A Agonia Europeia e a Gestão da Nova Ordem Internacional (1939-1947)
Após 1947, o mundo se deparou com uma completa mudança, e rompeu comas heranças da balança de poder do século XIX e com os anos de transição e de instabilidade do período entre guerras. O maior legado pós-guerra foi o surgimento de uma nova ordem internacional, com o surgimento de um mundo Bipolar, sendo ambas as superpotências não europeias. Ao contrario da Primeira Guerra, a Segunda Guerra, foi efetivamente travada entre todas as nações e culturas do globo. A guerra levou as relações internacionais aos seus mais altos níveis de mundialização. Houve uma grande mudança na ordem internacional. A Grã-Bretanha e a França deixaram de reinar, a Alemanha e a Itália perderiam os espaços internacionais conquistados pela força.
5.1 A Agonia da Guerra Civil Europeia (1939-1941)
A Europa viveu uma guerra interna desde 1914. O período do inicio da Segunda Guerra 1939 até sua verdadeira mundialização 1941, foi o movimento mais dinâmico dessa agonia. Em pouco tempo Londres e Paris deixaram de serem os principais centros do poder internacional para ceder lugar para Washington e Moscou, e até 1945 os Berlin e Tóquio. A guerra se tornaria realmente mundial somente em 1941, com a junção da guerra japonesa contra a China e da guerra europeia, depois da invasão alemã a URSS e do ataque japonês a base americana de Pearl Harbor.
5.1.1 A Guerra Europeia (1939-1940)
A guerra europeia foi desencadeada em setembro de 1939, com a invasão da Polônia por Hitler e, em seguida, pela URSS, com isso a Grã-Bretanha e a França declararam guerra à Alemanha. A guerra começara lenta e pausadamente, lembrado a muitos a Primeira Guerra.A Alemanha tinha forças mais favoráveis. Apesar da fraca superioridade naval dos franceses e britânicos, os alemães tinham 3.228 aviões de guerra contra os 1.377 do Reino Unido e 1.254 dos franceses. Em terra, os canhões e tanques alemães eram também numericamente superiores.Apesar da inferioridade militar, franceses e britânicos sentiam-se superiores.A estratégia franco-britânica de evitar ou retardar a guerra parecia a melhor forma de desenvolver as forças potenciais. A perspectiva de vencer a Alemanha não era somente por vias militares, mas também econômica. A concepção da vitoria pela via econômica era, ao mesmo tempo, um objetivo e um ideal para os aliados franco-britânicos.A percepção de que a supremacia econômica sobre a militar era central para vencer Hitler explica a movimentação dos britânicos. As decisões norte-americanas de relativizar sua neutralidade e autorizar a venda de armas no sistema cash-and-carry, em novembro de 1939, animaram os britânicos. Assim a Grã-Bretanha e a França, poderiam assim apoiar-se em forças mundiais, ao contrario de Hitler.A estratégia econômica e política da guerra longa resultaram em uma tática militar defensiva. Porem havia diferenças entre os aliados. Chamberlain nãoqueria sacrificar tropas britânicas. Daladier pensava em abrir um novo front contra alemães. Os conselhos do então Coronel De Gaulle de mudar a estratégia para o campo militar e ofensivo não foram ouvidos.De qualquer forma, franceses e britânicos exigiam que os alemães cessasse mas agressões e reparassem os danos impostos à Polônia e à Tchecoslováquia.Hitler propôs a paz em seis de outubro de 1939. Chamberlain e Daladier nãoaceitaram, pois só lhes interessava a paz no contexto da substituição do governo títere na Polônia e da retomada da influencia franco-britânica sobre o continente europeu. Havia duas maneiras diferentes para restabelecer a ordem européia, para os britânicos a maneira era a reconquista da Polônia, Para a França a guerra era a oportunidade para arruinar definitivamente a Alemanha.Hitler seguia seu curso, sem problemas com os aliados. O Japão estava longe e envolvido com seu avanço sobre a China. A Itália ainda não havia se comprometido com a guerra. A URSS, apesar do seu envolvimento na Europa do Leste e do Norte, ainda não era uma força militar no centro da Europa.Chamberlain, o primeiro ministro que antecedeu Churchill, considerava Hitler um possível aliado e suas políticas passivem de ajustes diplomáticos. Para os britânicos, a guerra era mais ideológica que nacional. O inimigo era Hitler e nãoo povo alemão.
5.1.2 Os Vizinhos Armados e as Guerras Paralelas
Iniciada no coração da Europa, a guerra iria expandir-se lentamente para outras regiões. A URSS, neutra, interveio na Polônia. O Japão e a China já se degladiavam. A guerra na Ásia, paralela à européia, iria lentamente se juntando com a guerra européia. Os EUA observavam, a certa distancia. Em 1939,Roosevelt anunciou a neutralidade.Na Europa, a situação era mais complexa para os vizinhos da guerra. Mussolini pediu a Hitler dois a três anos para que a Itália honrasse o pacto do aço. Os franceses e os britânicos imaginaram que a Itália iria se comportar igual na primeira guerra, mudando de lado, enviaram emissários a Roma. A Bélgica retornou, em 1936, a sua tradicional neutralidade depois da aliança com a França em 1920.Ao assinar os acordos com a Alemanha em 1939, a URSS tinha dois objetivos:reforçar a segurança das suas fronteiras e ampliar sua influencia na Polônia Oriental, nos países Bálticos, na Finlândia e, eventualmente na Bessarábia.Assim graças ao Hitler, Stalin conseguiu romper o "cordão sanitário" instalado pelo ocidente. Em 1939 os estados bálticos perderam a soberania para a URSS.A arrancada da URSS sobre a Finlândia teve ressonância internacional. Depois de uma heróica resistência liderada por Helsinque. O exercito vermelho invadiu a Finlândia, levantando protesto dos suecos, britânicos e franceses, de uma forma muito mais enérgica do que quando a Alemanha invadiu a Polônia.
5.1.3 A França em meio a uma guerra britânico-alemã (1940-1941)
A França começou a preparar para guerra no campo militar. Os Franceses forçaram os britânicos a decidir que nenhum dos dois países deixaria a guerras e paradamente.Em uma manobra rápida Hitler invadiu a França e conquistou Paris,aproveitaram a brecha aberta pela movimentação francesa e britânica para proteger a Holanda e a Bélgica. O plano de Hitler era evitar o ganho de tempo para se armarem da aliança Franco-Britânica.A França foi o único país vencido a concluir um armistício. A Holanda havia optado pela capitulação militar e a Bélgica assinara uma rendição. Os governos foram transferidos para Londres. Com isso a Grã-Bretanha tinha que enfrentar sozinha a Alemanha.As divergências entre Churchill e De Gaulle, atrapalharam os movimentos contra Alemanha.A batalha da Inglaterra iniciou-se em 13 de outubro de 1940. Das bases alemãs na França, na Bélgica e na Holanda, Hitler comandou pessoalmente o ataque alemão contra aviação britânica, com o objetivo de acabar com a capacidade operativa da Royal Air Force, para então invadir as ilhas britânicas. Com isso Hitler poderia enfrentar seu principal objetivo, a destruição da União Soviética. Desde 7 de setembro, a Luftwaffe iniciara os bombardeiros maciços de Londres. Desejava-se desorganizar a capital e trazer pânico e terror a população. Com isso a opinião publica e a população londrina, responderam com uma onda patriótica jamais vistas na historia britânica. No final de Outubro, para poupar suas aeronaves para o ataque a União Soviética, Hitler encerrou a batalha da Inglaterra.
5.1.4 Os Últimos Suspiros da Agonia Europeia (1940-1941)
A derrota francesa expressou a ruptura de uma velha ordem internacional do século XIX. A balança de poder que havia conformado a sociedade internacional europeia, com valores e regras de conduta, havia erodido de vez. A Alemanha era o pivô da crise que se estendia na balança de poder da Europa.Não havia, contudo, nada para substituir a ordem decadente. A Weltpolitik alemã não preenchia o vazio criado pela crise da sociedade internacional europeia. Os norte-americanos, impressionados com a rapidez da derrota francesa,tomaram consciência do vazio criado nas relações internacionais. O lado europeu cedia a Hitler e o asiático parecia ameaçado pelo expansionismo japonês no Pacifico. Na América Latina, os movimentos das diplomacias foram difusos. A Argentina, mergulhada em movimentos políticos desestabilizadores, optou pela neutralidade nos assuntos europeus. No Brasil, as correntes de opinião se dividiram acerca da guerra europeia.Na URSS, a vitória de Hitler sobre a França e a posição de relativa equidistância foi percebida com apreensão. Stalin esperava uma guerra longa na França. Mas a rapidez do armistício francês levou Stalin a reforçar os espaços de influencia soviéticos no leste europeu. Stalin agiu sobre os Estados Bálticos, para garantir a ocupação. Para agravar ainda mais a agonia europeia, Mussolini também iniciou sua guerra paralela, com os próprios meios e objetivos, disputando espaços colônias no Mediterrâneo. A impossibilidade europeia de conduzir os destinos das relações internacionais era a consequência mais evidente da dramática instabilidade que aqueles anos vivenciaram.
5.2 A Mundialização da Guerra (1941-1945)
O ano de 1941 foi crucial de inflexão das relações internacionais contemporâneas. Desmontaram-se, definitivamente, em um único ano, as regras do jogo herdadas do século anterior. Terminou o longo período de transição iniciado na Primeira Guerra. Ocorreu um turning point de 1941, houve o ataque alemão contra a URSS em junho e o japonês contra as bases americanas em dezembro.A França invadida e a Grã-Bretanha falida evidenciavam a decadência das antigas potencias. Ao final de 1945 o mundo já se modificara plenamente. Em1947, a balança de poder internacional era outra.
5.2.1 O Fim do Poder Britânico e a Emergência Norte-Americana
No inicio de 1941, Hitler já enfrentava os britânicos no norte da África.Com a ocupação germânica dos portos franceses, a batalha do Atlântico também se inclinava para os alemães.Os britânicos, que haviam perdido muitos navios mercantes e tinham o ritmo de construção naval limitado pelos esforços de guerra, enfrentavam três problemas:O uso dos navios para a compra das mercadorias norte-americanas, o pagamento dos produtos adquiridos nos EUA pelo sistema cash-and-carry e a utilização das reservas monetárias para o pagamento desses encargos. A Grã-Bretanha estava a beira da falência.Os EUA observavam a crise britânica de maneira apreensiva. A Grã-Bretanha era a ultima resistência democrática europeia. Roosevelt preparava a opinião publica para o engajamento dos EUA na guerra.Em 1941, os EUA já viviam em econômica de guerra sem que estivessem presentes na guerra europeia.Assim em 1941, emergia um novo conceito: o de superpotência. A superioridade econômica elevava os EUA ao cerne das decisões internacionais. Roosevelt desenvolvia esforços para operacionalizar a aliança com os britânicos. Churchill e ele encontraram-se para conversações, e firmaram a famosa Carta do Atlântico. Com seus oito pontos, a Carta do Atlântico teve grande repercussão internacional. O sexto ponto engajava os EUA, de vez, na guerra. Roosevelt buscava um pretexto mais claro para levar a opinião publica para o seio da guerra. O ataque japonês à base americana, em sete de dezembro de1941, comoveu a opinião publica. Os 86 navios perdidos e mais de três milhões mortos levariam os EUA para a guerra. Em dezembro de 1941, os EUA uniram as duas guerras paralelas, a da Ásia e da Europa, em uma só. Transformavam-se no centro do mundo.
5.2.2 A Arrancada Soviética a Busca de Espaços
O ataque alemão à URSS foi outro significativo momento de ruptura da Segunda Guerra Mundial.
Berlim e Moscou romperiam nos primeiros meses de 1941, o jogo de cortejo mutua para assumir posições antagônicas. Stalin tinha consciência da fatalidade da guerra com os alemães. Kremlin decorreu na busca de espaço próprio no oriente europeu e na Ásia.Nascia a arrancada soviética na direção da construção da superpotência.A estratégia soviética era diminuir a possibilidade de manter uma guerra em duas frentes, no Ocidente com a Alemanha e no Oriente com o Japão. Daí o fato de Stalin ter aproveitado a visita de Matsuoka, a Moscou em abril de 1941, para assinar um pacto de não agressão. Os britânicos firmaram uma aliança com Stalin em 13 de julho. Os norte-americanos mandaram Hopkins, o velho amigo de Roosevelt, para endeusar a aliança e apoia à resistência russa a agressão alemã. No final de outubro, a URSS era incluída na aliança ocidental. Em dezembro de 1941, diante da contenção do avanço alemão nas portas de Moscou, da primeira perda do Hitler, as relações internacionais ganhavam outro gigante: a URSS.O compasso da guerra total, de 1942 a 1945, envolveu quase todo o planeta e implicou a mobilização das mais diversas forças.Em 1943, Stalin acusavam os aliados de abandona-lo na batalha de Stalingrado. Em 1944, os soviéticos forçou o recuo gradual das tropas alemãs na Ucrânia, na Bielo-Rússia e na Polônia, Stalin celebrou os avanços e continuou a desenvolver sua engenharia política e militar com o objetivo de impor administrações temporárias, favoráveis a sovietização no leste europeu e nos Bálticos.A tomada da Normandia e a ocupação da Alemanha seriam os símbolos marcantes da recomposição das forças militares e morais a favor dos aliados.
5.2.3 O Japão e a Grande Ásia Oriental
O pacto de não agressão assinado por russos e japoneses, foi o passo definitivo para a formação da grande Ásia sob o controle do Japão. A ocupação alemã na França deixou o Japão livre no sudeste asiático. Tóquio assegurou a neutralidade tailandesa por meio de pacto de não agressão. O ataque a Pearl Harbor deve ser visto, portanto não só como a porta de entrada do Japão na guerra europeia e o capitulo decisivo da mundialização do conflito, mas um ato articulado da estratégia japonesa de ampliação de espaços na Ásia.A conquista de um império com mais de oito milhões de quilômetros quadrados, com muitas riquezas, particularmente petrolíferas, lançava o Japão na grande política internacional de seu tempo.O Japão, finalmente teve que aceitar a relativa independência dos outros dois grandes da Ásia: China e a Índia. As futuras relações interasiaticas dependeriam do equilíbrio dos três países.
5.2.4 Periferias em Agitação: A América Latina e a África
Os países latino-americanos oscilaram entre neutralismo e alinhamento. Desde a II conferencia dos Chanceleres Americanos, na cidade de Havana, em 1940,firmara-se o acordo de que qualquer ataque a um país americano significaria um atentado a todo continente. Com o ataque a Pearl Harbor, a solidariedade americana seria posta em xeque. O Brasil manifestou imediatamente sua estupefação. As declarações de Getulio Vargas não foram suficientes, entretanto, para inclinar a política exterior brasileira a favor dos aliados. Grupos pró-nazistas instalados no próprio governo defendiam a opção pró-alemanha. A Argentina manifestou discreto apoio aos nazistas. O Chile, que reivindicou o direito de sediar a III Conferencia de Chanceleres Americanos, depois de negativa norte-americana, também se declarou neutro.O Peru, a Bolívia e o Paraguai fizeram o mesmo.Em 1942, ocorreu a III Conferencia de Chanceleres, mais conhecida como a Conferencia do Rio de Janeiro. Para os norte-americanos, o apoio brasileiro aos aliados era fundamental para alimentar o pan-americanismo conduzido por Washington. Roosevelt dirigiu-se a Vargas antes da conferencia para assegurar ao Brasil, em uma política de barganha, os armamentos necessários para a defesa e a manutenção do acordo siderúrgico assinado em setembro de1940. O Brasil parecia peça chave na ligação da América à África. Na África, a Segunda Guerra não foi um fenômeno localizado apenas no norte do continente e não se restringiu à luta entre alemães e italianos contrabritânicos. Ela envolveu países do sul, como a África do Sul, localizada em importante passagem estratégica para a Ásia e no cruzamento de hidrocarburetos. Conduziu países como o Egito, a Etiópia, e a Libéria para o conjunto dos aliados. O recrutamento dos colonizadores para lutar pelas suas metrópoles, como fizeram britânicos, franceses e italianos, era uma violência a mais no conjunto de desigualdades estruturais que tornavam a sociedades colonial subjugada aos desígnios metropolitanos. A guerra expunha a agonia europeia e mostrava a falibilidade da dominação colonial. A Segunda Guerra teve impactos distintos na America Latina e na África. Na primeira, significou oportunidade de fortalecimento da superpotência hegemônica regional. Na segunda, espelhou o enfraquecimento das potencia colônias europeias.
5.3 A Nova Ordem Internacional; O mundo já é outro (1945-1947)
O bombardeio de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, simbolizou não só o acaso da velha ordem internacional. Foi também a demonstração do fim dos sonhos de uma terceira grande potencia nas relações internacionais na ordem do pós-guerra. Berlim já sucumbira e agora era a fez de Tóquio. A nova ordem internacional só teria pelo menos ate 1960 dois polos de poder: Washington e Moscou. Pela primeira vez os poderes estavam fora do território europeu, um novo mundo estava formado.O gerenciamento da paz foi o grande e primeiro problema pós-guerra. O segundo foi o reordenamento dos processos econômicos. O nascimento da Organização das Nações Unidas e dos mecanismos de Bretton Woods veio redesenhar, nos planos jurídicos e econômicos, as forças reias dos vencedores de 1945.
5.3.1 O Preâmbulo de um Novo Tempo nas Relações Internacionais
Desde 1941, ao anunciar sua adesão aos princípios da Carta do Atlântico, a URSS iniciaria uma articulação para ocupar papel central nas redefinições estratégicas do pós-guerra. Stalin percebera o vazio de poder na Europa, e estava determinado em ocupa-lo.
A aliança anglo-soviética, firmada em 26 de maio de 1942 por Molotov, foi o prenuncio de um novo tempo nas relações internacionais europeias. A primeira "concertação" anglo-americana sobre o mundo do pós-guerra foi realizada entre 12 e 29 de março de 1943. O futuro da Alemanha, as reivindicações territoriais dos soviéticos e o sistema coletivo de segurança foram os principais assuntos em pauta. Vários pontos do pós-guerra dividiram os britânicos e americanos dos soviéticos; ideia federativa na Europa, a questão polonesa que fora invadida pela URSS e a questão italiana, em outras palavras trocaram Itália pela Polônia.Os nortes americanos restauraram as teses wilsonianas da prevalência de um organismo internacional de segurança coletiva, os britânicos preocupavam-se com a situação da Europa e com os riscos da expansão soviética, e os franceses exilados em Londres sentiam-se minimizados na aliança.As Conferencias de Moscou e Teerã, tinham dois assuntos principais, a criação de um organismo internacional e a questão alemã, Roosevelt propôs a criação de cinco estados na Alemanha, Churchill concordou, mas Stalin discordou argumentando que "os alemães são todos iguais".A Conferência de Yalta, em 1945, consagrou a divisão que se desenhara anteriormente entre os aliados ocidentais e a URSS. O tempo das relações internacionais eram outros: a política das áreas de influencia na Europa se tornaria um modelo a ser aplicado à própria política mundial.
5.3.2 As Nações Unidas e o gerenciamento da paz
Os aliados tinham o objetivo de criar os instrumentos para gerenciar a paz do pós-guerra. A aliança, uma necessidade dos tempos de guerra, cederia lugar aos esforços de reconstrução das relações internacionais sustentando no compromisso e no dialogo. A paz, entretanto, foi parcial. O espírito pessimista de Yalta cederia, aos poucos, a mais absoluta desconfiança entre as duas superpotências. Surgia em São Francisco, a Organização das Nações Unidas, uma coligação ditada pelo acaso da guerra e que só depois viria tornar-se uma verdadeira organização para a paz e a cooperação internacionais.O balanço desastroso da guerra, no entanto, gerou desânimo sobre as possibilidades de reconstrução de um sistema internacional sustentado na paz e na cooperação, 50 milhões de pessoas mortas.A Europa deixara de ser o centro do mundo. A oposição soviética ao Plano Baruch de congelamento do poder nuclear dos EUA por meio de mecanismo das Nações Unidas e a recusa norte-americana ao Plano Gromyko de extinção de todas as armas nucleares eram indícios de ruptura entre as superpotências, em 1946. O Tratado de Paz de Paris em 1947, firmado por 21 países vencedores da Segunda Guerra Mundial, encerrou simbolicamente, os turbulentos nove anos nas relações internacionais. O gerenciamento da paz, sempre parcial, ficava garantido pelo consorcio das superpotências. Os EUA reuniam todas as condições para impor sua multilateralidade econômica ao mundo. A URSS, embora tenha saído enfraquecida militarmente, reconstruiu, pedra por pedra e arma por arma, suas cidades e exércitos. A Guerra Fria seria o novo ambiente internacional.
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