segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Não estamos falando de uma revolução como uma revolta, e sim no sentido de uma profunda transformação econômica, tecnológica, política e social. A Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, em meados do século XVIII, dando início à era do capitalismo.
A transição do artesanato, da manufatura para as máquinas e indústrias, originou a produção acelerada, em série, resultando em grandes lucros, e muita mão de obra disponível e barata.  Influenciou também as relações sociais, dividindo-as em duas classes, a dos proprietários e dos operários.
Os centros urbanos ficaram superlotados, ocasionando fortes mudanças demográficas, e transformando completamente o modo de vida da sociedade. Mas as más condições de trabalho tiveram como resultado, a revolta dos operários. Saiba do início ao fim dessa história.

O início da Revolução Industrial 
A Revolução Industrial, basicamente significou a mudança da ferramenta pela máquina, e contribuiu para a consolidação do capitalismo como o modo de produção dominante. Antes da revolução, a produção era totalmente artesanal, era um processo familiar, o artesão participava de todas as fases da atividade produtiva, até da obtenção de matéria-prima e da comercialização do produto. Mas desde a Idade Média havia um processo de evolução tecnológica, econômica e social em andamento, porém só foi se consolidar na Inglaterra, em meados do século XVIII.

Mas por que na Inglaterra? 
A Inglaterra era um país que possuia muitas reservas de carvão mineral, ou seja, tinham a principal fonte de energia para que as máquinas e as locomotivas à vapor funcionassem. Tinham também a matéria-prima utilizada naquele período, o minério de ferro. Além disso, a burguesia inglesa tinha capital suficiente para abrir fábricas, financiá-las, comprar o maquinário, matéria-prima, e contratar empregados. Para facilitar,  a procura por emprego nas cidades inglesas era muito grande, portanto a mão de obra se tornava ainda mais barata, pois era única opção. Sem contar que tinham também um vasto império colonial consumidor, e fornecedor de outras matérias-primas.
Houve outro fator que influenciou fortemente para que ocorresse a Revolução Industrial, a existência de um Estado Liberal na Inglaterra. Através da Revolução Gloriosa, e da Revolução Puritana, foi possível transformar a Monarquia Absolutista inglesa em Monarquia Parlamentar,  libertando a burguesia de um Estado centralizado e intervencionista, que deu lugar à um Estado Liberal Burguês na Inglaterra.

O Capitalismo 
Mas o início da Revolução Industrial, contou também com o alto avanço tecnológico, que possibilitou a troca das ferramentas e da energia humana, pelas máquinas. Foi uma fase de encerramento da transição entre o feudalismo e o capitalismo, onde o capitalismo se tornou o sistema financeiro e econômico vigente, e novas relações entre capital e trabalho foram impostas. A burguesia industrial buscava maiores lucros, com menores custos e uma produção acelerada. Primeiramente, a revolução afetou  a produção de bens de consumo, e depois aos bens de produção.
A partir desse novo sistema, as cidades começaram a crescer bruscamente, as chances de conseguir ganhar a vida no campo eram mínimas, e grande parte das terras pertenciam aos grandes proprietários, que expulsavam os pequenos camponeses.  A única forma de garantir a vida, era trabalhar como operário, e a partir daí surgiu a classe social dos proletariados.

A expansão da Revolução Industrial 
A partir de 1850 a industrialização começou a se expandir por outros países da Europa, entre eles a Bélgica, França, Alemanha, Itália e Rússia. No final do século XVIII, após a Guerra da Secessão, chegou aos Estados Unidos, e no Japão chegou após a superação do feudalismo que unificou o país. Sendo assim, aumentou a concorrência, a indústria de bens de fabricação e também a expansão de novas ferrovias. Mas cada país se desenvolveu industrialmente em ritmos diferentes, tudo dependia das condições econômicas, sociais e culturais de cada local.
No Brasil a “Revolução Industrial” foi tardia, ocorrendo entre 1930 e 1956, no governo de Getúlio Vargas, que investiu na criação de uma infraestrutura industrial: a indústria de base e energia. Nesse período, houve a decadência cafeeira, o êxodo rural, e o movimento migratório dos nordestinos para o Rio de Janeiro e São Paulo, e o presidente adotou uma política onde houve a substituição da mão de obra imigrante pela nacional.
As criações que se destacaram foram: Conselho Nacional do Petróleo (1938), Companhia Siderúrgica Nacional (1941), Companhia Vale do Rio Doce (1943), e Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).

Invenções
Na primeira fase da revolução, as invenções possibilitaram o surgimento de milhares de fábricas, a aceleração da produção e também dos lucros:
Máquina a vapor (Thomas Newcomen)
Locomotiva a capor (George Stephenson)
Barco a vapor (Robert Fulton)
Máquina de Hargreaves (Hargreaves)
Tear Hidráulico (Arkwright)
Tear Mecânico (Cartwright)
Na segunda fase, outras invenções influenciaram um avanço ainda maior nas indústrias, como a utilização de novas fontes de energia , o petróleo e a energia elétrica, a invenção do motor de combustão interna, invenção de novos meios de transporte, introdução de máquinas automáticas, emprego de metais leves,  como o alumínio e o magnésio,  o aperfeiçoamento da produção de aço, etc.

Consequências da Revolução Industrial 
A partir da Revolução Industrial, houve um salto no crescimento econômico, e o modo de vida se transformou, as populações passaram a ter acesso à bens industrializados, se deslocaram para os centros urbanos, havendo o êxodo rural, e um grande crescimento demográfico. As relações também passaram por transformações, pois duas novas classes foram criadas, a dos proprietários e dos proletariados.
Outro ponto importante foi a consolidação do capitalismo como o sistema econômico vigente, e o surgimento do capitalismo financeiro, que exigia altos investimentos das grandes empresas, onde os bancos entravam com os empréstimos e participavam ativamente das atividades econômicas. O processo de produção em série também caracterizou esse período, as mercadorias passaram a ser produzidas de maneira padronizada e uniforme.
O Imperialismo também ganhou lugar com sua política de expansão e domínio territorial, pois as potências capitalistas precisavam de mercados externos que servissem de um apoio para seu excedente de mercadorias.
Os movimentos operários, os conflitos, e a criação do sindicalismo, que resultou na legislação trabalhista, também foi uma das principais consequências da revolução.

AS FÁBRICAS E OS TRABALHADORES
A Revolução Industrial foi um marco para desvalorização do trabalho manual, pois muitos foram substituídos por máquinas, e os que trabalhavam na fábrica, só participavam de determinada fase da produção. O trabalho se tornava algo contínuo, repetitivo, mecanizado,  por exemplo, se a função era bater um prego em determinado local do produto, era só isso que se fazia o dia inteiro, na mesma velocidade e ritmo. Muitos não sabiam nem qual era o produto final, e essa função muitas vezes não correspondia ao valor do que ele era capaz de produzir.
Mas não haviam opções, o trabalho nas fábricas era o que dominava nas cidades da Inglaterra, e aos artesãos que desejavam continuar seu trabalho manual, não era mais possível, pois não tinham condições de  concorrer no mercado com os capitalistas. As relações entre os indivíduos começou a ser controlada pelo mercado,  não haviam mais laços e relações comunitárias. A divisão de classes era fundamental para a operação do sistema, ou seja, a classe dos proprietários, e a classe dos proletariados.
As fábricas não eram ambientes adequados de trabalho, tinham péssimas condições de iluminação e ventilação. Não havia medidas nem equipamentos de segurança para os operários, muitos se acidentavam e contraíam graves doenças. A média de vida dos trabalhadores era muito baixa comparada à de hoje. A jornada de trabalho chegava até 16 horas por dia, sem direito a descansos e férias. Os salários eram baixíssimos, garantindo ainda mais lucros aos proprietários, e a disciplina era rigorosa para manter o aumento da produção. Os trabalhadores não tinham direitos e nem o amparo social. Mulheres e crianças trabalhavam da mesma maneira que os homens, nas mesmas condições, mas o salário era bem mais baixo. Portanto, era muito mais lucrativo contratá-los. E pelos baixos valores oferecidos, era fundamental que todos da família trabalhassem.
As condições de vida e de trabalho eram precárias, e por serem submetidos à tantas situações difíceis e sem escolha, os operários se uniram e começaram a organizar movimentos e revoltas.

MOVIMENTOS OPERÁRIOS
Por tantas adversidades, os trabalhadores chegaram à conclusão que precisavam começar a lutar por seus direitos.

Ludismo
O Ludismo estorou em 1811, foi uma das primeiras revoltas dos operários que eram contra os avanços tecnológicos, que substituíam homens por máquinas, e o nome deriva de um dos líderes, Ned Ludd. Eram revoltas radicais, onde os trabalhadores invadiam as fábricas, e destruíam as máquinas, ficando conhecidos como “quebradores de máquinas”. Existiam esquadrões luditas, que andavam armados com martelos, pistolas, lanças, e durante a noite, andavam de um distrito ao outro, destruindo tudo que encontravam. Porém, muitos manifestantes foram condenados à prisão, à morte, à deportação e até à forca. O Ludismo ocorreu durante alguns anos, mas aos poucos os manifestantes constataram que não eram contra as máquinas que deveriam reagir, e sim ao uso que os proprietários faziam delas, abusando da mão-de-obra dos operários.

Cartismo
De forma um pouco mais organizada, em 1836 surgiu o Cartismo, constituído pela “Associação dos Operários” e liderado por Feargus O’Connor e William Lovett. Reinvidicavam direitos políticos, como o sufrágio universal (direito de voto), o voto secreto, melhoria das condições e jornadas de trabalho. Redigiram a “Carta do Povo”, onde pediam um conjunto de reformas junto ao Parlamento.
Inicialmente, as exigências não foram aceitas pelo Parlamento, havendo grandes movimentos e revoltas por parte dos operários. Depois de muitas tentativas e lutas, o Cartismo foi se dissolvendo até chegar ao fim. Porém, o espírito do movimento não se perdeu, e ganhou maior presença política depois de um tempo, fazendo com que algumas leis trabalhistas fossem criadas.

Trade-Unions e Sindicatos
Os operários chegaram à conclusão de que a união era fundamental para se contrapor ao poder burguês, então criaram os “trade-unions”, associações formadas pelos operários, mas que possuíam uma evolução muito lenta nas reivindicações que faziam. Porém, evoluíram e formaram os sindicatos, que eram sistemas de organização que defendiam seus direitos, eram os focos de resistência à exploração capitalista. Mas diferente dos sindicatos de hoje, tinham muita dificuldade de atuação.
A burguesia via um grande perigo nessas associações, e os sindicatos eram ameaçados pela violência. Portanto, as reuniões tinham que ser secretas, não havendo sedes sindicais. Mas aos poucos foram se organizando e realizando greves e protestos. E os proprietários levavam prejuízo, pois não tinha quem trabalhasse durante as manifestações.
Em 1824,  diante de todo esse crescimento das lutas operárias, a Inglaterra acaba aprovando a primeira lei, que permite a organização sindical dos trabalhadores. Depois dessa conquista, o sindicalismo se fortalece ainda mais. A partir desse momento, começaram a surgir organizações de federações que unificavam várias categorias dos trabalhadores, e em 1830 foi fundada a primeira entidade geral dos operários ingleses. Chegou a ter cerca de 100 mil membros.
Em 1866, ocorreu o primeiro congresso internacional das organizações de trabalhadores de vários países, que representou um grande avanço na unidade dos assalariados, onde surge a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT).  Mas a burguesia sempre achava novos meios de interferir, e reprimir os sindicatos. A história da legislação trabalhista dependeu de muitas lutas, os operários e sindicados resistiram à muita pressão para que hoje, todos possam ter os direitos trabalhistas.


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