HISTÓRIA E MEIO AMBIENTE: CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA EM PESQUISA, ENSINO E APRENDIZAGEM
As questões ambientais despontam com grande força na atualidade e incidem imediata e diretamente no trabalho realizado pelos historiadores na pesquisa, no ensino e na apreciação crítica da sociedade brasileira. Um novo questionamento sobre os modos de vida humana e sua reordenação, nesse início de século, sugere também a busca de novos métodos e abordagens na investigação histórica. Estas preocupações tomam impulso em um momento cultural marcado pela fragmentação e dispersão das atenções, objetos, métodos e fins na historiografia internacional e nacional. No Brasil, a necessidade do estudo das temáticas do meio ambiente pelos historiadores decorre, principalmente, das formulações propostas pelo Ministério da Educação para o ensino fundamental e médio, aliada à ressonância dos graves problemas ambientais no mundo de hoje. Não se trata de importação, pura e simples, de nova moda historiográfica dos países ricos do hemisfério norte e de seus centros intelectuais. Vale lembrar que o estudo das questões ambientais no Brasil, em perspectiva histórica, remete ao enfrentamento de uma inquietante e recorrente indagação. Como um país abundante em recursos naturais tem seu quadro social secularmente maculado com a desigualdade social e a espoliação econômica, corporificadas em fome, pobreza, desemprego, violência institucionalizada, destruição e degradação ambiental, entre outras manifestações aparentemente contraditórias?
O Ministério da Educação colocou a problemática ambiental na mesa de trabalho do historiador, ao estabelecer os Parâmetros Curriculares Nacionais para o sistema de ensino. Ao que tudo indica para nela permanecer durante algum tempo. A reformulação do ensino proposta pelos PCN incluiu, entre outros aspectos, o tratamento interdisciplinar de cinco grandes temas, pelas várias disciplinas da grade curricular, os denominados “temas transversais”. Isto significa que o ensino de história deve, nos próximos anos, contemplar a problemática ambiental nas salas de aula, bem como os demais temas: ética, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural. Uma história ambiental adquire, então, um grande significado e tem um papel a cumprir, ainda que sua principal determinação seja externa aos anseios e desígnios dos historiadores. Seja como for, esta não lhes é alheia. Resta, porém, equacionar a história ambiental no seio dos estudos históricos no Brasil, organizando uma abordagem própria aos padrões e condições de trabalho, interesses e necessidades dos nossos historiadores e compatível com a realidade do ensino fundamental e médio nas escolas e universidades brasileiras.
Uma nova pauta de atividades foi formulada para ser desenvolvida a partir de 2003, tendo como referência realizações e experiências obtidas na abordagem do Meio Ambiente nos estudos de História. Em primeiro lugar, a constituição de um núcleo de formação continuada sobre esse tema transversal junto ao curso de História. A formulação de estratégias de ação e de funcionamento deverá ter as características de um laboratório e estarão voltadas para a realização de experiências em pesquisa e ensino de História. Esta iniciativa deverá ser complementada com novas propostas para a elaboração de recursos didáticos sobre as questões ambientais, destinadas aos professores e estudantes do ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, e de acordo com o “Guia do Formador” do programa Parâmetros em ação, meio ambiente na escola. A montagem de módulos de estudos, contendo textos, exercícios de análise e interpretação das realidades sociais no passado e no presente, atividades de avaliação crítica, de educação ambiental e diálogo transdisciplinar são algumas possibilidades de trabalho desses Parâmetros em ação. Está prevista, inicialmente, a elaboração de quatro módulos de estudos referentes às relações ser humano, natureza e sociedade, ao uso das águas, às questões de sustentabilidade e de biodiversidade.
Resumo: Um balanço da realização do projeto “História e Meio Ambiente: estudo das formas de viver, sentir e pensar o mundo natural na América portuguesa e no Império do Brasil (1500-1889)”. O projeto visou a formação continuada de professores do ensino fundamental e médio e de outros profissionais na área de História, a iniciação na pesquisa das relações entre ser humano, natureza e sociedade e a elaboração de material didático sobre o tema transversal “Meio Ambiente” para escolas da rede pública.
Alguns dos resultados são um banco de dados, uma coleção de recortes sobre questões ambientais contemporâneas e seis painéis didáticos sobre a situação das águas, a exploração da madeira, caça e pesca e a pesca da baleia no Brasil.
1. INTRODUÇÃO
A problemática ambiental constitui, na atualidade, atraente recurso para a formação de consciências críticas no estudo do passado e das relações sociais no presente. Estas demandas estão contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e para as quais a universidade brasileira tem condições de interação e de intervenção social conseqüentes. A necessidade de aprimorar a qualidade das atividades no curso de graduação em História, nível de licenciatura, dentro e fora da sala de aula, foi a motivação pessoal e profissional para o projeto “História e Meio Ambiente: estudo das formas de viver, sentir e pensar o mundo natural na América portuguesa e no Império do Brasil (1550-1889)”. A realização do projeto ofereceu condições para integrar distintas preocupações no trabalho de formação intelectual e profissional de historiadores, permitindo aglutinar estudantes em torno da iniciação nas práticas de pesquisa e do ensino de História.
O objetivo principal do projeto foi elaborar material didático em consonância com as proposições dos Parâmetros Curriculares Nacionais, especificamente sobre o tema transversal “Meio Ambiente”, e com as condições de ensino dos professores de História em escolas da rede pública. A consecução desse objetivo exigiu a reunião de subsídios para confecção do material de ensino e preparação de atividades didáticas e de avaliação. A pesquisa esteve orientada para a recorrência de conflitos entre diferentes formas de percepção, sensibilidade e atitudes humanas diante da natureza e os fundamentos materiais da sociedade brasileira e, também, para a apreensão e interpretação desses fenômenos em uma perspectiva temporal de longa duração, que possibilitasse a incorporação das dimensões do tempo longo e do tempo curto no desenvolvimento das análises. A metodologia utilizada consistiu na organização de uma base de dados agregados, uma coleção de recortes de imprensa, leitura e discussão coletiva de obras da historiografia nacional e estrangeira, de teoria e metodologia da História, das propostas de ensino e aprendizagem dispostas nos PCN para a área de História e o tema do Meio Ambiente. A pesquisa em relatos de viagens escritos entre os séculos XVI e XIX proporcionou o maior volume de dados e informações. Estes foram os pontos de partida para o estudo das relações entre os grupos sociais e o mundo natural na América portuguesa e no Império do Brasil, no período 1500-1889, em busca de uma visão crítica da sociedade brasileira e dos problemas ambientais na atualidade.
O procedimento adotado foi, então, o do trabalho coletivo de professor e estudantes, dedicados a temáticas comuns e empreendendo conjuntamente a apreciação crítica de fontes e documentos, a observação e coleta de dados e informações, a definição de metas, a avaliação do cronograma de trabalho, reunião e classificação de material, o desenvolvimento de análises, a organização de novos estudos, a redação de textos e um novo aprendizado na pesquisa em História.
A estruturação da equipe e o estabelecimento de rotinas de trabalho foram as maneiras escolhidas para combinar e promover a formação na graduação, a iniciação em pesquisa e o contato com as realidades atuais do ensino no Brasil. As estratégias operacionais foram múltiplas, com a realização de leituras, participação em eventos, cursos e palestras, a elaboração e apresentação de painéis didáticos, tratamento das fontes, a capacitação no uso de conceitos, métodos e técnicas de observação, coleta, classificação e preservação de dados, informações e documentos, pesquisa e debate de questões teóricas na historiografia contemporânea. O resultado palpável desse trabalho em equipe foi a sensível melhoria no desempenho em cursos da graduação e a incorporação do interesse pelas questões ambientais no estudo do passado e nos projetos intelectuais de parte dos estudantes envolvidos.
2. HISTÓRIA E MEIO AMBIENTE
As questões ambientais despontam com grande força na atualidade e incidem imediata e diretamente no trabalho realizado pelos historiadores na pesquisa, no ensino e na apreciação crítica da sociedade brasileira. Um novo questionamento sobre os modos de vida humana e sua reordenação, nesse início de século, sugere também a busca de novos métodos e abordagens na investigação histórica. Estas preocupações tomam impulso em um momento cultural marcado pela fragmentação e dispersão das atenções, objetos, métodos e fins na historiografia internacional e nacional. No Brasil, a necessidade do estudo das temáticas do meio ambiente pelos historiadores decorre, principalmente, das formulações propostas pelo Ministério da Educação para o ensino fundamental e médio, aliada à ressonância dos graves problemas ambientais no mundo de hoje. Não se trata de importação, pura e simples, de nova moda historiográfica dos países ricos do hemisfério norte e de seus centros intelectuais. Vale lembrar que o estudo das questões ambientais no Brasil, em perspectiva histórica, remete ao enfrentamento de uma inquietante e recorrente indagação. Como um país abundante em recursos naturais tem seu quadro social secularmente maculado com a desigualdade social e a espoliação econômica, corporificadas em fome, pobreza, desemprego, violência institucionalizada, destruição e degradação ambiental, entre outras manifestações aparentemente contraditórias?
A separação abstrata entre a natureza e a sociedade respondeu a uma necessidade de afirmação do ser humano perante o mundo e seus semelhantes, valorizando a consciência e a racionalidade. No limite temporal esta afirmação do homem sobre a natureza remonta ao século XIV, com a formulação de noções de um outro dos próprios homens, adultos e crianças, e de um outro tempo, o da Antigüidade, por exemplo. A idéia de uma formação do indivíduo pela educação humanista, e que despontou nesse período, foi amplamente reforçada nos séculos seguintes, sobretudo nos contextos do Renascimento e do Iluminismo3. A constituição das especialidades nas ciências naturais e das ciências humanas, a partir do século XIX, realimentou esse distanciamento constante e progressivo entre o mundo dos homens e o da natureza. No terreno das ciências sociais, particularmente após a segunda guerra mundial, ocorreu uma intensa depuração no instrumental analítico dos vestígios “naturalistas”, presentes nos múltiplos determinismos, como os biológicos e geográficos, na antropologia, na sociologia e na geografia, por exemplo.
As recentes transformações no meio ambiente, com o impacto das ações humanas e de novas tecnologias, igualmente sem precedentes em escala e intensidade, fizeram dessa questão uma das maiores preocupações nas sociedades atuais. A segunda metade do século XX foi pontuada por uma agenda de reuniões, convenções, programas e protocolos, de âmbito internacional e nacional, dedicados ao estabelecimento de políticas públicas reparadoras e de preservação para o meio ambiente. Este cenário mundial de preocupações e tentativas de uma gestão mundial dos problemas ambientais e as iniciativas localizadas nacionalmente impulsionaram o ingresso das temáticas do meio ambiente nas universidades, inclusive brasileiras, com a criação de centros e núcleos de pesquisa, de disciplinas e programas de cursos de especialização e pós-graduação. No Brasil, as atenções sobre o meio ambiente, na esfera estatal e de governo, estiveram voltadas para a criação e reestruturação de órgãos da administração pública dedicados ao planejamento, fiscalização e preservação, como secretarias de governo nos estados e municípios e comissões específicas nas instâncias do poder legislativo, a partir da década de 1970. A Constituição brasileira de 1988 consagrou todo um capítulo ao meio ambiente e a realização de Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA) tornou-se uma exigência legal obrigatória na implementação de projetos econômicos e de infra-estrutura, públicos e privados.
Na esfera da sociedade, foi a partir da década de 1970 que tomaram corpo ações individuais e coletivas mais contundentes, como as capitaneadas por José Lutzemberger, no Rio Grande do Sul, Augusto Ruschi, no Espírito Santo, Fernando Gabeira, no Rio de Janeiro, e Chico Mendes, no Acre, entre outros, com menor inserção na mídia. A organização de entidades e movimentos ambientalistas também tomou forte impulso nesse período6. A criação do Partido Verde, por iniciativa de militantes da esquerda brasileira da década de 1960, foi inspirada na organização e atuação política dos partidos europeus, amparadas na crítica ao uso predatório dos recursos naturais, à poluição das águas e do ar, a degradação da qualidade de vida nas cidades e a utilização da energia nuclear, como na oposição à construção de usinas em Angra dos Reis.
O Ministério da Educação colocou a problemática ambiental na mesa de trabalho do historiador, ao estabelecer os Parâmetros Curriculares Nacionais para o sistema de ensino. Ao que tudo indica para nela permanecer durante algum tempo. A reformulação do ensino proposta pelos PCN incluiu, entre outros aspectos, o tratamento interdisciplinar de cinco grandes temas, pelas várias disciplinas da grade curricular, os denominados “temas transversais”. Isto significa que o ensino de história deve, nos próximos anos, contemplar a problemática ambiental nas salas de aula, bem como os demais temas: ética, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural. Uma história ambiental adquire, então, um grande significado e tem um papel a cumprir, ainda que sua principal determinação seja externa aos anseios e desígnios dos historiadores. Seja como for, esta não lhes é alheia. Resta, porém, equacionar a história ambiental no seio dos estudos históricos no Brasil, organizando uma abordagem própria aos padrões e condições de trabalho, interesses e necessidades dos nossos historiadores e compatível com a realidade do ensino fundamental e médio nas escolas e universidades brasileiras.
3. A HISTORIOGRAFIA E A CONSTITUIÇÃO DE UMA HISTÓRIA AMBIENTAL NO BRASIL
Cabe indagar, então, a essência e o tipo de conhecimento histórico procurado na realização da história ambiental. Que contribuição os historiadores podem trazer para a compreensão da problemática ambiental? Como alcançá-la? Como desenvolvê-la para os estudantes nas salas de aula? Em 1974, na apresentação que redigiu para um pequeno dossiê sobre essa questão, Emmanuel Le Roy Ladurie, alertou para a necessidade de identificar “os verdadeiros problemas e rejeitar as facilidades de um discurso vulgarizador”, como forma de não comprometer o trabalho dos historiadores9. Em artigo publicado no Brasil, no início da década de 1990, o norte-americano Donald Worster concebeu a história ambiental como uma “ampliação da perspectiva da história” para além das fronteiras nacionais e que atentasse para o lugar e o papel do meio ambiente na vida humana, “uma história muito mais inclusiva”. Neste sentido, por exemplo, uma história da pesca da baleia não se encaixa, confortavelmente, em um recorte de história meramente nacional.
O primeiro passo, então, é reconhecer que a temática ambiental não é externa ao campo de interesse da historiografia, nem mesmo no Brasil. A história ambiental não traz um novo objeto, desconhecido dos historiadores, mas sugere uma abordagem ditada pelos problemas enfrentados pelas sociedades contemporâneas. As mudanças e as continuidades nas formas de relacionamento entre os indivíduos e grupos humanos e o meio natural, as transformações no tempo e no espaço das maneiras de viver, sentir e pensar a natureza, suas particularidades, traços permanentes, variações e comparações têm sido alvos de interesse dos historiadores, ainda que poucas obras dessa historiografia estejam disponíveis em edições brasileiras, enquanto outras estão acessíveis apenas em edições originais.
Na reflexão dos historiadores brasileiros há trabalhos que enfocaram essas questões, notadamente aquelas concernentes às implicações econômicas e sociais. Entendo que preocupações com espírito construtivo são sempre necessárias, sobretudo, em se tratando de colher elementos para fundamentação de novas pesquisas em História. A explicitação desses aspectos é também das mais urgentes no estabelecimento de um perfil do historiador que pretenda trabalhar com a problemática do meio ambiente e pensar as bases para uma história ambiental no Brasil. Acredito, ainda, que novas modalidades de História e práticas historiográficas, e é disso que se trata quando falamos em história ambiental, no Brasil, são antes complementares e desdobramentos do que substitutas de outras formas de análise, hegemônicas no passado profissional dos historiadores. Na avaliação de Carlo Ginzburg, por exemplo, os historiadores “cada vez mais se interessam pelo que seus predecessores haviam ocultado, deixado de lado ou simplesmente ignorado”.
Estudos sistemáticos sobre as relações dos habitantes da América portuguesa e do Império do Brasil com a natureza são relativamente recentes. Entretanto, é possível compor um elenco de obras que tiveram essas relações como objeto de estudo e pesquisa. Não caberia, aqui, um balanço historiográfico ou o inventário do tema nos autores clássicos da historiografia e do pensamento social brasileiro, o que não significa que ele não possa e não deva ser realizado.
Atentando para alguns autores e livros que enfocaram o meio ambiente, e sem a pretensão de um levantamento completo e exaustivo, convém apontar algumas obras pioneiras e análises recentes dotadas de interesse e realce, com vistas à incorporação crítica aos propósitos dessa reflexão.
Algumas são obras escritas em época anterior e fora dos marcos das questões ambientais contemporâneas, mas podem fornecer comentários, pistas, sugestões, contrapontos e inspiração para novas pesquisas. O norte-americano Donald Worster propõe três grandes campos de incidência dos estudos de história ambiental. São eles, a incorporação de variáveis geográficas, biológicas, químicas, geológicas e dos fenômenos naturais, seculares e milenares, nos domínios da pesquisa em História e seu impacto sobre a vida humana; segundo, os aspectos sociais e econômicos decorrentes da relação entre os homens e o meio natural; e, por fim, as dimensões psicológicas e de racionalização da natureza pelos distintos agrupamentos humanos. Nestes compartimentos podem ser aninhados alguns títulos da nossa historiografia, compondo, assim, um roteiro provisório de estudos e cabeça de ponte para novas iniciativas de pesquisa e reflexão.
Uma história ecológica propriamente dita, ou seja, que leve em consideração aspectos naturais, orgânicos e inorgânicos, no empreendimento de sua compreensão do passado ainda é bastante tímida no Brasil. Poderia mencionar, talvez, Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, apesar de análises fortemente marcadas pelo naturalismo, mas atenho-me exclusivamente aos trabalhos de história tout court. Warren Dean destacou-se como pioneiro da história do meio ambiente brasileiro, classificando de “história ecológica” as pesquisas que realizou sobre a exploração da borracha amazônica. Escrito por norte-americano, o livro está situado no rico acervo de estudos empreendidos pelos brazilianists em uma perspectiva histórica. Destaca-se, principalmente, pelo pioneirismo e diante da escassez dessas abordagens entre historiadores nacionais.
Os trabalhos que examinaram as implicações sociais e econômicas da interação dos grupos humanos com a natureza no Brasil são mais numerosos e diversificados. Quando pensados em termos de exploração de recursos naturais e das relações sociais estabelecidas em torno destas a contribuição da historiografia parece despontar com maior generosidade. Haveria que mencionar a extensa e abundante bibliografia existente em nossa historiografia econômica dedicada ao estudo da extração do ouro, diamantes, sal, madeira, das culturas da cana, tabaco, algodão, café e da borracha, ou do petróleo? Entre os trabalhos de história econômica são bastante sugestivos, para uma leitura com indagações e preocupações ambientais dos dias de hoje, os de Bernardino José de Souza, sobre a extração do pau-brasil, entre os séculos XVI e XIX, e o de Myriam Ellis, sobre a pesca da baleia. O interesse reside, principalmente, nas possibilidades de conhecimento e esclarecimento das práticas predatórias e perdulárias na exploração de recursos naturais no Brasil, abrindo espaço para o debate de questões atuais como as da biodiversidade e sustentabilidade da atividade econômica.
A história social também comparece com trabalhos exponenciais em torno das relações entre grupos sociais, natureza e a organização social em estreita ligação com estas mediações. Alguns trabalhos de autoria de Sérgio Buarque de Holanda, sobre a sociedade colonial paulista e seus prolongamentos espaciais, nos séculos XVII e XVIII, contêm estimulantes reflexões sobre as relações de vida, trabalho e as dificuldades de adaptação dos colonizadores portugueses ao meio tropical. Na mesma linha também podem ser vistos os trabalhos de Jozimar Paes de Almeida, que fez uma descrição das transformações ambientais na região do médio Paranapanema, provocados pela lavoura extensiva da cana; de Marco Antonio Villa, autor de uma história dos impactos sociais e econômicos das secas na região nordeste e o de Luiz Geraldo Silva, sobre as sociabilidades das populações do litoral pernambucano, envolvidas na construção de barcos, pesca e navegação. Ou ainda, o livro de César Benevides e Nanci Leonzo, sobre o reduto conservacionista, e privado, de caça, lazer e distinção social de Miranda Estância, em Mato Grosso.
Na dimensão intelectual e moral, dos valores, sensibilidades, percepção, legislação, visões de mundo, representações simbólicas, a historiografia brasileira também oferece abordagens que merecem ser estudadas. Entre os autores do passado há os valiosos trabalhos de Afonso D´Escragnole Taunay sobre a zoologia fantástica do Brasil no imaginário dos colonizadores e visitantes das terras brasileiras. Esta perspectiva foi retomada, há pouco, em obra de Mary Del Priore. No âmbito da reflexão do pensamento científico e político o trabalho de Maria Elice B. Prestes, sobre os estudos da natureza empreendidos pela administração colonial portuguesa na América, contribui para a compreensão das relações entre os luso-americanos e o mundo natural. Em estudo igualmente recente, José Augusto Pádua examinou a percepção crítica da degradação ambiental e seus efeitos sociais pelo pensamento político brasileiro, de fins do século XVIII e no século XIX. São importantes vias de acesso para novos questionamentos.
Este rápido sobrevôo indica que o tratamento de aspectos da relação do ser humano com o meio natural, no caso brasileiro, dispõe de alguns esforços preliminares de compreensão. Isto significa que os estudos históricos não terão que partir, necessariamente, do zero ou de modelos estrangeiros para a realização de suas tarefas atuais. Uma vez cientes dessa “retaguarda” historiográfica, cumpre observar dois trabalhos altamente significativos e diretamente imbricados na história ambiental. Refiro-me aos estudos A ferro e fogo, de Warren Dean, sobre a predação da mata atlântica brasileira, e Os historiadores e os rios, de Victor Leonardi, sobre o “desaparecimento” da cidade de Airão, no vale do rio Jaú, na Amazônia. As preocupações metodológicas de ambos, a vastidão da pesquisa empírica de Dean e o refinamento analítico de Leonardi fazem desses trabalhos ponto de partida obrigatório para qualquer abordagem das temáticas do meio ambiente na História.
A história do predomínio humano sobre plantas e animais, a extração de minerais e as mudanças provocadas nas paisagens no Brasil, dado seu caráter recente, produção esparsa e multifacetada, desfrutou poucas oportunidades de sistematização que facilitassem seu ingresso no ensino, ao menos nas atividades e recursos didáticos disponíveis. O tratamento que o meio ambiente recebeu dos historiadores anteriormente mencionados indica, também, a possibilidade de um fecundo diálogo nas diferentes disciplinas, entre os métodos e abordagens da História, Geografia, Antropologia e Biologia, fazendo do tema um campo fértil para o florescimento do conhecimento histórico no intercâmbio com as ciências humanas e naturais. A diversidade de métodos e de fontes disponíveis para abordagens de história ambiental impõe o interesse pelas confrontações interdisciplinares e transdisciplinares. Esta interlocução entre historiadores e distintas áreas do conhecimento, também sugerida nos PCN, torna imperativa a constituição de uma sólida base no seio da própria História, no estudo do passado articulado ao esclarecimento e questionamento do presente, entre outras estratégias de estudos.
4. ATIVIDADES DE PESQUISA, ENSINO E APRENDIZAGEM
O desenvolvimento de atividades de pesquisa e de ensino e aprendizagem cumpriu um plano de trabalho disposto em duas fases distintas e complementares. Inicialmente, um período de sete meses, tratou-se de constituir um acervo de dados e informações sobre as relações ser humano, natureza e sociedade na América portuguesa e no Império do Brasil. A etapa seguinte, três meses, consistiu na elaboração de material didático, interpretando criticamente os dados reunidos e classificados, e na avaliação das atividades realizadas. Neste sentido, foram confeccionados painéis didáticos, apresentados em duas oportunidades. Simultaneamente, outro esforço foi realizado, com reuniões semanais da equipe para distribuição de tarefas, avaliação e execução do cronograma e dos planos de trabalho, troca de informações e experiências e traçado de metas de curto e médio prazo.
Ao longo de dez meses, foi seguido um programa de leituras contendo artigos, livros e obras de referência, com o objetivo de capacitar a equipe em ações específicas na execução da pesquisa.
Esta rotina permitiu articular os dois momentos de atividades do projeto. Encontros e seminários com especialistas foram organizados para promover o debate de conceitos operacionais, métodos e técnicas de pesquisa, historiografia, documentação e hipóteses de trabalho, sempre com base nos dados, fontes e diretrizes teóricas iniciais.
O projeto “História e meio Ambiente” teve como referência teórica inicial o livro de Keith Thomas, O homem e o mundo natural: mudanças de atitudes em relação às plantas e aos animais (1500-1889). Este historiador britânico, ao partir da aparente dicotomia sociedade e natureza, elucidou as imbricações entre distintas formas de percepção, como sensibilidades, raciocínios, atitudes e comportamentos dos seres humanos perante os animais, plantas e paisagens da Grã-Bretanha nos tempos modernos. As novas sensibilidades humanas em relação à natureza, observáveis entre 1500-1800, revelaram um forte interesse pelo mundo natural e, também, o questionamento das relações que os homens nutriam com a natureza.
A resultante comum a essas duas atitudes foi o desabrochar de sentimentos tanto preservacionistas, quanto predadores do “mundo natural” e que persistem nos dias que correm. Ao reconstituir esse quadro, Keith Thomas revelou ser a relação sociedade e meio natural uma questão do presente, porém, enraizada em um universo cultural do passado. Logo, constituiu-se em atraente e desafiadora problemática para o exercício da reflexão crítica pelos historiadores nas práticas de ensino e aprendizagem.
A resultante comum a essas duas atitudes foi o desabrochar de sentimentos tanto preservacionistas, quanto predadores do “mundo natural” e que persistem nos dias que correm. Ao reconstituir esse quadro, Keith Thomas revelou ser a relação sociedade e meio natural uma questão do presente, porém, enraizada em um universo cultural do passado. Logo, constituiu-se em atraente e desafiadora problemática para o exercício da reflexão crítica pelos historiadores nas práticas de ensino e aprendizagem.
O estabelecimento do Meio Ambiente como tema transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais conferiu relevância a esse aspecto da vida social na vivência e formação das gerações que cursam o ensino fundamental e médio nesse início de século. Os PCN para o ensino de História, no 1º Ciclo (1ª e 2ª séries), orientam os professores para a abordagem dos vários temas sobre problemáticas locais e no tempo presente, atentando para as mudanças e persistências em relação ao passado histórico no espaço físico e social dos estudantes. Já no 2º Ciclo (3ª e 4ª séries), as formas de abordagem do passado sugerem contemplar distintos espaços em seus diferenciados ritmos de tempo. Esta configuração das práticas de ensino de História requer a elaboração de conteúdos, recursos, atividades e instrumentos de avaliação que possibilitem aos professores e estudantes uma aproximação com estas formas de abordagem na construção de conhecimento do passado. A inexistência de uma produção historiográfica volumosa e a ausência rotineira nos livros didáticos das questões referentes ao meio ambiente, demandou a classificação e organização do material disponível e a geração de novos conhecimentos sobre a história das relações entre os homens e a natureza nos territórios portugueses na América e no Brasil. A realização do projeto “História e meio ambiente” pretendeu, assim, colaborar com o trabalho de professores na adequação de suas atividades aos propósitos dos PCN. Simultaneamente, buscou estimular a prática da pesquisa nos cursos de graduação e a elaboração de projetos voltados para o ensino de História.
Na primeira fase de desenvolvimento do projeto, os esforços estiveram voltados para a coleta e constituição de um banco de dados sobre o meio ambiente na história do Brasil. As fontes primárias foram cerca de trinta títulos de relatos de cronistas e viajantes em territórios da colônia portuguesa na América e no Império do Brasil. A opção por este núcleo documental decorreu do repertório de impressões, sentimentos e representações simbólicas e culturais do meio natural e as atitudes humanas diante deste no Novo Mundo. Este procedimento exigiu a formulação de instrumentos de observação, coleta e armazenamento de dados primários. Uma Ficha para Coleta de Dados foi concebida com campos específicos destinados ao registro do código da informação, data, localidade, autor e título da obra consultada e a transcrição do trecho com as informações de interesse do projeto. A coleta de dados esteve orientada por uma Estrutura de Códigos, disposta em cindo grandes temas: fauna, flora, paisagens, minerais e clima. Estes grandes conjuntos comportaram três variações específicas: formas de viver, de sentir e de pensar; dentro destas o agrupamento de dados primários em cerca de cem códigos, contemplando, entre outros, alimentação, artesanato, crenças, gestos, livros, atitudes e sentimentos, percepções, transporte, sexualidade, canções, provérbios, culinária, medicina, legislação. O banco de dados do projeto classificou cerca de cinco mil registros sobre o meio ambiente na história do Brasil e proporcionou elementos para a formulação de atividades didáticas.
A organização de uma coleção de recortes de jornais diários de grande circulação teve como finalidade obter um quadro geral das principais questões e a pauta dos problemas ambientais no mundo atual. Artigos de opinião, reportagens, notas, editoriais, entrevistas e imagens foram recolhidas e organizados em ordem cronológica e, posteriormente, classificados por grupos de temas próximos aos códigos do banco de dados. A meta foi uma articulação entre os problemas do passado e os do presente, semelhanças e diferenças entre esses problemas, ocorrência dos mesmos problemas em distintas épocas e localidades, entre outras possibilidades de exame das informações.
Além disso, o registro de fenômenos, acidentes, ações de governos e da sociedade que desperte algum interesse pode ser completado com a busca em outras fontes de informação, como arquivos, páginas na Internet e bibliografia. Esta coleção abarcou jornais do último trimestre de 2001 e todo o ano de 2002, reunindo perto de oitocentos recortes, e permitiu que a classificação e análise dos temas fossem feitas simultaneamente.
A montagem do banco de dados e a organização da coleção de recortes serviram como treinamento dos estudantes nos passos da investigação cientificamente orientada, a observação, coleta, classificação e análise de dados, interpretações teóricas, comparações e exposição pública de análises e resultados. A constituição dessas bases de dados e informações conduziu ao desdobramento da pesquisa básica em pesquisa aplicada. Ato contínuo foi uma aproximação da investigação realizada na Universidade com as práticas de ensino na rede pública, a articulação entre o saber histórico e saber histórico escolar e a reflexão crítica sobre a realidade dos sistemas de ensino, escolar e universitário, no Brasil contemporâneo.
As características acima referidas foram predominantes na segunda fase de realização do projeto, toda ela dedicada à elaboração de recursos e atividades de caráter didático para o ensino de História no ensino fundamental e médio. Uma série de seis painéis, abordando a situação das águas, a exploração da madeira, caça e pesca e pesca da baleia, foi produzida a partir do banco de dados, da coleção de recortes de imprensa, das leituras teóricas, e metodológicas e da historiografia.
Os painéis têm dimensões aproximadas de um metro e contêm textos de autoria dos integrantes da equipe, fragmentos dos relatos de viagem, trechos da imprensa e imagens. Estão articulados em torno das respectivas temáticas e dos problemas propostos nos PCN, tais como a contraposição entre passado e presente, tempo longo e tempo breve, semelhanças e diferenças, rupturas e continuidades no tempo e no espaço, peculiaridades locais e traços universais, sociedades indígenas e tradicionais e civilização industrial, entre outros aspectos.
Os painéis didáticos foram apresentados pela equipe em duas ocasiões, para públicos distintos. O objetivo foi divulgar os resultados obtidos pela equipe na execução do projeto, bem como colher os benefícios do diálogo, de críticas e sugestões que a exposição pública acarreta e que tanto contribui para a formação profissional e intelectual de estudantes, professores e o exercício da profissão de historiador. Inicialmente os painéis foram expostos durante a XX Semana de História, no Departamento de história da FCL da UNESP, em Assis. O público esteve composto por alunos de graduação, majoritariamente, e de pós-graduação em História, professores e profissionais com atividades diversas. O Colégio Estadual Jayme Canet, de ensino médio, em Bela Vista do Paraíso, no Paraná, acolheu a exposição dos painéis para quatorze classes. A experiência representou um teste mais efetivo da validade dessa proposta pedagógica, permitindo mensurar a aceitação, limites, potencialidades e dificuldades encontradas no formato e conteúdo do material, a necessidade de clareza, objetividade e esclarecimentos complementares, situações de sucesso na comunicação e compreensão dos textos e análises. Enfim, foi o momento em que a equipe do projeto pôde encarar a realidade das condições de trabalho dos professores na rede pública e das práticas de ensino de História, observando o alcance das proposições presentes nos painéis.
Visando a avaliação do trabalho realizado e aprimorar o conhecimento da equipe para o atendimento das especificações contidas nos PCN, foi programada uma jornada dedicada ao Ensino de História e Meio Ambiente. A programação incluiu uma palestra sobre as diretrizes do MEC para o tema transversal do Meio Ambiente, contidas no programa Parâmetros em ação, meio ambiente na escola, voltado para o ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, uma oficina de elaboração de textos de caráter didático e a avaliação dos painéis produzidos pela equipe do projeto. Nesta oportunidade, compareceram estudantes e pesquisadores de outras instituições e que desenvolviam projetos com distintas interfaces e afinidades, ampliando o leque de problemas, debates, métodos, questionamentos teóricos e uso de fontes e documentos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados mais fecundos do projeto “História e meio ambiente” residem na formação individual, intelectual e profissional em pesquisa e ensino dos integrantes da equipe. O trabalho coletivo e suas implicações diretas na execução do cronograma de atividades lançaram os estudantes do curso de História na UNESP, e que em breve obterão o grau de licenciatura, em uma experiência comum de divisão de tarefas, união de esforços, senso de responsabilidade, organização, planejamento, convívio e interação com a diversidade de idéias e de comportamentos, compartilhando dificuldades e satisfações no desenvolvimento da programação das etapas do projeto.
A formação intelectual foi estimulada com a aproximação das atividades de pesquisa, já na graduação, a problemática da educação no Brasil, a interação das questões teóricas nos estudos históricos com as práticas de ensino e de aprendizagem, as possibilidades de aproximação universidade e escolas, a iniciação nos procedimentos de investigação que historiador pode realizar e uma melhoria no desempenho e aproveitamento dos cursos. Alguns desafios da vida profissional puderam ser conhecidos com a visualização, ainda que geral, do campo de trabalho dos historiadores no Brasil. A consciência da necessidade de conhecer criteriosamente a historiografia, da prática da reflexão teórica, do domínio rigoroso e seguro de métodos e técnicas de pesquisa e da formulação de hipóteses de interpretação na elaboração de atividades didáticas ficou evidenciada ao longo da execução do projeto. Igualmente, a valorização da avaliação sistemática de trabalhos realizados coletivamente.
Uma nova pauta de atividades foi formulada para ser desenvolvida a partir de 2003, tendo como referência realizações e experiências obtidas na abordagem do Meio Ambiente nos estudos de História. Em primeiro lugar, a constituição de um núcleo de formação continuada sobre esse tema transversal junto ao curso de História. A formulação de estratégias de ação e de funcionamento deverá ter as características de um laboratório e estarão voltadas para a realização de experiências em pesquisa e ensino de História. Esta iniciativa deverá ser complementada com novas propostas para a elaboração de recursos didáticos sobre as questões ambientais, destinadas aos professores e estudantes do ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, e de acordo com o “Guia do Formador” do programa Parâmetros em ação, meio ambiente na escola. A montagem de módulos de estudos, contendo textos, exercícios de análise e interpretação das realidades sociais no passado e no presente, atividades de avaliação crítica, de educação ambiental e diálogo transdisciplinar são algumas possibilidades de trabalho desses Parâmetros em ação. Está prevista, inicialmente, a elaboração de quatro módulos de estudos referentes às relações ser humano, natureza e sociedade, ao uso das águas, às questões de sustentabilidade e de biodiversidade.
A aglutinação de professores, estudantes e pesquisadores dedicados aos temas ambientais no estudo da História e sua aproximação das realidades escolares e das comunidades local e regional, em um núcleo de formação continuada, pretende catalisar debates, estudos, pesquisas, reflexão teórica e, sobretudo, estabelecer um canal de comunicação e integração entre as realizações nesta Universidade e as demandas sociais de pesquisa, ensino e aprendizagem na atualidade. O exercício da pesquisa em História, com atividades voltadas para a formação continuada de professores, práticas de ensino e aprendizagem, mobilizadas na elaboração de material didático, serviços de extensão e cultura canalizados em iniciativas para a educação ambiental, devem ser articulados na organização de um Laboratório de História e Meio Ambiente .
A problemática ambiental constitui um novo campo de atuação, estudo, ensino e pesquisa para os profissionais da história, sobretudo no Brasil, país gerado na intensa atividade mercantil de inúmeros “frutos da terra” e que deve sua própria denominação à exaustiva exploração de um recurso natural. Ainda hoje, a extração e comercialização de recursos naturais, legais e ilícitas, não ocupam lugar destacado na economia brasileira? Estas características são suficientes para interrogar os historiadores, tanto os profissionais atuantes, quanto aqueles que pretendem pôr o pé na profissão. Vocês não têm algo a dizer?
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