A aprovação automática, sem compromisso com a aprendizagem e
o desenvolvimento, vem sendo um grande mal para a educação de crianças e jovens
brasileiros.
Essa prática, ainda comum em muitas escolas, compromete o
futuro de milhões de estudantes, que, na vida, logo descobrirão que
conhecimentos importantes lhes foram sonegados e que condições indispensáveis
para a sua plena cidadania lhes foram subtraídas.
Aprovação automática é o desvirtuamento sinistro da correta
concepção de que os alunos têm direito ao aprendizado contínuo e progressivo e
de que a escola, a família, o Estado e a sociedade têm o dever de assegurar
isso a eles.
A recusa omissa em levar os processos avaliativos a todas as
suas consequências nada tem a ver com progressão continuada dos alunos, desejo
e compromisso de todos os educadores sérios.
Evidente que o objetivo maior da escola e do trabalho dos
professores é o sucesso educacional dos seus alunos. A reprovação de um
estudante é o fracasso de todos.
Porém, mais grave é o fracasso escamoteado, escondido em
ilusões estatísticas, como se na escola fosse possível aprender sem esforço,
construir sem trabalhar, criar sem perseverar. Um engodo que deseduca e
desorienta.
As crianças e jovens da rede pública municipal de São Paulo
estão entre as vítimas desse processo.
Das crianças com 9 ou 10 anos de idade, 38% chegam ao final
do primeiro ciclo sem estar plenamente alfabetizadas. Em qualidade do ensino
fundamental medida pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica),
São Paulo está em 35º lugar entre os 39 municípios da região metropolitana.
Contudo, o profissionalismo e a boa formação da maioria de
seus educadores, bem como a experiência acumulada na rede mostram que a cidade
reúne todas as condições necessárias para avançar e superar seus desafios.
Mudanças importantes estão sendo propostas, a maior parte
destinada a promover avanços no ensino fundamental. Entre elas, deveria estar
contemplada o fim da aprovação automática, que sela o compromisso com a efetiva
aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
Avaliações bimestrais fpara que haja monitoramento em tempo
real do progresso de cada estudante. Apoio pedagógico complementar a todos os
que dele necessitem e boletins com notas e orientações são propostas para
garantir para que estudantes e suas famílias possam melhor participar de seu
percurso formativo.
A reorganização curricular com a criação de três ciclos –
acredito – traz propostas e objetivos melhor definidos e ampla cooperação entre
os profissionais que deles participam.
É fundamental valorizar os educadores, dando apoio e
incentivo à autoria criativa, dele e de seus alunos, para atingirmos esses
objetivos. Se os projetos integrarem disciplinas, áreas de conhecimento e seus
profissionais, ampliamos a exposição dos estudantes à aprendizagem e
diversificamos, nos campos da cultura, do esporte e da pesquisa, as suas
oportunidades de descobertas prazerosas e significativas.
Essas e outras propostas estão submetidas a consulta pública
para que, com a contribuição de educadores, estudantes e suas famílias, São
Paulo passe a ser, de fato, um estado educador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário