INTRODUÇÃO
O
desencadeamento deste estudo fundamenta-se numa reflexão realizada em torno de
minha trajetória escolar, desde o ingresso na pré-escola até os dias de hoje
nas aulas da especialização. Ao observar como o processo de ensino vem sendo
desenvolvido, através da prática pedagógica dos professores, articuladas ou
não, com as características que são solicitadas no contexto atual do campo
profissional.
Pude
perceber que, apesar das demandas do mundo do trabalho exigirem um profissional
autônomo e crítico; a escola, a qual possui papel fundamental para
desenvolvimento da sociedade, não tem conseguido contribuir para a formação de
sujeitos com tais características. Ainda que, vivencie-se atualmente um período
de reformas na Educação e todas justificadas para que as mudanças ocorram em
função da rapidez com que as informações são processadas, com o advento das
inovações tecnológicas que transformam tanto o cenário internacional como
nacional; o pensar a Formação de Professores, significa que os educadores,
acadêmicos e alunos encontram-se insatisfeitos com os modelos atuais, e isso
representa um desafio enorme.
DESENVOLVIMENTO
Quando
analisamos etimologicamente o que seja reflexão nos deparamos como o ato de
analisar as razões de algo, assim podemos afirmar que refletir é o ato
consciente de investigar, e apenas nos propomos a investigar algo com a
finalidade de conhecê-lo minimamente, desta forma como podemos refletir a Educação
se dela já temos conhecimento? Talvez o correto fosse afirmar que precisamos
redescobrir a Educação.
Quando
trazemos a ação do docente para o universo da pesquisa, da reflexão, notamos
que a prática docente não se limita a ensinar, sua atuação precisa transcender
os espaços educativos, o modelo “giz, lousa e saliva”, tão propalado como
funcional, já não é o bastante, há a necessidade urgente de ocupar-se os
espaços educativos, se o que se pretende é valorizar as formas de pensar e agir
dos educadores, conscientizando-os como atores do conhecimento, é mandatório
refletirmos sobre a prática educativa, base das transformações na Educação.
Observamos,
no entanto, que não há interesse político na formação e no desenvolvimento de
indivíduos conscientes e cientes de sua realidade, num país com níveis de analfabetismo
alto como o nosso, os detentores do conhecimento são poucos indivíduos,
influenciadores de opinião, e sua gestão submete-se a interesses desvirtuados
do propósito do ensino como senso comunitário. O ensino, seja ele básico ou
superior, deve estar em constante processo de melhoria e não se permitir findar.
Estamos continuamente procurando conhecimento e o educador precisa ser ágil
para atender às demandas que a modernidade apresenta.
A
crítica generalizada em relação ao modelo de formação dos professores, muitas
vezes rasa, face a um mercado cada vez mais competitivo leva ao surgimento de
novas alternativas, as quais visam suprir as necessidades dos acadêmicos em
formação, bem como dos profissionais atuantes na Educação. A partir disso,
tem-se como uma proposta emergente de ensino, o modelo Crítico-reflexivo. O modelo,
que inclui um forte componente de reflexão contribui para que o futuro
professor se sinta capaz de enfrentar situações adversas, tomando decisões
coerentes fundamentadas num paradigma eficaz que interligue teoria e prática
(KRUG, 1996). As estratégias escolhidas envolvem processos de reflexão por
parte, tanto do professor, como do professor em formação (AMARAL, MOREIRA e
RIBEIRO, 1996).
Uma das
mais interessantes observações sobre o desenvolvimento do lado crítico foi feita
pelo célebre Paulo Freire ao afirmar que, no modelo das "escolas
burguesas", onde os que se julgam seus detentores do conhecimento traziam
em "sua tônica fundamentalmente em
matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a
criatividade", segundo Freire a escola conservadora aliena os alunos do
mundo, contrário, ao modelo freireano que tem o objetivo de tirá-los da zona de
conforto do desconhecimento.
Nessa
perspectiva, é que o papel do professor e sua prática docente exercem função
fundamental para a construção de um novo projeto de ensino e de uma Formação
Profissional coerente com as necessidades dos educandos, para atender à demanda
desta nova sociedade as escola precisam ser questionadoras, e isso opõe-se ao
modelo tradicional e monopolizador da docência rotineira; é através do diálogo
que podemos perceber a educação como uma atividade reflexiva, com respeito à
alteridade e o reconhecimento de nossas próprias limitações.
De outro
lado temos o desafio de um profissional desmotivado, marginalizado, tratado de
forma desumana pela lógica dominante capitalista, trabalhando péssimas
condições, assumindo muitas vezes papéis que não lhe competem ou para os quais
não está preparado na orientação dos jovens, submetido a um sistema de ensino
que sabota a formação do cidadão crítico; ao contrário, atende a interesses
políticos do momento e transforma o ato de ensinar, numa forma mecânica e
alienante; exige-se deste profissional a busca por uma nova forma de educar, onde
a formação do educando seja o principal objetivo, e o enfrentamento das
questões primordiais da Educação sejam efetivamente enfrentadas; qual a
finalidade do ensino? Quem é o agente da mudança do docente? De quem é a
responsabilidade pela mudança? Estas perguntas pairam tal como nuvens pesadas
sobre o assunto da Educação, mas ainda atendem à lógica dos interesses
políticos e socioeconômicos.
CONCLUSÃO
As
estruturas sociais da modernidade contribuem com o crescimento de problemas
profundos que afetam a sociedade e atingem também os sistemas de ensino, trazem
reflexos também para as práticas pedagógicas, e se tornam necessário aos
professores refletirem sobre seus processos, também é obrigatório rever o olhar
que direcionamos aos docentes e a forma como são tratados aqueles que
permanentemente enfrentam situações adversas para garantir uma sociedade
consciente; a questão não pode ser resumida ao tecnicismo, mas abarca os
saberes e dimensões da vida humana, como os debates que desenvolvem questões maiores
e mais complexas, porém a descontinuidade e a falta de parceria entre as
Escolas e Universidades, sejam estas públicas ou não reflete diretamente nos
alunos, há um claro desinteresse dos discentes em dar continuidade nos estudos,
seja pela dificuldade de acesso, sejam pelas pressões para o ingresso rápido no
mercado de trabalho, orientada e amparada a pela política vigente. Dada a importância do aluno vir a refletir,
Freire (1994) diz que a consciência reflexiva deve ser estimulada,
constituindo-se uma forma de o educando refletir sobre sua própria realidade,
quando compromete-se com esta, tendo a possibilidade de buscar soluções e de
transformar o seu contexto.
Nessa ótica,
a atuação do professor reflexivo não se encerra na prática pedagógica, mas
igualmente no conhecimento de saber o que representa, enquanto membro de sua
sociedade, e diante disso, é imprescindível conhecermos e entendermos a
instituição na qual desenvolvemos nosso trabalho, já que buscamos uma atuação dialógica
crítica da sociedade.
REFERÊNCIAS
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professor reflexivo – estratégias de supervisão. In: Alarcão, I. (Org.) e
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