O TENENTISMO, OU REVOLTA
TENENTISTA
A longa hegemonia das oligarquias paulista e mineira
vinha sendo questionada por outros grupos que até então mantinham afastados do
poder, como os que dominavam nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e
Bahia. No intuito de romper com o antigo predomínio, esses estados uniram-se na
Reação Republicana, que lançou Nilo Peçanha (RJ) como candidato de
oposição à presidência da República, para concorrer com Artur Bernardes (MG), o candidato
oficial. O movimento contou com o apoio de vários militares, que se vinham
mostrando descontentes com Epitácio Pessoa desde o início de seu governo.
A jovem oficialidade contesta a vitória de Artur
Bernardes, mas
o governo se manteve intransigente, recusando-se a rever o resultado das urnas.
Só que, dessa vez, a história seria um pouco diferente, pois nem a Reação
Republicana nem os militares aceitaram pacificamente os resultados oficiais.
O 5 DE JULHO DE 1924
Toda essa efervescência de mudanças sociais,
políticas e econômicas e o grande descontentamento com o modelo político do
país, culminou na Revolução de 1930.
Este evento torna-se a esperança de renovação dos
costumes políticos e transformação da sociedade brasileira.
GREMAUD, A.P.; VASCONCELLOS, M.A.S.; TONETO Jr., R. Economia brasileira contemporânea. 6 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005. 626 p
KOIFMAN, Fábio, Organizador – Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.
Schawartz, J. Vanguardas Latino-Americanas. Polêmicas, Manifestos E Textos Críticos. São Paulo: EDUSP/ILUMINURAS/FAPESP, 1995, p.45.
O Movimento Tenentista, constituído por jovens
oficiais, que defendiam a posição de que a função dos militares não deveria
estar restrita aos quartéis, mas, influenciar mais direta e ativamente na vida
política do país. Como parcela importante da elite do país, aspiravam ter maior
presença e participação no processo decisório nacional; explodiu no Rio de
Janeiro em 1922 e em São Paulo em 1924 e teve continuidade até 1927 com a
Coluna Prestes. Estes movimentos expressaram a insatisfação dos setores
militares com o governo e com a República Velha. Manifestando os interesses da
média e baixa oficialidade, os tenentes tornaram-se importante núcleo de
oposição às oligarquias e ao sistema republicano vigente. Pregavam a moralização
da política e a volta das liberdades públicas, defendiam o capital nacional e
exigiam a reestruturação das forças armadas.
O 5 DE JULHO DE 1922 E
OS DEZOITO DO FORTE
Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa nomeia para o Ministério da Guerra o carioca Pandiá Calógeras e para a
Marinha, Raul Soares, ambos civis, causando visível mal-estar entre os
militares nos quartéis do Rio.
O quadro sucessório se complicou em outubro de 1921 com a publicação,
pela imprensa carioca, de cartas atribuídas a Bernardes, contendo comentários
desrespeitosos sobre os militares. Embora Bernardes negasse a autoria das
chamadas Cartas Falsas, o episódio acirrou os ânimos, especialmente entre as
Forças Armadas. As eleições se realizaram em março de 1922, e consagraram, como
já era esperado, a vitória de Bernardes.
A gota d'água ocorreu logo no início de julho, quando o marechal Hermes da Fonseca,
após criticar duramente a intervenção do governo federal em Pernambuco, teve
sua prisão decretada. Na ocasião, o presidente Epitácio Pessoa determinou
também o fechamento do Clube Militar; inconformados com a prisão, os tenentes
prepararam-se para um levante; na madrugada do dia 5, a crise atingiu seu auge,
com a eclosão no Rio de Janeiro de uma série de levantes militares comandados
por tenentes. Além do forte de Copacabana, rebelaram-se guarnições da Vila
Militar, o forte do Vigia, a Escola Militar do Realengo e o 1º Batalhão de
Engenharia. A eles se juntaram também militares do Exército e da Marinha de
Niterói, e a 1ª Circunscrição Militar, sediada em Mato Grosso.
À 1h20 do dia 05 de Julho, o
tenente Siqueira Campos deu início à revolta, com disparos de canhão; comandado por Euclides da Fonseca, filho de
Hermes. As tropas legalistas reagiram e, durante todo o dia 5, o Forte
foi bombardeado. No dia 6, os rebeldes liberaram aqueles que não queriam
combater. Dos 301 amotinados, 29 decidiram permanecer na luta.
O governo manda bombardear o forte e declara estado
de sítio. Os
que ficaram mudaram de tática. Em vez de permanecerem no Forte ou bombardearem
a cidade, foram às ruas para enfrentar as tropas legalistas. Os 29 homens
saíram pela Avenida Atlântica, mas durante o percurso alguns deles debandaram.
Sobraram apenas dezessete. No trajeto, o engenheiro civil Otávio Correia viu os
insurgentes e decidiu acompanhá-los. Do embate com as tropas governamentais
resultou a morte de 16 combatentes e dois feridos, os tenentes Eduardo
Gomes e Siqueira Campos sobrevivem. Embora o governo tenha alcançado sucesso nessa
rebelião, garantindo a supremacia de São Paulo e Minas Gerais no cenário
político nacional, através da política "café-com-leite", os tenentes continuaram
se rebelando, ocorrendo vários conflitos em todo Brasil, os Dezoito do Forte foram os
precursores do movimento tenentista.
O 5 DE JULHO DE 1924
A derrota dos rebeldes de 1922 marcou o início de um longo período em
que o país foi governado debaixo de estado de sítio: o primeiro decreto foi
ainda assinado por Epitácio Pessoa, mas a medida estendeu-se por todo o governo
Bernardes, que não conseguiu amenizar o clima de tensão política. Durante os
quatro anos de seu mandato, foi freqüente a censura à imprensa, ao mesmo tempo
que vários oposicionistas (civis e militares) foram presos e desterrados para
os campos de internamento que existiam na Região Norte do país.
O julgamento dos envolvidos nos
levantes de 1922, marcado para dezembro de 1923, serviu apenas para acentuar as
divergências entre o governo federal e os militares. A tensão levou à eclosão
de novo movimento, dessa vez em São Paulo, em 5 de julho de 1924, dois anos
após o levante dos 18 do Forte. Articulada pelo general reformado Isidoro Dias Lopes,
pelo major Miguel Costa (comandante da Força Pública
do estado), e pelo tenente Joaquim Távora, a revolta contou ainda com a
participação dos tenentes Eduardo Gomes, Juarez Távora, João Cabanas e Newton
Estillac Leal.
As
ações tiveram início na madrugada do dia 5. Rapidamente os revoltosos ocuparam
vários pontos estratégicos da cidade, inclusive quartéis da Força Pública. Já
no dia 8, com a fuga do presidente do estado, Carlos de Campos, foi tomado o
palácio do governo, e no dia seguinte foi instalado um governo provisório sob a
chefia de Isidoro, exigem a renúncia de Artur Bernardes, a convocação de uma assembléia
constituinte e o voto secreto. A represália das tropas legalistas, contudo, não tardou: um forte
bombardeio atingiu a cidade, provocando o caos generalizado nos serviços e
levando a população ao pânico; em diversos bairros, em especial os operários,
foram freqüentes os saques a armazéns e depósitos. Mas os rebeldes mantiveram o
controle da capital paulista ainda por mais alguns dias em 27 de julho os
rebeldes retiram-se, rumaram
para o interior.
Àquela
altura, embora os revoltosos não soubessem disso, o levante de São Paulo já
havia recebido apoio em diversas partes do país, que se traduziu em rebeliões
militares no Amazonas, Sergipe e Mato Grosso. A mais significativa, no entanto,
só ocorreu em outubro de 1924, quando tropas sediadas no Rio Grande do Sul -
como as de Santo Ângelo, São Luís, São Borja e Uruguaiana -, associadas a
políticos da oposição no estado, pegaram em armas. Os revoltosos gaúchos
contaram com a colaboração de líderes tenentistas como João Alberto Lins de Barros e
Juarez Távora, decididos a transformar o Rio Grande em mais uma frente de
combate ao governo federal.
Obedecendo às orientações do general Isidoro, que em outubro já tinha
alcançado com os paulistas o interior do Paraná, os revoltosos gaúchos, sob o
comando do capitão Luís Carlos Prestes,
partiram em direção ao norte, rumo a Foz do Iguaçu (PR). Lá deveriam se unir
gaúchos e paulistas. O encontro das duas frentes ocorreu em abril de 1925, e
com ele teve início a epopéia da Coluna Miguel Costa-Prestes, ou simplesmente
Coluna Prestes, esse movimento militar, que teve origem no movimento tenentista e se
deslocou pelo Brasil pregando reformas política e sociais e combatendo o
governo do presidente Artur Bernardes.
Após a derrota dos tenentes em São Paulo, em 1924,
um grupo recua para o interior do país sob o comando de Miguel da Costa. No
início de 1925, o grupo se reúne no Oeste do Paraná com a coluna do capitão
Luís Carlos Prestes, que havia partido do Rio Grande do Sul. Sempre com as
forças federais no seu encalço, a coluna de 1,5 mil homens entra pelo atual
Mato Grosso do Sul, atravessa o país até o Maranhão, percorre parte do nordeste
e em seguida retorna a partir de Minas Gerais. Refaz parte do trajeto de ida e
cruza a fronteira da Bolívia em fevereiro de 1927. Sem jamais ser vencida, a
coluna enfrenta as tropas do exército, as forças policiais dos estados e os
jagunços e cangaceiros recrutados pelos coronéis. A coluna poucas vezes
enfrentou grande efetivo do governo. Em geral eram usadas tática de
despistamento para confundir as tropas legalistas. Nas cidades e nos vilarejos
do sertão, os rebeldes promovem comícios e divulgam manifestos contra o regime
da República Velha e o autoritarismo do governo Washington Luís, que mantém o
país sob estado de sítio desde sua posse, em novembro de 1926.
Os homens liderados por Luís Carlos Prestes não conseguem derrubar o
governo de Washington Luís. Mas, com a reputação de invencibilidade adquirida
na marcha vitoriosa de 25.000
km , aumenta o prestígio político do tenentismo e
reforças suas críticas às oligarquias. Com o sucesso da marcha, a coluna ajuda
a abalar ainda mais os alicerces da República Velha e a preparar a revolução de
1930. Projeta-se também, Luís Carlos Prestes, que, desde sua entrada no Partido
Comunista Brasileiro (PCB) e sua participação na Intentona Comunista de 1935,
se torna uma das figuras centrais do cenário político do Brasil nas três
décadas seguintes.
Contextualização Histórica : A crise de transição da
década de 1920
A década de 1920 presencia o esgotamento quase que
completo das estruturas coloniais da sociedade brasileira, que se prolongam por
cerca de 100 anos após a emancipação política. Esta década foi marcada tanto
pela importante transição da estrutura social, como também, foi palco da
primeira grande crise global aguda do país.
Este era um período pós-guerra, visto que a Primeira
Guerra Mundial havia terminado em 1918. Historicamente, os períodos pós-guerra
são marcados por inúmeras transformações, seja devido ao aproveitamento das
tecnologias geradas para a guerra, e posteriormente aplicadas a diversas áreas
do conhecimento, seja devido ao próprio despertar da consciência individual
sobre questões de grande importância, ou de importância coletiva, visto o
grande choque de interesses e muitas vezes, um melhor entendimento do
posicionamento global das nações, e seus interesses com a guerra.
Com isso, o Brasil vê florescer um despertar da
consciência nacional, com diversas manifestações ocorridas em vários setores da
sociedade. Ocorre que os indivíduos, ou melhor dizendo, primeiramente a massa
pensante e, num segundo momento, e por influência dos primeiros, o povo passa a
perceber o país como uma nação periférica, dependente e distante das potências
emergentes.
Verifica-se a necessidade de superar esse atraso
histórico e colocar o país na direção da verdadeira independência, uma vez
percebido que a emancipação política do país era mais ficção que realidade.Buscar o desenvolvimento econômico era por o país no
rumo da industrialização, e para descobrirem isso, bastou olhar para as nações
então adiantadas e observar em que estiveram fundamentados seus progressos.
Paralelamente a essa busca pelo desenvolvimento
econômico, observou-se que o sucesso dependia também de transformações de ordem
política e cultural. Assim, a velha ordem política, liderada pelos
latifundiários, vinha perdendo apoio, enquanto cresciam as forças a favor da
renovação da vida nacional.
Nessa década, o ano de 1922 pode ser considerado o
ano-chave do processo de transição histórico da sociedade brasileira. No campo
cultural, ocorre a semana de arte moderna em São Paulo, onde inúmeros artistas
e escritores, se reuniram, mostrando sua arte genuína; a fundação do Partido
Comunista do Brasil, como uma tentativa de organização política da classe
operária emergente; e o Movimento Tenentista, desencadeado pela Revolta do
Forte de Copacabana, que leva os militares a uma crescente presença na vida
política e administrativa do país, engrossando as massas contrárias ao atual
regime.
TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO
Nesse momento, de profundas transformações no
Brasil, ocorriam também diversas mudanças no âmbito mundial, contexto sobre o
qual as transformações ocorridas no Brasil devem ser analisadas.
São três as principais transformações na ordem
mundial:
1)
Surgimento dos Estados Unidos enquanto potência mundial,
assumindo o posto da Europa, que enfraquecida pela 1º Guerra Mundial, passa a
exercer menor influência econômica internacional. Encerra-se a fase inglesa e
inicia-se a fase norte-americana, que passa a comandar a segunda fase da
Revolução Industrial, marcada pelo petróleo, pelo automóvel, pelo avião etc. O
Brasil, que antes estava fortemente vinculado à Europa e em especial, à
Inglaterra, passa a vincular-se, de forma dependente, aos Estados unidos (só
para lembrar, atualmente os Estados Unidos detêm mais de 70% do PIB do
Continente Americano).
2)
A Europa dos pós-guerra está totalmente desestruturada,
vivendo sob forte inflação e sob precárias condições de vida, entrando em jogo
a disputa pelo poder entre as forças das classes sociais, grupos e facções.
Este ambiente cria as condições para o surgimento dos regimes totalitários,
como o Nazismo na Alemanha e o Facismo na Itália.
3)
A vitória da Revolução Socialista, na Rússia, em 1917,
eleva o socialismo, de apenas uma teoria, ou um sonho, a uma realidade.
MUDANÇAS ECONÔMICAS;
MUDANÇAS SOCIAIS
Ocorre nesse período uma
transição da economia brasileira agrário-exportadora para uma economia a qual,
se não industrializada, mas caminhando a passos largos para tal. O fato é que
existe um estreito relacionamento entre esses dois fenômenos.
Já vimos em aula a ascensão e queda do café e as
políticas adotadas para manter a renda dos cafeicultores, políticas as quais
socializaram as perdas para toda a população.
O fato é que, com a Primeira Guerra Mundial foram
criadas condições para que o Brasil pudesse industrializar-se. Aproveitando as
condições favoráveis, e tendo em vista a queda de rentabilidade das lavouras de
café, uma parcela do capital cafeeiro é deslocado para o setor industrial, que
no momento apresenta-se como uma alternativa promissora.
A guerra favoreceu esse desenvolvimento, pelo fato
de que, o bloqueio econômico internacional, provocado por esta, dificultava as
importações de produtos industrializados, com o agravante de que muitas das
estruturas produtivas dos principais países industrializados foram destruídas.
Assim, a economia brasileira voltava-se, não para as exportações, embora estas
continuassem ocorrendo, mas para o mercado interno, o que fortalece o
crescimento industrial e urbano.
Significativas mudanças ocorreram na estrutura da
sociedade brasileira após a Primeira Guerra Mundial. Uma destas mudanças foi o
surgimento das classes sociais intermediárias, como a burguesia e o
proletariado, e com estes, as reivindicações operárias e a luta social.
Ocorria também um crescimento numérico da população
nos centros urbanos, que por inúmeras razões torna-se mais atrativo que o meio
rural. Com isso, o êxodo rural se intensifica e o poder político passa a
privilegiar o meio urbano.
“Atualmente a política privilegia mais o meio urbano
que o meio rural, pois nas cidades estão concentrados um maior número de
votos”.
O processo de emancipação feminina também é
decorrente da guerra. O fato é que, mesmo o Brasil não participando diretamente
do conflito armado, um contingente muito grande de homens foi convocado, e com
isso houve a necessidade de contratação de mulheres para trabalhar nas
fábricas.
Com o surgimento da classe operária esta passou a se
organizar em sindicatos, de modo a defender seus direitos, ocorrendo, a partir
de então, enfrentamento entre essa e a burguesia industrial. O fato que marca o
intenso crescimento das reivindicações operárias no Brasil foi a grande greve
de trabalhadores em 1917, em São Paulo.
CONTESTAÇÃO DO SISTEMA
POLÍTICO
Em tempos de República Velha, que vai desde o fim do
Império, em 1889 até 1930, permanecia o poder das oligarquias rurais, em que a
alternância entre presidentes paulistas e mineiros, conhecida com “política
café-com-leite”, controlava o governo federal. Dando suporte a esta estrutura,
estavam os coronéis, que exerciam fortíssima influência junto aos eleitores de
modo a manter o poder federal e com isso seus próprios interesses.
Outros segmentos da economia passam a contestar o
poder político vigente (oligárquico), e a exigir uma maior participação das
demais classes, inclusive dos militares, que tiveram uma grande participação
nessa mudança de poder.
Superando os diversos confrontos que tentam
derruba-lo, Getúlio Vargas conduz durante 15 anos, ou seja, até 1945, a transição de uma
sociedade patriarcal-latifundiária-agrário-exportadora para uma sociedade
urbano-industrial.
EMERGÊNCIA DO
NACIONALISMO
O despertar do nacionalismo, nessa fase, apresenta
três dimensões fundamentais, as quais estiveram intimamente integradas:
1.
O nacionalismo literário-artístico-cultural;
2.
O nacionalismo cívico-político; e
3.
O nacionalismo econômico.
Nessa época ocorre o
surgimento de diversas revistas de cunho nacionalista, exaltando o civismo,
principalmente dentre os jovens. Desperta também o ideal de liberdade econômica
sendo reafirmado que o Brasil só realizaria sua independência econômica
possuindo um parque industrial eficiente à altura de seu desenvolvimento agrícola.
A industrialização do país, através da liderança da
empresa nacional, é considerada fator essencial para a construção de nossa
independência econômica.
Além do nacionalismo que exaltava nossa natureza e
nossas riquezas naturais, este tem ainda uma dimensão maior, com atitudes
antipotuguesas, antieuropéias e antiimperialistas.
APÊNDICES
HISTÓRICOS
– A Grande
Depressão (Crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929)
A Grande Depressão foi o período da maior crise
econômica mundial, entre os anos de 1929 e 1933. Atingiu em primeiro lugar e
mais rapidamente a economia norte-americana, espalhando-se me seguida para a
Europa, os países da África, Ásia e América Latina. A crise iniciou-se no
âmbito do sistema financeiro na chamada Quinta-Feira Negra (24/10/1929), que a
história registra como sendo o primeiro dia de pânico na Bolsa de Nova Iorque.
Era um momento de intensa especulação na bolsa, e a economia norte-americana
estava em plena prosperidade. De repente, 70 milhões de dólares em títulos
foram jogados no mercado sem encontrar contrapartida de demanda, o que levou a
uma brusca queda nos preços das ações e ao pânico generalizado. Até o final do
mês, seguiram-se novas vendas maciças e novas derrubadas de preços,
acompanhadas por uma crise bancária e uma onda de falências.
A desconfiança com os acontecimentos da bolsa
espalhou-se por todos os ramos da atividade econômica, atingindo a produção. A
queda da renda nacional levou a uma retração da demanda, ao aumento dos
estoques e à vertiginosa queda dos preços.
Muitas atividades econômicas foram se paralisando,
e, como uma bola de neve, sucederam-se as falências e milhões de trabalhadores
ficaram desempregados. Nos Estados unidos, entre 1929 e 1933, havia cerca de 15
milhões de desempregados, 5 mil bancos paralisaram suas atividades, 85 mil
empresas faliram, e as produções industriais e agrícolas caíram pela metade.
Quando a crise atingiu proporções internacionais, o
comércio mundial ficou reduzido a um terço, e o número de desempregados chegou
a 30 milhões. Nessa época, os Estados Unidos ocupavam uma posição hegemônica na
economia capitalista mundial, como maior potência industrial e financeira, o
que foi determinante para que a crise assumisse proporções mundiais. A
repatriação de capitais norte-americanos, associada à brusca redução das
importações pelos Estados unidos, repercutiu fortemente na Europa, gerando uma
crise industrial e financeira sem precedentes e o crescimento vertiginoso do
desemprego.
Na Europa, os primeiros países atingidos foram a
Inglaterra, a Alemanha e a Áustria. Na França faliram a Citroën, o Banco
Nacional de Comércio e a Companhia Geral de Transportes.
A crise também teve severos efeitos na América
Latina, cuja economia agroexportadora foi altamente afetada pela retração dos
investimentos estrangeiros e a redução das exportações de matérias-primas. No
Brasil, o principal efeito da crise manifestou-se na queda vertical dos preços
do café, levando o governo federal a comprar grande parte da safra e a destruir
80 milhões de sacas do produto, para diminuir os estoques e sustentar os
preços.
A reação do governo à crise só ocorre com a entrada
de Franklin Roosevelt na presidência, em 1932. Adotou-se uma política econômica
intervencionista, o chamado New Deal.
Uma das principais conseqüências da depressão, a
médio e longo prazo, foi uma intensificação generalizada da prática de
intervenção e do planejamento estatal da economia, que passou a vigorar não só
nos Estados Unidos, mas também nos países europeus e na América Latina.
RESULTADO:
A REVOLUÇÃO DE 1930
Movimento político-militar que derruba o presidente
Washington Luís, em outubro de 1930 e acaba com a República Velha, levando
Getúlio Vargas ao poder.
Fontes:
Centro
de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV) GREMAUD, A.P.; VASCONCELLOS, M.A.S.; TONETO Jr., R. Economia brasileira contemporânea. 6 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2005. 626 p
KOIFMAN, Fábio, Organizador – Presidentes do Brasil, Editora Rio, 2001.
Schawartz, J. Vanguardas Latino-Americanas. Polêmicas, Manifestos E Textos Críticos. São Paulo: EDUSP/ILUMINURAS/FAPESP, 1995, p.45.
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