quinta-feira, 6 de junho de 2013

O CONGRESSO DE VIENA

Em 1814, após tantas investidas sem resultado definitivo, as monarquias europeias finalmente conseguiram abater as hábeis tropas que garantiam o controle de Napoleão sobre a Europa. O carisma e o talento militar do general Bonaparte eram capazes de fazer com que as tropas francesas tivessem a capacidade de vencer batalhas que pareciam estar completamente perdidas. De fato, foi por meio desses e outros recursos que o exército francês conseguira tomar vários dos estados absolutistas do Velho Mundo.
Naquela época, tendo o mapa político europeu alterado por todas essas batalhas e conquistas, coube às grandes potências monárquicas reorganizar os governos da Europa. Dessa forma, representantes de países como Rússia, Prússia, Inglaterra, Áustria e a própria França se reuniram para resolver questões de fronteira e determinar a legitimidade dos governos que assumiram cada um dos Estados Nacionais. Mas seriam apenas essas as preocupações que motivaram tal reunião?
Na verdade, os participantes do Congresso de Viena tinham preocupação com a situação e os direitos dos reis na Europa pós-Napoleônica. A disseminação do ideário liberal e o próprio sucesso da Revolução Francesa eram indícios inegáveis de que o poder absolutista não poderia mais se comportar da mesma forma. Foi por isso que, até os estadistas mais conservadores, reconheciam a urgência de se criar constituições que abrissem caminho para a existência de direitos políticos e sociais mais amplos.
A primeira medida de impacto tomada pelo congresso foi conceder o governo da França para Luís XVIII, irmão do rei Luís XVI, que havia sido guilhotinado durante a experiência revolucionária francesa. Além disso, o governo francês perdeu todos os territórios conquistados pelos seus exércitos e foi obrigado a pagar uma pesada indenização para as nações prejudicadas pelas invasões napoleônicas. Enquanto a dívida não fosse quitada, os exércitos absolutistas europeus continuariam na França.
Com relação aos demais países afetados pela revolução, os principais dirigentes absolutistas decidiram adotar o princípio de legitimidade. Segundo essa diretriz, todas as dinastias que reinavam na Europa antes da Revolução Francesa teriam o governo e seus territórios reintegrados. Contudo, aproveitando o prestígio político alcançado pela vitória contra Napoleão, os representantes ingleses, russos, austríacos e prussianos conquistaram o direito de dominar territórios fora da Europa. Tal medida serviria como uma recompensa aos serviços prestados em defesa das monarquias europeias.
Outra medida envolvendo os esforços de Rússia, Prússia e Áustria foi a criação da Santa Aliança, um pacto de natureza política e militar que visava defender as medidas adotadas no Congresso de Viena. Nesse sentido, o exército formado a partir desse acordo tinha como função combater levantes liberais e preservar a autoridade dos governos europeus sobre as suas colônias.
Por conta dessa última diretriz, a Inglaterra não aderiu às forças da Santa Aliança. Tal recusa se justificava no interesse britânico em manter relações comerciais próximas com as nações americanas que tinham alçado sua independência. Por fim, a Santa Aliança acabou não alcançando o êxito esperado por causa dos vários levantes liberais que tomaram o Velho Mundo no século XIX e a incapacidade de frear o processo emancipatório que tomava conta do continente americano.

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