RESUMO: O presente
trabalho incidiu sobre a temática Diversidade e Pluralidade Cultural no
Contexto Escolar. Através desta pesquisa, analisou-se e compreendeu-se como
trabalhar e encarar o fenômeno da Diversidade Cultural presente na escola.
Através de várias referências bibliográficas foram apresentadas reflexões sobre
este tema. A educação tem que incluir em seu currículo formas de combater o
preconceito e de valorizar a nossa cultura, formando pessoas que se orgulhem de
pertencer a um país tão diversificado.
PALAVRAS-CHAVE:Diversidade;
Pluralidade cultural; Escola; Educação.
1 Introdução
As pessoas são muito
diferentes em sua totalidade, como, por exemplo, formas físicas, crenças
religiosas, opiniões e valores. Temos diversidade no mundo que nos rodeia e
gostamos de ser aceitos e respeitados pelo que somos. Buscar ultrapassar as
barreiras do preconceito é um grande desafio não somente para a educação, mas
também para a humanidade.
A pluralidade cultural
oferece oportunidades aos alunos de conhecerem suas origens e tornarem-se seres
sociais, propiciando compreender o seu valor e de todos que os rodeiam. Através
da mesma passam a lidar com as diferenças de forma consciente respeitando todos
que não são aceitos pela sociedade.
Art. 26-A. Nos
estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados,
torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático
a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura
que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois
grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a
luta dos negros e dos povos
indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o
negro e o índio na formação da
sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, pertinentes à história do
Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes
à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão
ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
educação artística e de literatura e história brasileiras. (BRASIL, 1996.).
A reflexão em torno da
cultura como construção sócio-histórica tem feito parte dos principais debates
da educação. O tema ganha notoriedade, também nos diversos espaços sociais.
Percebe-se que um discurso de tolerância é confrontado com outro que desrespeita
a afirmação dos direitos civis, sociais, políticos e identitários de
reconhecimento e de respeito ao direito à diferença.
A abordagem deste tema na
escola se realiza a partir do encontro de nossos valores sociais, econômicos,
culturais e do outro, o diferente. Por fazer parte de uma construção
sócio-histórica imersa na cultura tratando-se especificamente da diversidade
étnico-racial, torna-se cada vez mais necessária a revisão de determinados
padrões éticos, estéticos e formativos.
Na história da humanidade,
não poucos foram os esforços intelectuais, teóricos e científicos dedicados a
evidenciar a função social da educação. Da prática social formal, não formal e
informal, a formação do homem para a vida, bem como a incorporação nas cadeias
produtivas de produção a partir da estruturação do conhecimento por meio de
currículos. Fato é que a educação está relacionada com a ação social e cultural
de nos tornarmos humanos bem como sujeitos sociais.
Como bem afirma Brandão
(2002, p.141),
Somos seres humanos, o que
aprendemos na e da cultura de quem somos e de quem participamos. Algo que cerca
e enreda e vai da língua que falamos ao amor que praticamos, e da comida que
comemos à filosofia de vida com que atribuímos sentidos ao mundo, à fala, ao
amor, à comida, ao saber, à educação e a nós próprios.
As pessoas não nascem
prontas para viver e acabadas. Muito ao contrário, necessitamos de
ensinamentos, orientações e cuidados. Aprendemos quando convivemos com outras
pessoas inseridas em diferentes culturas, assim formamos nosso modo de viver,
nossa personalidade, sentimentos e desejos. O ser humano é um ser social
organizando seu modo de viver coletivamente, porém somos diferentes
fisicamente, temos diferentes valores e diferentes formas de organização na
sociedade.
O grande desafio da escola é
investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada
pela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro,
valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse
sentido, a escola deve ser local de diálogo, de aprender a conviver,
vivenciando a própria cultura e respeitando as diferenças formas de expressão
cultural. (BRASIL,1997, p. 32).
A escola é, e sempre será,
um espaço sociocultural em que é possível o encontro da diversidade. Neste
sentido é de grande importância o contexto escolar, desafiando a escola a rever
visões e modelos, criando espaços de inclusão, respeitando e valorizando a
diversidade cultural dos alunos. O maior desafio dos professores é encontrar
táticas diversificadas de ensino que ultrapassem programas e conteúdos
tradicionais, criando mecanismos que atendem a diversidade cultural.
Segundo Soares (2003,
p.165),
O grande desafio que se
coloca é a necessidade de entender a relação entre cultura e educação. De
um lado está a educação e do outro a ideia de cultura como lugar ou fonte, de
que se nutre o processo educacional, onde se forma pessoas e consciência.
Então, faz-se necessária uma
educação escolar integradora, direcionada para a diversidade, que respeite a
pluralidade cultural, ética e religiosa existente na escola, para valorizar e
entender a realidade múltipla de todos os discentes, no sentido de promover a
convivência, a paz e a justiça social.
Em nossas escolas,
precisamos começar com uma reforma educativa que defenda uma educação
integradora para todos, independentemente das suas diferenças. Para que isto
aconteça temos que nos preocupar em traçar uma proposta pedagógica que atenda a
todos.
A existência da diversidade
não está livre de conflitos, tensões e resistências, pois as instituições de
ensino sempre encontraram problemas para lidar com a pluralidade e a diferença,
levando para a padronização e homogeneização. No contexto social, a diversidade
não constitui um fenômeno novo, todos somos diferentes e, portanto, falar de
diversidade é pensar no coletivo, e no meio desse encontramos muitas diferenças
singulares.
A escola como uma
instituiçãoresponsável pelo desenvolvimento cultural e social carece de modelos
e projetos que lhe ajude a conhecer e apreciar a diversidade cultural numa
lógica de integração, coexistência e respeito por todos os alunos.
A escolha deste tema surgiu
da preocupação com as diversas manifestações de intolerância e de discriminação
existentes no espaço escolar e, logo, o aparecimento de alguns conflitos. A
escola deve acolher as diversas culturas sem interferir nas suas
especificidades próprias, ensinando a viver a diferença, sendo de teor
cultural, social ou econômico.
O presente estudo foi
realizado por meio de revisão bibliográfica.
2 Desenvolvimento
2.1 Desafios da diversidade
cultural no contexto escolar
A escola precisa compreender
a diversidade de sua população, pois é nela que se concentra uma grande
diversidade humana, tendo o encargo de formar pessoas críticas, conscientes e
atuantes. Ela precisa compreender,distinguir e dar significados para oportunizar
e produzir saberes nas diferentes etapas de aprendizagem do conteúdo
culturalmente e socialmente construído pela sociedade.
A escola, para cumprir
melhor sua missão, que é de proporcionar aprendizagens, precisa considerar o
espaço em que vivemos, e a nossa maneira de construir significados.
A escola é um espaço em que
a diversidade cultural facilmente existe e acontece. Ela deve ser um fator
determinante na construção de propostas educativas, onde a mesma por sua vez
não deve entendê-la como algo negativo, mas sim, mostrando as diferenças,
valorizando-as e acima de tudo fazer da escola um lugar para uma educação mais
feliz para todos, onde valores e culturas estejam presentes respeitando-se e
entendo-se.
Na perspectiva de Marin
(2003, p.23), “[...] a educação possibilita a preservação da diversidade
cultural, cria um espaço democrático, dando lugar ao encontro e convivência
entre as diferentes culturas.”.
Portanto, a escola deve ser
um espaço de inclusão, onde a gestão, professores, alunos e funcionários estabeleçam
um comprometimento com o social, com princípios transversais aos conteúdos de
cada disciplina. Princípios esses que devem ser o respeito e o reconhecimento
pelas culturas, encontrando uma harmonia entre alunos de diferentes origens
efetivando uma pedagogia de valorização dessas diferenças.
É fundamental compreender a
missão da escola, pois esta instituição, entre as demais normas que formam a
sociedade, afigura-se a mais privilegiada, pois a ela é confiada o cuidado de
formar cidadãos.
Para que a escola cumpra com
seu papel social que lhe é incumbida, cabe a ela ter uma função responsável,
que garanta a sua supervivência e o seu funcionamento regular, onde deve ter
uma gestão que inclui a planificação, a concepção, a iniciativa, o controle de
atividades e dos resultados na base de soluções disponibilizados.
Em síntese, a escola é uma
instituição por nobreza onde a metodologia de desenvolvimento absoluto do
indivíduo acontece de modo formal. A ela também é confiada essa
responsabilidade, que é de formar pessoasadequadas de conviver com a
desigualdade humana e cultural dos outros. Mas, para isso, a instituição
escolar deverá rever as suas funções e estar à altura de responder as demandas
do mundo global e moderno.
Estamos perante uma
sociedade heterogênea, que é diferenciada essencialmente por uma diversidade
cultural cada vez mais aberta. Numa época complexa, plural, diversa e desigual,
onde sofremos com constantes transformações.
Diante disto a escola
necessitará dispor aos alunos a importância da multiplicidade e diversidade de
culturas, com base em valores, idealizando as diferenças culturais não como
sinônimo de desigualdade, mas sim aceitando as diferenças e procurando
enriquecê-las. Com isso, é necessário que a escola assuma as culturas,
reconhecendo-as, valorizando-as e sobretudo olhar a diversidade como um trunfo
para a constituição de uma sociedade mais justa.
O tema da diversidade vem
gerando um interesse notável na sociedade atual, e várias explicações e concepções
surgiram sobre esta tema, com a ideia de entender este fenômeno que tem uma
repercussão mundial.
Uma das abordagens é que a
diversidade cultural é intrinsecamente positiva, quando se refere ao
intercâmbio de culturas do mundo e também aos vínculos que nos unem nos
processos de diálogo e de troca. Por outro lado, as diferenças culturais
fazem-nos esquecer de que somos todos seres humanos constituindo assim inúmeros
conflitos.
Diante disso, o desafio
fundamental deixa claro que a diversidade cultural está longe de ser uma
ameaça, ela pode ser benéfica nos mais variados domínios da intervenção e
oferece sólidos argumentos na construção de estratégias para o desenvolvimento
sustentável, na garantia do exercício da liberdade e dos direitos humanos e no fortalecimento
da coesão social.
Em resumo, vive-se em uma
sociedade cada vez mais globalizada e plural, surgindo assim à necessidade de
dar mais atenção à diversidade cultural e ao diálogo entre as diversas
culturas. Por isso, é fundamental integrar a diversidade cultural, nas
políticas públicas, e isso poderá contribuir para alcançar a prevenção dos
conflitos, a paz e o desenvolvimento que são os objetivos chave de uma
sociedade.
Viver em uma sociedade em
constantes mudanças, a escola é desafiada e pressionada a acompanhar as
modificações que ocorrem na sociedade, e, sobretudo, proporcionar uma educação
que ultrapasse as fronteiras de espaço e tempo, facultando a cada indivíduo a
competência necessária para saber aceitar, respeitar, dialogar e conviver com a
diferença, ou seja, o outro.
A escola é um espaço de
diversidade cultural, onde a democratização do ensino veio abrir a mesma a
alunos de diversas origens não só ético-religiosa mas também socioeconômica e
cultural. Neste contexto, surge a tomada de consciência de todos os agentes
educativos, para a necessidade de refletir sobre a diversidade no contexto
escolar, e tentar dar respostas satisfatórias aos múltiplos desafios.
Acolhendo a diversidade
cultural como um fenômeno que caracteriza a sociedade atual, Pereira (2007,
p.105) afirma que os sistemas educativos deverão “[...] adaptar novas políticas
e refleti-las na construção e implementação de um currículo formal vocacionada
para a promoção do pluralismo e da igualdade de oportunidades em níveis cada vez
mais elevados.”.
Pereira (2007, p.107) afirma
que,
A escola se torna um espaço
de encontro entre iguais, possibilitando a convivência com a diferença,
de uma forma qualitativamente distinta da família , principalmente,
do trabalho.Possibilita lidar com a subjetividade, havendo a oportunidade para
os alunos falarem de si, trocarem ideias, sentimentos. Potencialmente, permite
a aprendizagem de viver em grupo, lidar com a diferença, com o conflito. De uma
forma mais restrita ou mais ampla, permite o acesso aos diversos códigos
culturais necessários.
Deste modo, entender a
diversidade é dialogar com os outros, nos diversos espaços em que nos
humanizamos, a família, a sociedade, a escola etc.. Portanto, pensar sobre a
escola e a diversidade significa reconhecer, aceitar, respeitar e atender e
diversidade dos alunos, e evitar que as diferenças se convertem em
desigualdades.
Neste sentido, Sousa (2002,
p.4) salienta que,
A escola não pode, por isso,
silenciar as vozes que lhe pareçam dissonantes do discurso culturalmente
padronizado, uma vez que não opera no vazio. Não vale a pena pretender
unificá-lo de maneira abstrata e informal, quando ela se realiza num mundo
diverso.
Diante disso, constata-se
que a escola tem uma função importante na formação dos seus alunos, e sobretudo
acolher a diferença dos mesmos, com os quais se encontra. Uma escola aberta à
diversidade deve dar respostas reais aos educandos que a compõem, rompendo com
modelos rígidos e fechados dirigidos somente a alguns, ainda deve, sobretudo,
adaptar-se à criança, visto que a mesma deve ter uma atitude aberta a mudanças,
e tem que inovar face às mudanças ocorridas, baseadas numa concepção crítica,
como forma de achar novas formas de melhorar a qualidade do ensino, buscando
soluções mais adequadas a situações recentes.
As tentativas pedagógicas
recentes pretendem encontrar competências transversais através dos saberes,
articulando-as com as diferentes maneiras de aprendizagem dos alunos, no
sentido de desenvolver pedagogias plurais e diferenciadas. Deste modo, a
questão pedagógica central é a tomada em consideração da diferenciação, o que
significa que o projeto base é fazer da heterogeneidade um valor a respeitar,
promovendo os elementos que unem os alunos.
Apesar de a escola abrir as
porta para todos, muitas vezes vemos que a ideia de inclusão é muito mais ampla
do simplesmente trazer o indivíduo para a escola comum, implica dar uma outra
lógica à escola, de forma que todos encontrem o seu espaço e sentir-se como
integrante da vida escolar.
Daí então a diversidade é o
foco central da mudança, isto é, essa diversidade que fez a escola rever o modo
como vê e percebe o ser humano, para além de meras características físicas,
mentais ou intelectuais. Estas e tantas outras questões leva a crer que ainda
falta algum entendimento acerca da diversidade, na relação conflituosa entre
homogeneidade e heterogeneidade, e também sobre as questões que envolva a
inclusão, não só da pessoa com deficiência, mas de todos os que têm seus
direitos negados.
Deste modo, à não-adequação
às normas supostamente homogêneas, o melhor caminho tem sido a exclusão.
Percebe-se que a escola, ao impor uma única norma para todos os alunos, esquece
que ela própria é formada por uma representação fidedigna da sociedade, ou
seja, assim como a sociedade, a escola é composta pela diversidade humana, onde
esta antes de tudo é benéfica pelo fato de proporcionar a diferenciação das
ações.
Salienta-se que o aluno
independentemente da classe social, etnia, preferência sexual, cultura,
religião, e capacidade intelectual necessita ter a possibilidade de ver-se como
parte da escola, como um sujeito do processo educacional. A escola por sua vez
precisa rever sua postura, seus entendimentos acerca do mundo, do aluno, da
sociedade, do ser humano, de diversidade, de inclusão e de tantos outros, para
assim entender que excluir só reforça a ideia de que não se tem competências
para aceitar a diferença.
Percebe-se então que medidas
simples podem ser tomadas. A escola deverá direcionar-se para um ensino que,
além de reforçar a integração solidária, e os procedimentos cooperativos,
auxilie o aluno a se ver, e a se perceber como parte do sistema escolar,
independente de suas particularidades. Contribuir para que realmente o processo
educacional cumpra aquilo que se pressupõe, que é formar alunos críticos,
solidários e cidadãos conscientes, só acontece quando o aluno perceber-se como
parte do processo, ou seja, incluído e respeitado em sua individualidade.
Na perspectiva de Mittler
(2003, p.236), o significado da inclusão ultrapassa,
A colocação da criança
individual nas escolas, mas é criar um ambiente onde todos possam desfrutar o
acesso e o sucesso no currículo e tornarem-se membros totais da comunidade
escolar e local, sendo desse modo valorizados.
A inclusão envolve uma
mudança de cultura e de organização da escola, para que se possa assegurar o
acesso ao conhecimento de todos os educandos que frequentam a escola.
Em resumo, impõe-se que a
organização escolar assuma o compromisso de pluralismo, que promova a
integração de todos os alunos no sistema, em vez de um tratamento específico a
certos alunos, pois se acredita que toda forma de segregação acentua-se nas desigualdades
entre os alunos, não promovendo a diversidade, e nem contribuindo para a
construção para o processo identitário.
A diversidade cultural na
sala de aula ganha maior visibilidade, visto como um lugar de encontros, onde
cada vez mais se depara com alunos com culturas e características heterogêneas.
Esta heterogeneidade deve ser repensada, o que exige que cada sala de aula se
valorize o pluralismo, em detrimento de uma visão etnocêntrica do mundo,
unicamente centrada nas culturas dominantes.
Nesta perspectiva,
Perestrelo (2001, p.37) salienta que,
Na sala de aula se encontra
uma múltipla diversidade de culturas com diferentes saberes, sistemas de
valores, crenças e de interpretações do mundo, hábitos, modos de agir,
expectativas, necessidades e projetos de vida.
Neste sentido, a tarefa da
escola é conseguir reconhecer as diferenças, não só as culturais, mas também os
diferentes ritmos e estilos de aprendizagem, de interesses e capacidades. É um
desafio que compete a todos, adotar no sentido de cada vez mais caminhar-se
para uma sociedade em que seja formada por indivíduos responsáveis, críticos,
atuantes e solidários, conscientes de seus direitos e deveres.
O reconhecimento desta
diversidade da sala de aula é de uma fonte de riqueza inesgotável, é uma
realidade onde os professores e demais agentes educativos confrontam-se
diariamente, exigindo uma postura reflexiva sobre o processo de ensino e de
aprendizagem. Os educadores têm um grande papel a desempenhar, cabe-lhesajustar
os conteúdos às necessidades dos alunos, ou seja, deve fazer uma
práticapedagógica diferente, promovendo atividades que vão além de explicar,
perguntar e avaliar, é preciso definir atividades que ajudem na interação entre
os alunos.
Outro aspecto importante é a
diversificação do método de avaliação, o que se pressupõe que o professor deva
considerar que não existe uma única forma para avaliar a aprendizagem, e que
nem todos os alunos têm que ser avaliados do mesmo modo e com os mesmos
instrumentos.
Finalmente para fazer a
gestão da diversidade, todos os professores deverão utilizar métodos baseados
no reconhecimento que estudantes têm capacidades ou habilidades de aprendizagem
diferentes. É fundamental, por isso, que se determinem os objetivos da
aprendizagem, dos conceitos que se pretende efetivamente que os alunos
adquiram.
A educação multicultural
abriu o caminho para o campo educativo, onde hoje podemos nos inquietar pelo
desejo de compreender e buscar novas possibilidades pedagógicas, permitindo
assim que se atue em uma perspectiva de respeito com a nossa rica diversidade
cultural.
Segundo Gonçalves e Silva
(1998, p.52),
O multiculturalismo emerge
em território como movimento social em defesa das lutas dos grupos culturais
negros e outras minorias, mas também, como abordagem curricular contrária a
toda forma de preconceito e discriminação no espaço escolar.
Este movimento surgiu
inicialmente desvinculado do sistema educativo, aliado aos movimentos sociais.
O multiculturalismo aparece como um movimento de reivindicação dos grupos
culturais para serem reconhecidos como representantes da cultura nacional.
Ao longo das últimas
décadas, esse movimento social engajou-se na defesa da diversidade cultural, e
vem ganhando espaço nas discussões e debates, nas mais diversas perspectivas e
vertentes
Segundo Freitas (2012 p.83),
“[...] a educação é multicultural porque abriga em seus espaços múltiplas
culturas, e pode ser intercultural se houver diálogo, troca e aprendizado entre
elas.”.
A escola é o espaço onde se
dá a socialização e a diversidade cultural é encontrada. Portanto é necessário
que haja um convívio multicultural que implica respeito ao outro, um diálogo
com os valores do outro.
Ferreira (2003, p.120)
acrescenta ainda que:
Um importante objetivo da
educação multicultural é a de ajudar osalunos a desenvolverem o espírito
crítico e a adquirirem os conhecimentos, as atitudes, as capacidades e o
empenhamento necessários para participarem numa atividade democrática, que
contribua para que os ideais de democracia se tornem realidades.
A educação multicultural
procura realizar os princípios democráticos da justiça social através de
pedagogias críticas, adaptando-se conhecimentos, desenvolvendo-se a
reflexão-ação que permita aos futuros cidadãos, participar nas transformações
sociais no sentido de se atingir níveis cada vez mais elevados de igualdade de
oportunidades. Rejeita e combate todas as formas de discriminação na escola e
na sociedade. Aceita e defende o pluralismo representado pelos alunos e pelas
suas famílias. Esta educação deve ser vista como um processo de mudança, que
obriga a escola a se organizar administrativa e pedagogicamente,
estruturando-se de modo a acolher da melhor forma possível a diversidade dos
alunos, implicando reajustes do currículo, de modo a proporcionar a todos os
alunos igualdade de circunstâncias educativas.
Seja qual for a forma ou a
concepção adotada pelos diversos atores, entende-se que a educação
multicultural é uma questão fundamental no campo educativo, dado que nas
escolas prevalece uma grande heterogeneidade cultural e ética, devendo
valorizar-se a diversas culturas e o respeito pela diferença.
Ferreira (2003, p.96)
refere-se ao interculturalismo como,
A interação entre culturas
de uma forma recíproca, favorecendo ao seu convívio e integração assente numa
relação baseada no respeito pela diversidade e no enriquecimento
mútuo. A expressão também
define um movimento que tem como ponto de partida o respeito pelas outras
culturas, superando as falhas de relativismo cultural, ao defender o encontro,
em pé de igualdade, entre todas elas.
Entende-se que este contato
entre indivíduos é fundamental, pois somos portadores de fragmentos culturais.
O termo intercultural deverá remeter-nos para o diálogo e interação entre as
culturas. Esse diálogo é um meio de possibilitar o enriquecimento mútuo.
Entretanto, o interculturalismo propõe que se aprenda a conviver num mundo
pluralista e respeite-se e defenda-se a humanidade no seu conjunto.
A educação intercultural é
uma educação para a alteridade, isto é, para entrar em contato com que é
simultaneamente diferente e semelhante, onde o processo educativo precisa
basear-se, sobretudo, em uma pedagogia que promove a interação, a compreensão,
o reconhecimento do outro e da sua diversidade, a tolerância, a igualdade de
oportunidades educativas e sociais para todos.
Ferreira (2005, p.55),
afirma que,
Esta pedagogia possibilita
não só a determinação de suas próprias representações dos modelos do
seu sistema de valores, mas também a identificação das
representações e dos sistemas de valores e de normas dos outros indivíduos e
grupos, constituindo assim um meio de conhecimento e de aprendizagem do outro e
de compreensão intercultural.
É nesta linha de análise que
se entende a educação intercultural, como toda a formação que leva em conta a
diferenças culturais dos alunos. Neste sentido o processo de interação entre as
diversas culturas no contexto escolar. A co-aprendizagem é importante, dado que
tanto o saber como as relações sociais estão em permanente construção, cabendo
à escola fomentar o diálogo, eliminando o confronto. É necessário conviver com
o outro, respeitar o outro, valorizá-lo e aprender com ele.
Peres (2000, p.70) aponta
que a nova competência intercultural compreende quatro dimensões,
Saber – conhecimento
sociocultural da(s) comunidade(s); conhecimento, consciência e entendimento das
diferenças entre nosso mundo e o deles.
Saber fazer – competências e
atitudes interculturais, que inclui a capacidade de estabelecer relações entre
a nossa cultura e a outra cultura, também a capacidadepara reconhecer e
utilizar várias estratégias para estabelecer contato com os outros, e a
capacidade para desempenhar o papel de intermediário cultural entre a nossa e a
cultura do outro, e para controlar situações de desentendimento e conflitos
culturais entre eles.
Saber ser – qualidades afetivas
como atitudes positivas em relação ao outro, interesse nas ideias, nos valores
culturais, nas experiências dos outros, a relativização do ponto de vista e do
sistema cultural.
Saber aprender – a
capacidade para reagir positivamente à aprendizagem de uma outra cultura, a
adaptação as novas experiências (povos, linguagens, modos de fazer coisas). É
nesta dimensão que se desenvolve a competência intercultural.
Com base nestas
competências, a educação intercultural deve acentuar, porque se acredita que
para agir de uma forma verdadeiramente humana, é necessário irmos ao encontro
do outro e viver a sua cultura, descobrindo que é possível superar as
diferenças, e poder transformar a realidade. Para o âmbito escolar é preciso
que todos os agentes educativos criem dispositivos pedagógicos que permitam uma
convivência entre eles, aprendendo-se a negociar de uma forma pacífica os
conflitos, promovendo-se uma aprendizagem cooperativa. A escola precisa e deve
ser um lugar de encontro e de convivência entre as culturas.
O papel do educador na
perspectiva da diversidade cultural é um indivíduo que ensina, mas tem que
perceber que não é só depositar os seus conhecimentos, para que seu papel seja
bem desempenhado. Em contextos escolares multiculturais, a capacidade técnica bem
como o domínio dos conteúdos e da metodologia por parte dos educadores são
insuficientes. Para assegurar-se uma educação efetiva dos estudantes de
culturas diferentes, os professores terão de ser capazes de modificar
estratégias de ensino que possam respeitar e desafiar os alunos dos diversos
grupos culturais.
Entretanto, uma educação sem
fronteiras e que trabalhe no sentido de entender as diferenças, requer preparo
por parte do educador, uma vez que, para lidar com a diversidade, necessita-se
compreender como ela se manifesta e em que contexto. O professor que acolhe
seus alunos é um sujeito reflexivo, que percebe e respeita as diferenças,
constrói um ambiente de igualdade, propicia uma segurança aos seus alunos, e
isso refletirá em melhor e maior aprendizado.
Os professores terão de
estar conscientes de que a escola reflete a sociedade e a comunidade
envolvente. E, de certa forma, são influenciadas pelo poder de uns em relação a
outros que se verifica na comunidade envolvente. O professor tem de analisar a
realidade dos alunos para perceber como isso pode influenciar nas dinâmicas de
sala de aula, para poder intervir e abolir as práticas de exclusão e de
discriminação. O professor deve compreender e entender o aluno, e tudo o que
traz para a sala de aula, deve estar consciente de suas opiniões, perspectivas,
concepções e sentimentos, enquanto cidadão e professor numa sociedade
multicultural.
Segundo Cardoso (2001,
p.49),
Os profissionais da educação
devem ser profissionais da cultura, e não de um padrão único de aluno, de
currículo, de conteúdo, de práticas pedagógicas e de atividades escolares.
Somos diferentes em raça/etnia, nacionalidade, sexo, idade, gênero, crenças, classe.
Tudo isso está presente na relação professor/aluno.
A criança, quando ingressa
na escola, já possui conhecimentos, conceitos, informações, experiências
vividas e até preconceitos derivados de agentes socializadores, tais como a
família, vizinhos e meios de comunicação. É em uma visão multicultural que o
professor deve pautar a sua forma de estar na sala de aula, tornando-a um lugar
de aprendizagem não só de conteúdos, também onde pode ensinar algo aos outros e
acima de tudo aprender com eles. A escola e os docentes tem o dever de
valorizar, aceitar e aproveitar os saberes, valores, interesses e capacidades
que os alunos apresentam, pois eles não entram para a escola como uma tábula
rasa, uma mente vazia.
O ato de educar é um
processo que deve sofrer mudanças contínuas sendo repensado e reinventado a
cada instante. A sociedade atual encontra-se em constantes transformações,
exigindo dos educadores, e também daqueles que legislam em favor da diversidade
cultural, o repensar das práticas educativas.
Sobre este processo, Didonet
(an apud CAMPOS (2005, p.86), no poema “Para você me educar” diz:
Você precisa me conhecer.
Precisa saber da minha vida, meu modo de viver e sobreviver. Conhecer a fundo
as coisas nas quais eu creio e às quais me agarro nos momentos de solidão,
desespero, sofrimento. Precisa saber e entender as verdades, pessoas e fatos
aos quais atribuo forças superiores às minhas e às quais me entrego quando
preciso ir além de mim mesmo.
Para você me educar, precisa
me encontrar lá onde eu existo, quer dizer, no coração das coisas, nos mitos e
nas lendas, nas cores e movimentos, nas formas originais e fantásticas, na
terra, nas estrelas, nas forças dos astros, do sol e da chuva.
Para você me educar, precisa
estar comigo onde estou, mesmo que você venha de longe e que esteja muito
adiante. Só há uma forma de construí-lo: a partir de mim mesmo e do meio em que
vivo. [...]
O contexto escolar deve ser
pensado como um espaço de livre expressão e da possibilidade de escolhas
conscientesacerca dos caminhos e dos ideias que pretendemos seguir. O processo
educativo deve oferecer instrumentos e alternativas para que os indivíduos
tomem consciência sobre si, sobre o outro e sobre a sociedade na qual vivem,
caracterizando-se um encontro de diálogo, transformação do mundo e humanização
de todos.
3 Conclusão
Através deste trabalho
analisou-se e compreendeu-se como trabalhar e encarar o fenômeno da Diversidade
Cultural presente na escola, pois é nela que encontramos uma diversidade humana
(alunos, professores, órgãos administrativos, funcionários, comunidade escolar
e demais pessoas) cada um com seus hábitos, culturas e crenças diferentes.
Em vários momentos,
utilizaram-se citações de diferentes autores com o objetivo de chamar atenção
para o tema proposto e a sua relação com a educação.
Durante este estudo,
percebeu-se que nossa identidade é produto de uma série de situações e
experiências acumuladas ao longo de nossas vidas, que nos diferenciam dos
outros com os quais convivemos.
Essas diferenças são
resultados da cultura que incorporamos e na qual nos identificamos como
sujeitos–atores sociais. Nossa cultura se expressa não somente pela linguagem
que falamos, pelas roupas que vestimos ou pela comida que comemos, mas também
pelas ideias e pelos símbolos que construímos.
Pode-se afirmar que a
diversidade cultural no contexto escolar está a crescer, e cada vez mais
transforma as nossas instituições escolares em espaço de diversidade. Surge
assim a responsabilidade da escola em assegurar a igualdade de oportunidades de
aprendizagem para todos. A escola pode ser este lugar. Deve sê-lo.
Percebemo-nos como
indivíduos e como grupos quando formos capazes de identificar as diferenças que
existem entre nós e os outros. Quando isso acontece e apreendemos as diferenças
de forma respeitosa, também descobrimos que a humanidade é composta por um
conjunto de diferenças, culturas, religiões, saberes, crenças, valores etc. Não
é possível fazer educação sem esse entendimento.
Por fim, resta reforçar a
ideia de que a educação é uma ciência, mas também é a arte de criar, conviver e
compartilhar. E, nesse contexto, o educador é o cientista que se debruça na
pesquisa, na busca pelo conhecimento, sem esquecer que, para além da ciência,
outros saberes são construídos fora da escola. A educação sempre se fará presente
onde seres humanos, reunidos e em constante comunicação, convivem, aprendem a
ser, a viver juntos, a fazer, a transformar e a conservar a natureza por meio
da sua cultura.
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