Após a morte de Carlos Magno, os seus sucessores começaram a
brigar entre eles. Além disso, chegaram outros povos como os vikings, magiares
(húngaros) e os normandos (vindos da Inglaterra). Os rei mostraram-se incapazes
de defender as suas possessões, já que seus exércitos eram insuficientes e para
melhor proteção, as terras forma divididas entre mosteiros e principalmente
nobres. Isso levou ao esvaziamento do poder real. Também levou a redução
substancial do trabalho escravo, na qual os ricos começam a se isolar em
sociedades rurais e como consequência das invasões, a população começou a fazer
o êxodo, da cidade para o campo. Para os marginalizados sem renda e ocupação e
para os camponeses livres, trabalhar na terra de um grande proprietário
significava cama, comida e proteção. Para o proprietário era uma forma de
aumentar a forma de aumentar a mão de obra e baixar seu custo de manutenção.
As classes sociais
A sociedade feudal era dividida em três grupos: Bellatores
(Guerreiros, no caso, os nobres), Oratores (Oradores, o clero) e Laboratores
(Trabalhadores, os servos). os três componentes dessa sociedade tripartida
foram citadas em um poema de Aldebarão de Laon (947-1030 ou 1031). Esse poema
foi escrito provavelmente entre 1025 e 1027, baseando-se em textos antigo como
textos bíblicos, eclesiáticos, cronistas… Abaixo, um trecho
“O domínio da fé é uno, mas há um triplo estatuto na Ordem.
A lei humana impõe duas condições: o nobre e o servo não estão submetidos ao
mesmo regime. Os guerreiros são protetores das igrejas. Eles defendem os
poderosos e os fracos, protegem todo mundo, inclusive a si próprios. Os servos,
por sua vez, têm outra condição. Esta raça de infelizes não tem nada sem
sofrimento. Fornecer a todos alimentos e vestimenta: eis a função do servo. A
casa de Deus, que parece una, é portanto tripla: uns rezam, outros combatem e
outros trabalham. Todos os três formam um conjunto e não se separam: a obra de
uns permite o trabalho dos outros dois e cada qual por sua vez presta seu apoio
aos outros”.
(in FRANCO Júnior, Hilário. Idade Média. A civilização do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001)
(in FRANCO Júnior, Hilário. Idade Média. A civilização do ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2001)
Domenico Grimani. Um nobre sendo servido pelos seus
cavalheiros, 1515-1520
A nobreza
Era possível estabelecer uma divisão em:
Nível mais alto – Titulados ou nobres de sangue (duques, condes,
marqueses). Eram donos de enorme poder político e econômico e mantinham um
estilo de vida luxuoso, também tinham os cortesão, próximos dos reis.
Nível médio – Dos cavaleiros. Eram proprietários de terras e
tinham um padrão de vida alta
Nível mais baixo – Ocupado pelos fidalgos, nobres por
ascedência familiar, não tinham nem dinheiro, nem terras – Muitos, inclusive,
viviam na pobreza.
O castelo medieval eram a moradia dos nobres, onde viviam
com serviçais, soldados e artesões, principalmente ferreiros. Inicialmente eram
fortalezas militares e mantiveram esse papel, sendo protegidos por muralhas e
fossos de água para impedir a penetração de inimigos. No início eram feitos de
madeira e a partir do século XII passam a ser construídos de pedra. Destacava a
torre de menagem (ou homenagem) onde habitavam a família do senhor e sua
família. Também ficava o salão onde o senhor recebia os outros cavaleiros,
bailes e recepções. Mesmo assim, não era um lugar confortável já que o frio era
terrível, para isso haviam dois recursos: Grandes lareiras e muitos tapetes, a
maioria vindo do oriente. Muitas cidades eram situadas dentro das muralhas dos
castelos
A nobreza também era responsável pelas guerras, sendo os
principais membros das Cruzadas e os que lutaram na guerra dos 100 anos. Quando
não estavam guerreando, participavam de caçadas e torneios de justa. Eles
também eram responsáveis pela segurança e proteção do feudo, ainda que os
primeiros que atacariam seriam os camponeses, já que estariam na linha de
frente dos ataques, ainda que sem treinamento. A relação de suserania e
vassalagem ocorria somente entre Nobres ou entre o Alto Clero (donos de terra)
e nobres. Tem mais informações abaixo sobre.
Um membro da alta nobreza poderia se tornar membro do alto
clero, ainda mais nesse período medieval. Um exemplo? O papa Leão X, seu nome
de batismo era Giovanni di Lorenzo de’ Medici, pertencente a família Médici,
extremamente influente comercialmente na península Itálica nos séculos XV e
XVI, tornou-se cardeal-diácono graças a influência do pai, aos 13 anos.
A relação vassalo-suserano
Era uma relação entre Nobres apenas, ou de Alto Clero com
Nobreza. o vassalo era aquele que servia, o servidor, sendo que no século VII
foi estendido também aos homens livres. Era uma relação na qual o poder era
descentralizado, com o rei geralmente com pouca autoridade, sendo esta delegada
aos senhores feudais era um benefício chamado beneficium (sim, foi redundante,
eu sei). Numa cerimônia denominada homenagem, o proprietário que recebia o
terreno -vassalo- prometia fidelidade e apoio militar ao doador -suserano.
Esse, por sua vez, jurava proteção ao vassalo. O vassalo poderia ser um
suserano para um outro vassalo, inclusive, repartindo as suas terras recebidas.
Essa obrigação tem origem do colonato romano, que impunha fixação do homem a
terra e a homenagem veio das tradições dos invasores romanos que praticavam o
comitatus, que era a fidelidade entre chefes tribais e guerreiros.
Havia também,, durante a homenagem, o costume de beijar na
boca como sacramentando a relação, fazendo-o tornar “homem” do outro. Abaixo,
um resumo das cerimônias:
“Os laços feudo-vassálicos eram estabelecidos através de
três atos… O primeiro era a homenagem, ato de um indivíduo se tornar “homem” de
outro. O segundo era a fidelidade, juramento feito sobre a Bíblia ou relíquias
de santos e muitas vezes selados por um beijo entre as partes. O terceiro era a
investidura, pela qual o indivíduo que se tornava senhor feudal entregava ao
outro, agora vassalo, um objeto (punhado de terra, folhas, ramo de árvore etc.)
simbolizador do feudo que lhe concedia”
(FRANCO JR. Hilário. A Idade Média e o nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988)
(FRANCO JR. Hilário. A Idade Média e o nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988)
O senhor feudal detinha o poder no feudo, tendo como
privilégios: Arrecadação de tributos, aplicação da justiça, formação de
milícias locais (nada de exércitos nacionais) e o de cunhar moedas. Enquanto o
vassalo tinha vários deveres como de prestar serviço militar ao suserano, ajuda
financeira e auxílio judiciário caso o suserano tivesse necessidade, resgatar o
suserano caso ele caísse prisioneiro e contribuir com recursos para a armação
de cavaleiro do filho do suserano.
Monge anglo-saxão. Livro de Kells. ~800.
O clero
Assim como a nobreza, o Clero também dividia-se em vários
séqüitos:
Alto Clero – membros da nobreza feudal (papa, bispo, abade);
Baixo Clero – membros não ligados à nobreza que provinham do
povo (pároco, padre, vigário). Muotos eram pobres, principalmente os curas
rurais;
Clero Secular – membros em contato com os fiéis no
cotidiano;
Clero Regular – membros de mosteiros, isolados do mundo (beneditinos,
franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos).
A Igreja vinha se tornando poderosa devido às doações que os
homens faziam em vida, como os senhores feudais que lhe doavam terra antes de
morrer porque achavam nobre o trabalho de assistência aos pobres, recebia
doações dos vencedores da guerra, com o tempo, a Igreja foi se tornando a maior
proprietária de terras na região que atualmente é o Norte da Itália. A palavra
papa foi empregado pela primeira vez pelo imperador romano Teodósio. O papa
Gregório I, o Magno (590-640) unificou o governo das terras papais e o governo
da igreja. Isso é um grande crescimento, já que os cristãos eram perseguidos
até o imperador Teodósio determinar que seria a religião oficial do Império, em
380 e antes disso, com Constantino estabelecendo o Édito de Milão, tornando
legal a religião.
O rei tinha o poder, mas quem de fato tinha o poder era a
igreja que inclusive, controlava o tempo no período com sinos tocando de hora
em hora, que serviam também de aviso para o labor (trabalho) monástico e rezas.
Também estabeleceram as relações familiares, no qual o casamento era
indissolúvel. Os monges acordavam durante as manhãs entre 2h e 3h30 da manhã, bem
antes do galo cantar. A primeira ordem de monges no Ocidente teve início no
século V com a origem da Ordem Beneditina, baseada no lema “Oração e trabalho”
(Ora et labora). Durante a Idade Média a igreja também sofreu heresias, Igrejas
que não iam de acordo com o padrão da igreja como os Valdenses que criticavam o
luxo da religião (existem até hoje) e os cátaros (ou albigenses) que acreditavam
na transmigração da alma, essa crença foi extinta em 1244 com o massacre de
Montségur.
Combatendo heresias e resquícios do paganismo, a igreja
aparelhou-se para combater as adversidades como a Excomunhão, que é a morte do
fiel para a vida cristã, a Interdição, que era a suspensão das cerimônias
religiosas e fechamento dos templos em certos territórios. Por fim, o Tribunal
do Santo Ofício conhecida como Inquisição é um tribunal no qual a Igreja
julgava os heréticos e pessoas de fé duvidosa, no qual i julgamento era
extremamente prejudicial ao acusado. A bem da verdade, ele seria mais utilizado
no período moderno que no medieval. Por outro lado, a igreja teve sua ação
social: fundação de hospitais, orfanatos e leprosários, os tribunais
eclesiásticos eram mais justos e organizados que os civis (pois é), nos
mosteiros que que se conservaram textos antigos gregos e latino, quem entrasse
nos domínios da igreja estaria sob o asilo de Deus, os colocando em proteção e
a trégua de Deus, que estabelecia paz parcial nas guerras nos dias santificados
e do anoitecer de Sexta a até a manhã de Segunda.
Vilões trabalhando no campo do Senhor Feudal
Os camponeses e os habitantes urbanos
Por fim, aqueles que pagavam imposto. Pois é, os que estão
acima não pagavam nenhuma forma de imposto. Os servos trabalhavam na terra e
estavam presos a ela, não podendo abandonar o feudo em que nasceram. Viviam em
condições miseráveis em uma aldeia próxima do castelo do senhor, habitavam
choupanas, feitas de varas trançadas e barro com somente um cômodo. Por outro
lado, tinham os vilões, que eram trabalhadores livres contratados. Ambos tinham
muitas obrigações servis: cuidar da terra e da agricultura a partir de um
sistema de rotação trienal de cultivos, alternando em uma mesma faixa de terra,
reduzindo o repouso. ELes tinham suas terras, que tiravam parte da produção
para o seu sustento e o restante, entregavam ao senhor feudal. Também havia o
domínio senhorial (ou domínio) que eram as melhores terras e exclusiva do
senhor feudal. Por fim, as terras comuns que eram pastos, bosques e pântanos,
onde se extraiam frutas e madeira. A ambos também cabia o pagamento de vários
impostos, como a corveia (trabalho compulsório nos domínios do senhor 3
dias/semana), talha (parte da produção deveria ser entregue ao senhor), censo
(tributo pago pelo vilão) banalidades (retribuição paga ao senhor feudal) e
mão-morta (paga após a morte do servo).
A cidade medieval tinha o nome de burgo e em geral eram
pequenas como Bruges na Bélgica e Gênova, Florença e Veneza na Itália com isso
há um renascimento comercial lá pelo século XI, com o tempo os camponeses
começam a emigrar para fugir da servidão. A maioria era de comerciantes e
artesãos, os quais uma porcentagem chega a enriquecer, algo que a igreja não
via com bons olhos devido à usura ser considerada pecado (o lucro, sentido
diferente do atual que é relativo ao uso de juros excessivos). A alta burguesia
com o tempo, se tornou proprietária de companhias de comercio, bancos, lojas,
navios, terrenos urbanos, instalações industriais e de entrepostos para
armazenagem de mercadorias orientais e das demais regiões da Europa dominando
um mercado cada vez mais amplo, além de controlar o sistema bancário. Com o
tempo, a burguesia e a igreja foram embelezando as cidades, servindo de mecenas
para os artistas. Os comerciantes também faziam parte de uma corporação de
ofício, que servia para manter o preço e cada rua era praticada por um ofício,
como a “rua dos tintureiros”. Aqui em São Paulo mesmo existe a Rua do Curtume
(curtidores de couro), onde fica o estúdio da Turma da Mônica. A cidade era
administrada por um órgão do governo, a Assembleia de Magistrados, da qual
somente os mais ricos podiam assumir. A arrecadação de tributos estava prevista
na lei municipal e destinava-se à urbanização, à defesa militar e a construção
de prédios públicos. O conselho medieval também controlava a cunhagem de
moedas.
Jacquerie
Os camponeses não se rebelavam? Se rebelavam contra a sua
condição sim, como eles eram os únicos que pagavam imposto, ocorreram muitas
revoltas. A principal e mais conhecida foi a Jacquerie, ocorrida na França
ocorrida pós peste negra em 1358. Em menos de um mês a rebelião foi detonada
pelos nobres. Essa é a mais conhecida, mas ocorreram milhares de outras, como a
revolta dos camponeses (ou Revolta de Tyler) ocorrida na Inglaterra em 1381,
também pós-peste negra, que também foi esmagada rapidamente, ainda assim serviu
para mostrar que os camponeses tinham o seu valor. Houveram também revoltas
urbanas, como as que ocorreram com os artesões das regiões de Flanders (atual
Bélgica) começando em 1280. Os artesões chegam a ganhar algumas batalhas. Nas
regiões da Itália e da Alemanha também ocorreram revoltas, motivadas para que
eles obtivessem melhores condições de trabalho, na Alemanha eles chegaram até a
destronar o governo local. A greve era considerada um crime na época e até
recentemente era considerada como tal, até a instituição das leis trabalhistas.
As minorias
Muitos eram excluídos na sociedade feudal, só observar que a
vida dos camponeses já não era boa. Doentes mentais serviam de bobos da corte,
aqueles que sofriam epilepsia chegavam a recorrer até mesmo ao exorcismo e os
que tinham doenças contagiosas como a coqueluche e a meningite eram isolados.
Os leprosos (portadores de hanseníase) eram proibidos de entrar na cidade e
ficavam confinados em leprosários ou gafarias, era normal achar que era um
castigo divino e também à perversão sexual. Também havia prostituição ma Idade
Média confinadas em bairros e ruas próprias (daí vem o termo “zona”), as que
agissem fora dos limites designados sofriam castigos severos cujos clientes
habituais eram jovens solteiros, homens casados,viajantes, comerciantes em
trânsitos, marujos, estrangeiros e mesmo padres ou outros religiosos fugindo da
castidade. Em relação aos mendigos, era dever do bom cristão dar esmola a eles,
conforme lembravam os padres e pregadores ou o fornecimento de abrigo
geralmente concedido pelos religiosos, enquanto isso, as autoridades
governamentais tentavam evitar a entrada deles na cidade, em 1388 uma lei
inglesa proibiu a mendicância e a vagabundagem, eles passaram a ser caçados,
aprisionados e postos nas estradas. Em Paris após 1351 também incluía penas de
prisão, marcas de ferro em brasa e banimentos. No máximo, de forma geral, era
permitido somente a permanência de uma noite, sob pena de enforcamento. Na
Itália e na Espanha era possível trocar a estadia ou a comida por trabalhos
comunitários. Também haviam minorias religiosas e étnicas como os judeus, que
nessa época eram tratados vistos como seguidores de Satã, eles eram malvistos
devido a seus empréstimos a juros e a segregação começou a partir do século
XII, no IV Concílio de Latrão (1215) obrigou aos judeus o uso de vestuário coma
cor amarela, braçadeira ou chapéu cônico. No mesmo século começou a perseguição
aos judeus com movimentos armados que resultaram em massacres e decapitações.
No século XV, as próprias autoridades começaram a tomar medidas contra os
judeus, os expulsando dos seus territórios todos aqueles que não aceitaram o
batismo cristão de forma obrigatória.
Querem sugerir temas para essa seção? Aproveitem, deem
sugestões à vontade!
Bibliografia
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Paulo: Mestre Jou, 1967.
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