Assista ao vídeo, mas não deixe de ler o resumo abaixo para melhor compreensão do período histórico.
Com a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e a
consequente derrota das ditaduras do Eixo, os mais diversos grupos sociais
passaram a clamar por uma urgente redemocratização das instâncias políticas
internacionais. A despeito da participação da União Soviética stalinista nesse
triunfo, o recado que o fim da guerra parecia dar ao mundo era que as relações
humanas precisavam ser travadas em níveis mais liberais. A criação da ONU, a
Declaração dos Direitos Humanos e a difusão dos movimentos de descolonização
imperialista correspondiam, em planos distintos, a essas novas demandas.
Presidente Dutra (Foto: Divulgação)
Em terras brasileiras, mesmo com a popularidade do
presidente Getúlio Vargas, tal clamor libertário se materializou no crescimento
das críticas ao Estado Novo. Setores das forças armadas e da imprensa
encabeçavam a oposição à ditadura varguista, que viria a padecer com a
convocação de novas eleições presidenciais, das quais Vargas fora proibido de
participar e Eurico Gaspar Dutra sairia vitorioso.
É importante lembrar que tal mudança na presidência da
república não indicou necessariamente um rompimento com a política varguista.
Ao contrário, Dutra foi eleito fundamentalmente pelo apoio ofertado por seu
antecessor à sua campanha. Além disso, dos novos partidos que viriam a ser
criados, dois dos mais importantes apresentavam o “DNA político” de Vargas: o
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e a o PSD (Partido Social Democrático). A
própria UDN (União Democrática Nacional), representante de setores
conservadores e opositores ao Estado Novo, ganhou espaço no espectro político
brasileiro justamente pelos ataques que fazia a Getúlio.
DUTRA E A GUERRA FRIA
Constituição de 1946 no jornal (Foto: Reprodução)
Com a chegada de Eurico Gaspar Dutra à presidência da
República (1946-1951), o país dava mais um importante passo no processo de
redemocratização e de ruptura com a ditadura estadonovista. Neste cenário, a
criação de uma nova constituição se impunha como algo fundamental à
liberalização das estruturas políticas nacionais. Em 1946, uma nova Carta foi,
então, elaborada, através dela estavam garantidas as mais diversas liberdades,
como de pensamento e expressão, imprensa e organização partidária.
No entanto, a construção da jovem democracia brasileira foi
profundamente abalada pelos caminhos que as relações internacionais tomaram no
país. Em um contexto mundial marcado pela Guerra Fria, o Brasil de Dutra se
alinhou às diretrizes norte-americanas, o que motivou o corte de relações com a
União Soviética, além da perseguição a políticos comunistas e, mais
exemplarmente, da cassação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
As relações entre Brasil e Estados Unidos ficaram ainda mais
estreitas com a criação da Missão Abbink e da assinatura do TIAR (Tratado
Interamericano de Assistência Recíproca). Enquanto a primeira criava uma
comissão com representantes dos dois países para discutir os caminhos tomados
pela economia brasileira, o segundo ampliava a rede de combate à expansão
comunista no continente americano. A formação da ESG (Escola Superior de
Guerra) evidenciava igualmente a interferência estadunidense em importantes
questões nacionais, face à grande participação de militares norteamericanos em
sua criação.
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