segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A ARGUMENTAÇÃO NO TRABALHO ACADÊMICO

Visão Geral do Ensaio Acadêmico: Tese, Argumentação e Contra-argumentação
A definição clara do argumento é essencial em todas as formas de redação acadêmica, pois a escrita é o pensamento tornado visível. As percepções e idéias que nos ocorrem quando encontramos o material bruto do mundo –fenômenos naturais, como o comportamento dos genes, ou culturais, como os textos, as fotografias e os artefatos – devem ser ordenados de alguma forma para que os outros possam recebê-los e responder-lhes. Esse dar e receber está no coração do empreendimento acadêmico, e torna possível essa vasta conversação conhecida como civilização.
Como em todos os empreendimentos humanos, as convenções do ensaio acadêmico são tanto lógicas quanto divertidas, como numa fuga de Bach. Elas podem variar em expressão de disciplina para disciplina, mas são dirigidas para um fim comum:
Um bom ensaio deve nos mostrar uma mente desenvolvendo uma tese, enraizando essa tese nas evidências, antecipando habilmente objeções ou contra argumentos e sustentando o ímpeto da descoberta.

Motivo e Idéia
Todo ensaio têm uma finalidade ou objetivo; a mera existência de uma tarefa ou de um prazo não é suficiente. Ao redigir um ensaio ou artigo de pesquisa, nunca se está simplesmente transferindo informações de um lugar para outro, ou demonstrando o domínio sobre uma certa quantidade de materiais. Isso seria terrivelmente enfadonho – e além disso, apenas se acrescentaria à abundância de discursos sem importância. Ao invés disso, deve-se tentar estabelecer a melhor instância possível de uma idéia original à qual se chegou após um período de pesquisas – o que pode requerer, dependendo do campo, a leitura ou releitura de um texto, a realização de um experimento ou a observação cuidadosa de um objeto ou de um comportamento.
Ao aprofundar-se no material, você começa a descobrir padrões e a gerar percepções, guiado por uma série de questões que se desdobram. De um certo número de possibilidades, uma idéia emerge, gradual ou subitamente - - como a mais promissora. Você tenta certificar-se de que ela é original e tem alguma importância; não faz sentido argumentar sobre algo já conhecido, trivial ou amplamente aceito. É preciso avaliar se a idéia pode ser tratada numa breve nota, num artigo de vinte páginas ou se requer um livro inteiro.

A argumentação 
Argumentar é relacionar fatos, teses, estudos, opiniões, problemas e possíveis soluções com o objetivo de reforçar (sedimentar) um pensamento ou ideia, por meio de sua defesa ou repulsa. Para tanto, cumpre ao argumentador desvencilhar-se de preconceitos. Há diferença entre argumentar e discutir. Logo, se vê que argumentar não é discutir, embora frequentemente se ouça dizer que as pessoas discutem em torno de um tema.
Em síntese, na argumentação apresenta-se um conjunto de razões que conduzem a uma conclusão ou, pelos menos, tendem para ela. Por isso, se diz que os argumentos são essenciais, porque, por meio deles, é possível saber se um ponto de vista é melhor do que outro.
Ora, além de ser a ferramenta que nos dirá qual ponto de vista é o melhor, a argumentação também pode ser vista como essencial por outro modo: será a maneira pela qual explicamos e defendemos uma ideia, de forma que chegando a uma boa conclusão, dir-se-á que estávamos apoiados em boas razões (argumentos); por isso a boa argumentação leva outras pessoas a formarem sua própria opinião, o que, obviamente, tanto melhor será quando o leitor concluir que deve concordar com os argumentos expostos.
Há critérios a serem seguidos ao desenvolver uma argumentação, como: ser impessoal, além de tecê-lo como fruto de estudo e pesquisa, apresentar afirmações e/ou citações somente de autores renomados e confiáveis (se for o caso), e as experiências feitas devem ser coerentes com a realidade. É aconselhável que se leve em conta possíveis discordâncias do leitor, para que se convença melhor a partir de contra-argumentos.
Os argumentos propostos evoluem em função do destinatário. Por isso, deve-se conhecer o destinatário, deve-se estudá-lo previamente porque, para que a argumentação seja efetiva, ela deve prender a atenção do destinatário, sendo maior a probabilidade de êxito da tese defendida quanto maior for esse conhecimento do auditório. Portanto, toda argumentação pressupõe um ajustamento às características do destinatário.
A argumentação não age sobre evidências. Aquilo que se mostra claramente não necessita de demonstração, nem de apresentação por argumentos que sejam a favor ou contra.
O texto argumentativo pode ser científico, filosófico ou crítico-literário. Se num destes textos não se pode garantir a certeza absoluta de uma conclusão, nada impede que o leitor possa ser convencido do contrário. Mas ainda assim toda argumentação deve ter o seu limite de razoabilidade e a responsabilidade por defini-la será tanto do arguente quanto do auditório (aqui seria o caso da argumentação oral).
Fato é que todo texto argumentativo deve ter originalidade e ser veemente, porque o argumento que não seja novo, não terá admiração do auditório/leitor, mas apenas a sua anuência; e o argumento que não seja veemente terá obstáculos no fito de alcançar a atenção crítica do auditório/leitor.
Pode-se dizer que, no processo de convencimento, toda linha de raciocínio deve levar a uma tese (conclusão), trabalhando-se sempre com fatos que levem o leitor a antever a conclusão à medida que conheça os argumentos.

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