sábado, 13 de novembro de 2010

GESTÃO ESCOLAR, PRÁTICAS EDUCATIVAS, PPP - EIXO TEMÁTICO NO CONTEXTO PATAXÓ


Brincadeiras, jogos, mitos, lendas, cultura, cultura corporal, aprendizado, sobrevivência; a identidade é construída por intermédio da eleição de determinados signos: a organização social e política nos aldeamentos, o uso das indumentárias indígenas nas festividades religiosas e no cotidiano, a especialização do artesanato, em função das solicitações dos turistas, a ressignificação do Awê[1], que deixou de ser uma manifestação exclusivamente religiosa para tornar-se parte das ações políticas, e no campo linguístico a recuperação da língua do povo Pataxó – o Patxohã.
Para os educadores a possibilidade da afirmação de uma cultura diferenciada está na apropriação e aprendizado da esfera lúdica presente no cotidiano da aldeia, nas músicas cantadas no Awê, construídas com vocabulários da língua Patxohã, na agricultura, bem como na produção dos artesanatos, e adornos produzidos com sementes de plantas nativas da mata Atlântica.
Das experiências vivenciadas nas escolas, compreendemos que os educadores e educandos Pataxós da Jaqueira estão construindo uma escola diferenciada em dois espaços temporais: na esfera da aldeia as crianças costumam brincar diariamente desde o amanhecer até aproximadamente às doze horas, é o tempo de convivência com os familiares, nas danças período em que praticamente só falam em Patxohã, o período das brincadeiras tendem a ser mistas e realizadas nos descampados; e o tempo escola, no período vespertino nas salas de aula estudando os livros didáticos adotados pela Secretaria Estadual de Educação, junto com as cartilhas os livros produzidos pelos professores indígenas. A educação indígena se consolida quando os grupos se juntam em torno de um objetivo comum, a manutenção dos grupos no território tradicional, destinada à reserva nacional – Parque Nacional do Descobrimento.
Assim, a luta e a conquista material ou simbólica da educação indígena têm como ponto de partida a retomada de terras originalmente indígenas.
Nesse processo de recuperação do que foi perdido (território, língua, crenças religiosas), utilizam-se da escola indígena e do currículo para conhecerem e aprenderem sobre as manifestações lingüísticas e culturais de seus ancestrais.
A alfabetização em língua indígena foi a primeira preocupação dos educadores pataxós da Bahia após a conquista da escola na aldeia, com o objetivo de aproximar cada educando da cultura indígena Pataxó durante o processo de alfabetização foi elaborada a cartilha Alfabetizando nas escolas pataxó. A cartilha não traz explicitamente a informação que irá trabalhar as duas línguas, com o Patxohã e com o português. Ela informa que é um instrumento a ser utilizado na alfabetização nas escolas das aldeias indígenas. Entretanto, espera-se que ela seja bilíngue, uma vez que os dispositivos acerca da educação escolar indígena defendem que esta deve ser específica e diferenciada da escola não-indígena.
O material, por ser uma cartilha assinala que é um livro didático, que tem a função de instrumentalizar os docentes nas atividades de sala de aula e informar e acrescentar aos discentes conhecimentos e alfabetizá-los. A apreciação da cartilha apontou que esta tem a mesma formatação das cartilhas de alfabetização em português, em que há predominantemente o método sintético, partindo do conhecimento do alfabeto. Depois da apresentação do alfabeto, as combinações possíveis entre as vogais e as consoantes, em seguida trabalha-se as sílabas, retiradas de uma palavra geradora, a partir de um texto.
Na cartilha Alfabetizando nas Escolas Pataxó trabalha a alfabetização, a partir da unidade mínima da língua (letras, sons e sílabas) identificando estas em unidades mais complexas (palavras, frases e textos).
O material permite que os educandos reconheçam com precisão as palavras que lhes são apresentadas e se familiarizarem com a estrutura gráfica da língua portuguesa. Pois a cartilha é escrita em português, a língua apresentada para a alfabetização.
Figura 1 -  Capa Cartilha -  Produção regional das Reservas Pataxó Jaqueira e Nova Coroa
Fonte: da pesquisadora


Nesse material não há o estudo fonético das letras e nem o alfabeto fonético da língua Patxohã. Nesse sentido, a cartilha não contempla o bilinguismo, mas há uma valorização de alguns aspectos da cultura indígena. Os textos trazem informações ou fazem alusão ao universo indígena. No texto abaixo percebemos essa referencialidade.

Figura 2 – atividade da Cartilha - Produção regional das Reservas Pataxó Jaqueira e Nova Coroa
Fonte: da pesquisadora


A utilização do texto Gamela tem como intencionalidade trabalhar a família silábica da letra G. O enunciado do exercício nº 1 a ser realizado amplia a discussão, solicitando que o estudante circule no texto o nome do material que o índio usa para fazer a gamela. O texto não traz novidade, apenas registra de forma sucinta de que é feita a gamela e a sua utilidade, pois o objetivo maior é a decodificação da palavra Gamela e sua decomposição nas unidades linguísticas sílabas e letras. A alfabetização se dá em português, partindo de aspectos superficiais da cultura indígena.
A proposta educativa neste material está voltada para a alfabetização, com palavras geradoras que fazem parte do universo linguístico dos estudantes pataxós. Os subsídios presentes nos textos são elementares, com baixo nível de informatividade, entretanto não podemos negar que há um avanço, pois houve por parte dos educadores a preocupação em construir um material específico para a comunidade estudantil. Não podemos esquecer que os educadores foram alfabetizados em português em escolas não-indígenas, por isso a reprodução de parte do que vivenciaram em seus processos de alfabetização nessa cartilha.
A cartilha revela que o registro da língua está relacionado com o que os Pataxós vivenciaram no intenso processo de integração à sociedade nacional e a assimilação forçada da cultura do não-índio.
Quanto à significação avaliamos que os textos apresentados e as palavras eleitas estabelecem relações com o contexto dos atuais pataxós, apontando que “[...] a alfabetização, mesmo em português, tem por objetivo fortalecer a identidade e a educação indígena, conforme Meliá. (1979, p. 74).
Os textos são curtos, mas trazem elementos do universo cultural dos Pataxós. A escolha de palavras que são próximas da leitura de mundo dos discentes é positiva, pois é fundamental que cada sociedade recupere seus símbolos, colocando-os em evidência. A eleição de textos que falem sobre a comunidade reforça para os educandos indígenas que o seu povo também tem uma história e uma cultura, e que estas devem ser registradas e valorizadas.
O trabalho com a linguagem torna-se envolvente à medida que o educador aproxima os educandos de situações concretas vivenciadas em seu contexto. Entretanto, percebeu-se que na cartilha não há um estudo sistemático da língua do povo Pataxó, há maior investimento na apresentação de signos não-verbais relacionados à cultura indígena. Por exemplo, ao retratar o universo cultural Pataxó a cartilha apresenta símbolos como o cocar, o maracá, o awê e expressões grafo-plásticas como as pinturas corporais. Os ícones referentes a estes símbolos são apresentados em forma de desenhos, seguidos de pequenos textos informativos, estes também tem como objetivo a decodificação de palavras, a partir de sua decomposição em sílabas, com vistas à alfabetização.
Figura 3 - atividade da Cartilha - Produção regional das Reservas Pataxó Jaqueira e Nova Coroa
Fonte: da pesquisadora
Apesar de explicitar o desejo de trabalhar a alfabetização, a partir da leitura de mundo dos educandos, o material não apresenta um estudo consistente sobre o Paxtohã. O texto Cocar representa a interiorização de modelos de textos de demais cartilhas, por parte de quem o produziu. Não há o registro de palavras em Patxohã, a própria palavra cocar é de origem portuguesa, esta foi introduzida nos verbetes do Patxohã nas relações inter-étnicas, no período em que os Pataxós viveram com os Tupinikins.
Os Tupinikins foram os primeiros povos que tiveram contatos com os portugueses, portanto já falavam expressões em português e em Tupi nos aldeamentos compulsórios.
Quanto ao conhecimento de palavras em Patxohã a cartilha traz pouquíssimas informações. Nesse sentido, não podemos deixar de pontuar que é através da leitura de textos, frases, palavras, que se aprende novas vocábulos, diferentes daqueles usados cotidianamente.
Os conteúdos de alfabetização em Patxohã propostos nesse livro estão restritos a aprendizagem de saudações, pronúncia dos números, nome das cores, animais e frutas e no conhecimento de algumas palavras presentes nas músicas escritas em português.
Quanto à função social e política no estudo de uma língua Soares (1995) defende que esta deve ser relacionada à sua aplicabilidade e funcionalidade na construção dos atos comunicativos, que o estudo das línguas em condições bilíngues deve ser descritivo e não prescritivo. Advogamos sobre a importância de se contemplar na cartilha espaços para a produção espontânea de textos e que os estudantes fossem instigados a pesquisar e registrar palavras faladas em Patxohã pelos seus familiares.
Conforme pontua Sapir (1980) a língua é um fenômeno cultural, isto é, ela está relacionada à cultura e ao pensamento, portanto as manifestações linguísticas são formas de expressão do pensamento. Nesse sentido, falta na cartilha uma abordagem da língua como uma instituição social, cultural e histórica.
Na cartilha há o registro de vocábulos que fazem referência a realidade das aldeias como lista de palmeiras, árvores, plantas medicinais, animais, frutas, nomes das aldeias e de nomes próprios. O vocabulário apresentado é oriundo, em sua maioria da língua de contato, do falar Tupinikim com o Português, mas não do Patxohã. No entanto, não há informações da origem ou do processo de formação dessas palavras. E o vocabulário é apresentado aos estudantes como da língua Patxohã. Esse fato evidencia a ausência de informação cientifica acerca do processo de construção e mudança da língua por parte dos educadores.
Segundo o Parecer nº 14/99 do Conselho Nacional de Educação a formação do professor indígena deve contemplar os seguintes aspectos: a capacitação do professor para elaborar currículos e programas de ensino específicos para suas escolas; capacitação para produção de material didático e científico; formação para o ensino bilíngüe assim como a metodologia de ensino de segunda língua; conhecimento dos processos históricos de perda da língua quando necessário e capacitação linguística para desenvolver um sistema ortográfico da língua indígena. (BRASIL, MEC, 2002, p. 51).
Quanto ao atendimento ao decreto, avaliamos que os educadores que elaboraram o material não tinham um conhecimento científico acerca da Linguística, da importância de estudar o léxico da língua numa perspectiva diacrônica e sincrônica. No estudo de uma língua que ainda não foi assimilada pelos falantes deve ser contemplada a Morfologia, a Fonética e a Sintaxe, pois o estudo dos vocábulos, orações e fonemas demandam a compreensão do significante e do significado numa dimensão histórica, social e cultural. Marques pontua que,

o desenvolvimento da capacidade de usar a língua na escola deveria ser uma continuação do processo fundador de domínio da linguagem como processo de desenvolvimento e amadurecimento cognitivos, que é o fator que propicia crescente domínio dos processos mentais de apreensão do mundo real e de sua representação simbólica por meio da linguagem. (MARQUES In AZEREDO, 2001, p. 230).

Em toda cartilha só há quatro atividades que são escritas em Patxohã, na página 9 a lista de nomes indígenas (Jacarandá, Ajurú, Nayara, Adxuara, Mucujê, Iária, Mayara, Nayá, Kaiub, Rudá, Puxuri, Matalawê, Joôpek, Uruba, Assary, Jussara, Parú, Arawana, Inajé, Juerana, Massaranduba, Nawã, Tuxawá, Patiburi, Kati koko, Maynã, Kamassari, Tapurumã, Mark, Hayô, Aruã, Karkajú, Awoi e na página 74 a lista das palmeiras (airi, buri, buriti, coqueiro, dendê, Jussara, naiá, oricana, aricuri ou licuri, pati, patioba, paiçava, tucum-açu, tucum-mirim, xandó ou caxandó). Na primeira lista temos nomes de pessoas, plantas, divindades, a segunda lista trata-se só de nomes de palmeiras, são quinze nomes, um para cada tipo dentro de uma mesma classe <palmeira>. Essa variedade de nomes confirma a intimidade do indígena com a natureza. Para nós as duas palavras coqueiro e palmeiras são suficientes para determinar essa classe de plantas, enquanto que para os Pataxó cada nome identifica um tipo de palmeira que tem sua utilidade e importância. Por exemplo, para fazer o peixe assado só utilizam a patioba enquanto que da pati utilizam fibras da folha para fazer linhas para pescar e para o artesanato.
Todo e qualquer grupo humano usa a linguagem para transmitir suas experiências e seus conhecimentos. E é por meio dos signos eleitos é que se pode conhecer às experiências e os desafios vivenciados por ele. Nesse sentido, a Cartilha Alfabetizando nas Escolas Pataxó é utilizada pelos educadores para a socialização de saberes e de símbolos que afiançam a identidade cultural.
A cartilha traz na página 59 a atividade “ache o significado das palavras no caça-palavras”: Miãga - Xukakay - Mukusuy –Hayõ Kuyuna. A escrita das palavras na língua indígena é como se pronuncia, é uma escrita próxima da transcrição fonética. Em 1982 a professora Eni Pocinelli Orlandi elaborou uma proposta de grafia econômica, parecido com a transcrição fonética do português. (in Silva, 1984, p. 4). E tem sido esses os critérios empregados na grafia da língua.
As palavras do Patxohã registrada na atividade foram pouco exploradas, se resumiu na localização das mesmas no caça-palavras. Apesar disso, há uma riqueza de informações nesta proposta, primeiro seria mostrar a possibilidade de escrita. Por exemplo, o /h/ para representar os sons /r/ na posição inicial/ ou /rr/ no meio da palavra, o uso do som /tʃ/ que é escrito tx. Sendo assim, a escrita é fonética, o registro é como se pronuncia as palavras. Como nos exemplos abaixo:
(1) Miãga (água) o som nasal é representado e registrado pelo sinal /~/
(2) Xukakay (galinha), o som do i na posição de semi-vogal é escrito com o fonema /y/ a mesma ocorrência na palavra Mukuçuy ( peixe)
(3) Hayõ (sol), o som /r/ na posição inicial é escrito com o fonema /h/;
(4) Kuyuna (farinha), nesta palavra, o som da letra c é grafado pelo fonema /k/.
Meliá (1979) avalia como positivo esse fenômeno, da escrita fonética nos materiais em que se estuda a língua indígena e acrescenta que essa ação possibilitará que gradativamente a língua seja assimilada pelas crianças e as gerações futuras poderão de fato se expressar na língua de seus ancestrais.
Para o estudo da ortografia da língua indígena Meliá informa que “a escolha de símbolos obedece a algumas normas principais: que o símbolo deve ser o mais semelhante possível da grafia do português; e que seja um fonema para representa um único símbolo” (KINDEL-JONES, 1978 apud MELIÁ, 1979, p. 78).
O Patxohã é uma língua estruturada a partir de diferentes raízes, oriundas de línguas indígenas, africanas e do português falado pelos indígenas; conforme o texto Dawê Mayô ἷhé em que se percebe a presença de três matrizes linguísticas: Dawê – adeus em patxohã, despedir – que é dar adeus em português e Naô que significa caboclo (palavra de origem africana, presente nos rituais afro-brasileiros).
Figura 4 - atividade da Cartilha - Produção regional das Reservas Pataxó Jaqueira e Nova Coroa
Fonte: da pesquisadora

O refrão Dawê Mayô ἷhé/ dawê mayô ixê não tem como ser traduzido isolando os vocábulos, para ter acesso a ideia geral que ele transmite, deve ser lido como um todo, por isso o enunciado chama a atenção: “com a ajuda do professor, faça a tradução da música da língua Patxohã para a língua portuguesa. O adequado seria solicitar a interpretação e não a sua tradução.
Em linhas gerais o texto fala de um jovem que solicita a benção, pois vai partir, vai embora do seu lugar, precisa deixar o seu lugar. O lugar chamado Maxanawê que pode significar ao mesmo tempo o espaço físico – a aldeia – que é o lugar de festa e alegria e/ou despedir do seu lugar espiritual, de seus ancestrais, conforme o verso “despedir de meu Naô”.
As palavras que estruturam o texto não estão registradas no dicionário Patxohã, o que nos leva a inferir que a música foi estruturada, a partir do contato entre as etnias indígena, portuguesa e africana.
Essa atividade foi trazida com o objetivo de mostrar a riqueza de informações acerca das culturas presentes no processo de reconstrução e afirmação dessa língua. A análise aponta que o material não é bilíngue, mas é intercultural.
O texto meu cocar, assim como o anterior, tem uma linguagem poética, como a maioria das músicas que são cantadas na roda do Awê apresenta uma sintaxe semelhante da Língua Portuguesa, em que temos na construção da sentença o sintagma nominal seguido do sintagma verbal.
A palavra em Patxohã é tupisay que é um tipo de vestimenta, saia feita de fibra vegetal usada na dança do Awê, em cerimônias religiosas e ações políticas. O vocábulo tupisay faz parte do campo semântico de adornos indígenas, como colar e cocar, entretanto as palavras não são originarias de uma mesma língua.
Figura 5 - atividade da Cartilha - Produção regional das Reservas Pataxó Jaqueira e Nova Coroa
Fonte: da pesquisadora
Cocar: palavra de origem portuguesa que significa penacho ou capacete de plumas. (Urakatã)
Colar: palavra de origem portuguesa que significa ornamento para o pescoço. (Massaká)
Tupissay: palavra Patxohã que em português significa saia
ADORNOS
No diagrama abaixo se tem o registro dos três tipos de adornos indígenas, sendo que colar e cocar não provem de nenhuma língua indígena. Entretanto, as elas foram agregadas pelos Pataxós outros significados, esses relacionados a  questão mítica. No livro Trioka Há-hã-o Pataxi: caminhando pela historia pataxó, Katão Pataxó (2004, p.56) registra: “o cocar, o colar e maraká são instrumentos sagrados para os pataxós. Eles não podem faltar em uma comunidade porque cada um tem a sua função […]. É como se o cocar fosse uma casa, o colar um escudo e o maracá o coração”. Pelo valor sagrado que adquiriram passam a ser considerados palavras da língua Patxohã; sendo que diacronicamente só a palavra tupisay é do tronco Macro-jê, do qual o Patxohã foi gerado.
 






Essa ocorrência nos remete o que Sapir (1980) explicitou quanto às mudanças nas línguas, essas ocorrem motivadas por três fatores: a associação entre cultura e língua, uma mudança na cultura acarreta alteração na língua; o outro impulso, é a mudança estilística que tem relação com a forma como o falante deseja expressar seu pensamento e emoções e a terceira é a mudança própria da língua, pois ela é constituída por elementos conectados entre si de modo que qualquer modificação em um único elemento vai modificar os circundantes.
Na formação do Patxohã e na revitalização dessa língua aconteceram os três fatores: (1) pelo processo de integração com não-índios e com índios de outras etnias ocorreu a assimilação da cultura desses grupos e junto aos aspectos da cultura expressões da língua de cada sociedade; (2) depois de décadas de perseguições e diásporas, os Pataxós tiveram condições de reivindicarem a retomada de tudo o que lhes foi sido usurpado. E ao retornar ao território tradicional, os Pataxós avaliaram a gravidade da perda da língua e decidiram recuperá-la a partir de documentação e registros realizados junto aos Maxakalis e aos Pataxós Hã-hã-hãe e também por meio de pesquisa e documentação da língua falada pelos anciãos pelo grupo de pesquisa Atxôhã[2]e (3) Dentre as fontes disponíveis, os Pataxó decidiram de onde deveriam buscar as informações para a recuperação da língua, por meio do fortalecimento dos contatos com os Maxakalis de Minas Gerais. A língua Patxohã como sistema, estará sempre em processo de transformação, influenciada pela pelos seus falantes e sua cultura.
  

4.1       A Cartilha de Patxohã e o Bilinguismo
Outro material utilizado nas escolas pataxó é a Cartilha de Patxohã elaborada pelos professores indígenas que fazem parte do grupo de pesquisa Atxohã. O projeto Atxohã nasceu da necessidade de organizar, registrar e documentar as pesquisas realizadas sobre a cultura e língua dos Pataxós. Ele tem como metas integração e socialização entre as escolas e aldeias Pataxós e afirmar e valorizar a cultura e língua Pataxó.
Esse material didático traz explicitamente que o objetivo é estudar a língua Patxohã. Na cartilha há aspectos da gramática normativa da língua, como as regras de acentuação, o estudo da Fonologia, especificamente o registro dos fonemas (vogais, consoantes, nasalização e tonicidade da sílaba). Quanto ao estudo do texto e da sintaxe há informações sobre as regras de pontuação e registro das saudações em Patxohã.
Assim como a Cartilha alfabetizando nas escolas Pataxó, esse suporte reproduz informações, como listas de palavras, agrupadas por campos semânticos (meses do ano, frutas, plantas, animais), registro da escrita dos numerais por extenso, o nome de membros do corpo humano. Todas essas informações estão em Patxohã com a tradução em português.
A cartilha ensina o Patxohã como se fosse uma língua estrangeira, uma vez que o português é falado na aldeia e na escola como primeira língua, por isso a necessidade da decodificação em português. Os enunciados que explicam as operações cognitivas a serem realizadas a partir dos textos e palavras são registrados em português, pois o Patxohã não tem uma sintaxe que dê conta de atender essas necessidades comunicacionais.
Explica-se este fato devido à língua dos Pataxós sobreviver de forma “diferente”, estruturada a partir da língua portuguesa. E a recuperação do Patxohã aconteceu por meio do registro de vocabulários, principalmente de substantivos e adjetivos. Assim, palavras que eram substantivos foram adaptadas e assumiram a função sintática de verbos. Por exemplo, da palavra mãguti (subs. mas. significa comida), originou mãgutá (verbo que significa comer).
A cartilha não contém textos informativos sobre a cultura dos Pataxós. Todo ensinamento da língua Patxohã dar-se por meio do estudo da gramática de palavras e frases.
A Gramática Normativa da língua foi estruturada a partir da Descritiva, como o caso da flexão de número (plural e singular). Para passar uma frase para o plural acrescenta-se a letra p somente no final dos artigos e dos pronomes, exceto os pronomes da terceira pessoa que não flexionam; os demais sintagmas nominais permanecem no singular, inclusive os numerais. Conforme o exemplo (Cartilha de Patxohã, 2010, p. 9):
(1) Iõ kitok tornõ arẽgá (singular) - artigo – o (trad. o menino vai brincar).
(2) Iõp kitok torno arẽgá (plural) – artigo – os (trad. O menino vai brincar).
A língua Patxohã assim como o Português Não-formal é enxuta, sem redundância, uma vez que o artigo no plural, como no exemplo, informa que é mais de um sujeito.
Os verbos são registrados em três tempos (Presente, Passado e Futuro) e para cada tempo há uma única terminação para todas as pessoas. Um mesmo paradigma para as flexões de todos os verbos, como exemplo o verbo hamiar (dançar) no presente será acrescentado /xô/, hamiaxó; no passado será acrescentado /ã/ no final do verbo, hamiaã e no futuro acrescenta-se o /i/ no final, hamiai. A flexão será a mesma para todas as pessoas do verbo.
Quanto ao grau das palavras há a marca do aumentativo, por meio do acréscimo do afixo /puá/ no final do vocábulo; e para o diminutivo o aditamento do afixo /kwi/ no final da palavra. Conforme os exemplos retirados da Cartilha, p. 11:
(1) mukuyãga (bumbum)
(2) mukuyãgapuá (bundão)
(3) mukuyãgakui (bundinha)
A Cartilha de Patxohã em sua essência é uma Gramática da língua, ela não oferece fundamentos metodológicos para a alfabetização na língua Patxohã. Os temas abordados são regras de flexão nominal e verbal da língua.
Nesse sentido, há prejuízos porque não são abordados aspectos da cultura indígena, sim, uma ênfase ao estudo da língua numa perspectiva estruturalista. Uma contradição aos anseios dos povos indígenas ressurgidos que é a aprendizagem da língua numa perspectiva sociointeracionista.
Quanto ao aspecto da prescrição ser oriunda da oralidade, do ponto de vista linguístico é positivo, pois denota que a sociedade indígena Pataxó vem atingindo um maior grau de autonomia política, resultado das mobilizações e ações coletivas que teve como resultado o movimento de retribalização, o funcionamento das escolas nas aldeias; o direito de elaborar seus materiais didáticos, inclusive uma gramática da língua, com o objetivo de conter as mudanças.
A língua é uma necessidade social, um vínculo que une os seus falantes num mesmo universo, e somente ela possibilita a inclusão à vida cultural. Nesse sentido, os professores rompem com um modelo de escola que fora imposto a seu povo no passado e caminham rumo a construção de uma educação escolar diferenciadas, mesmo que seja partindo de modelos de matrizes curriculares e materiais didáticos de escolas não-indígenas.
Além das cartilhas citadas os professores pataxós utilizam alguns livros de leituras que tratam da etnohistoria e da cultura. Os textos são em grande parte de autoria dos professores pataxós, isto favorece aos alunos a aquisição de um conhecimento mais próximo da sociedade e história de seu povo.

4.2       Os Livros de História Sobre o Povo Pataxó e a Afirmação da Educação Diferenciada
O livro Uma historia de resistência pataxó, apresenta através de uma linguagem simples a história dos pataxós, desde o século XIX, fundamentado em documentos de viajantes da época. Descreve os conflitos com as autoridades, por meio de depoimentos dos próprios Pataxós, principalmente a diáspora pelo sul da Bahia, que fez com que grupos perdessem terras tradicionais.

Figura 6 - Capa do Livro “Uma História de Resistência” – produção local
A obra apresenta também a história de algumas aldeias, sua população, situação jurídica e econômica. Esses textos foram construídos a partir dos dados levantados nas pesquisas realizadas por professores pataxós, no curso de Magistério Indígena e nos cursos oferecido pelo Programa de Formação Continuada de Professores Indígenas.
Nesse livro podem ser exploradas diversas temáticas: a história do povo pataxó, a história dos indígenas no Brasil, a mata Atlântica, geografia do sul da Bahia, uma proposição interdisciplinar do estudo da língua e da cultura, uma vez que língua, cultura e sociedade são temas indissociáveis.
Para Meliá (1979) uma educação bilíngue mais contextualizada deveria está relacionada ao estudo dos conteúdos culturais e sociais do povo indígena como a sua história, sua organização, mitologia, geografia, com a mesma intensidade em todo desenvolvimento do ensino bilíngue.
O livro Leituras Pataxó traz um panorama sintético da resistência do povo pataxó, as lutas e conquistas, apresentando também como vivem na atualidade, a relação com os não-índios, o trabalho com o artesanato, a vida social na aldeia, a estrutura familiar, o trabalho coletivo, a produção de alimentos, os instrumentos utilizados para caça, pesca e o trabalho na roça. Fala dos rituais indígenas que ainda praticam e das cerimoniais católicos que assimilaram e ressignificaram, apresenta também algumas músicas que são cantadas no awê e o registro de alguns mitos.



Figura 7 – Capa do Livro do Aluno “Leituras Pataxó” produção local do grupo de lideranças, pesquisadores e professores
Fonte da pesquisadora

O livro vem acompanhado do caderno de orientação metodológica, que é um recurso auxiliar para o professor, traz diversas sugestões de como estudar os textos apresentados na obra. Na apresentação da obra os professores pontuam que o livro foi escrito com muita dedicação, e que o objetivo do trabalho é construir um currículo diferenciado para as escolas das aldeias, com informações construídas na coletividade.
Em relação ao estudo da língua indígena Meliá (1979) avalia a importância do seu aprendizado está relacionado ao contexto em que ela é vivenciada, juntamente com o sistema de crenças que faz com que o vocabulário da língua seja aprendido com toda sua potencialidade, e isso não tem como ser construído pelo estudo só da palavra, mas pela consciência e mística do povo.




Figura 8 - Capa do Livro “Pataxó do Prado” produção local do grupo de lideranças, pesquisadores e professores
A obra Pataxó do Prado: Índios na visão dos índios, foi elaborada a partir de depoimentos dos próprios índios, expõe a situação atual dos pataxós que vivem no município de Prado, a história do surgimento de cada aldeia, a luta pelo território, o descaso da sociedade e do órgão indigenista, FUNAI, além das dificuldades sociais enfrentadas nas aldeias, principalmente a precariedade da educação e da saúde.
Esse livro é importante porque ele traz a memória coletiva do povo Pataxó narrada pelas lideranças e ancião das aldeias, sendo utilizado na escola poderá contribuir na formação política dos educandos.
Uma das funções da escola é a democratização do saber, e este saber deve ser construído a partir de diálogos, de leitura de materiais didáticos ricos em informações, em que a questão da indianidade brasileira e regional seja abordada de forma crítica; não a partir do olhar eurocêntrico, da reprodução de ideias equivocadas. Sendo assim, os livros apresentados vêm preencher lacunas deixadas pelos livros didáticos adotados pelas escolas em que a questão indígena, suas lutas e conquistas ficam a margem do currículo. Acreditamos que a leitura e os debates gerados a partir dessas informações contribuirão para a construção de saberes mais consistentes acerca dessa temática e para a formação política dos educandos.
Nossa análise é que durante séculos a educação escolar para povos indígenas buscou a integração dos índios à sociedade nacional. Corrigir a deficiência cultural e linguística desses povos era a função delegada às escolas implantadas nas aldeias espalhadas pelo território brasileiro. A instituição escolar foi uma das várias ferramentas utilizadas na política de aculturação das populações indígenas. Os costumes, crenças e principalmente a língua de muitos povos foram desprezados a fim de que se cumprissem o projeto de assimilação dos saberes considerados como legítimos pela sociedade nacional por parte dos diversos povos indígenas.
A língua que estava quase desaparecida, voltou ao convívio entre os pataxós mesmo que parcialmente através de sua inserção no currículo. Essa vitória configura a luta pelo ensino bilíngüe que percorre um caminho até então moroso, mas com expectativas grandiosas, pois como todo processo possui desafios e contradições, e através destes é que se consegue alcançar a desejada educação escolar indígena, e nela vivenciar o bilinguismo. Uma conquista que vem sendo alcançada na coletividade, por meio de ações de vários educadores “[...] passamos a pensar uma maneira de organizar linguagem falada e escrita no nosso dia-a-dia. Foi assim que foi possível começar ensinar na escola, o que aprendemos” (ATXÔHÃ, 2010, p. 2). Passos importantes já foram dados, como a produção de materiais didáticos contextualizados à cultura e produzidos pelos professores pataxós.
Mesmo com a divulgação, ainda tímida da língua Patxohã nos materiais mostra que os Pataxós estão confiantes na reestruturação de sua língua. Eles acreditam no estabelecimento do bilinguismo em suas comunidades. Se no passado muitos de seus integrantes deixaram de falar a língua indígena para não serem ridicularizados, ou por não verem funcionalidade em seu uso, atualmente o grupo apóia-se na vontade de ter mais um bem simbólico que os sustentam na afirmação do ser Pataxó. O indivíduo permanece bilíngüe enquanto percebe a funcionalidade das duas línguas. (Meliá, 1979, p. 66). É na função de símbolo máximo da cultura que os pataxós pretendem sustentar o bilinguismo em suas comunidades.



[1] Awê, palavra Patxohã que significa o amor, a união e a espiritualidade com a natureza. O Awê traz segurança da dança e do canto como são instrumentos de comunhão entre o Povo Pataxó e a natureza
[2]  O projeto surgiu em 2009 com o objetivo de estruturar e organizar as pesquisas sobre a língua e cultura pataxó realizadas desde 1998 por educadores pataxós

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

RELAÇÕES INTERPESSOAIS EM AMBIENTES EDUCACIONAIS

Os ambientes educacionais, na contemporaneidade, tomaram os mais variados formatos e formatações que vão desde a tradicional sala de aula e, até mesmo, as ruas e praças publicas.
A sala de aula e/ou a sala de treinamento e de capacitação, na qualidade de matriz distintiva de convivência, se constitui em contexto propicio para os processos vitais do aprender e do ensinar, porquanto, colocando em cena dois protagonistas sociais – professor e aluno -, os quais, nas suas psicodinâmicas e sócio dinâmicas, são detentores de um poder pessoal de corroborar para o estabelecimento de relações humanas e interações agregadoras de valor para o processo formativo e de mutuo desenvolvimento. Admitem-se processos vitais capazes de, ao mesmo tempo, depurar traços individuais e grupais inerentes à condição humana, e abrir possibilidades de desenvolvimento pessoal, grupal e profissional, conferindo plenitude e dignidade para as relações interpessoais que se estabelecem.
Os ambientes educacionais, na concepção de Vygotsky apud Tudge (1996), caracterizam-se como ZDPs – Zonas de Desenvolvimento Proximal – na medida em, em razão da proximidade dos protagonistas sociais heterogêneos, cria-se um cadinho de cultura de interação e comunicação nas relações interpessoais, propulsoras de desenvolvimento pessoal e coletivo.
O processo de relações interpessoais, em ambientes educacionais, sugere ensaios, experiências, vivências, aventuras, projetos inacabados, processos incompletos... fluindo naturalmente, ou de forma programada, dentro da dinâmica professor-aluno que se instala e se desencadeia a partir de um proposta pedagógica.
As relações interpessoais, colocadas numa perspectiva construcionista e construtivista, permitem uma interação nas quais os pólos da relação se tornam agentes atuantes do processo, definindo suas próprias coordenadas, estabelecidas de mutuo acordo dentro de um contrato psicológico, delineando possibilidades e formas alternativas de ação futura e, assim, construindo um cenário original e propicio a um pleno desenvolvimento.
As coordenadas do processo de relacionamento compreendem ordenadas e abscissas.
Enquanto experiência e possibilidade, as relações interpessoais em ambientes educacionais, fogem a quaisquer tentativas de enquadramento aos aspectos formais de um plano de trabalho preconcebido e rotulado de conteúdo programático, mas, sim, um construto social forjado a partir da psicodinâmica e sócia dinâmica de seus atores sociais, artífices principais do fazer pedagógico, capazes de dar matizes próprios ao processo de relacionamento.
Para tanto, valorizando idéias de Schintman (1999), Kops (2000) descortina um cenário referendado por premissas sociais, por perspectivas decorrentes de uma polifonia social como marco processual:
Para poder transitar um caminho entre o existente e o possível, faz-se necessárias premissas, tais como: 1) os sujeitos como co-construtores de suas realidades; 2) a construção não hegemônica da construção do conhecimento. Faz-se necessário, também, a polifonia social (p. 20) como um marco processual, capaz de brindar as diferenças, a diversidade (de idiomas, de culturas. de experiências), a complexidade. Na medida em que se implanta e se instala a polifonia social como um marco processual emergem perspectivas, vale dizer na linguagem de Schintman (p. 25): a perspectiva epistêmica; a perspectiva dialógica; a perspectiva argumental; a perspectiva geradora; a perspectiva de desempenho; a perspectiva narrativa; a perspectiva transformadora.
Uma matriz de convivência, em ambientes educacionais, contempla, simultaneamente, a dimensão conteúdo e a dimensão processo. O conteúdo a ser processado necessita ser significativo e relevante. A dimensão processo demanda flexibilização, co-participação, co-autoria e mutualidade, respeito e dignidade. A ênfase na dimensão conteúdo poderá comprometer a qualidade da dimensão processo, na medida em que privilegia a produtividade, ou então, o chamado conteúdo programático. Por sua vez, a ênfase na dimensão processo poderá comprometer a qualidade do conteúdo na medida em que privilegia demasiadamente o relacionamento e a dinâmica do grupo. A matriz de convivência remete para a famosa grid gerencialde Blake e Mouton. Na busca do equilíbrio, é possível afirmar que a perspectiva construtivista agrega valor a dimensão conteúdo na medida em que permite a co-construção do conhecimento. Por outro lado, também é possível dizer que a perspectiva construcionista agrega valor a dimensão processo na medida em que valoriza o dialogo, a interação e o relacionamento.

Referencias bibliográficas:
BLAKE R. R. e MOUTON, J.KOPS, Darci. O Contrato Psicológico na Relação Professor-Aluno. Wauwatosa/Wisconsin/EEUU: WIU, 1999.
KOPS, Darci. O Contrato Psicológico e o Paradigma da Mediação: por uma pedagogia construcionista social. Artigo no prelo. Canoas/RS: ULBRA, 2000.
TUDGE, Jonathan. Vygotsky, a zona do desenvolvimento proximal e a colaboração entre pares: implicações para a pratica em sala de aula. In: Moll, Luis C. Wygotsky e a Educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio- histórica. Porto Alegre: Artmed, 1996


domingo, 12 de setembro de 2010

7º ano - Reforma Protestante Atividade de Revisão

1 - Remonta ao Século XVI a mensagem religiosa associado à idéia de que "no mundo comercial e da concorrência, o êxito ou a bancarrota não dependem da atividade ou da aptidão do indivíduo, mas de circunstâncias independentes dele"
         (Friedrich Engels - DO SOCIALISMO UTÓPICO AO SOCIALISMO CIENTÍFICO).
        
Assinale o nome do movimento protestante que pregava a salvação da alma e apresentava princípios básicos apoiados na prática econômica da burguesia nascente.
a) Luteranismo.
b) Medievalismo.
c) Jansenismo.
d) Calvinismo.
e) Judaísmo.

2 - Segundo Calvino, o homem já nasce predestinado à salvação ou condenação eternas, e um dos sinais da salvação é a riqueza acumulada através do trabalho.
Estabeleça a relação entre a expansão da doutrina calvinista e o fortalecimento do capitalismo no século XVI.
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3 - Em um dicionário histórico, encontramos a seguinte definição: "Contra-reforma - O termo abrange tanto a ofensiva ideológica contra o protestantismo quanto os movimentos de Reforma e reorganização da Igreja Católica, a partir de meados do século XVI."
                        (DICIONÁRIO DO RENASCIMENTO ITALIANO, Zahar Editores, 1988)
Dê as principais características da Contra-reforma e analise duas delas.
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4 - O Calvinismo foi:
a) a doutrina que sintetizou as idéias dos reformadores que a antecederam, formulando o campo protestante em torno dos princípios do cesaropapismo e culto dos santos.
b) apenas um prolongamento das idéias preconizadas por Lutero, que admitia que o Príncipe, além de exercer poder civil absoluto, devia vigiar e governar, por direito divino, a Igreja cristã.
c) um movimento originário na Suíça, como resultado de convulsões sociais locais, que revelavam uma manifestação de rebeldia contra as taxas cobradas pela Igreja e sobre a liberação da prática do divórcio.
d) o resultado das preocupações pessoais de Ulriko Zwinglio e dos problemas relacionados com o celibato clerical.
e) a mais extremada seita protestante em relação ao Catolicismo e a mais próxima das questões levantadas, em termos éticos, pelo rápido desenvolvimento do capital comercial e financeiro.

5 - Todas as alternativas contêm objetivos da política da Igreja Católica, esboçada durante o Concílio de Trento, EXCETO:
a) A expansão da fé cristã.
b) A moralização do clero.
c) A reafirmação dos dogmas.
d) A perseguição às heresias.
e) O relaxamento do celibato.

6 - Todas as alternativas apresentam fatores que permitiram o avanço do Anglicanismo, EXCETO:
a) A fusão de dogmas protestantes ao formalismo dos ritos católicos.
b) O avanço das doutrinas protestantes entre as camadas populares.
c) O fortalecimento do internacionalismo do Papa a partir do Vaticano.
d) O interesse pelas propriedades da Igreja, especialmente pelas suas terras.
e) O objetivo do rei de fortalecer seu poder absolutista monárquico.

7 - Na chamada Idade Moderna, a Igreja sofria grandes críticas e um dos alvos era a prática da Simonia, ou seja:
a) o comércio de coisas sagradas: venda de cargos eclesiásticos, de indulgências, etc.
b) a distribuição de terras da Igreja entre os membros mais pobres do clero
c) o uso indevido das rendas da Igreja pelo alto clero e o luxo das catedrais
d) o descaso do clero pelas coisas espirituais e o apego aos bens materiais

8 - TEXTO I: "Rivais dignos dos príncipes, os soberanos pontífices, os cardeais e os bispos... Hoje... os bispos apenas se preocupam em apascentar-se a si próprios, deixam o cuidado do rebanho a Cristo... esquecem que a palavra bispo significa trabalho, vigilância, solicitude. Servem-se apenas de tais qualidades quando pretendem recolher dinheiro..."
            (Erasmo de Rotterdam apud MELLO, p. 45)

TEXTO II: "Tese 2. O papa não quer, nem pode, perdoar alguma pena, exceto aquelas que ele tenha imposto por sua própria vontade..."
            (Lutero apud MELLO, p. 54)

TEXTO III: "Tese 21. Erram, pois, os pregadores das indulgências que dizem que, pelas indulgências do papa, o homem fica livre de toda a pena e fica salvo."
            (Idem)

TEXTO IV: "O trabalhador é o que mais se assemelha a Deus... Um homem que não quer trabalhar não deve comer... O pobre é suspeito de preguiça, o que constitui uma injúria a Deus."
            (Calvino apud MELLO, p. 52)
A análise dos textos e os conhecimentos sobre a Reforma permitem concluir:
(01) O movimento luterano questionou a infalibilidade papal e o seu poder de conceder a salvação aos cristãos.
(02) A Igreja Católica, no século XVI, foi contestada pelo caráter comercial que atribuiu às relações entre Deus e os fiéis.
(04) Os "pregadores das indulgências" mencionados na tese luterana contribuíram decisivamente para o aumento do poder real, pois atribuíam aos reis a indicação definitiva dos que deveriam ser salvos para o reino da glória.
(08)  Erasmo de Rotterdam, quando afirmou que os bispos "deixam o cuidado do rebanho a Cristo", demonstrava a preocupação dos dignitários da Igreja com a vida material e espiritual das camadas populares, no século XVI.
(16) Quando Calvino afirmou que "O trabalhador é o que mais se assemelha a Deus", enaltecia a dignidade do trabalho e reivindicava a melhoria das relações trabalhistas.
(32) "O pobre é suspeito de preguiça, o que constitui uma injúria a Deus"; a afirmativa de Calvino encorajava o trabalhador e o lucro, o que favoreceu significativamente a construção de uma justificativa ética para o enriquecimento da burguesia.
(64) A crise da Igreja Católica, no século XVI, propiciou, entre outras transformações socioeconômicas e político-culturais, o desenvolvimento do nacionalismo no Estado Moderno.
Soma (          )

9 - No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, professor de teologia da Universidade de Wittemberg, afixou na porta de uma igreja daquela cidade um documento em que eram expostas noventa e cinco teses.
(Baseado em Elton, G.R., "Historia de Europa", México, Siglo Veintiuno, 1974, p.2.)
a) Que processo histórico o gesto de Lutero inaugurou?
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b) Cite duas práticas adotadas pela igreja católica condenadas por Lutero.
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c) Por que se considera que esse processo histórico acabou facilitando o desenvolvimento do capitalismo?
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10 - Por que as teses Luteranas interessavam a Nobreza Alemã?
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11 - João Calvino defendia que alguns homens já nascem salvos pela vontade de Deus e que o indício dessa salvação, seria o acúmulo de riquezas através das virtudes e do trabalho.
Tal princípio ia de encontro aos interesses da burguesia. 
O texto acima refere-se:
a) à livre interpretação da Bíblia.
b) à predestinação.
c) às indulgências.
d) à simonia.
e) ao Ato de Supremacia.

12 - A principal crítica de Martinho Lutero à Igreja foi:
a) a divisão do clero em secular e regular.
b) a venda de relíquias santas aos fiéis, oferecendo em troca a salvação.
c) a cobrança de indulgências.
d) a atuação da Inquisição.
e) a construção da Basílica de São Pedro.

13 - Como instrumentos da Contra Reforma por parte da Igreja Católica, destacam-se EXCETO:
a) a prática da simonia, ou seja, a venda de cargos eclesiásticos.
b) o Index Proibitorium Librorium.
c) a Companhia de Jesus.
d) os Tribunais do Santo Ofício.
e) o Concílio de Trento.

14 - A partir de 1517, Lutero e o Papa Leão X envolveram-se em vários conflitos entre si. O resultado dos confrontos foi
a) a abolição da servidão dos camponeses alemães.
b) o aumento do comércio de indulgências na Alemanha.
c) a constituição de uma igreja protestante.
d) o estabelecimento do celibato para os religiosos.
e) a permissão para que a Igreja Católica interferisse nos assuntos internos da Alemanha.

15 - A Reforma Religiosa do século XVI teve como desdobramento
a) a consolidação do poder dos príncipes do Império Germânico.
b) a constituição de mais de uma Igreja cristã no ocidente.
c) a divisão da Igreja em ramos: Ortodoxo e Romano.
d) a subordinação da Igreja Católica ao Estado.

16 - "É preciso ensinar aos cristãos que aquele que dá aos pobres, ou empresta a quem está necessitado, faz melhor do que se comprasse indulgências".
            (Martinho Lutero)
As Indulgências eram:
a) documentos de compra e venda de cargos e títulos eclesiásticos a qualquer pessoa que os desejasse.
b) cartas que permitiam a negociação de relíquias sagradas, usadas por Cristo, Maria ou Santos.
c) dispensas, insenções de algumas regras da Igreja Católica ou de votos feitos anteriormente pelos fiéis.
d) proibições de receber o dízimo oferecido pelos fiéis e incentivo à prática da usura pelo alto clero.
e) absolvições dos pecados de vivos e mortos, concedidas através de cartas vendidas aos fiéis.

17 - Considere os itens adiante:
I. Combate sistemático aos protestantes.
II. Recuperação de áreas sob influência do protestantismo através da educação, com a criação de colégios.
III. Difusão do catolicismo entre povos não-cristãos, por meio da catequese.
IV. Contenção do protestantismo através dos Tribunais da Inquisição.
Eles identificam
a) as Ordenações Eclesiásticas de Calvino.
b) o Ato de Supremacia de Henrique VIII.
c) a Dieta de Augsburgo.
d) a Reforma Luterana.
e) a Contra-Reforma.

Bons estudos!!!
 “O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram, mas como deviam ser; e o historiador há-de escrevê-las, não como deviam ser e sim como foram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade.”
Miguel Cervantes


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

QUEBRANDO PARADIGMAS EM RH - NECESSÁRIO E URGENTE

Desde que foi criado, o setor de gestão de pessoas passou por diversas transformações, de mero negociador de interesses do empregador até a função de gerenciador de carreiras. "A área de RH não quer mais ser chamada desta maneira, uma vez que pessoas não são recursos e as carreiras não têm mais fronteiras".
Breve história
No Brasil, até meados do século passado, os setores de RH tinham como foco apenas a preocupação em distribuir funções. No auge dos anos 80, com a tendência de adequação à Qualidade Total e o aumento de greves nas fábricas, a ação dos RHs foi direcionada para as negociações sindicais e a produtividade.
O desenho de planos de cargos e salários e planos de carreira em Y e em árvore foram grandes avanços nesta época. Na década seguinte, com o surgimento do Código do Consumidor e início das terceirizações, foi a vez dos profissionais encabeçarem movimentos de downsizing, reengenharia e terceirizações, remuneração variável e trabalho em equipe.
Hoje, a área de Gente ou de Pessoas PRECISA entender o negócio e o mercado para contribuir, efetivamente, com os resultados da empresa. O antigo paradigma de RH tem que ser rompido gradualmente; exemplo: só há pouco tempo houve uma diferenciação das funções relacionadas às pessoas, nas empresas, separando-as de outras, como segurança patrimonial, depto médico, transportes e serviços gerais.
A internet e o RH
Há até algum tempo, era comum ver as recepções das companhias abarrotadas com CVs em papel deixados pelos candidatos. A internet mudou este cenário depois que foram criados os bancos de dados eletrônicos e os sites comerciais, por meio dos quais é possível enviar o documento virtualmente. A internet foi capaz de modificar a forma como os dados são agrupados e facilitar a extração de informações importantes contidas nos resumos profissionais de cada candidato.
Preconceitos que destroem
A perda de gente habilidosa é algo que o setor de RH moderno deveria tentar evitar a qualquer custo. Porém, alguns hábitos das empresas ainda oferecem grandes dificuldades para que certos perfis profissionais se adaptem bem ao ambiente da organização. Exemplo dos profissionais com necessidades especiais. A maioria das empresas está preocupada "em cumprir cotas e não em integrar o trabalhador ao mercado de trabalho". A reentrada de pessoas mais velhas nas empresas também é um dos tabus que precisa começar a ser revistos pelos contratantes.
O problema também pode ser estendido para a questão racial. Infelizmente, mesmo de forma velada, o preconceito existe, porém evita-se discutir, apesar dos esforços dos que trabalham pela aceitação incondicional da diversidade humana. As mulheres formam um grupo que conseguiu sobreviver e superar, em parte, o preconceito, pois foram capazes de mostrar às empresas um novo pensamento com a revalorização do sentimento, do respeito e da tolerância.
O uso da aparência como critério para desempate de vagas, o preconceito contra homossexuais e a questão da religião do colaborador também são pontos delicados que deviam ganhar, cada vez mais, a atenção dos setores de pessoas. Se sabemos que o indivíduo devia ser contratado por sua competência técnica porque é desligado por problemas comportamentais, por que não avaliam as competências comportamentais com mais seriedade e franqueza?
Da mesma forma, questões que influenciam de maneira direta a carreira de um funcionário precisam de uma análise especial. É necessária uma alteração no foco: do planejamento de carreira para o planejamento de vida; do desequilíbrio para atenção à vida pessoal; do lucro em dinheiro para a qualidade de vida. Um sem o outro não serve.
O importante, é a diversidade e o talento. Uma prática inteligente, tentar dissuadir as empresas de procurarem um perfil específico para um cargo. Se uma empresa pede um gerente de produto, masculino, com experiência em biscoitos, por que não também feminino, ou outro tipo de alimento similar? só um exemplo

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pela efetiva inclusão profissional

Desenvolver o potencial humano, trazendo o melhor de cada pessoa, e derrubar barreiras para que todos tenham seu lugar no mercado de trabalho. Esta é minha busca constante .

Não apenas pessoas com deficiência precisam ser incluídas no mercado de trabalho, repudio de forma veemente toda e qualquer discriminação, seja pela idade, gênero, orientação sexual ou religiosa. Para que isso seja possível, criei alguns grupos onde além das publicações de vagas, fóruns de discussões, tais divulgações e fóruns são gratuitos e sem patrocínio, ou vínculo político.

Já estão operacionais consultoria e assessoria para empresas e organizações, desenvolvendo ações de educação corporativa, por meio de palestras e treinamentos, processos customizados de capacitação, identificação de talentos para exercer as diversas atividades da empresa, projetos de acessibilidade, identificação e análise de postos de trabalho.

Em fase de desenvolvimento programas de Reabilitação Profissional e Capacitação para as pessoas,

Busco, deste modo, preparar as pessoas e as empresas, atendendo a suas necessidades e fazendo com que a inclusão se torne algo natural e contínuo.

Para os profissionais seniores interessados em tornar Lei o que já é direito, mas infelizmente ainda discriminado sugiro o site abaixo

www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6460

segunda-feira, 21 de junho de 2010

USO PEDAGÓGICO DE APRESENTAÇÕES DE SLIDES DIGITAIS

Do projetor de slides ao datashow e ao “ppt”
Se você for um professor que nunca viu um mimeografo (hã???), então talvez também não tenha conhecido o fascinante projetor de slides.
O projetor de slides foi, e ainda é, uma tecnologia incrível, capaz de levar imagens de qualidade que enriquecem muito os conteúdos abordados nos livros didáticos e permitem ao professor ilustrar conceitos, apresentar esquemas, pranchas, mapas, etc., de uma forma bem mais prática e agradável do que fazendo uso apenas da lousa e do giz.
As únicas dificuldades de uso do projetor de slides, que eu me lembre, eram preparar os slides (era preciso comprá-los prontos ou pagar para um estúdio fotográfico fazê-los para você) e lembrar qual deveria ser a posição correta para colocá-los de maneira que não fossem projetados invertidos. Também é verdade que a lâmpada do projetor queimava facilmente e não custava muito barato.
Projetores de slides são conteporâneos do famoso e esquecido (ou quase) retroprojetor.
Retroprojetores foram bastante usados para projetar em uma tela, ou na própria parede, imagens, textos ou qualquer registro gráfico que pudesse ser impresso em uma transparência.
Ao contrário dos projetores de slides, os retroprojetores permitiam também que o professor fizesse anotações, em tempo real, sobre as transparências.
O retroprojetor também era fácil de usar e não era preciso comprar transparências preparadas, pois podia-se prepará-las usando uma lâmina transparente apropriada e canetinhas coloridas especiais (que hoje usamos para escrever em CDs e DVDs). Assim como o projetor de slides, o retroprojetor também tinha uma lâmpada que vez por outra queimava e sempre custava caro.
Muitas escolas ainda possuem retroprojetores, e algumas ainda conservam o projetor de slides. Mas pouquíssimos professores utilizaram essas TICs em suas práticas pedagógicas cotidianas e desses são raros os que ainda as utilizam.
De fato, há boas razões para abandonarmos o projetor de slides e o retroprojetor: agora temos os computadores e os programas geradores de apresentações de slides e, além disso, as apresentações podem ser projetadas com um projetor multimídia (datashow) ou podem ser convertidas para o formato de vídeo e apresentadas em um televisor acoplado a um DVD Player.
Nesse artigo vamos falar um pouco das apresentações de slides digitais e sobre como podemos utilizá-las em nossas práticas pedagógicas.
Por que o professor deveria se interessar por apresentações de slides  digitais (feitas em computador)?
Uma apresentação de slides digital tem muitas utilidades para o professor. Abaixo listamos algumas possibilidades:
·         ela permite a apresentação do resumo de uma aula de forma organizada e pode, portanto, servir de roteiro de estudo para o aluno;
·         é possível apresentar esquemas, desenhos, ilustrações ou qualquer outro tipo de imagem digitalizada;
·         além das imagens, a apresentação de slides digital permite que se agregue som e movimento, ou seja, é possível até mesmo inserir filmes em uma apresentação digital;
·         os diversos recursos de formatação e de criação de efeitos especiais dão à apresentação um aspecto profissional e dinâmico que pode ser bastante didático e agradável para os alunos;
·         as apresentações feitas em computador podem ser armazenadas, modificadas, reaproveitadas, distribuídas e compartilhadas na internet;
·         o custo (em tempo e dinheiro) para produzir apresentações de slides digitais é muito pequeno e o benefício de utilizá-las pode ser bem grande;
·         para produzir uma boa apresentação de slides digital não é preciso nenhum conhecimento sobre computadores além do necessário para produzir um texto formatado em um editor de textos comum;
·         há vários softwares para gerar apresentações digitais que são gratuítos e, na internet, há serviços da web 2.0 que também podem gerá-las, armazená-las e distribuí-las sem nenhum custo;
·         as apresentações de slides são também ferramentas de autoria, tanto para professores quanto para alunos, e são ótimas ferramentas para apresentação de trabalhos escolares;
·         os alunos atuais precisam ter contato com essa tecnologia para se capacitarem melhor para o mundo do trabalho ou para o prosseguimento de seus estudos em níveis superiores, onde as apresentações de slides digitais são muito comuns;
·         já existe uma variedade enorme de objetos educacionais na forma de apresentações de slides digitais disponíveis e compartilhadas na internet, e esse número cresce a cada dia;
·         apresentações podem ser usadas em aula, em reuniões de pais, em conselhos de classe e em eventos da escola.
Além dessas possibilidades, ainda há muito espaço para a criatividade de professores e alunos que poderão descobrir muitas outras possibilidades. Se você conhece alguma outra possibilidade de uso pedagógico das apresentações de slides digitais, envie como sugestão nos “comentários” deste artigo. Aproveite e comente sobre sua experiência com o uso desse recurso.
Requisitos pedagógicos para uma boa apresentação de slides digital
Quer você produza suas próprias apresentações, quer você as obtenha na internet, antes de usá-las é bom saber que:
·         Uma apresentação de slides digital com fins educacionais precisa ter “conteúdo” e esse conteúdo precisa ter qualidade. É imprescindível que os conceitos e as informações apresentadas sejam corretas, estejam atualizadas e sejam apresentadas em uma linguagem clara, objetiva, precisa e concisa;
·         A apresentação deve ter o papel de guia e ser acompanhada de uma discussão e de uma reflexão sobre os assuntos tratados. Uma apresentação não pode se esgotar em si mesma ou ser vista como uma “página de conteúdo do livro didático”. Apresentações são resumos de idéias organizados de forma didática;
·         Para que uma apresentação de slides digital possa substituir com vantagens um resumo escrito em lousa, é preciso que ela incorpore elementos que dificilmente poderiam ser apresentados em lousa, como sons e imagens, por exemplo;
·         O tempo de apresentação dos slides e a quantidade de conceitos e informações apresentadas, bem como o tamanho total da apresentação, devem ser dimensionados de maneira que se possa tratá-los dentro do espaço da aula, sem criar descontinuidades e sem exigir um número excessivo de aprendizagens;
·         A apresentação não substitui o trabalho do professor e nem deve ocupar um tempo muito grande da aula, podendo ser intercalada com intervenções do professor e dos alunos ou com o uso de outros recursos (como a lousa, demonstrações, atividades dos alunos, etc.);
·         A sequência de slides, as imagens, sons e outros recursos incorporados à apresentação devem ser didaticamente válidos, ou seja, tudo o que for apresentado deve ter um objetivo educacional claro e premeditado;
·         Para toda apresentação de slides deve haver uma avaliação correspondente onde se possa averiguar a aprendizagem do aluno. Em alguns casos essa avaliação pode ser proposta como parte da própria apresentação;
·         É importante fornecer as fontes de pesquisa usadas para gerar a apresentação e dar os créditos necessários para todos os autores, coautores e colaboradores;
·         As apresentações devem ser disponibilizadas, preferencialmente na internet, para que os alunos e outros professores possam acessá-las em qualquer momento futuro;
·         Como a apresentação de slides é uma ferramente essencialmente “visual”, é preciso um cuidado especial com o design e o uso de fontes, cores, imagens e efeitos especiais. Uma apresentação com caráter pedagógico não deve ser apenas um show pirotécnico de efeitos especiais.
Aspectos técnicos de uma boa apresentação
Há um certo consenso de que uma boa apresentação de slides deve possuir algumas características técnicas que a torne agradável, acessível e eficiente como ferramenta de comunicação. Seguem abaixo algumas características técnicas que uma boa apresentação de slides digital deve possuir:
·         A apresentação deve ser visível por todos na sala. Posicione o telão em um local que permita sua visualização por todos os presentes e faça sua exposição ao lado e não na frente do telão. Se for obrigado a ficar um pouco mais distante do telão, use um apontador laser para apontar; se estiver próximo ao telão e este for pequeno, use um apontador do tipo “vareta”;
·         A letra utilizada para os textos dos slides deve ter uma tamanho suficientemente grande para que todos possam ler os textos, mesmo aqueles que estão mais distantes do telão. Evite usar fontes com tamanho menor do que 20. Especialistas recomendam o uso de fontes com tamanho 30;
·         Procure usar apenas as fontes (tipos de letras usadas pelo computador) mais comuns e disponíveis em todos os computadores (Arial, Verdana, Times New Roman). Uma fonte “sofisticada” pode não existir no computador onde a apresentação será executada e, nesse caso, seu texto pode ficar desconfigurado;
·         Evite usar cores de fundo ou imagens de fundo escuras, com muito contraste ou muito detalhadas. As cores claras, ou mesmo o fundo branco, permitem uma visualização melhor para quem está distante do telão e evitam problemas de contraste com as cores das letras ou problemas de interpretação das cores pelo projetor. Além disso, a iluminação local também pode afetar as cores mostradas no telão;
·         Evite usar letras coloridas e use-as apenas quando quiser  destacar uma palavra ou frase importante. Textos coloridos raramente causam um bom impacto visual, as cores do projetor nem sempre são iguais as cores vistas na tela do computador e a escolha infeliz da cor da letra e do fundo da apresentação podem tornar a visualização do slide difícil ou mesmo muito desagradável;
·         Use apenas os dois terços superiores do espaço do slide, pois em muitas salas o público mais distante não consegue enxergar a área total do telão e têm dificuldade para ver o terço inferior do slide;
·         Procure não usar imagens reduzidas demais. É preferível que uma imagem seja apresentada em um slide próprio, acompanhada apenas de um título e de sua legenda, do que inserida no meio de um texto. O mesmo vale para gráficos e figuras em geral;
·         Efeitos de transição de slides dão um aspecto mais dinâmico à apresentação e a tornam menos “monótona”, mas não têm nenhum impacto na aprendizagem dos conteúdos do slide;
·         As animações de objetos (textos e figuras que entram em cena de determinada forma e em momentos distintos de um mesmo slide) devem ser usados com bastante parcimônia. Use efeitos de animação apenas quando quiser apresentar itens de forma sequencial e evite “efeitos pirotécnicos” que podem contribuir mais para a desatenção do que para a atenção do seu público sobre o conteúdo exposto;
·         Evite listar mais do que três itens (parágrafos) em um mesmo slide. O excesso de informações concentradas em um mesmo slide prejudica a compreensão do conteúdo exposto e causa a impressão de “complexidade do assunto”. Preferencialmente coloque nos slides apenas as idéias principais e não explicações ou detalhes;
·         Evite apresentações de slides com muitos slides. Uma apresentação com mais de 30 slides causa muito mais a sensação de ser um livro do que de ser uma apresentação multimídia propriamente dita. Especialistas recomendam no máximo 10 slides;
·         Antes de propor-se a apresentar slides com sons ou vídeos inseridos nos slides, verifique se o local utilizado possui caixas de som capazes de criar sons audíveis em todo o ambiente. É muito desagradável assistir um vídeo com som sem poder ouvir corretamente as falas ou a música;
·         Sempre que for inserir um filme em um slide, escolha a opção de apresentá-lo em tela cheia. Vídeos apresentados em áreas pequenas são de difícil visualização e tornam praticamente impossível a leitura de legendas quando elas estão presentes;
·         Numere os slides (isso pode ser feito de forma automática) de sua apresentação, preferencialmente na forma “slide N de Ntotal”. Isso dá ao seu público e a você mesmo uma boa percepção de tempo e de rítmo da apresentação;
·         Se tiver dificuldade para visualizar o telão ou a tela do computador da posição onde você se encontra durante a apresentação, tenha em mãos uma cópia impressa dos slides que serão apresentados;
·         Sempre inclua uma página de abertura, uma página deíndice e uma página final de créditos em suas apresentações. Na página de créditos forneça seu e-mail para contato e evite incluir sua “biografia” nesse slide;
·         Evite fazer suas falas sentado durante a apresentação; procure não ficar nunca de costas para o público para apontar slides; mantenha um tom de voz audível e não monótono e evite a todo custo “ler os slides” (pois o público geralmente já sabe ler);
·         Antes de fazer uma apresentação pública pela primeira vez, execute a apresentação no seu computador ou, preferencialmente, usando um projetor de slides multimídia (datashow) para se certificar de que os slides aparecerão conforme você planejou;
·         Faça sempre um “ensaio” da apresentação e cronometre o tempo que gastará em suas falas, ajustando a apresentação e suas falas para o espaço de tempo real de que você disporá quando fizer a apresentação para seu público. Especialistas recomendam um tempo máximo de apresentação de 20 minutos.
Encontrando apresentações na internet
Existem milhares de apresentações de slides digitais compartilhadas na internet que você poderá baixar e usar com seus alunos. Essa facilidade só existe porque muitas pessoas compartilham suas apresentações com os demais. Faça o mesmo com as apresentações que você mesmo criar.
Uma forma extremamente simples de encontrar apresentações prontas na internet consiste em usar um buscador como o Google. Tomando com exemplo esse buscador, experimente digitar o assunto que está procurando e acrescente a expressão “filetype:ppt” no final do seu texto (algo como “fotossíntese filetype:ppt”, sem as aspas). Aparecerão centenas de links para apresentações no formato usado pelo PowerPoint (extensão “ppt”) sobre o tema fotossíntese. Além da extensão “ppt” também há outra extensão de arquivo bastante utilizada para apresentações: o “pps”. Nesse caso sua frase de busca seria algo como “fotossíntese filetype:pps”, sem aspas.
Também é uma boa idéia procurar apresentações voltadas à educação em sites que fornecem objetos educacionais ou em serviços de compartilhamento de apresentações, como SlideShare, por exemplo. Nos links sugeridos para aprofundamento, no final desse artigo, há boas informações sobre onde e como compartilhar ou obter apresentações de slides digitais.
Criando e compartilhando apresentações de slides digitais
Para criar uma apresentação de slides digital você precisa de um software de criação de apresentações. O mais comumente usado talvez seja o PowerPoint, que vem geralmente no pacote de softwares de escritório Microsoft Office. O único inconveniente do PowerPoint é que ele é parte de um pacote de softwares pago. Mas você também pode usar um software muito semelhante e gratuíto, o Impress, que é instalado com o pacote de escritório OpenOffice, ou com a versão brasileira do OpenOffice, o BrOffice. O Impress é totalmente gratuito e tem as mesmas funcionalidades que o PowerPoint.
Há também opções de serviços da web 2.0 que fornecem softwares para criação de apresentações digitais. A vantegem de usar esses serviços é que você não precisa baixar e instalar nenhum software no seu computador e pode gerar suas apresentações diretamente pela internet e depois baixá-las para seu computador. Um ótimo serviço desse tipo é oferecido pelo Google por meio do GoogleDocs. Com esse serviço você pode criar, armazenar e compartilhar suas apresentações de slides no próprio GoogleDocs.
Para aprender a usar esses softwares de gerações de apresentação há milhares de apostilas, tutoriais e apresentações na internet que tratam desse assunto. Mas há dois recursos muito pouco explorados pelos professores e que podem ajudá-los imensamente:
A ajuda do próprio software: todo software vem acompanhado de uma “Ajuda” que pode ser acessada diretamente no próprio software e que é um manual completo sobre como fazer cada coisa. Consultando a ajuda do próprio software geralmente se resolve mais de 90% das dúvidas sobre como usar o software;
A aprendizagem colaborativa: embora professores gostem que seus alunos trabalhem em grupos de forma colaborativa, poucos usam esse recurso para seu próprio aprendizado tecnológico. Sentar-se ao lado de um colega que já tem alguma experiência, ou dos próprios alunos, e solicitar ajuda, ainda é um dos meios mais eficazes para aprender a usar as novas tecnologias, por fim ao usar ou adaptar uma apresentação feita por outra pessoa, mesmo que você a modifique bastante, dê ao autor original o crédito pela apresentação que você modificou. Faça isso na página de créditos onde você colocará também a sua informação de contato. Faça a mesma coisa quando criar uma apresentação baseada em textos de blogs, livros ou outras fontes, procurando sempre citar corretamente as fontes utilizadas.