segunda-feira, 25 de março de 2013

Tendências e processos novos na África - Albert A Boahen

As oito primeiras décadas do século XIX viram o desenvolvimento de um grande número de novas tendências e processos, se não por suas originalidades, pelo menos pela rapidez com a qual se impuseram, por sua amplitude e suas influencias. De fato, é esta característica tríplice que torna este período particularmente revolucionário e o apresenta como marco do fim da África antiga e o nascimento da África moderna. Tentaremos, neste capítulo, analisar essas novas tendências e processos, avaliar as suas influencias e determinar o curso que teria a História se não houvesse acontecido intervenção colonial europeia alguma, nas últimas décadas desse século e posteriormente.
 
NOVAS TENDÊNCIAS DEMOGRÁFICAS
A primeira dessas tendências foi de ordem demográfica. A África conheceu no século XIX as mudanças socioeconômicas mais radicais de toda a sua história, mais precisamente, a abolição e o desaparecimento do tráfico de escravos. No final do período que tratamos e por razoes que são lembradas em outros capítulos do presente volume, o tráfico de escravos passa a pertencer definitivamente ao passado. Se a abolição não provocou mudança súbita na taxa de crescimento da população, não há dúvida que, principalmente durante as três últimas décadas do período em consideração, esta taxa teve a tendência de crescer progressivamente em vez de diminuir como acontecera até então.
Este crescimento populacional não foi, contudo, o único fenômeno notável. Ainda mais espetacular foi a redistribuição demográfica sob a forma de migrações e movimentos no interior do continente. As migrações internas dramáticas dos nguni, na África Austral e Central, dos chokwe, na África Central, dos azande, na África Oriental, dos fang na África Equatorial e dos iorubás, na África Ocidental, não são mais do que exemplos típicos. Como se verá mais adiante, as migrações do nguni levaram este ramo dos povos bantu, a partir da região de Natal, a diferentes partes do Sul, do centro e do Leste do continente.
Se, frequentemente, foram a causa de devastações, destruições e de sofrimentos indescritíveis, estas incursões tiveram também resultados positivos. Os nguni venceram e assimilaram outros povos. Assim surgiram novas nações, tais como as dos ndebele e dos sotho. A adoção de sistemas e conceitos militares e políticos aperfeiçoados pelos zulu permitiram‑lhes criar novos reinos, tais como Gaza, Suázi, Ndebele, Sotho e Pedi. Estes últimos eram, como escreveu Omer‑Cooper, “militaristas, altamente centralizados e administrados muito mais sob a autoridade do rei, pelos induna de origem popular, do que pelos membros da família real".
Além disso, a presença dos nguni encorajou alguns dos povos invadidos a se organizarem em Estados. Foi, deste modo, que os holoholo, habitantes da margem oriental do lago Tanganica, utilizaram as táticas militares dos nguni para criar um poderoso reino. Do mesmo modo, os hehe, da margem sul do Tanganica, até então divididos em mais de trinta chefias independentes, se reagruparam após as incursões dos nguni e, tendo adotado a organização militar, as armas e as táticas de guerra destes últimos, conseguiram subjugar os povos vizinhos, tais como os sanga e os bena, e criar um grande reino hehe.
Na África Ocidental, por razoes essencialmente políticas, os iorubás deixaram, por assim dizer, em massa, as vastas pradarias ao Norte da Iorubalândia para se espalharem em direção as florestas do Sul. Estes movimentos levaram a formação de novas comunidades, tais como a de Ibadan, Abeokuta, Oyo, Iwo, Modakeke e Sagamu. Os iorubás, como os nguni, se lançaram em diferentes experiências políticas e constitucionais visando resolver os problemas políticos e ecológicos colocados por seu novo ambiente. Destas tentativas nasceram “a ditadura militar de Ijaye, o republicanismo de Ibadan, o federalismo de Abeokuta e o confederalismo dos ekiti parapo”.
O mapa das etnias do Sudoeste da Nigéria tal como se apresenta hoje, resulta destes movimentos populacionais. Foi igualmente no século XIX que os fang e os grupos étnicos que lhes eram aparentados, os bulu, os beti e os pahouin, empreenderam as suas grandes migrações, deixando as savanas do Sul do atual Camarões para ocupar as zonas das florestas até o interior do país e as regiões litorâneas do Gabao.

REVOLUÇÕES ISLÃMICAS
Muito mais revolucionárias ainda foram as tendências novas que surgiram no plano social e estas foram mais particularmente verdadeiras no campo religioso. Como se sabe, a difusão do islamismo na África, a partir da Arábia, teve início no século VII. Contudo, este processo consolidou‑se, exceto no Norte da África e no vale do Nilo, somente nos últimos anos do século XVIII de modo esporádico, e com algumas exceções (por exemplo, os almorávidas), pacífico, tendo se dado, sobretudo, através do comércio. A partir da primeira década do século XIX, esta propagação ao contrário tomou um rumo fortemente conquistador e dinâmico, particularmente no Norte e no Oeste da África. O seguinte exemplo ilustra bem a rapidez e a amplitude deste fenômeno: a região das savanas do Oeste, que forma o que se conhece como Sudão Ocidental, teve somente duas importantes JIHAD durante o decorrer do século XVIII, um no Futa Djalon, durante a década de 1720, e o outro no Futa Toro, durante a década de 1770, enquanto, durante o período que estudamos, existiram ao menos quatro jihad de grande envergadura e diversas outras de menor importância. As mais importantes foram liderados respectivamente por ‘Uthmān dan Fodio nos estados haussas em 1804, Amadou Lobbo (Ahmad Lobbo) ou Cheikou Amadou (Seku Ahmadu) no Macina em 1818, al‑Hadjdj Umar na região dos banbarras em 1852 e Samori Touré na década de 1870.
Um dos aspectos fascinantes das três primeiras revoluções islâmicas é o fato de que foram todas lideradas pelos torodbe (ramo clerical dos fulbes (Peul)), povo que encontramos disseminado por todo o Sudão Ocidental. Daí terem elas sido iniciadas então, por estes últimos, em resposta a crise causada nesta região pela opressão política, injustiça social e pela cobrança de impostos ilegais por um lado e, por outro, pelo declínio e pelo enfraquecimento do islamismo. Os objetivos visados pelos instigadores destas guerras santas eram “tornar o islamismo não só um conjunto de crenças individuais, mas um direito coletivo”; varrer os vestígios dos costumes tradicionais para criar um império teocrático onde prevaleceriam as leis e práticas islamitas.
De todas as rebeliões organizadas, a partir da década de 1840, pelos juula (dyula, jula, dioula) comerciantes islamizados e instruídos, oriundos da etnia soninke, a campanha conduzida por Samori Touré durante a década de 1870 foi a que conheceu o maior sucesso e tomou maior amplitude. As atividades de Samori Touré serão descritas com mais detalhes no capítulo 24. Contentaremo‑nos em observar aqui que ele era bem menos instruído e menos fanático do que os instigadores das juhad precedentes.
Até cerca de 1885, Samori buscou contudo converter a população ao isla, utilizando esta religião como um fator importante de integração.
Estas revoluções ou jihad islâmicas tiveram tiveram, no plano político e social, consequências de porte considerável. Politicamente, abriram o caminho para a criação de impérios imensos, como o Império de Sokoto que, durante a década de 1820, se estendia sobre toda a antiga região setentrional e parte da região ocidental da Nigéria e cuja história, durante este século, será exposta num capítulo ulterior; o Império do Macina que dominou a região do Arco do Níger até ser vencido pelo Al-Hadjdjid
‘Umar cujo império ia das nascentes do Senegal e do Gâmbia até Tombuctu; enfim, o vasto Império de Samori Touré se estendia desde o Norte das atuais Serra Leoa e Guiné até Bamako e englobava o famoso centro comercial e islâmico juula de Kankan
Estas revoluções levaram ao desaparecimento das antigas elites reinantes haussas e soninke em proveito de uma nova elite composta essencialmente por clérigos fulbe e juula. Deste modo, elas se traduziram em uma transferência fundamental da realidade do poder político no Sudão Ocidental. A
jihad liderada por ‘Uthman dan Fodio provocou, entre outros, o renascimento e a consolidação do velho reino do Borno, isto graças essencialmente as ações do xeique Muhammad al‑Kanēmi, muçulmano kanambu fervoroso, a quem os dirigentes do Borno solicitaram ajuda para resistirem aos exércitos de ‘Uthman dan Fodio e do seu filho Bello.
As consequências destas revoluções foram ainda mais profundas no plano social. Em primeiro lugar, a ação educadora e o proselitismo dos instigadores destas jihad, bem como dos seus adeptos e seus chefes militares, os quais, em sua maioria, eram muçulmanos letrados, tiveram como efeito não só a purificação do islamismo, como também a difusão desta religião urbana nas zonas rurais. Além disso, ao passo que os chefes das duas jihad pertenciam a a confraria Qadiriyya, al‑Hadjdj ‘Umar se dizia da confraria Tijaniyya, relativamente recente, que atraía sobremaneira as pessoas simples. Deste modo, al‑Hadjdj ‘Umar conseguiu reunir inúmeros adeptos e, neste sentido, é significativo que os adeptos da Tijaniyya sejam hoje mais numerosos na África Ocidental do que aqueles da Qadiriyya. Em terceiro lugar, tendo os chefes das juhad dado importância a educação e aos estudos, o nível de instrução e a taxa de alfabetização das populações mulçumanas elevaram‑se consideravelmente durante o século XIX. Enfim, estas jihad deram lugar, em toda a região sudanesa, a um sentimento de solidariedade islâmica que permanece até os dias atuais.
Em conclusão, convém dizer que os instigadores das jihad e os seus porta‑bandeiras não conseguiram estabelecer totalmente no Sudão Ocidental um califado verdadeiro administrado de acordo shari-a. Faltou‑lhes compor com certas instituições e realidades sociopolíticas já existentes. Tampouco viram surgir, ao final das suas campanhas, uma cultura e sociedade islâmica uniforme e isenta de quaisquer influencias, mas uma cultura fulbe-haussa no país haussa e uma cultura fulbe‑mande na região do Arco do Níger. Estas eram, de todos os modos, fortemente impregnadas dos princípios islâmicos e dos ensinamentos dos pais fundadores haussa.
O islamismo ganhou igualmente terreno em outras partes da África, especialmente na atual Líbia, na Cirenaica e no Leste do Saara, e depois, mais tarde, nas regiões setentrionais do Sudão atual, onde foi propagado pelos sanūsi e mahdistas; enfim, no interior da África Oriental e sobretudo no Buganda, na sequencia dos contatos estabelecidos com os comerciantes árabes e suaílis
 
ATIVIDADES MISSIONÁRIAS CRISTÃS
Não menos revolucionária e durável em seus efeitos foi, a mesma época, uma outra cruzada religiosa que atingiu outras partes da África, a saber: a campanha empreendida pelos missionários cristãos. Ainda que as primeiras tentativas de se implantar o cristianismo nas regiões que se estendiam ao Sul do Sudão Ocidental remontem a época das explorações portuguesas do século XV, mal se encontravam traços desta religião na África ao final do século XVIII. Todavia, isto se alteraria radicalmente a partir dos últimos anos daquele século, mais particularmente durante as primeiras cinco décadas do século XIX. Sob o efeito principalmente do despertar, na Europa, do espírito missionário, devido essencialmente a obra de John Wesley e pelo aparecimento dos ideais antiescravocratas e humanitários inspirados pelo radicalismo e pelas revoluções americanas e francesas, os esforços realizados para implantar e propagar o cristianismo tiveram o mesmo dinamismo, senão a mesma forma conquistadora, que a onda islâmica que se alastrou no Sudão Ocidental. Desta vez, não foram utilizados o alcorão e a espada, mas a Bíblia, o arado e o comércio. A ação dos chefes, do clérigo e dos porta‑bandeiras das
jihad seriam substituídas pela de um grande número de sociedades missionárias, fundadas e baseadas na Europa e na América, e por seus representantes na África. Deste modo, no inicio de 1800 somente três sociedades missionárias trabalhavam em toda a África Ocidental, a saber:
A Society for the Propagation of the Gospel (SPG) (Sociedade para a Propagaçao do Evangelho), a Wesleyan Missionary Society (WMS) (Sociedade Missionária Wesleyana) e a  Glasgow and Scottish Missionary Society (Sociedade Missionária Escocesa de Glasgow). Em 1840, apenas quarenta anos mais tarde, elas já eram mais de quinze. As mais importantes eram a  Church Missionary Society (CMS) (Sociedade Missionária da Igreja), a Missão da Alemanha do Norte ou a Missão de Bremen, a Missão Evangélica de Basileia, fundada na Suíça, a  United Presbiterian Church of Scotland)  (Igreja Presbiteriana Unida da Escócia), e a Sociedade das Missões Estrangeiras fundada na França. Durante as três décadas seguintes, mais de uma dezena de novas congregações de origem americana vieram engrossar esta lista.
Na África Oriental e Central, em 1850, havia somente uma congregação missionária, a Church Missionary Society. Em 1873, no momento da morte de Livingstone, contavam‑se mais duas novas. Uma era a Universities Mission to Central Africa (UMCA) (Missão das Universidades para a África Central), criada em 1857 para fundar «núcleos de cristianismo e de civilização que propagassem a religião verdadeira, a agricultura e o comércio legítimo”, em resposta o apelo apaixonado feito, neste mesmo ano, por Livingstone a opinião pública britânica em um discurso pronunciado na Universidade de Cambridge; e a segunda era a Congregação dos Padres do Espírito Santo, ordem católica fundada na França em 1868.
São as viagens, bem como as circunstâncias e o impacto da morte de Livingstone, que deram o impulso decisivo para a onda religiosa que sacudiu a África Oriental e Central. Em apenas quatro anos, quatro novas missões foram criadas, a  Livingstone Mission criada pela Free Church of Scotland (Igreja Livre da Escócia), em 1875; a Blantyre Mission foi criada no ano seguinte pela Igreja oficial da Escócia, com intuito de evangelizar o atual Malaui; London Missionary Society (LMS) (Sociedade Missionária de Londres) que, na sequencia a uma carta publicada pelo Daily Telegraph, na qual o explorador e jornalista Stanley convidava as missões a se encontrarem no Buganda, estender o seu trabalho a partir da África do Sul até a atual Tanzânia; por fim, a missão católica dos Padres Brancos, implantando‑se neste país dois anos após a Church Missionary Society. Deste modo a evangelização da África Oriental e Central no final do século XVIII encontrava-se a bom caminho.
 

quarta-feira, 20 de março de 2013

MALI E SENEGAL - DO SÉCULO XIX A ATUALIDADE - RESUMO


 Mali, cujo nome oficial é República do Mali, é um país africano sem saída para o mar na África Ocidental.
Mali é o sétimo maior país da África. Limita-se com sete países, a norte pela Argélia, a leste pelo Níger, a oeste pela Mauritânia e Senegal e ao sul pela Costa do Marfim, Guiné e Burkina Fasso. Seu tamanho é de 1.240.000 km². Sua população é estimada em cerca de 12 milhões de habitantes. Sua capital é Bamako.
Formada por 8 regiões, o Mali tem fronteiras ao norte, no meio ao Deserto do Saara, enquanto a região sul, onde vive a maioria de seus habitantes, está próximo aos rios Níger e Senegal. Alguns dos recursos naturais em Mali são o ouro, o urânio e o sal.
O atual território do Mali foi sede de três impérios da África Ocidental que controlava o comércio transaariano: o Império Gana, o Império Mali (que deu o nome de Mali ao país), e o Império Songhai. No final do século XIX, Mali ficou sob o controle da França, tornando-se parte do Sudão francês.
Em 1960, Mali conquistou a independência, juntamente com o Senegal, tornando-se a Federação do Mali. Um ano mais tarde, a Federação do Mali se dividiu em dois países: Mali e Senegal. Depois de um tempo em que havia apenas um partido político, um golpe em 1991 levou à escritura de uma nova Constituição e à criação do Mali como uma nação democrática, com um sistema pluripartidário. Quase a metade de sua população vive abaixo da linha de pobreza, com menos de 1 dólar por dia.
 
GEOGRAFIA
O Mali é um país sem saída para o mar, situado na África Ocidental, a sudoeste da Argélia. Com uma área de 1.240.000 milhões de quilômetros quadrados, Mali é o 23º maior país do mundo, e seu tamanho é semelhante ao da África do Sul e da Angola. Possui 7.243 quilômetros de fronteiras com os sete países que limita. A maior parte do país forma parte do sul do Deserto do Saara, por isso o clima é quente e, comumente, tempestades de poeira se formam durante secas. O território do Mali é essencialmente plano, ainda que esta é uma rota em ocasiões por colinas rochosas. O Adrar des Ifoghas está localizado no nordeste, e as maiores altitudes são as Montanhas Hombori, que ultrapassam a altitude de 1000 metros ao sudeste, e as Montanhas Bambouk a sudoeste.
Os recursos naturais do país são consideráveis. O ouro, o urânio, o fosfato, o caulim, o sal e o calcário são os recursos mais explorados. Mali está a enfrentar problemas ambientais, como desertificação, o desmatamento, a erosão do solo e a contaminação da água.
 
RELIGIÃO
Aproximadamente 90% dos malienses são muçulmanos e a maioria destes é sunita. 5% da população é cristã (dois terços da Igreja Católica e o resto protestante), os restantes 5% correspondem a crenças animistas tradicionais ou indígenas. O ateísmo e agnosticismo não são muito comuns entre os malineses, a maioria de quem pratica sua religião diariamente.
 
Segundo o relatório anual Departamento de Estado estadunidense, sobre a liberdade religiosa, o Islã é praticado em Mali, que pode ser considerado um moderado, tolerante e adaptado às condições locais. As mulheres participam na vida político-socioeconômica, e geralmente não usam véus. A Constituição estabelece que Mali seja um Estado laico e fornece liberdade religiosa. E o governo respeita amplamente esse direito. As relações entre muçulmanos e praticantes das minorias religiosas podem ser consideradas amigáveis, e os grupos missionários estrangeiros (ambos muçulmanos e não muçulmanos) são toleráveis.
 
POLÍTICA E GOVERNO
Mali é uma democracia constitucional regida pela constituição de 12 de janeiro de 1992, que foi revista em 1999. A constituição prevê a separação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. O sistema de governo pode ser descrito como "semipresidencialista".
O poder executivo é representado pelo presidente, que tem um prazo de 5 anos e está limitada a dois mandatos. O presidente é também o chefe de estado e o comandante. O primeiro-ministro é nomeado pelo presidente e atua como chefe de governo que, por sua vez, nomeia os membros do Conselho de Ministros. A Assembléia Nacional unicameral é o único órgão legislativo do Mali e é composta de deputados eleitos para um mandato de 5 anos. Após as eleições de 2007, a Aliança para a Democracia e Progresso ganhou 113 dos 160 assentos na assembléia. A assembléia tem duas sessões ordinárias por ano, durante os quais se discutem e votam as leis feitas por um membro ou pelo governo.
A Constituição de Mali prevê a independência jurídica, mas o Poder Executivo exerce influência sobre o Judiciário sob o seu poder de nomear juízes e supervisionar tanto as funções judiciais como a sua aplicação em lei. Os tribunais do Mali de maior hierarquia são o Tribunal Supremo, que tem competências judiciais e administrativas, e um Tribunal Constitucional independente que proporciona controle jurisdicial de atos legislativos e serve como um árbitro eleitoral. Existem vários tribunais menores, ainda que os chefes de aldeia e anciãos são responsáveis por resolver os conflitos sobre a aldeia local.
 
CULTURA
Mali tem tradições musicais derivam de griots (ou Djeli), conhecida como "Guardiões da Memória", exercendo a função de transmitir a história de seu país. A música do Mali é bastante diversificada e tem diferentes gêneros. Alguns músicos são influentes, como Toumani Diabate, intérprete de kora, o guitarrista Ali Farka Toure, que combinava música tradicional de Mali com o blues. O grupo de música tuaregue chamou Tinariwen e artistas como Afropop Salif Keita, a dupla Amadou & Mariam, Oumou Sangaré e Habib Koité, etc.
Embora a literatura deste país seja menos conhecida do que sua música, Mali sempre foi um dos centros mais ativos de intelectuais da África. Sua tradição literária está contida principalmente por via oral, com Khalis recitando ou cantando histórias de memória. Hampâté Amadou Bâ, historiador maliense mais conhecido, passou grande parte de sua vida a escrever estas histórias para o mundo a conservar. O melhor e mais conhecido romance de um autor de Mali é Le Devoir de violence, escrito por Ouologuem Yambo, que venceu em 1968 o Prêmio Renaudot, mas seu legado foi danificado por acusações de plágio. Outros escritores são conhecidos Baba Traoré, Modibo Keita Sounkalo, Massa Makan Diabaté, Moussa Konate e Fily Dabo Sissoko.
A cultura variada diária dos maliense reflete a diversidade étnico-geográfica do país. A maioria de seus habitantes usa trajes coloridos e fluidos chamado boubou, que são típicas de África Ocidental. Malienses participam freqüentemente em festas, bailes e festas tradicionais. O arroz e milho são importantes na cozinha do pais, que é baseado principalmente em grãos de cereais. Os grãos são geralmente preparados com molhos feitos de folhas, como o espinafre, com tomate ou molho de amendoim, e pode ser acompanhada de carne grelhada (normalmente frango, cordeiro, vaca e cabra). A cozinha de Mali varia regionalmente.

 

Inclusão Social e Educação de Surdos

 
Uma coisa é certa, o trem da história não passou por aqui sem registrar tamanha façanha de contemplar o surdo falar com todos os seus gestos, amar com todos os seus sentidos, viver com toda a sua alma, sonhar com toda a nossa gente em harmonia societária, significativamente Ser especial, como todos nós. FALCÃO, 2006


Introdução
Abordar a temática da vida dos surdos nos últimos 20 anos é uma odisséia e um risco. Odisséia porque nunca, em tão pouco tempo, a visibilidade da heterogeneidade e a diversidade estiveram tão presentes na vida dos brasileiros, risco porque atentamos para a ousadia e possíveis erros de não agradar a todos ou mesmo também, em alguns momentos deixarmos de referendar tamanhos valores na literatura e na ciência.
Estudiosos que voltados ao ensino, à educação, à família e à vida em sociedade dos surdos não poderiam deixar de serem referenciados, são pesquisadores como TEREZINHA NUNES nossa conterrânea e outros pesquisadores: MORENO, BRYANT, BULL, MARSCHAK E VALLEE, SKLIAR, VYGOTSKY, LURIA e LEONTIEV na Europa e na América do Sul. No Brasil, não poderiam ser esquecidos, MÁRCIA GOLDFELD, EULÁLIA FERNANDES, TÂNIA FELIPE, MARIANA STUMPF concluídos seus estudos de doutorado em Porto Alegre, FABIANO cursando o mestrado na UFSC, entre outros.
O “boom” na visibilidade das pessoas surdas, portanto veio a acontecer justamente no final do milênio, entre a década 80 e 2000 se espalhando por todas as esquinas do nosso “brasilzão” e, mais ainda, a partir da publicação recente de lei e decreto, respectivamente, de reconhecimento e regulamentação da Libras – Língua Brasileira de Sinais, que legitimam a luta social pelo respeito às diferenças e a diversidade.
Os mecanismos de acessibilidade, portanto, são recentes e sujeitos a muitas dúvidas e incertezas até porque, uma mudança de paradigma não ocorre por Decreto, a fase de transição é demorada e construída com “trincheiras” que muitas vezes se atropelam pela ânsia do fazer acontecer, além da influência cultural herdada por nossos patrícios de (re-)construção pacífica e cíclica da nossa história.
O grande aspecto positivo desta odisséia é a de proporcionar atividades que levam a reflexão por serem extremamente importantes para a construção de argumentos e fundamentação uma vez que, somos formadores de opinião e esta linha de pesquisa além de ser muito recente, se apresenta com uma diversidade muito peculiar de uma sociedade plural e multicultural, ambiciosa e inquieta, culturalmente rica, mas pobre de leitura e de leitores que sedimentem os saberes vivenciados numa prática mais profícua e duradoura. Uma coisa é certa, o trem da história não passou por aqui sem registrar tamanha façanha de contemplar o surdo falar com todos os seus gestos, amar com todos os seus sentidos, viver com toda a sua alma, sonhar com toda a nossa gente em harmonia societária significativamente em Ser especial como todos nós.

A Diversidade
No cenário escolar não é exclusividade a presença de surdos, existe toda uma diversidade de gêneros, etnias, alunos com dificuldades de aprendizagem e necessidades educacionais especiais desde a hiperatividade, autistas, transtornos e déficits de aprendizagem, crianças superdotadas, com deficiências sensoriais, motoras, mentais, múltiplas deficiências e os surdos que por sua vez não devem mais serem vistos como culturalmente são identificados na sociedade participantes do grupo das “pessoas com deficiência”, fato este, que requer um atendimento clínico, por refletir-se no modelo terapêutico de uma patologia, contudo, trata-se de alguém que possui uma diferença, Apresentam um canal visual-gestual de comunicação.
O estigma de o surdo ser uma pessoa deficiente resolveu, no passado, um problema político ideológico de verticalização e afastamento do “defeito” daquilo que é “perfeito” e “produtivo”. Historicamente veio provocando discriminação, preconceito, conflitos sociais e cognitivos irreparáveis. Este modelo manteve-se alijado da sociedade civil e perdurou durante séculos, a mercê dos ditames políticos que historicamente prestigiaram o poder e a perfeição do belo pelo olhar do mercado, do consumo e do bem capital, como privilégio daquele que melhor produz e mais rapidamente consome para poder ser (re-)aproveitado na frente de produção de qualquer indústria “fabricareira” de produtos humanos. Esta indústria modelar tem nome e endereço certo, tem receita, recursos, produção de massas e ainda é legitimada pelo sistema ideológico vigente, esta indústria chama-se e-s-c-o-l-a.
Das diferentes formas de como lidar com cada uma das especificidades humanas, nas sedes destas diversas “indústrias modelares”, também não se podia esperar pela excelência dos centros formadores, pois nem eles, ou ninguém soube o que fazer ou como proceder com “máquinas defeituosas” que não poderiam mais ser lançadas para reciclagem ou acumuladas aos lixos inorgânicos, se dantes eram lançados em cubículos escuros à própria sorte da vida e mantidos, em alguns casos, pela assistência previdenciária do país, hoje reverberam conhecimento científico, cultura, produção social e acumulam riquezas, pagam impostos, são visíveis.
No tocante ao planejamento e modelos de fabricação produzidos na escola, ainda apresenta-se “maquetipado” por um denominador curricular indiferente aos vislumbres e habilidades que por ventura surgiriam, não do nada, mas de forças interiores que justificam a natureza e a vida no planeta Terra.
A diversidade cultural da população brasileira tem uma característica mais atual e incomum de convivência pacífica, mas não submissa e nem subserviente. O modelo multicultural é uma perspectiva humanizadora e contempla a natureza da humanidade. Assim, oportunizar nos espaços sociais uma leitura de mundo neste direcionamento é antes de tudo valorar a vida em harmonia na sociedade.
As diversas conquistas das pessoas surdas tanto no mercado de trabalho como nas universidades ainda não garantem acesso nem inclusão social para os surdos. Os movimentos sociais ainda permitem-se existir pela desigualdade de direitos e falta de atenção diferenciada que promova a interação social com consciência cidadã.

Modelos de Inclusão Bilíngüe e a Escola
Numa abordagem sensível e humanizadora, procura-se potencializar no educando oportunidades e habilidades pessoais. Assim, o entendimento sai da esfera do preconceito e da discriminação da pessoa com deficiência, e se qualifica pela oportunidade e respeito de ser diferente despertando para novas formas de interação com o mundo e com relação aos surdos, numa perspectiva lingüística de comunicação, expressão, percepção e interação com o meio, enquanto cidadão consciente, participativo e interativo através da Libras – Língua Brasileira de Sinais oficialmente reconhecida como língua materna dos surdos.
Aprende-se Libras para conhecer melhor as pessoas, o mundo, o pensamento, refletindo, construindo e constituindo-se de amor e respeito pelas diferenças. Aprender Libras é respirar a vida por outros ângulos, na voz do silêncio, no turbilhão das águas, no brilho do olhar. Aprender Libras é aprender a falar de longe ou tão de perto que apenas o toque resolve todas as aflições do viver, diante de todos os desafios audíveis. Nem tão poético, nem tão fulgaz.... apenas um Ser livre de preconceitos e voluntário da harmonia do bem viver.
Nesta perspectiva de agregar valores além da Língua Portuguesa, a Libras se apresenta como intensificador da formação bilíngüe, Libras e Língua Portuguesa. Desperta-se com um salto qualitativo no ensino público superior em alguns estados brasileiros, e ainda mais, na qualidade da formação profissional e educação continuada das diversas profissões e espaços sociais existentes sensíveis e aflitos pela concretização por mudanças sociais.

A Formação de Educadores e a Educação de Surdos
A educação inclusiva na educação de surdos no final do século passado apresentava a oralidade como fundamentação pedagógica, não existia a figura do intérprete em sala de aula e os surdos eram discriminados e marginalizados pela grande maioria das pessoas justamente por não saberem como lidar com esta especificidade, o ciclo vicioso confirmava a deficiência e o atraso na aprendizagem, não se aprendia como lidar, como se comunicar e a quem servir enquanto modelo verticalizado de ensino e formação.
Os saberes docentes eram baseados na criatividade e na sensibilidade pessoal e quem deteve este conhecimento, se mantinha manipulador das tendências pedagógicas, fato que, ainda se observa na maioria dos conteúdos curriculares dos cursos de formação de professores e educação continuada, num modelo conceituado como terapêutico por se reconhecer e valorizar os aspectos nosológicos e medicamentosos cujo conteúdo se apresenta híbrido e monopolizado e por vezes manipulador como formador de opinião.
Uma alternativa salutar para este impasse entre os saberes espontâneos e os científicos (re-)surge com a universalização da Libras e a sua oficialização nos cursos de formação de professores e demais cursos de educação, licenciaturas e fonoaudiologia. Os centros de formação e as universidades recebem a responsabilidade de transpor este modelo casuístico e conteudista, contudo, não existem profissionais qualificados para este fim, é como se rodassem em círculos, alimentando-se da própria inoperância. Não houve formação ao longo da história. Os recursos humanos são insuficientes e inoperantes para atender ao mercado.
Eis o dilema: não existem surdos (qualificados para o ensino superior) para a educação de surdos. São muitas dificuldades por falta de surdos nos cursos universitários e de pós-graduação. Pela falta de adequação curricular, muitos desistiram por não conseguirem transpor a barreira da formalização dos conhecimentos através da escola. A responsabilidade do ensino dos surdos ainda vai permanecer por muito tempo nas mãos dos ouvintes, segundo o modelo universitário vigente no país, a formação de professores ouvintes fluentes em Libras permanecem assumindo este ensino até que algum dia os surdos consigam, de forma universal assumir o seu papel social de professor e pesquisador universitário.

Inclusão x Exclusão Social
O conceito de inclusão vem se apresentando como exemplo de (re-)conhecimento social, beleza e desejável numa ampla reforma educacional. Na prática, porém, funciona como exclusão. Exclusão da relação inter e intrapessoal e da comunicação, exclusão da real participação, convivência e interação, tanto no ambiente escolar, como muito mais ainda no ambiente familiar que não desperta do luto da deficiência, permanece no argumento da perfeição e de que o filho de forma compensatória é capaz de realizar, sem perceber-se como modelo híbrido na formação da personalidade autônoma.
Existe toda uma discussão filosófica, educacional e psicológica na constituição da personalidade e da educação das pessoas para conviver em sociedade. A criticidade e a revolução educacional são caminhos que estruturam e se baseiam na fundamentação ideológica do que é ensinar-aprender e muito mais ainda no papel da escola como emancipadora e estimuladora da autonomia apoiados invariavelmente pelo espaço familiar.
Repensar o papel do binômio família-escola na educação de surdos é, acima de tudo, fundamentar e conceituar a acessibilidade e a inclusão social que carecem de conhecimento integrado entre os saberes populares e científicos.
A presença articulada e interagida como forma complementar e convergente se refletem no discurso de
FELIPE (2003) “A Educação para Surdos não pode se resumir a uma escolarização repassada por um intérprete, os novos embates e debates, agora, à luz de uma Escola Inclusiva que pressupõe uma Sociedade Inclusiva, não poderão mais ficar em dualismos maniqueístas: ouvintes x surdos, Escola Ensino Regular x Escola e Ensino Especial, Escola de Surdos x Escola de Ouvintes, que subjazem uma ideologia conservadora. O debate agora será em torno de um novo paradigma: uma Escola para Surdos e para Todos, porque nessa Escola, como GADOTTI (1989) afirma “a tarefa da educação” será “a tarefa essencialmente ligada à formação da consciência crítica. Quero dizer que identificaremos educar com conscientizar. O papel da conscientização de que nos fala Paulo Freire é essa decifração do mundo, dificultada pela ideologia; é esse “ir além das aparências”, atrás das máscaras e das ilusões, pagando o preço da crítica, da luta, da busca, da transgressão, da desobediência, enfim, da libertação” (FREIRE, 1995 e 2000)”.

É essencial para as crianças surdas utilizarem a Língua de Sinais de sua comunidade com seus pais, com os profissionais da área educacional e com as pessoas de convívio mais próximo para que garanta o desenvolvimento psíquico, social, político e psicológico. É de fundamental importância a interação entre as crianças na sociedade, sem formação de guetos nem de comunidades isoladas, onde todos convivem e interagem física e linguisticamente.
A convivência interpessoal e dialética deve ser percebida com naturalidade e refletida sobre os papéis sociais cuja vida, dignamente vivida, funciona como referencial histórico e cultural e não como modelo para ninguém. É preciso atribuir perspectivas e possibilidades humanas entendendo o surdo como um ser eficiente, que se comunica por outro canal e, conseqüentemente, tem outra língua.

Uma Experiência, Reflexo do Paradigma da Educação
A pouca qualificação profissional de professores e intérpretes atrelados a um contexto curricular defasado e carente de significados em sala de aula, repercute-se no abandono da escolarização e nos baixos níveis de satisfação, auto-estima e valoração do papel social da escola.
Numa sala inclusiva onde todos recebiam os mesmos conteúdos diários surgiram dezenas de conflitos, as críticas à metodologia e a postura dos professores e intérpretes em sala de aula como: excesso de termos para conceituação, comunicação verbalizada rápida, sem direcionamento físico para os surdos com verbalização de costas para a sala e sem articulação labial fonética acessível para leitura labial, vocabulário rebuscado e repleto de sinônimos descontextualizados à Libras. Estes foram alguns dos pontos mais críticos observados pelos surdos na avaliação pedagógica.
Abaixo alguns relatos de surdos sobre a qualidade do ensino e as necessidades para obter aprendizagem:
“Também os professores falam muito, não tem claro, mas os surdos sempre olham o intérprete, não tem claro, não é igual aos professores. As matérias são muito difícil... os surdos não dá memória essa as matérias diferentes, também os ouvintes não tenha ajudam”(Depoimento de um pré-vestibulando)

Outros conflitos na relação com os ouvintes que chegavam à sala mais cedo e guardavam lugar para os colegas que “tomavam” os lugares dos surdos que queriam sentar na frente. Mas os surdos não se esforçavam para chegar cedo, sempre atrasados quase 1 hora.
“Na aula, os ouvintes surdos conclusão atrapalha um pouco mas professores falam muito rápido e muito escreve complicado quadro”. (Depoimento de um pré-vestibulando)

Muitos desistiram do curso para trabalhar ou porque não acreditavam nas suas potencialidades acadêmicas. No final apenas oito chegaram ao vestibular. Nenhum sequer passou na primeira fase.
“Acho impossível falou os surdos tem 10% de redação igual ouvinte nossos surdos estamos dificuldade de fazer uma redação perfeito como podemos fazer isso. Nós estamos com medo perder para futuro universidade acho perdemos este ano vestibular”. (Depoimento de um pré-vestibulando)

Assim concordamos com o professor SKLIAR quando afirma que
A escola atual não proporciona oportunidades para o desenvolvimento das identidades pessoais, ao contrário, dá-se prioridade às habilidades técnicas que são sugeridas pela lógica contemporânea do mercado. Esta lógica impõe, por exemplo, a inclusão de surdos em escolas regulares, justificando tal decisão com argumentos do politicamente correto, do fazer surdos mais eficazes, mais eficientes. SKLIAR, 1999, p.08
Consciência Social Inclusiva
A construção de uma consciência social inclusiva se afirma pela livre convivência e pelo conhecimento e reconhecimento da diversidade como pluralidade e respeito às diferenças. A Libras, portanto, assume um papel lingüístico de permitir a comunicação, a interação social e a constituição da própria personalidade. É uma característica diferenciadora dos animais. A Libras como língua oficial é patrimônio da população brasileira, este status deve ser garantido não apenas por Decreto, mas acima de tudo, como motivação societária e sua utilização deve ser assumida em todos os currículos escolares e em todas as salas de aula como disciplina regular, tão mais do que as línguas estrangeiras, servindo de atributo social, político, econômico e cultural da população.
A interação familiar possibilita a aquisição de valores culturais e morais imprescindíveis na formação da pessoa cidadã. Acreditamos que quando todos que compõem a sociedade brasileira souberem se comunicar fluentemente em Libras e com os surdos, poderemos interagir idéias e costumes universais rompendo barreiras sociais, divergindo dos preconceitos e convergentes para a consciência de sociedade inclusiva.

quinta-feira, 14 de março de 2013

A ARTE NO BRASIL REPÚBLICA ANTES DA SEMANA DE 22

A euforia tecnológica propagada pela Revolução Industrial marcou o século XIX como um período de ascensão de diversas áreas do conhecimento. Os assuntos de ordem científica e estética passaram a despertar o interesse de um grande público. Várias nações criaram instituições que buscavam o desenvolvimento de estudos em prol do progresso da ciência. Nesse mesmo período, o termo “cientista” foi cunhado e a obra “A origem das espécies”, de Charles Darwin, ganhou popularidade.
Neste século são notórias as tentativas de sistematizar as diversas áreas do saber. Escolas politécnicas, museus, sociedades científicas e grandes gênios fizeram com que o oitocentos fosse contemplado pela euforia do saber técnico. As ciências exatas ganharam grande impulso na medida em que o desenvolvimento tecnológico vinculava-se com o desenvolvimento industrial. A Física, a Química fina e a Metalurgia foram as principais áreas de desenvolvimento científico. Influenciadas por essas mudanças, as ciências humanas também observaram o surgimento de novas áreas como a Sociologia e a Psicologia.
Na esfera artística, o individualismo e o ritmo frenético dos ambientes urbanos impulsionaram a criação de novos movimentos. O Romantismo criticava as mudanças da sociedade industrial e buscava o refúgio na vida próxima à natureza e a exaltação dos sentimentos amorosos. Muitos dos participantes desta corrente também atacavam o mundo em que viviam tecendo obras onde o drama e a opressão das camadas populares era costumeiramente representada.
Estas correntes mais contestadoras, na segunda metade do XIX, perderam espaço para o Parnasianismo. Esse movimento pautava uma concepção de elogio ao belo, considerando que a arte seria um campo autônomo que não deveria se ocupar dos conflitos e horrores da condição humana. Em contrapartida, a corrente Naturalista e Realista valorizavam as contradições das relações humanas e a reflexão do mundo vivido. Nesse mesmo período também se estabelece uma literatura engajada e fortemente influenciada pelo pensamento marxista.

Na arquitetura, retomaram-se padrões estéticos passados. O estilo gótico medieval mais uma vez apareceu entre as construções. Na França, o Art Noveau valorizava a decoração arquitetônica com o uso de linhas sinuosas e inspiração em elementos da natureza. Além disso, o uso do concreto armado viabilizou o aumento das construções prediais e a elaboração de desenhos arquitetônicos cada vez mais arrojados. Foi nessa época que os arranha-céus começaram a dominar o ambiente das grandes cidades contemporâneas.
Na pintura, podemos detectar uma grande via de diálogo com as correntes literárias. O Realismo procurou retratar situações cotidianas e trazer um equilíbrio entre o rigor estético e a expressão dos sentimentos. Outra importante corrente nascida no período foi a impressionista. Valorizando a sensação causada pelas cores, retratavam diferentes situações mundanas.
A música nessa época também viveu grandes mudanças, tanto no campo erudito quanto no popular. O predominante romantismo da obra de Beethoven abriu portas para uma rica geração de compositores. Wagner começou a privilegiar a temática nacionalista. Stravinski e Schönberg buscaram grandes rupturas com o sistema musical clássico, criando o sistema dodecafônico.
Outra grande mudança foi concebida na música popular. Até então, a música popular era considerada um tipo de música rude e sem maiores rigores ou complexidades. O jazz apareceu com uma novidade musical arraigada nos guetos norte-americanos. Influenciado pelo blues, work-songs e spirituals dos trabalhadores rurais negros, o jazz mostrou uma complexidade estética que questionava a separação da cultura erudita e popular.

Na passagem do século XIX para o XX, a chamada cultura de massa começou a aparecer nas grandes cidades. Na França, os irmãos Lumière causaram uma nova transformação no campo das artes. A criação do cinematógrafo trouxe a criação das artes cinematográficas. Elogiada por uns e criticada por outros, o cinema fundou a chamada “sétima arte”.
Quando o Brasil torna-se independente, século XIX, acontecem algumas transformações sócio-econômicas e políticas, por exemplo: abolição da escravatura, proclamação da República, expansão da economia (que era baseada no cultivo de café e na extração da borracha) e industrialização.
Isso tudo, influenciou no processo artístico brasileiro, além de contribuir para o desenvolvimento e transformação urbanística e arquitetônica das cidades de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Belém e pelo nascimento de Belo Horizonte.
Esta época chegou a ser chamada de Belle Époque. Como já mencionado os artistas da Belle Époque gostavam de retratar figuras humanas, principalmente as femininas, e cenas cotidianas.
A pintura Acadêmica, no século XIX, na arte brasileira, retrata a riqueza clássica, sendo que era refletido um padrão de beleza ideal (padrões propostos pela Academia de Belas Artes). Já no início do século XX, presenciamos o Modernismo Brasileiro, marcado inicialmente pela Semana de Arte Moderna . E, antes disso, o Expressionismo já começa a chegar ao Brasil e fazer história com Lasar Segall (1891-1957).
LASAR SEGALL (1891-1957)
Em 1923, o pintor lituano mudou-se para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte conheceu o "milagre da luz e da cor”.
 
ARQUITETURA
Na Arquitetura cabe destacar com a chegada da Missão Artística Francesa a arquitetura brasileira substitui o barroco pelas linhas neoclássicas. Mas no fim do século XIX, passa por uma nova transformação ao seguir duas novas tendências europeias: O Neoclassicismo (paço de Curitiba) e o Ecletismo (Teatro de Manaus). Em São Paulo, Carlos Ekman projetou um dos palacetes mais vistosos; A Vila Penteado, que hoje abriga a FAU-USP, construída em 1902 para abrigar duas importantes famílias paulistas, a do Conde Antonio Álvares Penteado e a de seu genro, Antônio Prado Junior .

A REVOLUÇÃO NICARAGUENSE


Pré-Revolução

A História da Revolução da Nicarágua, em seu início, se confunde com a vida do “camponês” general-guerrilheiro Augusto César Sandino.

No início do século XIX, passado o processo de independência mexicana, as regiões pertencentes à América Central experimentaram diversas transformações políticas em favor da formação de várias nações independentes. Na maioria dos casos, as elites locais obtinham o apoio estadunidense e britânico na formação de nações frágeis e incapazes de fazer frente aos interesses das potências capitalistas. Foi nesse contexto que notamos o surgimento da Nicarágua.

Em 1926, começou a trabalhar numa fazenda de donos estadudinenses, onde começou a regimentar pessoal para o movimento revolucionário. Sua principal visão era a divisão de terras e riquezas por todos os nicaragüenses e expulsão dos fuzileiros americanos de terras nicaragüenses, os partidários de Sandino participaram de movimentos de guerrilha que atuaram no país entre 1926 e 1933, determinado a dar fim à intervenção imperialista em seu país. Entre outros pontos, defendia a realização de um projeto de distribuição de terras e saída dos militares americanos que ocupavam o território nicaragüense.

Influenciado pelas greves de princípios nacionalistas, Sandino aprendera sobre defender uma nação em sua viajem pelo México.

A Nicarágua encontrava-se nas mãos americanas, com regalias cedidas a eles. A ajuda dos fuzileiros na independência da Nicarágua, fizeram-os achar que haveriam regalias e que terras nicaragüenses eram terras amigas.

A guerra era inevitável, acontecendo e se enquadrando em fugas para as montanhas antecedidas de ataques surpresas, numa espécie de “guerrilha”, quando os americanos concordaram sair do país mediante rearranjos no poder político.

Acontecendo isso em 1933, foi montada a Guarda Nacional que foi treinada pelos os mesmos estadudinenses que saíram da Nicarágua. A Guarda Nacional tinha como chefe Anastázio Somoza, após conseguir a saída das tropas estadunidense do país, Sandino aceitou assinar um acordo onde concordava em depor das armas mediante a preservação da soberania de seu país. Este período ficou conhecido como Revolução Sandinista.

SOMOZA

A opção pela pacificação política permitiu que militares liderados por Anastásio Somoza Garcia empreendessem o assassinato do líder revolucionário e em 1936 Somoza dá um golpe e assume o poder na Nicarágua dando início a Dinastia Somoza que vai até 1979 um governo ditatorial alinhado aos interesses norte-americanos.

Em 1961, um novo movimento guerrilheiro é formado com o objetivo de acabar com a ingerência estrangeira e a opressão ditatorial. A partir da reunião de líderes, como Tomás Borge, Carlos Fonseca e Carlos Mayorga, fundou-se a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Seus partidários passaram a formar sindicatos, abrir escolas de alfabetização e organizar focos em favor do seu projeto de natureza socialista. Este momento foi marcado pelo aspecto de conscientização da população (também estudantes e intelectuais) que se reuniram em sindicatos; a JPN (Juventude Patriótica Nicaragüense) foi formada. Em 1967 a FSLN se tornou o principal canal do povo na luta armada contra o Somozismo.

O governo de Somoza enfraquecia-se progressivamente, quando 1978 o jornalista Pedro Chamorro que comandava o maior jornal do país em oposição ao regime foi assassinado a mando de Anastázio, a guerra civil tomou conta do país. Os EUA tiraram seu apoio, houve uma insurreição popular que levou uma junta provisória ao poder. Em 1984 foram feitas as primeiras eleições livres depois da vitória da revolução, vencendo Daniel Ortega, líder da FSLN.

A FSLN conseguiu uma administração, nos seus 11 anos no poder, de verdadeiro socialismo: de 52% abaixou-se para 12% da população analfabeta. Conseguiu-se se evidenciar uma reforma agrária; a educação fortificou-se a vinda de professores da França, Alemanha.

Permanências
Somoza fugiu e foi assassinado no Paraguai. A Guarda Nacional que fora expulsa do país, se armou e se agrupou em Honduras com apoio e treinamento americano e argentino.

POLÍTICA INTERNA

No plano político interno, os sandinistas promoveram uma aproximação com as nações do bloco socialista. Além disso, prometiam um amplo processo de desapropriação onde o Estado controlaria as terras e as demais forças produtivas do país. O projeto radical oferecido pelos sandinistas acabou não só incomodando os interesses do bloco capitalista, bem como de porções heterogêneas da população nicaragüense. Dessa maneira, a partir de 1981, formou-se uma ação contra-revolucionária no país.

Os oponentes do governo sandinista, popularmente conhecidos como “Contras”, tiveram o apoio financeiro dos Estados Unidos e de membros da alta cúpula católica do país. Durante toda a década de 1980, o governo sandinista enfrentou uma grave crise econômica que ampliou as forças oposicionistas e colocou a Nicarágua à beira do caos. Em 1990, a crise acabou configurando uma derrota eleitoral dos sandinistas e a eleição de Violeta Chamorro, mulher do jornalista assassinado assim ia ao poder, dando fim à hegemonia sandinista.

Somente após uma seqüência de governos de tendência neoliberal e conservadora, os sandinistas se fortaleceram politicamente com as permanências dos problemas que afligiam a população. Em 2007, Daniel Ortega voltou à presidência com um discurso político moderado e com o apoio declarado dos norte-americanos. Hoje, o histórico líder da revolução de 1979 tem de enfrentar o atraso tecnológico, a inflação, o desemprego e a dívida externa que corroem a Nicarágua.

Referências:
OLIC, Nélson Bacic. Geopolítica da América Latina. São Paulo: Moderna, 1992.
BRUIT, Héctor H. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988.
PRADO, Maria Ligia. A formação das nações latino-americanas. São Paulo: Atual, 1987.
SADER, Emir. Socialismo na América Latina. São Paulo: Atual, 1992.