segunda-feira, 6 de outubro de 2014

EDUCAÇÃO E DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

As relações interpessoais entre professor/aluno no cotidiano, em sala de aula, nem sempre são as ideais. Há variados fatores que influencia este relacionamento, pois, cada um é um ser distinto e único,  com costumes e culturas diferenciadas nas questões morais e disciplinares.
Assim para que esta relação seja efetiva, deve existir uma interação entre professor- alunos e a instituição de ensino. Além disso, esta relação tem que ser pautada no respeito mútuo, na vontade de ensinar e de aprender, na participação de todos, com autonomia e responsabilidade.
Observado através do comportamento dos acadêmicos o professor posiciona sua "estratégia" metodológica para que este relacionamento seja o mais favorável para ambos.
O ambiente acadêmico deve favorecer a ocorrência da interação social dos alunos e o professor no ato de mediar e  construir conhecimentos. A qualidade da relação professor-aluno não depende do contexto didático, técnico-pedagógico ou ainda, da instituição educacional.
Segundo citação de Abreu e Masetto (1997, p.113), também reforçada por Roncaglio (2004, p. 1): "o professor e o aluno interagindo forma o cerne do processo educativo, sabendo que essa prática é eficaz para que o aluno desenvolva um comunicativo-facilitador de aprendizagem".
Sendo assim e por achar que as relações interpessoais são relevantes para o ensino e para a aprendizagem que se definiu como objetivo central deste estudo identificar a relação professor/aluno no ensino superior.
Evidencia-se que as novas tecnologias são excelentes ferramentas para aprendizagem, mas não pode substituir o docente, mesmo possibilitando fácil acesso as informações. O docente deve estar preparado para sanar dúvidas e dar sustentáculo para os alunos, intelectualmente e psicologicamente.
Para que o objetivo seja atingido, fez-se necessária a metodologia de pesquisa bibliográfica fundamentada em autores consagrados relacionados ao tema.

O COTIDIANO NA UNIVERSIDADE
A Universidade como qualquer outra instituição, deve deixar clara e evidenciada sua função social, pois assim não haverá tantos enganos e desencontros que a afastem de seus intuitos e objetivos.
Sendo assim tomar-se-á como base o que tem atravancado, nos dias atuais, esta variação, ou seja: a relação entre professor/aluno; o ensino/aprendizagem; e o respeito/indisciplina.
O professor que é comprometido com ato de ensinar deve planejar estudar e até experimentar suas aulas para, de antemão, garantir o mínimo de sucesso. Segundo Mascellani (1980, p.128 apud MENDONÇA et al., 2014, p. 8),
O educador que não se organiza de modo satisfatório para questionar as condições dentro das quais vive [...] não conseguirá sequer ter comportamentos autênticos diante daqueles que deve educar, ou, pelo menos, diante dos alunos que estão colocados diante de si, destinatários de sua ação educativa.
O professor não é o que transmite conteúdo e sim o que é questionado e questionado, interagindo e refletindo junto com os acadêmicos. Assim como Paulo Freire (1993, p.43)  insiste "na reflexão crítica sobre a prática", onde a reflexão é voltada para a prática pedagógica. Como seria o conviver e aprender na escola? Seria de um modo condicionado?
É preciso que as aulas sejam significativas para que a relação ensino aprendizagem ocorra efetivamente e se concretize. Neste sentido, Freire (1996, p.16) indica que:
Ensinar exige respeito aos saberes dos educados. Por isso mesmo pensar certo para o autor, coloca ao professor ou, mais amplamente, a escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educados, sobretudo os das classes populares, chegam a ela saberes socialmente construídos na prática comunitária.
Sabe-se que a sala de aula não pode ser exclusivamente um lugar de transmissão teórica, mas inclusive de conquista de valores e de comportamentos sociais, para que as relações estabelecidas entre professores e universitários tornem-se  decisivo no processo pedagógico, de acordo, inclusive com os ideais de Freire (1996).                        
A inteiração professor- universitário pode tanto ser positiva como negativa, pois professor- universitário formam um par complementar complexo e dinâmico. è preciso investir tanto no universitário quanto no professor para que cada um não se transforme em um problema, onde sempre o maior prejudicado será sempre o universitário.
Aluno em interação com próprios colegas e com professores requer ambiente agradável e fecunda gestão democrática, supondo acordo, negociação e administração de conflitos, aprender com o outro numa perspectiva de cooperação e colaboração, sem dependência encaminhada para autonomia intelectual, desenvolvendo pensamento reflexivo.
Que a função do professor de ensinar e de aprender, não seja somente aulas expositivas, não podendo deixar distanciamento nas relações interpessoais, medir a aprendizagem e ao mesmo tempo estar interagindo com o outro. É importante a interação entre sujeito, objeto e a interatividade como processo sócio individual de aprendizagem. (VIGOTSKY e COLE, 1998).
 O professor universitário também deve promover a interação com os outros seus alunos para facilitar a construção do conhecimento do graduando.
Lucena (2003) apresenta uma sugestão no processo interativo: oferecer desafios variados aos alunos, propor questionamentos e atividades desafiadoras, trabalhar em grupo, levando em consideração a zona de desenvolvimento proximal.
Sendo assim e por achar que a relação interpessoal é relevante para o ensino/aprendizagem especificamente a relação professor/aluno e aluno/aluno é que a educação deve pautar seu ensinamento dentro de uma política humanitária e igualitária potencializando um dos pilares da educação aprender a conviver. (GADOTTI, 1992).
É fato que cada profissional deve conhecer seus alunos e ter uma relação de amizade e também de autoridade, porém o diálogo sempre será o mais sensato a se fazer continuadamente. Portanto a harmonia, o bom senso, a amizade e a cumplicidade será de longe um bom princípio para a relação professor/aluno universitário e vice-versa, tendo em vista o bom relacionamento entre ambos. Neste sentido Gadotti (1992, p.2), nos ensina que,
Para por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição ingênua de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um homem "perdido", fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida e por isso também é portador de um saber.
Para ampliar o conceito de ensinagem, Anastasiou (1998) faz uma diferenciação entre o conceito de ‘aprender' e ‘apreender'. Para a autora ‘aprender' significa "tomar conhecimento, reter na memória mediante estudo, receber a informação" (ANASTASIOU, 1998, p.14) e ‘apreender' significa "segurar, prender, pegar, assimilar, entender, compreender e agarrar".(ANASTASIOU, 1998, p.14).

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A RELAÇÃO COM ALUNOS
Segundo Louro (1997) e Bolzan (2002), durante muitos anos acreditou-se que instituição possuía o poder em relação aos conhecimentos, tornando-o o único caminho possível para a aprendizagem e desenvolvimento do indivíduo. Além disso, proporcionava aos seus frequentadores um destaque social inegável e um reconhecimento que legitimava suas práticas. Esta se baseava na transmissão de conteúdo intelectual formal, por meio do uso de práticas docentes mecânicas que repetiam o que os livros diziam, não permitindo a participação e envolvimento de seus alunos por considerar o sujeito desprovido de qualquer tipo de conhecimento que pudesse ser valorizado.
Porém com o passar do tempo, segundo Louro (1997), vários estudos começaram a ser realizados, abrindo espaços dentro das instituições para práticas que valorizam o aluno e exige dos professores a tomada de consciência sobre o processo de ensinar e aprender, oferecendo a toda comunidade escolar e a sociedade, uma formação mais crítica.
Para o mesmo autor, nesse sentido, assumindo-se professor reflexivo, ele conquista autonomia no seu fazer, pois ele fica sujeito a imposições fora de sua aula, passando a agir de forma consciente e de acordo com a realidade na qual está inserido. (LOURO, 1997).
Assim, levando essas concepções para as instituições de Ensino superior que é o foco de estudo, vemos a reflexão como fator de fundamental importância na atuação da prática universitária.
De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), o magistério na educação superior deve ser exercido prioritariamente, por pessoas com titulo de mestre ou doutor.(BRASIL, 1996). No entanto, os cursos de pós-graduação Stricto Sensu usualmente oferecem mais disciplinas que visam à formação do pesquisador, com numero mais limitado de matérias voltadas para a docência. E isso acontece a despeito de o Plano Nacional de Pós Graduação (PNPG) incluir, entre os objetivos da pós-graduação a capacitação de docentes para as instituições de educação superior (BRASIL, 2011-2020).
Assim, a formação dos professores universitários  é uma preocupação atual e real, já que estes têm apresentado em seus resultados, mediante os formandos e em suas práticas acadêmicas, despreparo para formar profissionais, o que interfere diretamente na qualidade da Educação.
Uma das maiores dificuldades no ensino superior é que muitos professores universitários nunca tiveram práticas docentes em instituições além da própria universidade, segundo Behrens (2002 apud NEUENFELDT, 2014).
Portanto uma aula bem pensada, bem realizada com certeza chamará a atenção dos alunos, pois será ele mesmo o agente de sua aprendizagem, assim esta relação deverá estar pautada na confiança e respeito mútuo, onde a cumplicidade será um elemento a mais para garantir o ensino/aprendizagem.

ASPECTOS COGNOSCITIVOS DA INTERAÇÃO
O professor deverá estar inteirado das teorias para que sua prática seja efetivada com sucesso, pois se assim não for o mesmo não conseguirá atingir sua meta, planejar é importante e necessário. (NEUENFELDT, 2014).
O aluno não aprende por partes e depois vai adicionando umas sobre as outras, a aprendizagem ocorre quando o aluno é instigado a pensar sobre a problemática refletindo sobre suas conclusões validando ou não suas respostas. Neste sentido, Libâneo (1994, p.250) afirma que, 
O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
Assim é importante ressaltar que a interação entre aluno/aluno, aluno/professor é de suma importância, pois é através da troca com o outro que ocorre efetivamente aprendizagem. Sendo assim o aluno universitário irá progredir em sua aprendizagem a partir do estudo em grupo, trocando, testando, errando e acertando.A troca de informações e de ideias faz parte da aprendizagem, pois há alunos que conseguem aprender melhor com uma conversa informal com os amigos do que em sala de aula com o auxilio do professor.
Mesmo não sendo este momento o mesmo para todos, o que realmente importa é que ele ocorra, em todos os segmentos da vida e não somente na escola, de acordo com os ideais de Freire (1996, p.95), que confirma: "[...] o fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto falam ou enquanto ouvem".
Afinal o diálogo é uma ferramenta da humanidade para se chegar a um denominador comum, é com esta arma que podemos criticar e ser criticado, aprender e ensinar.
Os aspectos sócios emocionais se referem aos vínculos afetivos existentes entre professor e alunos, como também a forma de se portar e estar em sala de aula, pois a disciplina não deve ser imposta, mas conquistada. Elias (1996, p.99), confirma: "[...] é por intermédio das modificações comportamentais da área afetiva que a escola pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como instituição social".
As relações afetivas devem ser cultivadas para o bom andamento da escola e para o relacionamento entre as pessoas, pois valores são passados através desta boa convivência. Cabe ao professor fazer a ponte para as relações, tendo em visto o benefício que trará para a aprendizagem, porém as especificidades de cada um, bem como, cultura, regionalismo, deve ser respeitada.
Conviver bem não é tão fácil assim, contudo se tivermos o bom senso, a vontade política e a tolerância, poderão coexistir.
Enfim viver bem é um exercício social, quando se tem amigos é mais fácil passar por certas situações diferentemente daqueles que ficam sozinhos em seu mundo levando-o a uma depressão e isolamento.
Assim o professor deve manter sua autoridade, de forma que a autoridade não deve ser confundida com repressão ou qualquer posição que leve a denegrir a imagem tanto do professor como a do aluno.
Vale lembrar, a tecnologia deve deixar espaço para o universitário construir seu próprio conhecimento, sem se preocupar em repassar conceitos prontos, o que frequentemente ocorre na prática tradicional sendo que a mesma auxilia o aluno na construção de seu próprio conhecimento.
As tecnologias de comunicação (TICs) não mudam necessariamente a relação pedagógica, elas apenas enriquecem as aulas. É inegável que as tecnologias abrem portas para a informação de forma mais acelerada e permitem uma nova tendência frente ao Ensino Superior. Possibilita que alunos exponham ideias além das "paredes" das salas de aula, pesquisem conteúdos juntamente com outros acadêmicos de outras localidades e o mesmo ocorre com professores junto à pesquisa e compartilhamento de informações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao terminarmos este estudo pudemos perceber o quanto é importante e favorável a interação de afeto com o outro, pois assim inicia-se uma relação de cumplicidade e confiança.
Assim, com este estudo espera-se contribuir para que nós professores tenhamos que pensar e repensar nesta relação de amor e afetividade e qual relação que se mantêm com a mesma a partir do momento que fazemos parte do processo do ensino/aprendizagem universitário.
Podemos concluir que, criar condições favoráveis para os profissionais mediarem seus conhecimentos onde os alunos possam interagir debatendo, discutindo as situações vivenciadas no cotidiano escolar é o que se faz mister para o melhor relacionamento professor-aluno universitário, melhorando, inclusive a qualidade na educação.

REFERÊNCIAS
ABREU, M. C.; MASETTO, M. T. O Professor Universitário Em Aula: Prática E Princípios Teóricos. 11.ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 1997.
ANASTASIOU, L. das G. Metodologia Do Ensino Superior. Curitiba: IBPEX, 1998.
BOLZAN, Dóris. Formação De Professores: Compartilhando E Reconstruindo Conhecimentos. Porto Alegre: Mediação, 2002.
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília: MEC, 1996 
BRASIL. Plano Nacional de Pós Graduação (PNPG), 2011-2020. Disponível em:. Acesso em Curriculomais.educacao.sp.gov.br: 10 jun. 2014.
ELIAS, Marisa Del Cioppo. Pedagogia Freinet - Teoria e Prática. São Paulo: Papirus, 1996.
FREIRE. P. Professora Sim, Tia Não: Cartas A Quem Ousa Ensinar. 2 ed. São Paulo: Olho d'água, 1993.
FREIRE. P.  Pedagogia Da Autonomia: Saberes Necessários À Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã: Uma Aula Sobre A Autonomia Da Escola. São Paulo, Cortez, 1992.
LIBÂNEO, José Carlos; Didática; São Paulo, Cortez, 1994
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade E Educação: Uma Perspectiva Pós-Estruturalista. 7 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
LUCENA, B. O Design No E-Learning. [s.d.]. 2003. Disponível em: Curriculomais.educacao.sp.gov.br. .Acesso em: 10 jun. 2014
MASCELLANI, M. Quem Educa O Educador. In: Revista Educação e Sociedade, ano II, nº 7, set. 1980.
MENDONÇA et al. Orientação De Monografias Na Educação A Distância. 2014. Disponível em: Curriculomais.educacao.sp.gov.br. Acesso em: 10 jun. 2014
NEUENFELDT, Manuelli Cerolini. Formação De Professores Para O Ensino Superior: Reflexões Sobre A Docência Orientada. Disponível em:. Curriculomais.educacao.sp.gov.br Acesso em: 10 jun. 2014
RONCAGLIO, Sônia Maria. A Relação Professor-Aluno Na Educação Superior: A Influência Da Gestão Educacional. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 24, n. 2, 2004 .  
VIGOTSKY, L. S.; COLE, M. A Formação Social Da Mente: O Desenvolvimento Dos Processos Psicológicos Superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998


2 comentários:

  1. Oi Gisele, sou estudante de História pela UFSM, e estou fazendo um trabalho utilizando da sua pesquisa. Gostaríamos de usa-lo como fonte e se possível, saber mais dados sobre você. Se é és professora de historia e se sim, formada em qual instituição. Gratidão, Cláudia.

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  2. Oi Gisele, sou estudante de História pela UFSM, e estou fazendo um trabalho utilizando da sua pesquisa. Gostaríamos de usa-lo como fonte e se possível, saber mais dados sobre você. Se é és professora de historia e se sim, formada em qual instituição. Gratidão, Cláudia.

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