A
Disney, mundialmente conhecida do público infantil e adulto por produzir um
mundo de fantasias representados nos seus personagens, é pouco questionada
pelas mensagens por atrás das “fantasias”.
Partido
do pressuposto de que os personagens infantis receberam novas roupagens para
acompanhar o desenvolvimento dessas crianças, quer vão ser adolescentes e
adultos, os produtos seguem a mesma faixa etária, Giroux (2001) aborda as
representações construídas pelos filmes animados produzidos pela Disney, destacando
o seu papel em moldar a infância.
Para
Giroux (2001), os desenhos animados operam em vários setores da comunidade,
sendo mais persuasivo o seu papel de produtor da cultura e de ideologia,
tomando o lugar das instituições (escolas, igrejas, famílias) anteriormente
responsáveis pela transmissão de valores. Os valores difundidos pela Disney e
reproduzidos no mercado quando as crianças se tornam consumidores ativos,
preocupa pelo poder das crianças de convencimentos dos adultos na aquisição de
produtos. Mas, há outras preocupações. Que mensagens ocultas são reproduzidas
nos desenhos?
Os
estereotípicos implícitos nas imagens poder alguns trazer as ideologias dos
seus criadores. Para exemplificar esta situação, utilizaremos o filme A Pequena
Sereia. A história tem como personagem central uma típica garota americana
chamada Ariel, rebelde, com corpo de modelo, subordinada ao homem “pai”, que
conhece um humano e faz um acordo com a bruxa Ursula para ter um par de pernas
e, em trocar, perde a sua bela voz. Em suma, percebemos que esta representação
de mulher submissa é tradicionalmente explorada pela Disney. Trazendo como
personagem central uma mulher de beleza perfeita que não discorda das ordens
dos dominantes, o filme reforma o papel da mulher submissa, fato bastante
recorrente nestas produções. Os criadores optam por não mostrar as conquistas
das mulheres. A ausência de representação nas telas de mulheres que não
precisam do homem como provendo, que são mães, trabalham, mostram sim o
preconceito existente na sociedade patriarcal e no cinema produzido pela Disney
para o público.
“Um
tipo de gênero estereotipado (...) que tem um efeito adverso nas crianças, em
contrate com o que os pais pensam. (...) Os pais pensam que eles são
essencialmente inofensivos - e eles não são
inofensivos” (Giroux, 2001, p. 98-99). Gostaria de destacar que o estúdio
Disney não só utilizam o estereótipo de gênero, mas podemos encontrar também o
racismo contra os negros, os preconceitos contra os nativos americanos e
árabes. Percebe-se que os estereótipos são repetidos em diferentes graus e em
diversas formas na linguagem, atitudes caricatas, dentre outras, em todos os
filmes produzidos.
Sabemos
que as crianças estão bastante expostas a formas de manipulação, mas que também
são dotadas de grande capacidade como ser humano, e mais tarde saberão filtra
essas informações e criar seu próprio mundo. Contudo, cabe também aos
educadores e pais problematizarem os conteúdos dos filmes e exigirem histórias
representativas da sociedade do século XXI sem esquecer que além do
entretenimento, eles filmes animados podem ser exemplos de utopias.
REFERÊNCIA:
GIROUX,
Henry. Os filmes da Disney são bons para seus filhos? In: STEINBERG,
Shirley R; KINCHELOE, Joe L. In: _____ (Orgs.). Cultura
infantil: a construção corporativa da infância. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2001. (p. 87-108)
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