Ao longo do período regencial, a disputas entre as
tendências políticas promoveram a instalação de um clima instável. De um lado,
os liberais defendiam a concessão de maiores liberdades aos governos locais com
a criação de poderes legislativos e a eleição de assembleias regenciais. Por
outro, os conservadores entendiam que a manutenção de um sistema político
centralizado era pressuposto fundamental para que a unidade territorial e
política fossem seguramente preservadas.
Em meio a essa contenda, os liberais atingiram uma primeira vitória ao
aprovarem o chamado Ato Adicional, em 1834. Pela emenda, as províncias poderiam
organizar as suas próprias assembleias legislativas. Contudo, apenas seis anos
mais tarde, os conservadores deram sua reposta com a Lei Interpretativa do Ato
Adicional. Segundo o novo texto, os direitos das assembleias locais seriam
tolhidos e o Poder Executivo central teria maiores atribuições.
Paralela a essa concorrência política, várias províncias foram palco de
violentas rebeliões que respondiam ao desmando e à crise econômica que se
perfilavam no país. Nesse contexto, ficava mais difícil a sustentação da
hegemonia conservadora nos principais cargos regenciais. Já em 1839, políticos
liberais arquitetaram um movimento defendendo a antecipação da maioridade de
Dom Pedro II, que então possuía apenas quatorze anos de idade.
A intenção dos liberais era a de apoiar a chegada de D. Pedro II ao governo,
aproveitando de sua inexperiência para assumir importantes funções políticas.
No início de 1840, o político liberal Antônio Carlos de Andrada e Silva criou o
chamado Clube da Maioridade. Com o apoio da imprensa, a proposta de antecipação
ganhou as ruas da capital e incitou algumas manifestações de apoio popular.
Para muitos, a imagem jovem e instruída de D. Pedro II representava um
tentativa de ordenação política e social.
O movimento não sofreu oposição dos conservadores, que poderiam ser facilmente
acusados de repúdio ao regime monárquico. Em maio de 1840, um projeto de lei
apresentado à Câmara realizou o pedido de antecipação da maioridade de Dom
Pedro II. No dia 23 de julho, com expressa concordância do jovem monarca, o
fragilizado governo conservador aprovou a medida. Naquele momento, o Segundo
Reinado inaugurou uma das mais extensas fases de nossa história política.
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