem à lógica dos interesses políticos e socioeconômicos.

CONCLUSÃO
As estruturas sociais da modernidade contribuem com o crescimento de problemas profundos que afetam a sociedade e atingem também os sistemas de ensino, trazem reflexos também para as práticas pedagógicas, e se tornam necessário aos professores refletirem sobre seus processos, também é obrigatório rever o olhar que direcionamos aos docentes e a forma como são tratados aqueles que permanentemente enfrentam situações adversas para garantir uma sociedade consciente; a questão não pode ser resumida ao tecnicismo, mas abarca os saberes e dimensões da vida humana, como os debates que desenvolvem questões maiores e mais complexas, porém a descontinuidade e a falta de parceria entre as Escolas e Universidades, sejam estas públicas ou não reflete diretamente nos alunos, há um claro desinteresse dos discentes em dar continuidade nos estudos, seja pela dificuldade de acesso, sejam pelas pressões para o ingresso rápido no mercado de trabalho, orientada e amparada a pela política vigente.    Dada a importância do aluno vir a refletir, Freire (1994) diz que a consciência reflexiva deve ser estimulada, constituindo-se uma forma de o educando refletir sobre sua própria realidade, quando compromete-se com esta, tendo a possibilidade de buscar soluções e de transformar o seu contexto.

Nessa ótica, a atuação do professor reflexivo não se encerra na prática pedagógica, mas igualmente no conhecimento de saber o que representa, enquanto membro de sua sociedade, e diante disso, é imprescindível conhecermos e entendermos a instituição na qual desenvolvemos nosso trabalho, já que buscamos uma atuação dialógica crítica da sociedade.

REFERÊNCIAS
AMARAL, M.J.; MOREIRA, M.A.; RIBEIRO, D. O papel do supervisor no desenvolvimento de professor reflexivo – estratégias de supervisão. In: Alarcão, I. (Org.) e outros. Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto Editora, p.89-122, 1996.
CORREA, G. Educação, Comunicação, Anarquia: procedências de uma sociedade de controle no Brasil. São Paulo: Cortez, 2006.
FERNANDES, C.M.B. ET AL. Autonomia e conhecimento: algumas aproximações possíveis entre Antônio Gramsci e Paulo Freire a partir de práticas pedagógicas emancipatórias. Caderno de Educação. V. 29. n° 2. Santa Maria: Editora da UFSM, 2004.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 45ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.
______. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. 8ª ed. São Paulo: Ática, 1999.
GARCÍA, C. M. Formação de Professores: para uma mudança educativa. Portugal: Porto Editora: 1999.
HURTADO, N.C. Educar para transformar, transformar para educar: comunicação e educação popular. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
KRUG, H.N. A reflexão na prática pedagógica do professor. Santa Maria: CEFD/UFSM, 1996. Dissertação de Mestrado.
_____.; A promoção da autonomia do aluno: repercussões a nível da supervisão reflexiva. In: KRUG, H.N. (Org.). Formação de Professores Reflexivos: ensaios e experiências. Santa Maria: O autor, p. 51-58, 2001.
MORIN, E. Determinismos culturais e efervescências culturais. In: O método IV. Porto Alegre: Sulina, 1998.
NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In: Nóvoa, A. (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, p. 15-34, 1992.
SANTOS, B.S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. 4e. São Paulo: Cortez, 2002.
VEIGA NETO, A. Foulcault & a Educação. 2e. Belo Horizonte: Autêntica, 2005


domingo, 25 de maio de 2014

ANÁLISE CRÍTICA AO LIVRO "THE BLACK SWAN"


Como todo mudo está comentando desde ontem, sábado 24/05, até que demorou, mas agora veio o ataque mais forte ao livro do Piketty na área onde realmente a jiripoca pia, ou seja, nos dados (puxando a brasa para os pobres empiristas de história econômica).
Quatro problemas principais apontados pelo editor e colunista do Financial Times, Chris Giles: erros na passagem dos dados das planilhas e de fontes; metodologia questionável na escolha de pesos, ajustes com números inexplicados e cherry-picking.
Genericamente falando, o primeiro tipo de problema desgasta, mas é inevitável e terrivelmente comum para quem trabalha pesado com dados como Piketty faz. A menos que sejam desastrosos (como o de Rogoff e Reinhart), ou não sejam aleatórios (isto é, sejam deliberadamente produzidos para reforçar o argumento; ver abaixo), os erros desse tipo não costumam ser o fim do mundo.
O segundo tipo de problema, a escolha de pesos, é mais ambíguo, até para definir se é problema mesmo, pois se refere a opções por procedimentos que podem ser divergentes mas perfeitamente defensáveis, daí não sendo um necessariamente melhor do que o outro em todas as situações. A disputa nesses casos gira em torno do que é mais plausível e menos arbitrário.
O terceiro problema, quanto aos ajustes de dados incompletos, é em parte parecido com o anterior: depende de hipóteses e escolhas do pesquisador que estão sujeitas a opiniões distintas e divergências. Mas com dados incompletos ou inexistentes exige-se bem mais prudência e critério. É mais simples quando é o caso de usar interpolação ou extrapolação em séries de tempo (em poucos anos), mas complica quando o que está em jogo são valores relativos a unidades como estados, países, setores econômicos ou estratos sociais. Nessas situações, pode-se utilizar aproximações baseadas em unidades similares de outros períodos, regiões ou setores. O critério deve (ou deveria) ser alguma extrapolação plausível e bem justificada em termos históricos e econômicos, não um número extraído da imaginação. E o procedimento deve ser claro e explicado. Infelizmente, contudo, muitas vezes esses requisitos básicos não são seguidos.
Já o quarto tipo de problema é devastador. Viesar as escolhas de procedimentos, hipóteses e dados em seu favor, e em detrimento de outros que minam seu argumento geral, é o supremo pecado do historiador econômico. Não ameniza o problema o fato de que esse viés seja muito comum em todas as disciplinas ou que vários autores o considerem muito natural.
No caso do Piketty, minhas impressões ao ler a crítica do FT: o problema 1 parece ter ocorrido de fato no livro, mas não aparenta ser grave; o problema 2 não necessariamente é problema (Piketty pondera por país, não por população), embora a crítica de Giles seja correta e muito comum em relação ao tipo de procedimento que Piketty adota para obter os resultados agregados; o problema 3 parece mais sério, pois há de fato números inexplicados que são usados para estimativas em partes importantes dos argumentos de Piketty; quanto ao problema 4, não tive elementos, ou melhor, ainda resisto em imaginar que Piketty tenha distorcido os dados em seu favor (acho que estou viesado em favor dele).
Tudo, porém, depende das explicações que imagino que serão dadas por Piketty em breve. Por exemplo, sobre os 36 pontos percentuais que são adicionados à participação dos 1% mais ricos para obter-se o percentual dos 10% com maior riqueza nos Estados Unidos entre 1910 e 1950. É provável que o percentual tenha sido deduzido de algum critério razoável, embora não seja explicado no livro.
A primeira reação de Piketty depois de publicada a matéria no sábado não foi propriamente uma resposta, pois resumiu-se a dizer que a crítica do FT é “ridícula” pois todos reconhecem que as grandes fortunas cresceram mais rapidamente ou que foi “desonesta” por sugerir que as mudanças indicadas alteram as conclusões do livro ( ver em http://www.theguardian.com/business/2014/may/26/thomas-piketty-financial-times-dishonest-criticism-economics-book-inequality).
Podem ser até bons como figuras de retórica, mas os termos e as frases não fazem sentido para quem está interessado nos dados e na realidade que ele se propôs a descrever no livro.


terça-feira, 29 de abril de 2014

FATORES DETERMINANTES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR – QUESTÕES CULTURAIS

A Dimensão Indígena No Contexto Do Ensino Superior
INTRODUÇÃO
A construção do conhecimento constitui possivelmente o maior patrimônio de uma nação; o conhecimento formado nas bases sócioculturais, não apenas identificam o indivíduo, mas igualmente lhe conferem o pertencimento a um grupo social, lhe conferem identidade, neste sentido procuramos desenvolver este artigo baseado na visão sociocultural da integração curricular, usamos como recorte a dimensão indígena, posto haver um projeto de implementação da universidade das culturas indígenas já para 2015 no Brasil.
Ainda que os fatores determinantes da organização curricular se entrelacem, objetivando atender a propostas comuns, público alvo, sociedade em que a IES está inserida, quem são os agentes do desenvolvimento, etc.  tal organização e eleição não é espontânea, é construída, baseada num planejamento, na organização e trabalho coletivos.
O PROFESSOR E  A LEI 11.645/08 E A FACULDADE DAS CULTURAS INDÍGENAS
O Brasil costuma reconhecer-se pela cordialidade, de fato criamos um mito do homem cordial; mas quando ponderamos sobre as diversas culturas que contribuíram para a formação do povo brasileiro nos obrigamos a repensarmos tal conceito.
Numa sociedade em que tudo é mercantilizado; rendemo-nos ao processo globalizado de comercialização massiva de valores culturais e tornamo-nos exterminadores de culturas divergentes, expropriamos ao longo dos séculos duas matrizes de nossa base sóciocultural, a africana e a indígena, e submetemos estas minorias étnicas a  processos históricos de desqualificação e exclusão.
A lei 11.645 de 2008 que torna obrigatória nas escolas brasileiras de ensino fundamental e médio, públicas ou particulares a temática indígena, nos apresentou um problema de construção curricular;  como trabalhar a temática indígena em sala de aula se ao longo da História comportamo-nos como genocídas? Historicamente nos ocupamos em criar modelos excludentes deste grupo, desqualificamos seus valores, crenças, rejeitamos seus idiomas e dialetos, ao ponto de existir na atualidade grupo indígenas que desconhecem completamente seu idioma original, e quando se perde a própria língua começamos a perder conceitos fundamentais de pertencimento.
Como construir, então um currículo acadêmico que prepare o profissional docente para esta realidade, um currículo que recupere os valores culturais indígenas se de fato não sabemos nem ao certo quantos são?
Em termos absolutos temos menos indígenas que o Chile, ou a Argentina, porém com uma diversidade cultural imensa, fala-se no Brasil em cerca de 300 ou mais etnias. Porque a história dos indígenas do Brasil não se encontra nos livros?
Trabalhar a formação do profissional docente a partir de valores éticos em relação à diversidade étnica no Brasil, atuar com a alteridade entender que o “outro” está mormente vinculado ao “nós”, à nostridade, traduz o almejado diálogo acadêmico, torna o desafio, não apenas no tocante às escolas indígenas, mas igualmente na inclusão das disciplinas relacionadas ao tema enormes a começar pela própria diversidade étnica; à exemplo dos portugueses de mais de quinhentos anos atrás, é comum rotularmos quaisquer ameríndios como membros de uma mesma etnia e detentores do mesmo patrimônio cultural, da mesma estrutura social ou base linguística, quando na verdade não o são.
A mesma diversidade étnica cultural que causou a confusão em Caminha nas suas cartas descrevendo à coroa os povos da costa do descobrimento como tupi, posteriormente verificado como Aimorés,  Tupiniquins, Tupinambás, Pataxós, etc.
A construção e a utilização do conhecimento compreendem um desafio para os profissionais ligados á gestão escolar, trabalhar o conhecimento acadêmico e as experiências de cada grupo, de forma dialética, respeitando as diferenças e vendo nisso um diferencial positivo, (aprendemos mais, não “apesar de sermos diferentes”, mas “porque somos diferentes”).
Na área de estudos étnicos indígenas ainda encontramos muitos profissionais dispersos em meio à organização acadêmica regional, ou local, não se pode usar o modelo de ensino aprendizagem aplicado nas reservas urbanas do sul da Bahia, em são Paulo, ou desta no interior de Rondônia, as dimensões e as diferenças econômicas, linguísticas, de crenças, morais, socioculturais entre os povos inviabiliza qualquer projeto de padronização, mas é possível balizarmos alguns pontos em comum.
Quando fomentamos a produção local de artigos, de pesquisa, de literaturas, estamos  - independente do grupo étnico -  trabalhando conceitos de organização curricular baseada nos valores culturais.
Trazer o mito de origem, os contos e narrativas para o meio acadêmico na produção de materiais que atendam a um currículo integrado, onde as disciplinas conversem como História, Geografia, Artes, Antropologia, Sociologia e Literatura, por exemplo, alicerçará o levantamento e o planejamento, processos internos das escolas voltadas às características singulares.
E ainda que constitua a fase inicial, este levantamento ou planejamento não se basta, a gestão do conhecimento envolve,  além do gerenciamento do processo de criação de conhecimento dentro da IES, segundo nos conceitua Zabot e Silva (2002,p. 71),  “a capacidade de disseminar tal conhecimento de incorporá-lo ao sistema”.
É necessário trabalharmos igualmente a sociedade, de modo garantir a operacionalização do processo formativo dos profissionais de ensino, neste sentido o Ministério da Cultura tem a pretensão de criar, em 2015  uma rede universitária que contemple os conhecimentos produzidos pelos índios brasileiros, objetivando o reavivamento cultural e correção histórica desta matriz; usando como molde os parâmetros EAD (ensino a distância).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Numa rara demonstração de “via de mão dupla” no conhecimento a proposta é trazer para os bancos acadêmicos os saberes indígenas, trabalhando a formação de profissionais de todas as áreas, e não apenas os docentes, a partir da dimensão de tais conhecimentos, do reconhecimento dos valores culturais, da estrutura social e de todo o arcabouço intelectual dos ameríndios brasileiros, corrigindo desta forma o atual modelo de escolarização, em que impomos nossa “escola de branco”, etnocêntrica, positivista dentro do seio das reservas.
Novos conhecimentos certamente hão de advir desta reconfiguração de algumas IES,  do acréscimo e da categorização do universo de saberes indígenas ao relacionamento do processo de aprendizagem.
O levantamento e diagramação destes conhecimentos na forma de manuais, documentos, resgate de histórias orais cria a oportunidade de compartilharmos tal conhecimento formando então a educação integral, pavimentada não na ótica mercantil ou na ideologia de alguns professores, gestores ou coordenadores, mas através de uma discussão coletiva que envolva toda a sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL, S.E.E.F. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Apresentação dos Temas Transversais - Secretaria da Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 05/10/1988.
BRASIL. Lei 10.639/03, de 09 de janeiro de 2003.
BRASIL. Lei 11.645/08. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-brasileira e Indígena".
BRASIL. Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Câmara dos Deputados, Brasília/DF, 1996.
BRASIL, Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial. Ministério da Educação-MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília/DF, 2005
CARVALHO, Rosângela Tenório.  de  Interculturalidade objeto de saber no campo curricular da Educação de Jovens e Adultos, UFPE,  disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt18/t189.pdf, acessado em 12/04/2014.
GEERTZ, Clifford. O Saber Local 2010 in A interpretação das culturas  - l.ed., IS.reimpr. - Rio de Janeiro : LTC, 2008.
SILVA, A. L; FERREIRA, M. K. L. (Org.). Antropologia, História e Educação. 2.ed. Global: São Paulo, 2000.
ZABOT, J. B. M.; SILVA, L. C. M. da. Gestão do conhecimento: aprendizagem e tecnologia construindo a inteligência coletiva. São Paulo: Atlas, 2002

terça-feira, 22 de abril de 2014

O CONTURBADO INÍCIO DO SÉCULO XX

Com os acúmulos primitivos durante o Mercantilismo e a fácil exploração de carvão mineral, ofereceu a Inglaterra no final do século XVIII “combustível” para ser a primeira região do globo a se industrializar. Com a revolução industrial em pleno vapor, a Inglaterra torna-se a grande potência do século XIX expandindo seu comercio por todos os continentes, com ajuda de sua grande frota naval, ela introduziu uma “nova fase” ao colonialismo.
O fim do Mercantilismo além de trazer grandes mudanças para as colônias e para os países recém-independentes é marcado pela introdução do capitalismo, desta forma a Inglaterra é a pioneira na revolução industrial e o berço do capitalismo, o poder da Inglaterra durante os séculos XVIII e XIX foi evidente, mas com tantos avanços tecnológicos em outros países, a Inglaterra entra em declínio no século XX, isso sendo marcado pela perca das colônias da América e a ascensão dos Estados Unidos, e nas produções estagnadas junto com os equipamentos obsoletos.
Como pioneira na industrialização a Inglaterra paga o preço de amadurecer muito cedo, pois por volta da metade do século XIX, ela já tinha alcançado todos os estágios de industrialização. E países como Estados Unidos, França e Alemanha já se lançaram na maturidade que a Inglaterra demorou 80 anos, pois estes países aproveitaram todos os avanços tecnológicos da Inglaterra para pular etapas da industrialização. Tanto que logo nas primeiras décadas com século XX a Alemanha e Estados Unidos já haviam ultrapassado a Inglaterra em produção industrial bruta.
O inicio do século XX foi realmente bastante conturbado além da Inglaterra vim a perder espaço para novas potências econômicas. A Primeira Guerra Mundial é vista como o grande acontecimento do século XX, pois põem fim a uma época sem conflitos na Europa (1871 a 1914) este período é marcado pelo grande momento da burguesia graças ao crescimento do capitalismo imperialista junto à exploração dos proletariados.
Os motivos para a Primeira Guerra Mundial podem ser listados de duas maneiras que sãos os acontecimentos gerais e específicos.
Os acontecimentos gerais é a concorrência entre os países industrializados, pelos mercados internacionais, sendo umas das maiores disputas entre a Inglaterra e Alemanha que já não conseguiam exportar todos seus produtos. O atrito entre as grandes potências devido às colônias africanas, com atraso da Alemanha, Itália e do Japão em praticar o neocolonialismo restaram poucas colônias paras estes países. O espírito nacionalista que atingiu os países europeus, e os governos utilizaram desta ideologia para convocar a população.
Por outro lado os acontecimentos específicos complementaram a causa. A França tinha dificuldade em aceitar a perda da região Alsácia-Lorena para a Alemanha. A Itália cuja unificação política ocorreu no século XIX, ansiava incorporar em seu território as cidades de Trento e Trieste que pertencia a Áustria e Hungria. O reino da Servia tinha a intenção de anexar Montenegro e as regiões da Bósnia-Herzegovina, Croácia e Eslovênia que pertenciam ao Império Austro-Húngaro. As pretensões da Servia eram respaldadas pela Rússia, que deseja consolidar sua influencia nos Bálcãs para ter acesso ao mar do mediterrâneo. O decadente Império da Turquia sofria duplas pressões, a Rússia pretendia os estreitos de Bósforo e Dardanelos, já a Grã-Bretanha que deseja liberar as populações árabes do domínio turco a fim de explorar petróleo no Oriente Médio, fazendo com que o Império Turco buscar apoio da Alemanha tanto militar quanto técnico.
Podemos dizer de modo geral que o inicio da Primeira Guerra Mundial, se deu pelo enfraquecimento do Império Otomano em 1912. Pois entre 1912 a 1913 ele perdeu grandes proporções de terras, à Servia que com isto anexa boa parte do Império Otomano, regiões que teve mais perda foi da Grécia e Bulgária, este foi os primeiros passos do projeto de Grande Servia.
O estopim para o conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, em uma vista a Sarajevo. O assassino era um jovem que integrava um grupo Sérvio conhecido como mão negra, contraditória as influencia Áustria-Hungria na região dos Bálcãs. O Império Austro-Húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Servia em relação ao crime e declarou guerra a Servia em julho de 1914.
Isso fez que com que a Rússia colocasse suas tropas em alerta. A Alemanha faz o mesmo e declara guerra a Rússia sendo imitada pelo governo Austro-Húngaro. França e Grã-Bretanha, surpreendidos com a rapidez dos acontecimentos não se moverão. Mas a Alemanha que estava de campanha desde 1911 declarou guerra à França e logo em seguida o governo britânico declarou guerra à Alemanha. Em poucos dias os conflitos balcânicos tinha tomando proporções em toda a Europa.
Os países europeus havia desde o final do século XIX, feito alianças políticas e militares e com o caminhar dos conflitos estas alianças continuaram. As duas alianças eram a Tríplice Aliança fundada em 1822 pela Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha. A Itália que entrou na guerra somente em 1915 e passou a integrar o lado oposto com o objetivo de se apropriar de novas colônias africanas. E a outra aliança denominada Tríplice Entente constituída em 1907, formada por França, Rússia e Grã-Bretanha, esta que o Brasil apoia, a participação brasileira é marcada por envio aos compôs de batalha enfermeiros e médicos.
Em 1917 com a entrada dos Estados Unidos na guerra ao lado da Tríplice Entente, uma vez que os Estados Unidos tinham acordos comerciais com a França e Inglaterra. Em 1918 termina os conflitos, as forças americanas, francesas e inglesas dão um ataque definitivo, Turquia, Áustria e Bulgária rendem-se.
Os bolcheviques haviam assinado o tratado de paz por parte da Rússia. A Alemanha encontrava-se com diversos problemas internos, a fome e saúde precária de sua população, o país caminha para uma revolução social. Com a renúncia de Kaiser, exigida pelos Estados Unidos um conselho socialista negociava se render.
Em 28 de julho de 1919, é assinado o Tratado de Versalhes pondo fim à Guerra oficialmente. Este tratado é um conjunto de decisões tomadas pelos países vencedores. Liderado pelos Estados Unidos, França e Inglaterra, entre os tratados destaca-se os que se referem a Alemanha, que são:
· Alemanha é considerada a única responsável pela guerra.
· Foram perdidas todas as colônias, e vários territórios europeus redistribuídos, como a região Alsácia-Lorena, o corredor polonês.
· Entregar boa parte de seus navios mercantes.
· Para indenização em dinheiros aos vencedores.
· Reduzir o poder militar.
O Estado Soviético, no inicio do século XX os czares entraram em conflito com o Japão, uma vez que almejavam expandir seu Império ao sudeste asiático. O abismo envolvendo ricos e pobres e os horrores da guerra promoveram grande revolta em 1905
em São Petersburgo. As classes trabalhadoras, pessoas comuns e soldados, reuniam-se
em assembleias a fim de exigir melhores condições de vida.
As assembleias ganharam o nome de “Sovietes”, que em russo é conselhos. Desta assembleia foi eleito presidente, o jovem Leon Trotsky membro do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR), de ideologia marxista, cujo se dividia em duas alas: a bolchevique maioria liderada por Lênin e a Menchevique minoria.
Trotsky que tinha suas próprias ideias, não se alinhava com nenhuma das alas, mas fazia dura oposição a Lênin por isso era visto como Menchevique. Esta revolução de 1905 foi esmagada pela policia, o POSDR como era clandestino foi duramente perseguido. Aonde grande parte de seus militantes foram presos, torturados e assassinados. Os militantes que conseguiram escapar ficaram exilados. Lênin e Trotsky, um de cada lado passaram a centralizar a luta.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a situação da Rússia ficou ainda mais grave, com ela foi duramente atacada pelo exercito germânico, a fome, a miséria, epidemias e violência se espalhou de uma maneira incontrolável por todo o território russo, havia crise até de abastecimento alimentar. Até mesmo as tropas de czar Nicolau I, formada por grande parte de camponeses pobres, forma profundamente desmoralizadas.
Desta forma o regime czarista encontrava-se debilitado, e em março de 1917, o czar foi derrubado. Em uma das greves em São Petersburgo, Nicolau II faz uma de suas ultimas decisões que foi mandar seu exercito abrir fogo, a fim de conter a multidão, porem essa escolha foi bastante desastrosa, pois parte de seu exercito sobre tudo os soldados, vieram a apoiar à revolta. O conjunto de forças políticas de oposição formadas por liberais burgueses e socialistas depuseram o czar Nicolau II, dando inicio a revolução russa.
Em abril de 1917, Lênin encontrava-se de volta a Rússia, e assume o poder com ajuda de Trotsky, que havia tomado Bolchevique, em suas primeiras atitudes Lênin decretou confisco de grades propriedades em nome do Estado, e proclamou o monopólio estatal, do sistema financeiro. Neste momento estava começando o primeiro Estado Socialista, e com á vitória do partido Bolchevique, em 1918 passou a ser chamado de Partido Comunista.
Em 1918 começa a guerra civil da Rússia, tendo um lado o exercito Branco representando os interesses do antigo regime, e o exercito vermelho representando o novo. A guerra civil dura até 1921, com vitória do exercito vermelho. E com a morte de
Lênin, em 1924, Josef Stalin assume o poder e a condição de ditador. Stalin expulsa Trotsky do PCUS em 1927 e da União Soviética em 1929. Trotsky ficou exilado no México mais em 1940 foi assassinado. Josef Stalin que ficou a frente da União Soviética de 1924-53, e este momento é marcado pelo processo de expansão industrial e grande repressão ao s opositores. Era perceptível o nascimento de uma grande potência.
Enfim, os primeiros 25 anos do século XX foram de grandes mudanças, tanto no campo político-econômico quanto no geográfico, a Inglaterra foi durante um longo período o principal país do mundo, principalmente devido sua industrialização. Porém outros países como Estados Unidos e Alemanha, também investiram em suas produções, concorrendo com os mercados ingleses.
A Primeira Guerra Mundial deixou todos os países da Europa em crise, devido os investimentos em produtos bélicos, mas sem duvida o país que mais sofreu foi a Alemanha com as obrigações do tratado de Versalhes.
A Rússia que também passou por grandes problemas devido a Guerra Mundial e sua Revolução interna termina a primeira metade do século como grande potência mundial e pioneira do socialismo.
Com a primeira guerra mundial o mundo conheceu o assustador poder estadunidense, que entrou para fazer a diferença no lado da tríplice entente. Com o fim da guerra os Estados Unidos encabeçaram o tratado de Versalhes que é tido como o causador da segunda guerra.
Com as regras impostas sobre os alemães já citadas acima, o tratado de Versalhes gerou um grande sentimento de revanche entre os alemães. A ascensão dos países do eixo (Itália, Alemanha e União Soviética) mais a crise do capitalismo deixavam em alerta as grandes potencias da época (E.U.A, França e Inglaterra). Esta crise capitalista alavancou ainda mais o contingente que passou a aderir ao movimento Fascista da Itália (Benito Mussolini) e para a ascensão do Nazismo de Adolf Hitler que após tomar várias medidas, reergueu a Alemanha fazendo com que em 1940 estivesse em condições de chamar o mundo novamente para uma guerra total.
Os países do eixo atacavam ferozmente, o Japão faz um ataque violento a base naval de Pearl Harbor, no Hawai em 1941. Em 1942 os americanos respondem derrotando-os na batalha naval de Midway em 1942.
Em 1944, ocorrera o célebre Dia D, quando tropas anglo-americanas-canadenses desembarcaram na Normandia. Após uma das mais brilhantes operações de guerra feita pelos aliados, o exercito alemão perdeu forças e aos poucos iam sendo derrotadas em diversos locais até que se rendem definitivamente em Maio de 1945. Porém o Japão não atendeu ao ultimado de rendição fazendo com que o presidente norte-americano Truman tomasse a decisão mais criticada do século XX ao ordenar o ataque nuclear com duas bombas. Uma atingindo Hiroshima no dia 6 de agosto e a segunda em Nagasaki no dia 9, causando milhares de mortes e devastação total das áreas atingidas.
Segundo fontes oficiais a segunda guerra mundial deixou um saldo entre 40 a 60 milhões de mortos, mais da metade eram civis.
Para muitos historiadores a medida tomada pelo presidente Truman de lançar duas bombas nucleares nas cidades de Hiroshima e Nagazaqui foi desnecessária, pois o Japão não suportaria por muito tempo mais a guerra, fazendo com que logo se rendessem. Para os historiadores o que o presidente quis fazer foi intimidar e assustar principalmente a URSS com seu poder bélico. Após o fim da Segunda guerra mundial, mais um conselho foi convocado com o intuito de reorganizar o mundo novamente, porem o mundo se dividiu em dois blocos com modelos econômicos distintos. De um lado tínhamos o modelo capitalista liderado pelos E.U.A. De outro lado tínhamos a U.R.S.S liderando o modelo socialista. O mundo estava dividido entre estes dois modelos econômicos e prosseguiu assim até 1990 com o fim da guerra fria.
A guerra fria foi marcada pelo conflito ideológico entre ambos os modelos vigentes naquele momento e perdurou por mais de 40 anos sem que houvesse uma luta armada entre as duas super-potencias.
A disputa entre os dois blocos econômicos pela hegemonia planetária provocaria conflitos por todo o mundo e uma desenfreada corrida armamentista fazendo com que o modelo socialista viesse a falência.

Bibliografia
MORAES, Marcos Antonio de. Geopolíticas: apocalipse do século XX, editora átomo, 2006


segunda-feira, 21 de abril de 2014

GABRIEL GARCIA MARQUEZ - ETERNO EM SEUS CEM ANOS DE SOLIDÃO - CRÔNICA

Li Cem anos de solidão em 1981,em São Paulo, então aluna da Escola de Comércio Álvares Penteado, nos poucos anos em que lá fiquei até concluir o curso e dar outro rumo à minha vida.  Para mim, eram serões de leitura, à luz da escrivaninha, abandonando o mundo irreal e mergulhando numa viagem real. Neste clima de "A cidade e os cães", o primeiro romance de Vargas Llosa, justamente sobre um internato militar, que eu li Cem anos de solidão.

Foi uma leitura tão forte e impressionante que ia muito além da literatura. Naquele momento, não era apenas um romance original; era uma espécie de Bíblia da cultura política e poética latino-americana. Seu lançamento, no fim dos anos 1960, representou um dos raros momentos em que havia no mundo uma ativa “esquerda poética” – em que um projeto político parecia conter necessariamente um ideário estético. Muito da irresistível atração que a obra-prima de García Márquez exerceu no mundo se deve ao seu inseparável subentendido político, no exato momento em que os ideais racionalizantes do Ocidente iluminista, vistos como disfarce de sua alma cruel capitalista, explodiam todos.

É uma combinação perigosa; na vida real, sempre que a estética invade o mundo político, o resultado é trágico, como nos desfiles militares do poder triunfante, ou nos fuzilamentos tocados a poesia. Um suave irracionalismo varria as almas; o chamado “realismo mágico” parecia ser a resposta a um tempo estética, política e existencial a uma realidade insuportável, o eterno martírio latino-americano. Neste panorama, caudilhos – como os Buendía de Cem anos de solidão – podem ser figuras míticas e redentoras; é a realidade que é fantástica, não a ficção, como diria o próprio García Márquez, fiel amigo de Fidel Castro, o símbolo maior da revolução daqueles tempos. Hoje, ironicamente, Fidel vive o mesmo “outono do patriarca” espelhado no melancólico romance que Márquez escreveu em resposta justamente a Pinochet, seu arqui-inimigo.

Mas a essência literária de Gabriel García Márquez nunca foi, de fato, política – foi trágica. Ele herdou do escritor americano William Faulkner, de quem recebeu importante influência formal, a vertente bíblica, do Velho Testamento, da inexorabilidade do Destino, vinculando-o às tragédias pessoais ou à condenação eterna de linhagens e estirpes – no seu universo, o mundo é sempre maior que as pessoas. Literariamente, sua Crônica de uma morte anunciada, uma novela perfeita, é a obra-prima que sintetiza sua visão de mundo, no plano do indivíduo; e Cem anos de solidão, sua Cosmogonia poética, a mais densa e multifacetada representação ficcional da tragédia da América Latina.

sábado, 19 de abril de 2014

ÍNDIOS NO BRASIL COLONIAL E SUAS POLÍTICAS

Com o “descobrimento” do território brasileiro, Portugal utiliza basicamente as mesmas políticas de colonização e exploração usadas na África e Ásia. Que na realidade seus projetos com essa terra recém “descoberta” era de explorar os recursos e abastecer o mercado europeu, pois muitos dos produtos encontrados aqui já se encontravam em escassez no velho continente. Porém isso não aconteceu de forma pacifica, pois o território já encontrava se habitado.
Para que a Coroa portuguesa conseguisse explorar os recursos, houve políticas para “desapropriação” dos índios, aonde o europeu se colocou superior aos povos americanos. Com isto houve inúmeras manobras entre elas, mandou para o Brasil muitos de seus gestores que já trabalhavam em outras partes do mundo estes sempre ligados aos interesses da burguesia mercantil.
Com o interesse português declarado sobre o Brasil, Portugal além de defender estas terras, se julgou responsável por civilizar os índios, (a história nos mostra o que acontece quando um povo se coloca superior ao outro, fazendo destes povos seus próprios súditos). Como foi ensinado a nos as terras “descobertas” seriam dividias de acordo com o tratado de Tordesilhas, firmando entre Portugal e Espanha com a intermediação do Para. Porém houve outros acordos para dar a veracidades das terras “descobertas” e seus respectivos “donos”. E desde o inicio o processo de colonização no Brasil foi marcado pela crueldade usada parte dos portugueses.
A opinião publica da Europa pouco fez a respeito da forma que os índios foram tratados, pois estavam alienados pelos discursos da Igreja e da Coroa. Já que os indígenas eram vistos como selvagens, “almas perdidas”, desta forma eles se auto julgaram os responsáveis por levar os índios a “Deus”, os purificando de todos os pecados.
O grande número de armas usadas pelos portugueses é justificado por ser fundamental na catequização indígenas, usurpando disto para práticas guerra e massacre contra os índios. Praticas essas muito comuns durante todo o período colonial, não só no Brasil, mas em toda a América do Sul. Ouve muita resistência por parte dos índios, mas não foram este os únicos motivos do grande número de mortes indígenas, pois as doenças vindas da Europa foram letais para os índios, uma vez que os corpos dos índios não detinham de anticorpos de doenças simples como a gripe.
Fato é que em geral, os povos indígenas nunca concordaram com a forma que eram tratados, os índios sempre viveram em “liberdade”, e após a chegada dos europeus, se viram obrigados a obedecer as hierarquias da Coroa, a religiosidades o trabalho forçado, estes elementos não fazem parte da cultura indígena. Mas os europeus quiseram impor a cultura ocidental. Por isto que eu não concordo com o termo “choque-cultural”, pois acredito que isto na realidade não aconteceu, o que realmente aconteceu foi à imposição de uma cultura sobre a outra. Para que isto acontecesse Portugal usou da força, matando e escravizando milhares de índios que não concordaram com as praticas. Hipotético pensar que a Coroa portuguesa era responsável de professar a fé cristã e ser conviveste a muitos absurdos, não da para olhar para os fatos e não condenar as atitudes dos europeus e da Igreja.
Na grande parte os responsáveis em cuidar dos interesses da Coroa eram pessoas religiosas aptas a obedecer à doutrina em vigor. Tanto que ainda no período colonial foi criada uma lei que defendia os indígenas, porém a Coroa portuguesa entendia que a força era indispensável para se impor, desta forma suas medidas eram sempre em desfavor aos índios.
Que diversas leis e recomendações a respeito dos índios as longo dos 300 anos de colonização, mas em forma geral estas leis, todavia deram privilégios a Coroa, ou aos seus representantes, os índios sempre ficaram a mercê. Cabe colocar aqui que as Cartas Régias e alvarás dados aos governantes, eram feitos sobre o consentimento de explorar o máximo de recursos do Brasil, e que as leis demoravam cerca de seis meses para chegar ao Brasil, então muitas das vezes já estavam defasadas ou o governo local já havia resolvido o problema.
Outro fato importante é que a Coroa e a Igreja sempre estava juntas, salve alguns momentos em que os interesses eram diferentes. Mas de modo geral os dois sempre estavam juntos, tanto que o território era considerado português, e o responsável em levar a catequese aos índios era as “missões” da Igreja. Só esclarecendo que a força, as penas e a escravidão eram feitas sobre ordem ou consentimento de Portugal e que a Igreja sempre foi omissa. Os jesuítas tiveram um papel importante na defesa dos índios, pois entendo que eles realmente estavam a serviço do “bem”, e muitos jesuítas vieram para o Brasil com o ideal de cria um novo povo, uma nação pura, longe de todas as maldades existentes na Europa, tirando este tipo de exceção a Igreja e Coroa, estão unidas tanto que foi feito um pacto entes as duas partes chamado de Padroado, local onde as duas ordens eram regidas de uma única forma, e os índios viam a Igreja e o Estado, em uma só instituição tanto que eles vinham às duas partes muitas vezes agir de maneira igual.
Vale ressaltar que a Coroa portuguesa não viveu o tempo todo em harmonia com a Igreja tanto que somente após 1755, a Igreja não podia mais intervim nas aldeias indígenas, momento que combinou com a expulsão dos jesuítas, por exemplo. Vejo que isto foi mais uma manobra da Coroa para a dizimação indígena, pois havia boas práticas em defesa dos índios feitas pelos jesuítas. E convenha neste momento a Igreja já não era tão influente na política com no inicio da colonização.
Na prática, os índios foi um alvo de disputas entes português e os religiosos, os dois sempre discutiam a melhor forma de civilizar os índios, os religiosos defendiam o trabalho comunitário, feito em conjunto de todos os índios, já os português queriam eles para trabalhar nas fazendas, órgãos públicos, engenhos e tantas outras formas de trabalhos. Não houve um projeto real visando os índios, os projetos sempre esbarraram nos interesses de particulares. Irônico que queriam civilizar e torná-los cristãs, mas nunca foi perguntado se o índio queria isto para ele, na verdade até hoje isto não é levado em conta.
Outros interessados nos índios eram os colonos que viam os índios como uma mão de obra escrava e necessária, também para fazer a segurança e entre outros serviços. Apesar de responsabilidade de Coroa promover a paz, mas quando os índios eram visto como uma alternativa para este serviço, a coroa tentava se posicionar de maneira mais neutra possível, talvez por esta atitude da Coroa, houve tantas divergências entre colonos e ordens religiosas principalmente os jesuítas. E por pressão dos colonos é que os jesuítas foram expulsões de varias regiões, desta forma os colonos puderam escraviza e vender os índios tranquilamente.
Enfim a expulsão das ordens religiosas, e as leis para modernizar o território brasileiro, resultaram da seguinte forma:
 A transformação das aldeias indígenas em vilas e lugares, e a promoção da miscigenação física e cultural dos índios fazem parte tanto de uma política de modernização do Estado português e da definição do índio como nação ou etnia especifica. A entrada da incipiente elite fazendeira nas antigas aldeias indígenas, já se sabia que a ideia de promover o desenvolvimento econômico dos índios implicava a sua destruição enquanto povo organizado, transformando-os em meros posseiros em suas próprias terras ou simples artesãos nas novas vilas portuguesas. (Mércio Pereira Gomes, 1991)
O resultado final destas políticas da Coroa foi a transforma de mais de 60 aldeias na Amazônia em vilas, ou a eliminação das aldeias e dos indos. No sul também de forma violenta atitudes portuguesas, deixou na história do Brasil marcado pela crueldade por parte da Coroa com os índios, longos períodos de repressão dos nativos, milhares de mortes, fazem os rios “também rios de sangue”. Só lembrando que foi aqui exposto é referente aos índios, e não aos escravos trazidos da África, aonde os maus tratos foram mais extensos, mais não por isso os índios estavam em situação melhor que dos negros.
Bibliografia:

Gomes, M.P  Os Índios e o Brasil,. Ed. Vozes, 1991