As
relações interpessoais entre professor/aluno no cotidiano, em sala de aula, nem
sempre são as ideais. Há variados fatores que influencia este relacionamento,
pois, cada um é um ser distinto e único, com costumes e culturas
diferenciadas nas questões morais e disciplinares.
Assim
para que esta relação seja efetiva, deve existir uma interação entre professor-
alunos e a instituição de ensino. Além disso, esta relação tem que ser pautada
no respeito mútuo, na vontade de ensinar e de aprender, na participação de
todos, com autonomia e responsabilidade.
Observado
através do comportamento dos acadêmicos o professor posiciona sua
"estratégia" metodológica para que este relacionamento seja o mais
favorável para ambos.
O
ambiente acadêmico deve favorecer a ocorrência da interação social dos alunos e
o professor no ato de mediar e construir conhecimentos. A qualidade da
relação professor-aluno não depende do contexto didático, técnico-pedagógico ou
ainda, da instituição educacional.
Segundo
citação de Abreu e Masetto (1997, p.113), também reforçada por Roncaglio (2004,
p. 1): "o professor e o aluno interagindo forma o cerne do processo
educativo, sabendo que essa prática é eficaz para que o aluno desenvolva um
comunicativo-facilitador de aprendizagem".
Sendo
assim e por achar que as relações interpessoais são relevantes para o ensino e
para a aprendizagem que se definiu como objetivo central deste estudo
identificar a relação professor/aluno no ensino superior.
Evidencia-se
que as novas tecnologias são excelentes ferramentas para aprendizagem, mas não
pode substituir o docente, mesmo possibilitando fácil acesso as informações. O
docente deve estar preparado para sanar dúvidas e dar sustentáculo para os
alunos, intelectualmente e psicologicamente.
Para
que o objetivo seja atingido, fez-se necessária a metodologia de pesquisa
bibliográfica fundamentada em autores consagrados relacionados ao tema.
O
COTIDIANO NA UNIVERSIDADE
A
Universidade como qualquer outra instituição, deve deixar clara e evidenciada
sua função social, pois assim não haverá tantos enganos e desencontros que a
afastem de seus intuitos e objetivos.
Sendo
assim tomar-se-á como base o que tem atravancado, nos dias atuais, esta
variação, ou seja: a relação entre professor/aluno; o ensino/aprendizagem; e o
respeito/indisciplina.
O
professor que é comprometido com ato de ensinar deve planejar estudar e até
experimentar suas aulas para, de antemão, garantir o mínimo de sucesso. Segundo
Mascellani (1980, p.128 apud MENDONÇA et al., 2014, p. 8),
O
educador que não se organiza de modo satisfatório para questionar as condições
dentro das quais vive [...] não conseguirá sequer ter comportamentos autênticos
diante daqueles que deve educar, ou, pelo menos, diante dos alunos que estão
colocados diante de si, destinatários de sua ação educativa.
O
professor não é o que transmite conteúdo e sim o que é questionado e
questionado, interagindo e refletindo junto com os acadêmicos. Assim como Paulo
Freire (1993, p.43) insiste "na reflexão crítica sobre a
prática", onde a reflexão é voltada para a prática pedagógica. Como seria
o conviver e aprender na escola? Seria de um modo condicionado?
É
preciso que as aulas sejam significativas para que a relação ensino
aprendizagem ocorra efetivamente e se concretize. Neste sentido, Freire (1996,
p.16) indica que:
Ensinar
exige respeito aos saberes dos educados. Por isso mesmo pensar certo para o
autor, coloca ao professor ou, mais amplamente, a escola, o dever de não só
respeitar os saberes com que os educados, sobretudo os das classes populares,
chegam a ela saberes socialmente construídos na prática comunitária.
Sabe-se
que a sala de aula não pode ser exclusivamente um lugar de transmissão teórica,
mas inclusive de conquista de valores e de comportamentos sociais, para que as
relações estabelecidas entre professores e universitários tornem-se
decisivo no processo pedagógico, de acordo, inclusive com os ideais de Freire
(1996).
A
inteiração professor- universitário pode tanto ser positiva como negativa, pois
professor- universitário formam um par complementar complexo e dinâmico. è
preciso investir tanto no universitário quanto no professor para que cada um
não se transforme em um problema, onde sempre o maior prejudicado será sempre o
universitário.
Aluno
em interação com próprios colegas e com professores requer ambiente agradável e
fecunda gestão democrática, supondo acordo, negociação e administração de
conflitos, aprender com o outro numa perspectiva de cooperação e colaboração,
sem dependência encaminhada para autonomia intelectual, desenvolvendo
pensamento reflexivo.
Que
a função do professor de ensinar e de aprender, não seja somente aulas
expositivas, não podendo deixar distanciamento nas relações interpessoais,
medir a aprendizagem e ao mesmo tempo estar interagindo com o outro. É
importante a interação entre sujeito, objeto e a interatividade como processo
sócio individual de aprendizagem. (VIGOTSKY e COLE, 1998).
O
professor universitário também deve promover a interação com os outros seus
alunos para facilitar a construção do conhecimento do graduando.
Lucena
(2003) apresenta uma sugestão no processo interativo: oferecer desafios
variados aos alunos, propor questionamentos e atividades desafiadoras, trabalhar
em grupo, levando em consideração a zona de desenvolvimento proximal.
Sendo
assim e por achar que a relação interpessoal é relevante para o
ensino/aprendizagem especificamente a relação professor/aluno e aluno/aluno é
que a educação deve pautar seu ensinamento dentro de uma política humanitária e
igualitária potencializando um dos pilares da educação aprender a conviver.
(GADOTTI, 1992).
É
fato que cada profissional deve conhecer seus alunos e ter uma relação de
amizade e também de autoridade, porém o diálogo sempre será o mais sensato a se
fazer continuadamente. Portanto a harmonia, o bom senso, a amizade e a
cumplicidade será de longe um bom princípio para a relação professor/aluno
universitário e vice-versa, tendo em vista o bom relacionamento entre ambos.
Neste sentido Gadotti (1992, p.2), nos ensina que,
Para
por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de
quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição
humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um
homem "perdido", fora da realidade, mas alguém que tem toda a
experiência de vida e por isso também é portador de um saber.
Para
ampliar o conceito de ensinagem, Anastasiou (1998) faz uma diferenciação
entre o conceito de ‘aprender' e ‘apreender'. Para a autora ‘aprender'
significa "tomar conhecimento, reter na memória mediante estudo, receber a
informação" (ANASTASIOU, 1998, p.14) e ‘apreender' significa "segurar,
prender, pegar, assimilar, entender, compreender e agarrar".(ANASTASIOU,
1998, p.14).
FORMAÇÃO
DE PROFESSORES E A RELAÇÃO COM ALUNOS
Segundo
Louro (1997) e Bolzan (2002), durante muitos anos acreditou-se que instituição
possuía o poder em relação aos conhecimentos, tornando-o o único caminho
possível para a aprendizagem e desenvolvimento do indivíduo. Além disso,
proporcionava aos seus frequentadores um destaque social inegável e um
reconhecimento que legitimava suas práticas. Esta se baseava na transmissão de
conteúdo intelectual formal, por meio do uso de práticas docentes mecânicas que
repetiam o que os livros diziam, não permitindo a participação e envolvimento
de seus alunos por considerar o sujeito desprovido de qualquer tipo de
conhecimento que pudesse ser valorizado.
Porém
com o passar do tempo, segundo Louro (1997), vários estudos começaram a ser
realizados, abrindo espaços dentro das instituições para práticas que valorizam
o aluno e exige dos professores a tomada de consciência sobre o processo de
ensinar e aprender, oferecendo a toda comunidade escolar e a sociedade, uma
formação mais crítica.
Para
o mesmo autor, nesse sentido, assumindo-se professor reflexivo, ele conquista
autonomia no seu fazer, pois ele fica sujeito a imposições fora de sua aula,
passando a agir de forma consciente e de acordo com a realidade na qual está
inserido. (LOURO, 1997).
Assim,
levando essas concepções para as instituições de Ensino superior que é o foco
de estudo, vemos a reflexão como fator de fundamental importância na atuação da
prática universitária.
De
acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), o magistério na
educação superior deve ser exercido prioritariamente, por pessoas com titulo de
mestre ou doutor.(BRASIL, 1996). No entanto, os cursos de pós-graduação Stricto Sensu usualmente oferecem
mais disciplinas que visam à formação do pesquisador, com numero mais limitado
de matérias voltadas para a docência. E isso acontece a despeito de o Plano
Nacional de Pós Graduação (PNPG) incluir, entre os objetivos da pós-graduação a
capacitação de docentes para as instituições de educação superior (BRASIL,
2011-2020).
Assim,
a formação dos professores universitários é uma preocupação atual e real,
já que estes têm apresentado em seus resultados, mediante os formandos e em
suas práticas acadêmicas, despreparo para formar profissionais, o que interfere
diretamente na qualidade da Educação.
Uma
das maiores dificuldades no ensino superior é que muitos professores
universitários nunca tiveram práticas docentes em instituições além da própria
universidade, segundo Behrens (2002 apud NEUENFELDT, 2014).
Portanto
uma aula bem pensada, bem realizada com certeza chamará a atenção dos alunos,
pois será ele mesmo o agente de sua aprendizagem, assim esta relação deverá
estar pautada na confiança e respeito mútuo, onde a cumplicidade será um
elemento a mais para garantir o ensino/aprendizagem.
ASPECTOS
COGNOSCITIVOS DA INTERAÇÃO
O
professor deverá estar inteirado das teorias para que sua prática seja
efetivada com sucesso, pois se assim não for o mesmo não conseguirá atingir sua
meta, planejar é importante e necessário. (NEUENFELDT, 2014).
O
aluno não aprende por partes e depois vai adicionando umas sobre as outras, a
aprendizagem ocorre quando o aluno é instigado a pensar sobre a problemática
refletindo sobre suas conclusões validando ou não suas respostas. Neste
sentido, Libâneo (1994, p.250) afirma que,
O
professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve
os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a
expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As
respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação
do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos.
Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
Assim
é importante ressaltar que a interação entre aluno/aluno, aluno/professor é de
suma importância, pois é através da troca com o outro que ocorre efetivamente
aprendizagem. Sendo assim o aluno universitário irá progredir em sua
aprendizagem a partir do estudo em grupo, trocando, testando, errando e
acertando.A troca de informações e de ideias faz parte da aprendizagem, pois há
alunos que conseguem aprender melhor com uma conversa informal com os amigos do
que em sala de aula com o auxilio do professor.
Mesmo
não sendo este momento o mesmo para todos, o que realmente importa é que ele
ocorra, em todos os segmentos da vida e não somente na escola, de acordo com os
ideais de Freire (1996, p.95), que confirma: "[...] o fundamental é que
professor e alunos saibam que a postura deles é dialógica, aberta, curiosa,
indagadora e não apassivada, enquanto falam ou enquanto ouvem".
Afinal
o diálogo é uma ferramenta da humanidade para se chegar a um denominador comum,
é com esta arma que podemos criticar e ser criticado, aprender e ensinar.
Os
aspectos sócios emocionais se referem aos vínculos afetivos existentes entre
professor e alunos, como também a forma de se portar e estar em sala de aula,
pois a disciplina não deve ser imposta, mas conquistada. Elias (1996, p.99),
confirma: "[...] é por intermédio das modificações comportamentais da área
afetiva que a escola pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais
que a justificam como instituição social".
As
relações afetivas devem ser cultivadas para o bom andamento da escola e para o
relacionamento entre as pessoas, pois valores são passados através desta boa
convivência. Cabe ao professor fazer a ponte para as relações, tendo em visto o
benefício que trará para a aprendizagem, porém as especificidades de cada um,
bem como, cultura, regionalismo, deve ser respeitada.
Conviver
bem não é tão fácil assim, contudo se tivermos o bom senso, a vontade política
e a tolerância, poderão coexistir.
Enfim
viver bem é um exercício social, quando se tem amigos é mais fácil passar por
certas situações diferentemente daqueles que ficam sozinhos em seu mundo
levando-o a uma depressão e isolamento.
Assim
o professor deve manter sua autoridade, de forma que a autoridade não deve ser
confundida com repressão ou qualquer posição que leve a denegrir a imagem tanto
do professor como a do aluno.
Vale
lembrar, a tecnologia deve deixar espaço para o universitário construir seu
próprio conhecimento, sem se preocupar em repassar conceitos prontos, o que
frequentemente ocorre na prática tradicional sendo que a mesma auxilia o aluno
na construção de seu próprio conhecimento.
As
tecnologias de comunicação (TICs) não mudam necessariamente a relação pedagógica,
elas apenas enriquecem as aulas. É inegável que as tecnologias abrem portas
para a informação de forma mais acelerada e permitem uma nova tendência frente
ao Ensino Superior. Possibilita que alunos exponham ideias além das
"paredes" das salas de aula, pesquisem conteúdos juntamente com
outros acadêmicos de outras localidades e o mesmo ocorre com professores junto
à pesquisa e compartilhamento de informações.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Ao
terminarmos este estudo pudemos perceber o quanto é importante e favorável a
interação de afeto com o outro, pois assim inicia-se uma relação de
cumplicidade e confiança.
Assim,
com este estudo espera-se contribuir para que nós professores tenhamos que pensar
e repensar nesta relação de amor e afetividade e qual relação que se mantêm com
a mesma a partir do momento que fazemos parte do processo do
ensino/aprendizagem universitário.
Podemos
concluir que, criar condições favoráveis para os profissionais mediarem seus
conhecimentos onde os alunos possam interagir debatendo, discutindo as
situações vivenciadas no cotidiano escolar é o que se faz mister para
o melhor relacionamento professor-aluno universitário, melhorando, inclusive a
qualidade na educação.
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São Paulo: Martins Fontes, 1998
Oi Gisele, sou estudante de História pela UFSM, e estou fazendo um trabalho utilizando da sua pesquisa. Gostaríamos de usa-lo como fonte e se possível, saber mais dados sobre você. Se é és professora de historia e se sim, formada em qual instituição. Gratidão, Cláudia.
ResponderExcluirOi Gisele, sou estudante de História pela UFSM, e estou fazendo um trabalho utilizando da sua pesquisa. Gostaríamos de usa-lo como fonte e se possível, saber mais dados sobre você. Se é és professora de historia e se sim, formada em qual instituição. Gratidão, Cláudia.
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