Capítulo I
O Objetivo da Geografia
A introdução desde capítulo vem a
questionar - o que é geografia?
parece simples, mas refere-se a um conhecimento polêmico. Na antiguidade
qualquer indivíduo poderia dar uma definição, sobre este significado , ou faria
definições que eram adicionadas.
A definição mais usada do que é que é
geografia, se refere ao estudo da superfície terrestre. Sendo a superfície da
terra uma área privilegiada, caberia a geografia descrever e analisar todos os
seus fenômenos. Para este autor, existe duas classes de ciências, as
especulativas e as empíricas , dividindo a geografia em humana e física . Como
a geografia é uma ciência diversificada e descritiva em que busca uma visão
conjunta do planeta. Alguns escritores falam sobre outro significado da
superfície terrestre , como a biosfera , ou a crosta terrestre; enfim a
superfície da terra é uma das linhas do pensamento geográfico .
Outra definição da geografia se trata
ao estudo da paisagem com elemento da discussão das formas morfológicas e o seu
funcionamento. Esta seria um organismo com funções vitas de interação
ecológica. A ecologia é introduzida na geografia buscando a interação dos
fenômenos distintos de uma determinada porção do espaço.
Outra questão que propõem a geografia
é o estudo da individualidade dos lugares como foi colocada pelos autores
Heróddo e Estrabão nas regiões por onde andaram mostrando aspectos sociais e
naturais, e assim, deram o ponto de partida para a geografia regional.
A geografia também é definida como
estudo a diferenciação de áreas; na qual visa a individualização das áreas, e
compará-las as outras. Outro sentido para a geografia se refere ao espaço. Este
conceito é vago e torna um aspecto problemático, porque vem da explicação , o
que se entende por espaço. Existe três possibilidades mais usadas, em tentar
explicar o que venha a ser espaço: O espaço é uma forma de conhecimento sem
especificar a geografia. Seria também um atributo dos seres, sendo que, nada
existe sem o seu espaço. E o espaço também é um ser exclusivo do real,
característico e dinâmico. Então existiria uma maneira de pensar o espaço como
objeto da geografia, só depois da afirmação efetuada, buscando a lógica e
localizando os fenômenos essenciais para a dimensão do espaço.
Outros autores definem a geografia
como estudo da relação homem e meio, buscando explicar e relacionar entre
sociedade e natureza. Assim, procuram mostrar a ação do homem transformando o
meio e a adaptação a sua maneira. Estas várias definições sobre geografia nos
mostram o leque de opções que se tem para definir a geografia e cada autor usa
as suas definições próprias. Isso abarcou somente a geografia iradicional e não
levou ao pensamento geográfico contemporâneo, mostrando a complexidade do
problema de definir a geografia . A geografia renovada procura planejar e
enfatizar o pensamento geográfico tradicional. a inexistência de um consenso
sobre o pensamento geográfico e algo que persiste aos dias atuais . O
encaminhamento no qual nos remete é o plano da geografia tradicional.
Capítulo II
O positivismo como fundamento da
geografia tradicional
As varias definições do objeto do
estudo da geografia é uma linha do pensamento da geografia tradicional, sobre o
positivismo. O primeiro manifesto, esta no positivismo circunscrevendo o
trabalho cientifico e dominando os fenômenos, restringindo aos aspectos
visíveis do real e palpáveis. A análise destes fenômenos nos mostra que a
geografia é uma ciência pautada na observação, na enumeração e na classificação
de fatos referentes ao espaço. As concepções presentes nestas definições
impediram a geografia de chegar a um conhecimento generalizado, que
ultrapassasse a descrição dos fenômenos.
Outro manifesto positivista é a idéia
de que existe um único método de interpretação comum entre as disciplinas, não
aceitando a diferença entre ciências humanas e naturais. É um método originário
das ciências desenvolvidas, pelas quais as outras deveriam orientar. Sendo que
a geografia sempre procurou ser uma ciência natural dos fenômenos humanos, na
qual o homem é um agente modelador do relevo, por usa ação com a força da
erosão. Desta maneira a geografia é uma disciplina que procura interagir o
homem e a natureza.
Outra linha de pensamento positivista:
A geografia é uma ciência de síntese . Como uma disciplina que relaciona e
ordena os conhecimentos produzidos por todas as outras ciências, servindo para
encobrir a indefinição do objeto da geografia.
A continuidade do pensamento
geográfico e compreendido numa visão expressiva como o principio da unidade
terrestre dizendo que a terra é um todo e pode ser compreendido como um
conjunto; há, também o princípio da individualidade: no qual cada lugar tem uma
feição, que lhe e peculiar, própria e que não se reproduz de modo igual em
outro lugar. Existes princípios que definem regras gerais no trato com objeto
da geografia e são responsáveis pela continuidade da mesma. Os princípios
citados fornecem sustentação da autoridade e legitimidade da geografia e são
assimilados pelos menos crítico e por aqueles que fazem uma pesquisa sem
avaliação detalhada.
Por todas estas razões, aparecem as
dificuldades de explicar o que é geografia. se colocarmos perspectivas de
fundamentação fora do positivismo clássico, abre a discussão sobre os caminhos
trilhados e multiplica as dificuldades para definir esta disciplina. As
pesquisas os trabalhos realizados com fundamento a estes "princípios"
servem mais para dizer o que não é geografia, do que para definir o objeto.
A geografia discute fatos referentes
ao espaço concreto definido e delimitável - a superfície terrestre. Só será
geográfico um estudo que abrange a formação ou a transformação do espaço.
Diante destes vários fatores a
pergunta o que é geografia?
, passa a ter uma nova definição. Passa do plano da abstração , quando a
aceitação de que existem tantas geografias, quantas os métodos para
interpretação.
Assim, há uma dependência da geografia
com relação a uma postura política e social de quem faz a geografia. A
explicação do que é geografia, passa do conteúdo de classe, subjacente a cada
proposta, realizando uma história crítica do pensamento geográfico. alguns
geógrafos militantes dizem que a geografia é uma prática social, referente ao
espaço terrestre, sendo que está prática, deve ser analisada e investigada no
estágio da luta ideológica, desenvolvida nesse campo de debate especifico, que
é a geografia.
Capítulo III
Origem e Pressuposto da Geografia
A rotulação da geografia se deu dês da
antiguidade clássica, especificamente ao pensamento grego. No entanto havia uma
difusão deste termo, porém o conteúdo referindo era variado. Uma das
delimitações do pensamento grego era com Tales e Anaximandro privilegiado o
espaço e a discussão do formato da terra. Heródoto preocupava em descrever
lugares, com fundamentos regionais. Isto sem falar nas questões tidas como
geográficas, sem aparecer com esta designação, as relações entre o homem e o
meio.
Dessa maneira, há uma dispersão do
pensamento geográfico. No entanto tudo que se entende hoje como geografia não
era apresentada com esta rotulação, esta situação permanece até o final do
século XVIII. Porém existia autores que rotulavam os seus estudos como Cláudio
Ptolomeu que escreveu a obra síntese geográfica resgatando o pensamento grego
clássico, e também, Bernardo Varenius com a obra geografia generalis
que será um fundamento das teorias de
Newton . Analisando estes autores, e seus temas tratados pouco tem em comum,
com o que é considerado geografia .
No final de séc.XVIII não é possível
padronizar o pensamento geográfico , era considerado geografia , os relatos de
viagens , a o conhecimento existente sobre fenômenos naturais . A
caracterização do conhecimento geográfico só vai ocorrer no final do séc. XIX .
Neste instante a geografia passa ser autônoma e particular com o objetivo de
avançar as relações capitalistas de produção .
A primeira questão proposta era a
extensão real do planeta , ao conhecimento das formas dos continentes isto era
a estrutura da idéia de conjunto terrestre . Essa questão se inicia som a
história das navegações . O eurocentrismo é um processo que ocorre uma
transição feudal-capitalista está relação faz expandir a ação das sociedades
européias a todo globo terrestre. No final do séc. XIX , todos os pontos da
superfície terrestre já haviam sido visitado .
Outra caracterização da geografia ,
era que os dados referentes aos pontos diversos da terra , já haviam sido
levantados . Tal processo vem ocorrendo por causa do avanço do mercantilismo e
com a formação dos impérios colonialistas . A ocupação dos territórios que eram
descobertos , não era um processo simples , precisavam ser conuistados e criar
e estabelecer constantes , aproximando-se destas áreas . O processo de
exploração das colônias, através das atividades comerciais contribuíram para se
fazer um levantamento técnico sobre os fenômenos naturais, o que gerou um
interesse das metrópoles que procurou agrupar o material recolhido nos escritórios
coloniais e na sociedade geográfica. Basicamente o processo de elaboração desse
material era o fundamento da geografia.
O aperfeiçoamento das técnicas
cartográficas era outra característica unitária. Esta representação era ,
necessária para o avanço do comércio e fundamental para as navegações . enfim
com o avanço das técnicas de impressão , popularizou as cartas e os Atlas . o
processo de expansão do modo de produção capitalista força as condições
materiais para o sistema de geografia . Assim foram também no plano filosóficos
e cientifico e as transformações ocorridas no plano econômico e político .
Estes pressupostos referem-se a formulações, sobre os temas tratados pela
geografia.
Com o surgimento das correntes
filosóficas do século XVIII, propõe-se uma valorização do território geográfico
, buscando compreender fenômenos naturais . A perspectiva de explicar os
fenômenos , englobava tratados pela geografia . Todavia, havia discussão
filosóficas tratando sobre temas geográficos. alguns autores com Kant ou Sibnez
se dedicaram à filosofia do conhecimento , relacionando a questão do espaço .
Outros autores como Hegel ou Herder fala sobre a influência do meio sobre as
sociedades, estas formulações valorizaram a temáticada geografia.
Outra questão geográfica foi colocada
pelos autores pensadores do iluminismo discutindo as formas de poder e a
organização do Estado . Rosseau dizia que a democracia só podia existir em
áreas menores porque em áreas extensas a forma de governo seria autocrática .
Montesquieu em seu livro O Espírito das Leis, dedica um capítulo discutindo o
pensamento determinista de que "o meio determina o caráter dos
povos". Os trabalhos desenvolvidos pela economia política, atuaram no
desenvolvimento dos temas geográficos, e foi responsável pela análise dos
fenômenos da vida social, como a produtividade do solo, a diferenciação dos
lugares , em termos de recursos minerais ; o aumento populacional entre outros
. Essas teorias divulgaram estas questões, que constituiriam o temário clássico
da geografia.
Enfim, com o aparecimento das teorias
do Evolucionismo o temário geográfico vai ter um reconhecimento pleno. Este
conjunto de teorias do destaque a explicação da evolução das espécies, a
adaptação ao meio seria um dos processos fundamentais. Haeckel discípulo de
Darwin desenvolveu a idéia de ecologia, isto é do estudo da inter relação de elementos que combinam um
determinado espaço.
No início do século X?X , os
pressupostos da geografia , já estavam definidos . A Terra estava conhecida. A
Europa dominava o comércio mundial. As ciências naturais desenvolveram
conceitos e tórias, utilizadas pela geografia. O modo de produção capitalista
foram os principais fatores que influenciou a sistematização da geografia. A
burguesia pensava no sentido de transformar a ordem social existente. Por outro
lado, a geografia estava em pleno domínio capitalista, e a burguesia já estava
no domínio dos estados.
A geografia será filha das
singularidades ocorridas pelo processo da transição feudal capitalista, onde
surgiu o capitalismo. Os autores alemães Humboldt e Ritter são os pais da
geografia, toda elaboração geográfica será sediada na Alemanha. E lá que surge
as primeiras teorias e as primeiras propostas metodológicas; e também as
primeiras correntes deste pensamento. O aparecimento da geografia e o
desenvolvimento do capitalismo não é uma relação aleatória. No entanto cabe-nos
discuti-la
Capitulo IV
A sistematização da geografia: Humbold
e Ritter
A situação histórica da Alemanha, no
inicio do século XIX, época em que se dá a eclosão da geografia. Está no
processo tardio da penetração das relações capitalistas nesses países. Na
Alemanha, o estado nacional não estava constituído, era um aglomerado de
feudos, cuja ligação ainda reside alguns traços culturas comuns. Poder estava
nas mãos dos proprietários de terras, a estrutura feudal estava inchada, Neste
momento é que ocorre a penetração das relações capitalistas, sem romper com a
ordem vigente. Tal introdução capitalista causa uns arranjos singulares,
chamados por alguns autores de feudalismo modernizado.
Com a introdução do capitalismo altera
a estrutura fundiária alemã. As terras passam para as mãos dos elementos
pré-capitalista, que logo após torna-se capitalista; e o latifúndio que era uma
economia fechada passa para uma economia de mercado. No entanto, as relações de
trabalho não se alteraram, continua a mão-de-obra servil. Não há um
desenvolvimento no comércio local, e as sua produção é destinada ao exterior.
Há um pequeno desenvolvimento das cidades e também da burguesia, que não
consegue impor seus interesses. A burguesia só consegue desenvolver com o apoio
do estado que é comandado aristocracia agrária. Com a sedimentação do
capitalismo e com expansionalismo napoleônico, surge nas classes dominantes
alemãs, a idéia de unificação nacional, com congregado os principados alemães
os reinos da Áustria e da Rússia. É nesta situação que se compreende a eclosão
da geografia.Todos estes aspectos citados conferem a discussão geográfica.
Temas como organização do espaço, apropriação do território, variação regional
entre outros, eram discutidos palas classes dominantes da Alemanha.
As colocações iniciais do sentido da
sistematização da geografia vão ser obras de autores prussianos ligados
aristocracia: Alexandre Von Humboldt, conselheiro do rei da Prússia e Kal
Ritter, vinda de uma família de banqueiros. Eles são contemporâneos e
vivenciaram a revolução francesa, morreram em 1859, ocupando altos cargos da
hierarquia universitária alemã.
Alexandre Von Humboldt, possuía
informações naturalista e realizou várias viagens.Ele entendia a geografia como
uma síntese de todos os conhecimentos relativos a terra. É de sua definição do
objeto geográfico era: a contemplação de universidade das coisas, de tudo que
consiste no espaço, concernente a substancia e forças, da simultaneidade dos
seres materiais que consiste na terra.Assim a geografia seria uma disciplina
sintética, preocupada com a conexão entre os elementos e buscando através
destas conexões a causalidades existentes na natureza.
A obra de Ritter possuiu um caráter
metodológico. Ela possuía uma formação em filosofia e história. Ritter defendia
o conceito de sistemas naturais, isto é área delimitada dotada de uma
individualidade. Sendo assim, a geografia de Ritter é um estudo de lugares, uma
busca das individualidades destes. A sua proposta era antropocêntrica e
regional, valorizando a relação homem
natureza. A obra desses dois autores vão ser as bases para os trabalhos
posteriores, sejam para aceitá-las ou refutá-las as formulações colocadas por
eles. Assim os autores posteriores criaram uma linha de pensamento, até então
inexistente, dando-a geografia uma cidadania acadêmica. Apesar disso, não há
uma formação de uma escola, deixam umas influências gerais, que será resgatada
pela geografia tradicional.
As citações de Humboldt e Ritter são
bem divulgadas. Vários geógrafos foram alunos deste último: E. Reclus, Semenov,
Iyan Shanskiy, F.Von
Richthofen , entre outros. Mas na Rússia as ideais Humboldt e Ritter tiveram
aplicação mais literal entre autores como Mushketow, Dukuchaev, Woiekov.
Portanto foi na Alemanha que contribui para a sistematização do pensamento
geográfico.
As geração seguintes se destaca mais
pelo avanço empreendido nas sistematização dos estudos especializados. É o caso
de W.Penk com a geomorfologia e de Hann e Koppen , com a climatologia. Dos
autores alemães merecem destaques: O. Peschel e F.Von Richthofen. Para Peschel
a geografia era um estudo das formas existentes nas paisagens terrestres.
Richthofen realizou inúmeros trabalhos de campo, aprimorando técnicas de
discrições. Estes ajudam a manter aberta a discussão teórica do pensamento
geográfico, na Alemanha, nos outros países da Europa, a geografia continuam com
o levantamento exaustivo sob os diferentes lugares da terra.
Capítulo V
Ratzel e a Antropologia
As formulações de Friedrich Ratzel
também alemão e prussiano, publica as suas obras no último quartel do séc. XIX.
A sua geografia foi um instrumento poderoso de legitimação dos designo
expansionista do estado alemão, recém constituído, o que contribuiu para a
unificação da Alemanha. Havia, porém movimentos para a unificação da Alemanha,
como alianças e ações unificadas formadas pelas classes dominantes locais e
centralizadas em um comando comum. A disputa do poder central era entre a
Áustria e Rússia, o qual cominou uma guerra entre os dois reinos. A vitória d
Rússia formou o estado prussiano imprimindo suas características na nova nação,
formando uma organização militarizada, a direção do estado estava nas mãos da
aristocracia. Ocorreu uma repressão social interna, como uma agressiva política
exterior. As características prussianas foram passadas para a Alemanha, através
de uma política cultural nacionalista, surgindo também guerra de conquistas
empreendidas por Bismarck, o primeiro-ministro da Rússia e do império alemão.
A unificação tardia da Alemanha não
impediu o seu desenvolvimento interno, porém a deixou de fora da partilha dos
territórios coloniais. Daí veio o agressivo projeto imperial, com propósito de
anexar novos territórios. Ratzel com a sua geografia expressa a elogio ao
imperialismo no qual é um representante típico. Ele define o objeto geográfico
como o estudo da influencia das condições naturais exercem sobre a humanidade.
Ratzel concluiu estudos sobre a influência da natureza sobre os homens, dizendo
que estas influências vão se exercer mediatizadas, através das condições
econômicas e sociais. Para ela quando a sociedade se organizar para defender um
território torna-se estado. Esta análise entre o estado e o espaço foi uma das
questões privilegiadas da antropogeografia.
A geografia colocada por Ratzel
privilegia o elemento humano, valoriza a formação de territórios, as migrações,
a distribuição dos povos e dar raças da superfície terrestre, os estudos monográficos
das áreas habitadas. Porém a sua obra, não teve grandes avanços, manteve-se em
realizar a observação e a discrição dos procedimentos. Os discípulos de Ratzel
constituíram a " escola determinista" de geografia ou a doutrina do
"determinismo geográfico". Os autores dessas correntes definiram que
"o homem é um produto do meio" empobrecendo as formulações de Ratzel.
Ellem Semple geógrafa americana, aluna de Ratzel, foi responsável pala
divulgação de suas sustentações nos Estados Unidos, Uma das suas teorias foi a
que relaciona a regiões e relevo, nas regiões assim acidentadas regiões
politeístas . As teorias de geógrafo inglês Elsworth Huntington eram mais
elaboradas, este ator coloca as condições naturais mais hostis seriam propícias
ao maior desenvolvimento, e que a tropicalidade é fruto do subdesenvolvimento.
Outra proposta de Ratzel que foram
desdobradas era a geopolítico, dedicado a dominação dos territórios. Os autores
mais conhecidos foram Kgellen, Mackinder e Kaushofen. O primeiro criou a
geopolítico, o segundo trouxe a discussão para o nível de estados maiores,
tratando sobre o domínio das rotas marítimas, as áreas de influência de um
país, e as relações internacionais. O general alemão Karl Haushofer, amigo de
Hitler, foi outro teórico geopolítico, deu um caráter bélico definido como
estratégia militar.
A ultima perspectiva das formulações
de Ratzel, foram a escola ambientalista, a qual propõe o estudo do homem e as
relações aos elementos do meio em que ele de insere. É mais um determinismo do
que um ambiêntalismo. A obra de Ratzel contribui em muito para a evolução do
pensamento geográfico, a sua importância maior de trazer para o debate
geográfico os temas políticos e econômicos colocados o homem no centro das
análises .
Capítulo VI
Vidal de La Blache e a Geografia
Humana
A grande escola da geografia formulada
por Paul Vidal de La Blache se opõe às colocações de Ratzel. Para compreensão
do processo de eclosão do pensamento geográfico, na França é preciso refletir
sobre os traços gerais do desenvolvimento francês no século XIX.A revolução
Francesa foi realizada pela burguesia, extinguindo os resquícios feudais,
instalou seu governo atendendo os seus interesses. A centralização do poder
estava garantida pela monarquia absoluta. Napoleão Bonaparte contribuiu para o
desenvolvimento do capitalismo na França, que se rompeu com a Revolução
Francesa, varrendo os elementos herdados do feudalismo. Esta revolução foi um
movimento popular, comandado pela burguesia, dirigido pelos ideológicos dessa classe,
gerando propostas progressistas instituindo uma tradição liberal no país que
vai expressar posturas defendidas pela geografia Francesa. Com a consolidação
do domínio burguês e das massas políticas vão produzir um acirramento das lutas
de classes neste país. Por este motivo, a França foi o berço do socialismo
militante, e onde a democracia burguesa primeiro se revelou. As jornadas de
1848 e da Comuna de Paris, e suas repressões fazem cair por terra a dominação
burguesa. No entanto, são mantidos os discursos ideológicos. A França foi um
país que transpareceu mais o avanço e a consolidação da burguesia, porém
bastante distinta da Alemanha, também no aspecto ideológico e a geografia se
manifesta nestas diferenças.
A França e Alemanha, no caso a Prússia
na 2ª metade do século XIX, disputam o controle da Europa, culminando a guerra
Franca Prussiana, em 1870 e a Prússia sai vencedora.
A França perde território e cai o
segundo Império de Luís Bonaparte, ocorre o levante da Comuna de Paris, é neste
período que desenvolve a geografia. Esta disciplina é colocada em todas as
séries do ensino básico e foram criados os institutos de geografia. O estado
interessa pelo estudo da geografia como conseqüência da própria guerra.
A geografia de Vidal de La Blache só
será compreendida em relação à conjuntura colocada ao antagonismo com a
Alemanha, e o desenvolvimento histórico da França. Ratzel exprimia o
autoritarismo, cujo agente privilegiado era o Estado. Vidal propõe um tom mais
liberal, partindo do homem abstrato do liberalismo. Uma das críticas feitas por
Vidal as formulações de Ratzel, diz respeito a politização explícita deste.
Vidal condena o vínculo existente entre o pensamento geográfico e os interesses
políticos. Ele propunha uma despolitização aparente no temário dessa
disciplina. Esse foi o primeiro debate com a geografia alemã. Terras como
espaço vital é duramente criticado. A geografia Francesa cria uma
especialização chamada geografia colonial.
Vidal de La Blache criticou em parte
as formulações de Ratzel no seu caráter naturalista, mas endossou as idéias que
a geografia é uma ciência de lugares e não de homens. Outra crítica de Vidal é
com relação ao determinismo derivado da Antropogeografia, e ele propõe uma
teoria relativista dizendo que tudo que se refere ao homem é mediado pelas
contingências, a partir destas formulações surge uma geografia com nova visão
que buscava ir além de enumeração e relatos de viagens.
A definição da geografia por Vidal é a
relação homem
natureza na perspectiva da paisagem, na perspectiva Vidalina a natureza passa a
ser vista como possibilidades para a ação humana, então surge o Possibilismo
dado a esta corrente por Lucien Febrre. A teoria de Vidal colocava que o homem
se adaptou ao meio, criando um relacionamento constante e acumulativo com a
natureza, chamado por ele de gênero de vida, que uma vez estabelecido tenderia
a produção simples, até ficarem escassos os recursos ou quando aumentar a
população, esta tenderia a mudar ou desenvolveria tecnologia para a sua
produção gerando assim um processo de colonização. Para Vidal de La Blache a
geografia caberia estudar os gêneros de vida, a sua manutenção ou transformação
como a formação dos domínios de civilização.
A proposta de Vidal de La Blache não
rompeu com as formulações de Ratzel e sim prosseguiu com elas. As diferenças
existentes é que Vidal era relativista, negando a idéia de causa e determinação
de Ratzel, eram menos generalizadas. No entanto, o positivismo aproxima os dois
autores, vinculando a metodologia de pesquisa oriunda das ciências naturais.
Entretanto, a geografia de La Blache é concebida como um estudo de paisagem,
nisso vem o interesse do homem, por suas obras enquanto contingentes numéricos,
presentes numa porção da superfície da geografia. Enfim, discute a relação homem
natureza sem abordar as relações
entre os homens.
Capítulo VII
Os Desdobramentos da Proposta
"Lablachiana".
Vidal de La Blache, ao logo de seus
estudos e pensamento, no âmbito da ciência geográfica, contribui de forma
expoente no rumo da geografia francesa, foi através de suas realizações e
reformulações que gerou uma discussão geográfica a ponto de criar uma espécie
de "doutrina" a do possibilismo , e foi neste contexto, que Vidal de
La Blache fundou a primeira escola de geografia na França.Vidal de La Blache,
teve diversos seguidores ao longo de seu pensamento, este
"seguidores" mesmo tendo incorporado seus Próprios métodos, eles
mantiveram o fundamento da proposta de Vidal de La Blache, e promoverão uma
ampla pesquisa. Na verdade a proposta Lablachiana teve vário desdobramento
originado de seu pensamento: tais desdobramentos assim citados a baixo:
Desdobramento relativo à geografia física.Abordagem sobre a geografia humana
"classificas, posteriormente de positivista dos fatos geográficos".
Outro fato ainda de importância na proposta de La Blache, incide no
desenvolvimento da problemática econômica, enfatizando as instalações humanas,
em relação às atividades produtivas e elaborou o conceito de "meio
Geográfico ", diferenciando
o do" meio - físico ". pág.74 , e também tiveram outros autores que
discutirão os fundamentos positivistas , formulando polemicas com algumas
Colocações de La Blache. "Devido a sua proposta da região,
progressivamente a partir".Desse conceito de região humanizada, a região
foi sendo incorporada com uns produtos históricos, que expressa a relação homem
natureza. Desta forma fortaleceu a
geografia Humana, tal como a proposta de La Blache.O estudo referente ao
conceito de região obedece ao seguinte modelo. 1º. "As Bases Físicas",
enumerando as características de cada um dos elementos naturais presentes. 2º.
"O Povoamento" discutindo a formação histórica (econômicas,
exploração, fundação das idades etc."3º . "Estrutura agrária"
descrevendo a população Rural, a 4º . " Estrutura Urbana" analisando
a rede de cidades , os equipamentos e as funções urbanas. 5º. "Estrutura
Industrial" tecnologia emprega e Distinção da produção, a origem da
matéria prima. Estes foram
então o receituário dos estudos da geografia regional. . Por isso pode-se dizer
que a geografia regional foi principal desdobramento da proposta vilalina .
O acúmulo de estudos regionais
proporcionou o aparecimento de especializações, por ex: a geografia agrária ,
geografia urbana. Geografia industrial, da população ou do comércio.
"Destas especializações dos estudos regionais, a que manteve a perspectiva
mais globalizaste foi sem dúvida, a geografia econômica " pág.78 visando o
objeto de análise , discutindo os fluxos , o trabalho , a produção , chegando
ao ponto da geografia econômica ter seu ramo próprio dentro da própria
geografia , igualando-se a nível de importância a geografia humana. Vidal de
Blacha deixou influência também no pensamento dos historiadores no que toca a
concepção do respeito. Principalmente no confrontamento de idéias do alemão
Ratzel e Vidal de La Blacha. As discussões levantadas por Sorre a respeito do
"habitat". Habitat conceito no qual aborda a humanização do meio, que
expressa as múltiplas relações entre homem e ambiente.
"A proposta de Sorre, pode ser
entendida, com uma reciclagem da geografia humana concebida por La Blacha, na
qual representou um enriquecimento das teorias anteriormente apresentadas. A
nova adequação das teorias inseridas por Sorre, conjuntaram a segunda grande
reformulação da geografia. M. Le Lannom e A Cholley, fecha o estudo da
geografia tradicional (na França, onde objetivado" o homem habitante
", este autor privilegiou a organização social em detrimento do
naturalismo, logo reforçou o caráter humano no estudo da geografia". Este
em fim foi o tinerário da geografia na França, que teve na geografia regional,
sua principal objeto e também tratou do estabelecimento da geografia humana
(fenômenos humanos, organização do meio, e processos de produção referente a
ação humana ) , assim uma geografia humana mas não social" pag.82/83.
Capitulo VIII
Além do Determinismo e o Possibilismo
a Proposta de HartShorne
A outra grande corrente do pensamento
geográfico vinculou-se aos nomes de A. Hettner e R. Harts .Horne . esta
corrente advém de uma menor carga de empirismo , em relação aos pensamentos
anteriores. Nesta visão, foi a grande orientação dentro da geografia
tradicional , privilegiou um pouco mais o raciocínio dedutivo . "A
geografia de Ratzel e a de Vidal tiveram suas raízes filosóficas no positivismo
de Augusto Comte. A geografia de Hettner e Hartshorne fundamentavam-se no"
neokantismo" de Rickert e Windeobend . O fato de ter sido menos empiristas
não quer dizer que esta proposta tenha rompido com este traço marcante de toda
a geografia , apenas ela não se negou também ao uso de dedução " págs .
84/85.
Alfred Hettner geógrafo alemão,
publicou suas obras entre 1890 e 1910, foi reorientado pelas as críticas
francesas feitas a Ratzel, desta maneira, sua nova visão da geografia alemã,
foi o marco para a terceira caminho para a análise geográfica, um novo
entendimento não baseado não na influência pelo determinismo e possibilismo.
Hettner propõe a ciências geográficas o estudo das "diferenciações de
áreas". A geografia seria então o estudo das inter-relações dos elementos,
no espaço terrestre.
As propostas de Hettner encontravam
escassas em sua época, talvez em função do domínio incontestado do
possibilismo, que atravessava sua fase áurea. Só através da retomada de um
conceituado geógrafo americano Ricard Hartshorne, passou a ser amplamente
discutida. "Hettner, porém, ao contrário das anteriores, desenvolvendo-os
e aprimorando-o" pág. 86.
A geografia Americana só se
desenvolveu a partir dos anos 30, surgindo duas grandes escolas americanas.
Uma na Califórnia, aproximando-se
bastante da Antropologia, elaborando a geografia cultural.
A outra, escola situada a meio oeste,
aproximou-se da sociologia funcionalista e da economia.
Mas, sem duvida a produção de
Hartshorne que encontrou maior repercussão,
devido a seu caráter amplo em busca de
uma geografia geral Hartshorne publicou em 1939 o livro "Natureza da
Geografia", que foi mundialmente discutido. Dos debates dessa obra,
retirou material para escrever o livro "Questões Sobre a Natureza da
Geografia", publicado em 1959. Desta forma, foi ultima tentativa de
agilizar a geografia tradicional, dando lhe um aspecto moderno. Suas principais
idéias eram de que a ciência, se definirem por métodos próprios, não por
objetos singulares. Assim a geografia teria sua caracterização, seu próprio
método de analisar a realidade "para Hartshorne os estudos geográficos não
isolaria os elementos, ao contrário era trabalharia com suas
inter-relações" pág. 87 e sendo assim, desistia da procura do objeto de
estudo para a geografia, seria no estudo da inter-relação fenômenos
heterogêneos, apresentados numa visão sistemática, sendo o estudo das
"variações de áreas".
"Hartshorne argumentou que os
fenômenos variam de lugar para lugar, que as suas áreas inter relacionam e também variam. O caráter
de cada área seria dado pela integração de fenômenos inter relacionados. Assim,
a análise deveria buscar a integração de maior número possível de fenômenos
inter - relacioná-los". Pág.88.
O processo de estudo do
inter-relacionamento entre diferentes áreas, estudadas é um processo inúmeras
vezes repetidas até que se julgue suficientemente para entender o caráter da
área enfocada. A esta forma de estudo Hartshorne denominou-se geografia
ideográfica ."Seria uma análise singular (de um só lugar) e unitária
(tentando apreender vários elementos), que levaria a um conhecimento bastante
profundo de determinado local." Pág.89.
"Porém, Hartshorne também propôs
uma segunda forma de estudo, denominado, geografia"Nomotética".esta
deveria ser generalizada apesar de parcial (tomando os mesmos fenômenos e
fazendo as mesmas relações) em outros lugares as comparações das integrações
obtidos permitiram , chegar a um padrão de variação daqueles fenômenos
tratados" pág.89 , por se tratar de uma mesmo ponto de vista , abrindo a
possibilidade de um conhecimento genérico.
"Desta forma, Hartshorne
articulou a geografia geral e a regional, diferenciando-as pelo nível de
profundidade de suas abordagens. Quanto maior a simplicidade dos fenômenos e
relações tratadas, maior a possibilidade de generalização. Quanto mais
aprofundada a análise efetuada, maior o conhecimento da singularidade
local" pág.90.
Esta foi a apresentação da proposta
que Hartshorne propôs e foi amplamente discutida.
Os desdobramentos dos estudos realizados
por Hartshorne, na geografia nomotética, abriram-se assim a perspectiva de
trabalho de um número bastante elevado de elementos relacionados de acordo com
o interesse de plano.
Instrumentaliza os diagnósticos, e deu
possibilidades para o uso de quantitativas da computação geográficas, porém tal
desdobramento ser viram para os movimentos de renovação da geografia.
As propostas de Hartshorne encerram as
derradeiras tentativas da geografia tradicional.
"A Geografia Tradicional, deixou
uma ciência elaborada, um corpo de conhecimento sistematizados, com relativa
unidade interna e discutível.Em segundo lugar a Geografia Tradicional deixou um
grande acervo empírico , fruto de um trabalho exaustivo .
E finalmente a geografia tradicional
elaborou alguns conceitos como: (território; ambiente; região; habitat; área
etc.) que merecem ser rediscutidas.
Capítulo IX
O Movimento de Renovação da Geografia
"A geografia conhece hoje um
movimento de renovação considerável, que advém do rompimento de grande parte
dos geógrafos com relação a perspectiva tradicional " pág.94.
O movimento de renovação da geografia
inicia em meados da década de cinqüenta, e se desenvolve rapidamente nas
décadas seguintes. A partir de 1970 a geografia tradicional, estava totalmente
enterrada. A partir dessa década de 70 os geógrafos de se reorienta e buscam
caminhos anteriormente não trilhados.
Mas o porque da crise, na geografia
tradicional?
Em primeiro lugar, havia se alterado a
base social. O desenvolvimento vivia-se a época de grandes truste , do
monopólio de grande capital, propunha-se assim a ação reguladora do mercado,
que estava articulado no planejamento econômico, estava abrindo a autonomia do
estado na intervenção estatal na economia, abrindo-se dessa maneira um novo
rumo as ciências humanas. "A geografia tradicional não apontava nessa
direção, devido a sua defasagem proporcionando a sua própria crise.
Pág.95".
Em segundo lugar "o
desenvolvimento capitalista havia se tornando realidade mais complexa, do se
tinha imaginado, a urbanização atingia graus até então desconhecidos, com as
megalópoles. Pág.95". O espaço terrestre se globalizava no fluxo das
relações econômicas, vivia-se, portanto o capitalismo das empresas multinacionais
. Estas circunstâncias defasaram o instrumento de estudo da geografia,
implicando numa crise das técnicas tradicionais de análise, estabelecendo-se
assim uma crise de linguagem metodológica de pesquisa. O movimento de renovação
da geografia busca dar novos parecer às técnicas geográficas, "de um
instrumento elaborado na época do levantamento de campo, vai se tentar passar
para a época do assessoramento remoto, as imagens de satélite, o
computador" pág.96.
O terceiro lugar a renovação do pensamento
da ciência e da própria geografia, ultrapassa em muito os postulados
positivistas, nesta nova versão estes postulados passam a ser simplistas e
pueris devido a grande modificação no pensamento geográfico. Apesar de tal
pensamento existiam ainda problemas internos dessa disciplina, por exemplos:
A indefinição do objeto de análise de
estudo, seria um dos primeiros pontos, "abrindo flancos, na crítica da
autoridade da geografia, por outros campos do conhecimento cientifico" pág
97. Outro ponto discutido se enquadram de não conseguir dar explicações
genéricas, a não ser em explicações simplistas como o mecanismo determinista ou
de outra forma de generalização. As faltas de leis se tornaram, alvos altamente
questionados e foram uns dos objetos principais para a crise na geografia
tradicional. A dualidades existentes entre a produção geográfica, sendo a
geografia física e geografia humana, geografia geral, geografia regional,
geografia sintética e geografia tópica.
"La Blache, por exemplo, formula
uma proposta que resolve a primeiro e a terceira, porém à custa do segundo, em
sua geografia unitária e sintética, entretanto abre mão da generalização, pela
perspectiva regional" pág.97. Hartshorne resolve esta última questão, com
as idéias do estudo nomotética e idiográfico, entretanto através de questões
tópicas.
Todas essas questões forneceram as
razões para a crítica do pensamento geográfico tradicional.
O movimento de renovação advém da
diversidade de métodos de interpretação e de posicionamentos dos autores, que
divergem entre si, do bojo que compõem esta renovação. Isto gerou propostas
antagônicas que podem ser agrupadas em dois grandes conjuntos, denominados
Geografia Pragmática e Geografia Crítica .
Capítulo X
A Geografia Pragmática
A geografia pragmática efetua uma
crítica apenas à insuficiência da análise tradicional, ataca o caráter nãoprático da geografia tradicional.
Nesse sentido, os autores pragmáticos vão romper uma ótica prospectiva, um
conhecimento voltado para o futuro, que instrumentalize uma geografia aplicada.
Desta forma, seu intuito geral é o de uma "renovação metodológica. O de
buscar uma nova tendência, uma nova técnica de linguagem, que dê conta das
novas tarefas postas pelo planejamento."A finalidade explicita é de criar
uma tecnologia geográfica, um móvel utilitário, daí sua denominação de
pragmática"pág.100
"A crítica dos autores
pragmáticos à geografia tradicional fica num nível formal. É um questionamento
da superfície da crise, não de seus fundamentos. Uma crítica acadêmica, feita
de forma formal, que não toca nos compromissos sociais do pensamento
tradicional" pág.101.
A geografia pragmática é uma tentativa
de romper com a linha tradicional da geografia, mas sem que tudo se rompa, com
seu conteúdo de classes. Suas propostas visam apenas uma redefinição das formas
de vincular os interesses do capital, daí sua crítica, superficial a geografia
tradicional.
Neste sentido, o pensamento
tradicional geográfico pragmático e o tradicional possuem uma continuidade, um
conteúdo de classe instrumentais práticos e ideológicos da burguesia.
Os discursos burgueses perseguem, a
renovação conservadora considerável da geografia, passa do positivismo clássico
para o "neopositivismo".
"Neste processo, há um
empobrecimento de grau de concretude do pensamento geográfico, apesar da
sofisticação técnica e lingüística, este permanece formal (preso às aparências
do real), e agora mais pobre, mais abstrata."pág.102.
A geografia quantitativa difundida na
obra de Dematteis, "a nova geografia" e para outros autores filiados
e esta corrente, a temário geográfico poderia ser explicado totalmente em
métodos matemáticos, assim todas questões sejam elas tratadas da paisagem, ação
da natureza sobre o homem, seriam passiveis de serem expressas em números
(pelas medições de suas variações) e compreendendo em forma de cálculos.
"Para eles, os avanços da estatística e da computação proporcionam uma
explicação geográfica"pág.103.
A quantitativa permite a elaboração de
"diagnósticos" sobre um determinado espaço, apresentando uma descrição
numérica exaustiva sobre as suas características.
"A geografia da percepção informa
como implementar no plano formulando, principalmente no que tange a reação do
elemento humano, frente as alterações prescritas"pág.108.
O acervo de técnicas formuladas pela
geografia pragmática é uma forma de utilização na questão ideológica, uma vez,
que representa um componente eficaz na política, propõe um preciso objetivo
neutro, que desvincula ou encobre a intervenção da realidade. Esta é uma
geografia de dominação. O planejamento sempre serve para a manutenção da
realidade existente.
"A geografia pragmática é um
instrumento de dominação burguesa". pág.108 , o seu saber é indissolúvel
ao desenvolvimento capitalista monopolista e a manutenção da exploração do
trabalho.
Neste contexto, a geografia pragmática
no seu pensamento, serve a burguesia e sendo assim, seus métodos se tornam
inquestionáveis, tornando-se as suas reflexões no âmbito da ciência geográfica
empobrecida, dessa maneira a geografia tradicional é mais rica em sua concepção
do que a geografia pragmática, pois ela corresponde ao real, bem ao contrário
da geografia pragmática.
"Em suma, este é uma das
vertentes do movimento de renovação do pensamento geográfico. Aquela que engaja
a produção dessa disciplina no projeto de manutenção da realidade
existente" pág. 111.
Capítulo XI
A Geografia Crítica
"A outra vertente, do movimento
de renovação do pensamento geográfico, agrupa aquele conjunto de propostas que
se pode denominar Geografia Crítica. Esta denominação advém de uma postura
crítica radical, frente à Geografia existente (seja a geografia tradicional ou
pragmática), a qual será ao nível de ruptura com o pensamento
anterior".pág.112
A geografia crítica pensa ao seu
saber, como uma arma de processo político de conhecimento científico, propondo
uma geografia militante, que lute por uma sociedade mais justa."Esta
proposta pensam a análise geográfica como um instrumento de libertação do
homem".pág.112
Além de aprofundar na crise, acham de
suma importância evidenciá-la analisando e fazendo por prevalecer o
questionamento acadêmico do pensamento tradicional, entretanto vão bem além, da
critica da estrutura acadêmica, que possibilitou a repetição do equivoco: o
("mandarinato" ) , o apego as velhas teorias. Desta maneira, ao nível
da crítica de conteúdo interno da geografia, não deixará pedra sobre pedra.
Os autores dessa nova linha de
renovação do pensamento geográfico (geografia crítica) abordam, e mostram as
vinculações, entre as teorias geográficas e o imperialismo, sempre beneficiando
a apologia de expansão. Mostra o trabalho dos geógrafos, agindo sob articulação
do estado escamoteando as contradições sociais. Com visões unilaterais, neste
contexto sempre via o homem-natureza,, numa ótica que encobertava as relações entre
os homens; via a população de um dado território, com um todo homogêneo, sem
atentar para a divisão em classes.
"O autor que formulou a crítica
mais radical da geografia tradicional foi, sem dúvida Yves Lacoste, em seu
livro", Geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra".
Lacoste argumenta que o saber geográfico manifesta-se em dois planos: a
"Geografia dos Estados-Maiores" e a "Geografia dos
Professores". Para ele, a primeira existiu ligada à própria prática do
poder. Essa geografia seria feita, na pratica estabelecendo estratégias de ação
de domínio da superfície terrestre. Todo conquistador (Alexandre , César ou
Napoleão) sempre teve um projeto com relação ao espaço, também os Estados e ,
mais modernamente, a direção de grandes empresas monopolistas. A
"Geografia dos professores" , esta, Para Lacoste, tem uma dupla
função : Em primeiro lugar, mascarar a existência dos geógrafos dos
"Estados-Maiores" apresentando o conhecimento geográfico como um
saber inútil; assim, mascarar o valor estratégico de saber pensar o espaço,
tornando-os desinteressantes para a maiorias das pessoas, em um conhecimento
além de tudo apolítico e mais inútil. Lacoste mostra esta relação entre dois
planos, discutindo o uso, pelo Departamento de Estado dos E.U.A., das
"ingênuas" teses francesas, nos bombardeios do Vietnã ."
pág.114/115.
A crítica de Lacoste é bastante
incisiva, pos põe o saber geográfico nas mão da burguesia. Sendo assim,
existiria uma guerra apontada a proposta de renovação no pensamento geográfico,
que implica uma ruptura com a geografia tradicional, de um discurso que
contraponham às tradicionais. Daí Lacoste definir seu trabalho como
"guerra epistemológica". Que nega a ordem estabelecida, que vêem seu
trabalho como arma de combate.
Continuando ainda na abodegam do livro
de Lacoste, este autor admite que os detentores do poder seja o Estado ou a
grande empresa, sempre possuem uma visão integrada do espaço, dada a
intervenção articulada de vários espaços.Por outro lado, o cidadão comum tem
uma visão fracionada do espaço, pois só conhece os lugares por suas vivência
cotidiana. Desta explicação concluí-se que o estado age sobre todos os lugares,
e isto se transforma numa arma de dominação."Assim argumenta Lacoste, é
necessário construir uma visão integrada do espaço, numa perspectiva popular, e
socializar este saber, pois possuí fundamental valor estratégico nos combates
políticos. Diz explicitamente" é necessário saber pensar o espaço, para
saber nele se organizar, para saber nele combater."" Pág.116. A proposta
da Geografia Crítica assume inteiramente um conteúdo político explícito, que
aparece de forma cabal nas afirmações de alguns autores como:
Yves Lacoste ("a Geografia é uma
prática social em relação à superfície terrestre".).
D.Harvey ("a questão do espaço
não pode ser uma resposta filosófica para problemas filosóficos, mas uma
resposta calcada na prática social")
M.Santos ("o espaço é a morada do
homem, mas pode ser também sua prisão").
"Vê-se que a renovação geográfica
passa a ser pensada, em termos de teoria e prática, como uma práxis
revolucionária, naquele sentido não basta explicar o mundo, pois cumpre
transformá-lo".Pág.117.
A geografia crítica tem suas origens
na geografia regional francesa. A figura de Jean Dresch aparece, no seio desse
movimento, como exemplo único de afirmação de um discurso político. Suas
teorias foram já uma antecipação (Dresch escreve suas obras nas décadas de 30 e
40). Esta ala da Geografia Regional vai progressivamente se inteirando do papel
dos processos econômicos e sócias, no direcionamento da organização do espaço.
Assim a Geografia Regional francesa aproxima-se da História e da Economia. E no
bojo as primeiras manifestações de um pensamento geográfico crítico.
A Geografia Ativa opunha-se a de
executar um tipo de análise, que colocasse a descoberto as contradições do mudo
de produção capitalista. Enseja assim, a geografia de denúncias de realidades
espaciais injustas e contraditórias. Tratava-se de explicar as regiões,
mostrando não apenas suas formas e suas funcionalidades, mas também as
contradições sociais aí contidas: a miséria, a subnutrição, as favelas, enfim
as condições de vida de uma parcela da população. Daí a idéia, desenvolvida por
estes autores, do espaço como base da vida social, e sua organização como refluxo
da atividade econômica.
Entretanto a geografia de denúncias,
não rompia, em termos metodológicos, com a análise regional
tradicional.Mantinha-se a tônica descritiva e empiristica , apenas passava-se a
englobar no estudo tópicos por ela não abordados.Introduziam-se novos temas ,
mantendo-se os procedimentos de análise gerais regionais .Tal perspectiva
aparece com clareza, em obras como a Geografia da Fome, de Josué de Castro , ou
a Geografia do Subdesenvolvimento de Y.Lacoste .Estes estudos abriram um papel
significativo, pois abriram novos horizontes para os geógrafos, ao apontar uma
perspectiva de engajamento social, de atuação crítica.
"O outro autor que mais se
destacou dentro desse movimento foi, sem dúvida alguma, Pierre George. Seu
grande mérito foi introduzir pioneiramente alguns conceitos marxistas na
discussão geográfica. P.George tenta uma conciliação da metodologia da análise
regional com instrumento do Materialismo Histórico. Assim, discute as relações
de produção, as relações de trabalho, a ação do grande capital, as forças
produtivas etc.p.George elabora uma extensa obra, constituída como ensaios,
como Sociologia e Geografia; manuais, como Geografia Econômica; estudos
concretos, tanto monografias,como Geografia de URSS ou Europa Central nos quais
abordam a ação do homem ou o Panorama do Mundo Atual."pág 119.
A geografia de denúncias não realizou
por inteiro a crítica da Geografia Tradicional, apesar de politizar o discurso
geográfico.
A Geografia Crítica, também se
desenvolve bastante a partir dos estudos temáticos notadamente aqueles
dedicados ao conhecimento das cidades ( não se trata da Geografia Urbana
Tradicional). Aqui , foi particularmente importante a contribuição dada por
autores não geógrafos ."Na verdade a Geografia Crítica abre para um leque
bastante amplo de influências "externas". Afinal, rompe o isolamento
do geógrafo é também uma de suas metas". Pág 120.
Em termos de uma concepção mais global
de Geografia, cabe uma exposição da proposta de Milton Santos, apresentada em
seu livro "Por uma geografia nova " esta obra representa apresenta
uma proposta geral ao estudo geográfico _ é assim um livro de claro conteúdo
narrativo. Nesse trabalho, depois de avaliar criticamente a Geografia
Tradicional, a crise do pensamento geográfico e as principais propostas de
renovação, efetivadas pela Geografia Pragmática, M.Santos passa a expor sua
concepção do objeto geográfico . Tenta dar uma resposta para a questão
primordial desse volume: o que é geografia? Como deve ser a análise de um
geógrafo?
Milton Santos argumenta que é
necessários discutir o espaço social, e ver a produção do espaço como
objeto.Afirma, entretanto, que o espaço é também um fator, pois é uma
acumulação de trabalho, uma incorporação de capital na superfície terrestre,
que a cria formas duráveis, as quais denomina"Rugosidade" ."As
formas espaciais são resultados de processos passados, mas são também condições
para processos futuros. As velhas formas são continuamente revivificadas pela
produção presente, que as articula em sua lógica".pág.124
"Milton Santos argumenta que toda
atividade produtiva dos homens implica numa ação sobre a superfície terrestre,
numa criação de novas formas, de tal modo que" produzir é produzir
espaço" . afirma que a organização do espaço é determinada pela tecnologia
, pela cultura e pela organização social da sociedade, que a empreendem. Na
sociedade capitalista, a organização espacial é imposta pelo ritmo de
acumulações."pág.124
O estado é o agente de transformação,
de difusão é dotação. É o intermediário entre as forças internas e externas.
Assim, não é passivo; ao contrário, orienta os estímulos e é o grande criador
das rugosidades ".
"Assim, uma articulação de
elementos naturais e processos históricos, de passado e
presente",variáveis assincrônicas funcionando sincronicamente ".
Desta forma, há um contínuo processo de modernização em curso, que não atinge
todos os lugares ao mesmo tempo, que é estimulado pelo Estado, e que obedece à
lógica do capital e não aos interesses do homem (manifestando-se então como uma
"modernização maldosa"".
Está é, em termos bem resumidos. a
proposta de Milton Santos , uma das mias amplas e acabadas de Geografia
Crítica.
"De forma geral, podemos dizer
que a Geografia Crítica é uma frente, onde obedecem ao objetivo e princípios
comuns, convivem com propostas dispares. Assim, não se trata de um conjunto
monolítico, mas ao contrário, de um a agrupamento de perspectivas
diferenciadas. A unidade da Geografia Crítica manifesta-se na postura de
oposição a uma realidade social e espacial contraditória e injusta, fazendo-se
do conhecimento geográfico uma arma de combate à situação existente".
Palavras Finais
O pensamento Geográfico vivencia na
atualidade um amplo processo de renovação. Rompe-se com as descrições áridas,
com as exaustivas enumerações, enfim com aquele sentimento de inutilidade que
se tem ao decorar todos os afluentes da margem esquerda do rio Amazonas.Este
movimento abre novas perspectivas para os geógrafos. Alguns dirão que a
geografia esta em crise. Porém, como já afirmou um combatido companheiro: Viva
a Crise. É aqui que nos encontramos hoje, na busca de uma proposta alimentada
por um ideal humanista.
Glossário
Hipótese: s. f. 1. Suposição feita
sobre uma coisa possível ou impossível, de que se tiram conclusões. 2.
Acontecimento incerto; eventualidade. 3. Explanação científica de um fato não
verificado. 4. Mat. Proposição admitida como dado de um problema.
Singularidade: s. f. 1. Qualidade de
singular. 2. Ação ou dito singular. 3. Extravagância.4
2. Que vale só por si. 3. Que não tem
igual nem semelhante; distinto, notável, extraordinário. 4. Especial,
particular, privilegiado. 5. Esquisito, excêntrico, original. 6. Assombroso.
Geografia Regional: O que estuda a
região como um fenômeno único, cujas combinações não se repetem, não se podendo
encontrar leis a aplicar em áreas ainda não estudas.
Ciências Ideográficas: são as que
fazem a descrição dos fatos particulares, ou singulares. Estão na base das
ciências do espírito, que se dedicam ao estudo de fenômenos únicos e não
pretendem formular leis de aplicação universal.
Ciências nomotéticas: são as que
procuram leis gerais de aplicação universal. Estão na base das ciências
naturais.
Empirismo: s. m. 1. Sistema filosófico
que nega a existência de axiomas como princípios de conhecimento. 2.
Conhecimentos práticos devidos meramente à experiência.
Pragmática: s. f. 1. Conjunto de
regras ou fórmulas que regulam as cerimônias oficiais ou religiosas. 2.
Formalidade da boa sociedade; etiqueta.
Indução : s. f. 1. Ato ou efeito de
induzir. 2. Raciocínio em que, de fatos particulares se tira uma conclusão
genérica.
Positivismo: s. m. 1. Filos. Sistema
criado por Augusto Comte, que se baseia nos fatos e na experiência, e que
deriva do conjunto das ciências positivas, repelindo a metafísica e o
sobrenatural. 2. Tendência para encarar a vida só pelo seu lado prático e útil.
Marxismo: (cs), s. m. Filos. Sistema
doutrinário do socialista alemão Karl Marx.
Percepção : s. f. Ato, efeito ou
faculdade de perceber.
Geografia da Percepção : Geografia da
percepção informa como implementar o plano formulado, principalmente no que
tange à reação do elemento humano, frente às alterações prescritas.
Apologia: s. f. 1. Discurso ou escrito
laudatório para justificar ou defender alguém ou alguma coisa. 2. Elogio,
louvor.
Síntese: sín.te.se
s. f. 1. Toda operação mental pela
qual se constrói um sistema. 2. Generalização, agrupamento de fatos
particulares em um todo que os abrange e os resume. 3. Resumo. 4. Quadro
expositivo do conjunto de uma ciência. 5. Gram. Figura que consiste em reunir
numa só duas palavras primitivamente separadas. 7. Lóg. Método de demonstração
que parte das noções mais simples às mais complexas. 8. Mat. Demonstração das
proposições pela única dedução daquelas que já estão provadas até chegar àquela
que se quer estabelecer. 9. Quím. Operação pela qual se reúnem os corpos
simples para formar os compostos, ou os compostos para formar outros de
composição ainda mais complexa.
Militante : adj. m. e f. 1. Que
milita. 2. Que está em exercício. 3. Teol. Que pertence à milícia de Jesus
Cristo. 4. Agressivamente ativo por uma causa: Comunista militante.
Habitat: (ábitat), s. m. (t. lat.) 1.
Biol. Lugar de vida de um organismo. 2. Meio geográfico restrito em que
uma sociedade possa sobreviver.
Dos grandes conhecimentos, a Geografia é a mais interessante!!!
ResponderExcluirObrigado por me proporcionar um entendimento mais claro sobre o livro do trabalho do meu curso de Licenciatura em geografia!