quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

DIFERENÇA ENTRE TESE E ARGUMENTO

A TESE - constitui a ideia principal para a qual um texto pretende a adesão do leitor ou ouvinte: é o objetivo de convencimento do leitor ou ouvinte.
OS ARGUMENTOS  são os motivos, as razões utilizadas para convencer o leitor da validade da tese. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE- recorre a fontes de informações renomadas, como os autores, livros, revistas especializadas, para demonstrar a veracidade da tese. É o tipo de argumento mais encontrado em livros didáticos ou em textos científicos. 
ARGUMENTOS POR RACIOCÍNIO LÓGICO - resultam de relações lógicas. Os mais comuns são os de causa e consequência e os de condição. Se este argumento não estiver bem estruturado logicamente, qualquer evidência de sua inadequação faz sua argumentação cair em terra. Os textos publicitários são argumentativos por excelência porque visam, pela própria função, agir sobre a vontade, as crenças e os comportamentos do leitor. Considerando então as diferentes formas que os ARGUMENTOS podem assumir para comprovar uma TESE,sem distinguir entre o ato de convencer (razão) e o ato de persuadir (emoção). 
O importante é que, na construção do texto argumentativo, todos os argumentos conduzem ao mesmo objetivo e produzam os efeitos desejados no interlocutor. 
Este poema é do mais famoso poeta português do século XX, Fernando Pessoa. 
PARA SER GRANDE 
Para ser grande, sê inteiro: nada 
Teu exagera ou exclui. 
Sê todo em cada coisa. 
Pôe quanto és 
No mínimo que fazes. 
Assim em cada lago a lua toda 
Brilha, porque alta vive
Fernando Antonio Nogueira de Seabra Pessoa (1888-1935) nasceu em Portugal, mas passou a infância na África do Sul. É conhecido por ter criado diferentes heterônimos (personagens) para assumirem a autoria dos diferentes estilos de seus ensaios e poemas. Como podemos perceber, até mesmo a lilnguagem poética presta-se à argumentação. Os vários argumentos utilizados pelo poeta conduzem a um mesmo objetivo. ESSA É A QUALIDADE DA ARGUMENTAÇÃO!!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PATAXÓ - RITO E MITO

O MITO DA AMESCA: TRADIÇÃO E AFIRMAÇÃO DA CULTURA PATAXÓ





Pataxó é água da chuva
batendo na terra, nas pedras,
e indo embora para o rio 
e o mar.[1]

Txôpai, o Deus guerreiro e da água, é a principal divindade na cosmologia Pataxó. Ele foi o primeiro a viver na terra e aprender tudo sobre ela, desde sua fauna a sua flora. Quando os Pataxó surgem é ele quem vai ensinar toda a sabedoria da mata.
Os Pataxó possuem um conhecimento acurado sobre a terra e os diferentes ambientes de seu território. A percepção e o conhecimento que os Pataxó possuem dos ambientes é fruto de uma longa história de relação com os diversos seres e entidades que coabitam com eles os espaços, conhecimentos que se originam não apenas da experiência produtiva na busca por alimento, mas de uma vivência emotiva de reflexão e de experimentação que gera uma relação de responsabilidade e pertença ao território.[2]
O presente artigo é um ensaio sobre a relação dos Pataxó com a natureza. Destacando o mito da Amesca, uma árvore de grande importância cultural e cosmológica – com propriedades que servem tanto no cotidiano da aldeia quanto para os momentos ritualísticos – e a sua relação direta com a Festa das Águas, um dos rituais mais importantes para a cultura deste povo. Vale ressaltar que na atual conjuntura os Pataxó passam por um processo de resignificação e reafirmação de sua identidade..
Este estudo teve participação significante de Tamaru, professor de cultura na aldeia Geru Tucunã. No qual, contribuiu para a compreensão desta relação imprescindível da amesca e a comunidade. Devemos destacar que por conta de sua sacralidade algumas informações são omitidas para estudo ou para não indígenas, sendo reservados apenas para o grupo. Assim garantem a preservação de seus aspectos culturais mais íntimos para as gerações futuras, pelo bem da cultura e memória Pataxó.


Cacique Bayara - Aldeia Geru Tucunã
A LUTA ATUAL
            A mobilidade espacial dos Pataxó era um elemento muito forte na cultura. Não estabeleciam aldeias por mais de três a quatro meses. Nayara Pataxó[1] deixa bem claro que conhecedores das matas e de seu território não passavam fome. Entretanto, com o tempo todas as terras foram sendo invadidas, as matas foram sumidas devido ao desmatamento. O aldeamento forçado de 1861 também transformou os aspectos culturais dos Pataxó.
             Assim como muitas outras etnias indígenas brasileiras, os Pataxó também sofreram com o processo de integração nacional como outras pressões que ameaçaram seu povo, foram expulsos de seus territórios e procuraram se readaptar para sobreviver. “Por meio da elaboração e execução de diferentes políticas indígenas, possibilitando aos índios a reelaboração de sua cultura, a reconstrução de suas identidades, a ampliação de suas redes de solidariedade e a sua permanência física e cultural enquanto grupo social”.[2]
             Com a constituição de 1988 o cenário político se torna mais favorável para os direitos das minorias, é vista como um marco histórico no âmbito do surgimento dos movimentos indígenas brasileiros e a busca por autoafirmação de sua identidade étnica.
             Levando em consideração o caso os Pataxó “vivem um momento de reelaboração dos “traços culturais”, que remetem a um passado comum, às continuidades e descontinuidades da narrativa histórica construída em torno do contato com a sociedade envolvente”.[3] Dessa forma  um dos marcadores étnicos mais importantes da cultura Pataxó é a utilização da Amesca.

Defumando com Amesca 
ONDE HÁ PATAXÓ, HÁ AMESCA
Nem que seja um pouquinho, nem que seja uma árvore. A Amesca é uma planta insubstituível na Cultura Pataxó. Tamanho é seu grau de importância que sua utilização vai desde o uso cotidiano a suas práticas sagradas. Tão relevante que existe até um mito sobre sua origem.
A Amesca era uma índia pataxó que desde criança foi escolhida pelo seu povo para ser uma grande guerreira, por isso ela não podia se casar e ter filhos. Passados muitos anos, Amesca cresceu e se tornou uma jovem muito bonita e logo se apaixonou por um índio que também era Pataxó. Logo Amesca engravidou e até então estava tudo bem, mas com o passar do tempo, Amesca descobriu que estava grávida de gêmeos. Segundo os mais velhos da sua aldeia, quando uma índia ficasse grávida de gêmeos teria que sacrificar um dos dois, pois acreditavam que um deles viria para praticar o bem e o outro para fazer o mal. Amesca não queria que seu filho morresse e então passou os nove meses chorando e pensando no que ela iria fazer para salvar seu filho. No dia do seu parto, Amesca deu à luz aos seus dois filhos e morreu. Assim, os mais velhos acreditaram que a maldição morreu com ela e que seu filho estava livre da maldição. Então o seu povo enterrou Amesca e foi embora daquele lugar. Passou-se muito tempo até que os Pataxó voltaram ao lugar onde tinham enterrado Amesca e em cima do seu túmulo viram que tinha nascido um grande pé de árvore. Eles colocaram o nome dessa árvore de Amesca. Essa árvore soltava uma resina branca parecida com uma lágrima e dava duas frutinhas grudadas e muito doces. Os índios logo observaram que essa resina era as lágrimas da índia e que os frutos eram os seus filhos gêmeos.[1]
Ensinado pelos antepassados, todos da aldeia a utilizam e em tudo se aproveita da Amesca: suas folhas, seus frutos, a resina que a planta produz. Segundo Tamaru[2], professor de Cultura da Aldeia Geru Tucunã, ela pode ser encontrada “em duas qualidades: uma solta só um pó preto e a outra resina”, que pode ser branca ou preta. A mais utilizada é a que solta a resina branca.
Como uso medicial, de suas folhas se faz chá, a própria resina quando dissolvida na água é boa para gastrite. A “seiva serve para combater dores de cabeça, dor de dente, sinusite, dor de barriga e outros”[3]. Outro uso é na lamparina, nas comunidades que não tinham ou não tem acesso à energia elétrica. Seus frutos servem de alimento e são muito saborosos. O artesanato também a utiliza para a confecção de pequenos objetos que servem como ornamentos para enfeitar a casa, que são vendidos principalmente para turistas e pessoas que visitam a aldeia.
Mas, sobretudo, o uso da seiva da Amesca, a resina, é utilizado em práticas de incensar: nas orações para proteção dos encantados da mata e também nos rituais sagrados para chamar os espíritos bons e guerreiros para dentro da Aldeia e principalmente, para uma limpeza espiritual.  Como afirma Tamaru, “sem o cheiro da Amesca não tem ritual”. E são vários os rituais sagrados que a utilizam, como a importantíssima Festa das Águas, o Awê, rituais de pajelança, entre outras. Até as parteiras utilizam dessa tão significativa planta nos trabalhos de parto. Tão considerável que “um dos cuidados com a casa consiste na defumação, que pode ser tanto com plantas sagradas encontradas nos quintais, como com capim aruanda encontrado, ou com a amescla.”[4]Utilizada também como fumo ritual, outras plantas são adicionadas ao cachimbo, o capim de aruanda, alfazema, alecrim e amburana.
A FESTA DAS ÁGUAS
Todo ano no mês de outubro a comunidade Pataxó se reúne para um dos mais essenciais rituais de sua cultura: A festa das águas. Cacique Romildo[5], deixa claro que desde seus antepassados essa festa ritualística e sagrada já era realizada. É um momento de evocação dos espíritos bons e guerreiros da Mata, onde os protetores da floresta, como o Pai da Mata e Hamãy vem à aldeia e é um momento de agradecer e comemorar o tempo da colheita a Txôpai - Deus das águas.
Na Festa das Águas, o uso da Amesca é indispensável, pois ela é utilizada para a purificação do espaço e dos corpos presentes. Outro grande destaque é a figura do pajé, que fará a ligação aldeia – mundo espiritual. O uso da Amesca, como descrito anteriormente, é de extrema importância por ser a partir dela a vinda dos espíritos bons e guerreiros da mata para comemorar juntamente com a Aldeia. Funciona como um sinalizador que os Pataxó possuem para atrair os espíritos a se achegarem.
Vale ressaltar que eles são um povo que tem uma estreita relação com a água, tanto que sua principal divindade é o Deus das Águas, ademais a sua própria origem está na água. A escolha do período, além de ter relação com os antepassados também associa-se ao fato de ter ser tempo da colheita, como relata Cacique Romildo, “é o início das águas, início de novas vidas, início da fartura”. Dessa forma podemos perceber como a cultura Pataxó está intimamente ligada com a natureza, o meio ambiente e os seres encantados que o circunda. Os Pataxó utilizam da própria natureza (a Amesca) para poder entrar em contato com todos os outros mundos (cultura) e assim manter a harmonia entre animais, espíritos da mata e encantados. Não há outro modo de viver Pataxó que não esteja relacionado com a ligação Natureza – Cultura.
A realização do rito promove a transmissão cultural às gerações futuras. Atualmente a cultura Pataxó é mantida e fortalecida através dos rituais e momentos culturais na aldeia. Reafirmando que o povo Pataxó existe e resiste, mesmo com todo o histórico de desapropriação de seu território, quando na década de 60 tinham sido dados como extintos ou totalmente “integrados” a nação. Contrariando assim a afirmativa de Darcy Ribeiro[6].

ONDE HÁ PATAXÓ HÁ AMESCA
A LUTA ATUAL
[1] Índios Pataxós e a terra do descobrimento. Direção: Paula Saldanha, Roberto Verneck. Produção: Pedro S. Werneck. Documentário, 25’26”. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Vblr6PrWYs4. Acesso em 20 outubro de 2013.
[2]Povo Pataxó. Inventário Cultural Pataxó: tradições do povo Pataxó do Extremo Sul da Bahia. Bahia: Atxohã / Instituto Tribos Jovens (ITJ), 2011. P.15.
[3] Llanes Guardiola, Carolina. Autoridades, Lideranças e Administração de Conflitos na Aldeia Indígena Pataxó de Barra Velha, Bahia / Carolina Llanes Guardiola, UFF/ Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Niterói, 2011. p.25
 INTRODUÇÃO
[1] PATAXÓ, Kanátyo. Itôhã e Txôpai. Programa de implantação das escolas indígenas de Minas Gerais. SEE/MG Belo Horizonte, 1997
[2] Cardoso, Thiago Mota; Pinheiro, Maíra Bueno(Orgs.). Aragwaksã: Plano de Gestão Territorial do povo Pataxó de Barra Velha e Águas Belas.- Brasília: FUNAI/CGMT/CGETNO/CGGAM,2012.p.37
[3] Há dois mitos sobre a origem: um está presente no livro de referência nº 1 e o outro está em Povo Pataxó. Inventário Cultural Pataxó: tradições do povo Pataxó do Extremo Sul da Bahia. Bahia: Atxohã / Instituto Tribos Jovens (ITJ), 2011. P.104
[4] PAES, Francisco Simões. Rastros do espírito: fragmentos para a leitura de algumas fotografias dos Ramkokamekrá por Curt Nimuendaju. Rev. Antropol. [online]. 2004, vol.47, n.1, pp. 267-307. ISSN 0034-7701.
[5] CARNEIRO DA CUNHA, Manoela. Lógica do mito e da ação: o movimento messiânico canela de 1963. In: Antropologia do Brasil, São Paulo, Brasiliense.1987. p. 34
[6] Grifo nosso. O termo “tribo” não é mais utilizado desde a Convenção 169 da OIT, entretanto o texto original utiliza-se dessa palavra.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

EDUCAÇÃO NO BRASIL E O POSITIVISMO - BREVE ANÁLISE

Podemos dizer que toda a propagação do positivismo acabou estabelecendo marcas profundas seguindo as condições deixadas para trás por fatores históricos, aqui no Brasil por exemplo temos como citar os sistemas de expansão da imigração, bem como a abolição da escravatura, a ascensão da economia voltada para novas elites de café, entre outros vários sistemas. Aos poucos foi se criando um cenário propício e receptivo para o Positivismo junto de diversas correntes de pensamentos voltadas para uma reflexão sobre o que seria a ciência e todo o seu desenvolvimento realizado no país, bem como o movimento considerado republicano através das reformas educacionais voltadas para a primeira república.
A Impressão do Positivismo para as Elites Brasileiras
Em grande parte as elites brasileiras consideravam que o positivismo seria uma boa chave de acesso para os tempos modernos, justificando até mesmo as formas autoritárias para a alcançar, propondo inclusive uma verdadeira democracia existente através do meio de subordinações totalmente conscientes dos cidadãos e ainda uma determinada hierarquia administrativa, esta que viria totalmente consolidada através de sistemas de ditaduras científicas com a ideia de vencer os vários estágios e tempos de estagnação e atraso que a evolução teria, com isto acabaria a levando ao progresso. Apesar de toda a existência das universidades de prestígio e ainda renomados professores fossem uma boa condição para transmitir conhecimentos, o que poderia impulsionar inclusive o desenvolvimento de ciências e artes, os vários integrantes de sistemas positivistas deveriam entender que o ensino que era mantido através do Estado seria sempre censurado para os poderes políticos com um caráter considerado literalmente conservador, o que aos poucos iria impedir uma boa pesquisa de fundamentação dos progressos existentes.
Aos poucos os positivistas que eram contrários as criações de universidades começavam a desenvolver uma boa influência nos vários tipos de pensamentos que eram transmitidos nas escolas técnicas, militares e também nas faculdades, onde é possível de forma bastante particular a chamada Escola Politécnica e a Escola Militar do Rio de Janeiro, bem como também podemos citar a Faculdade de Direito do Recife. E tudo isto não apenas por todo o seu projeto que vinha a defender as ciências exatas e naturais, podemos com isto citar uma série de modelos voltados para os pensamentos objetivos como também pelos projetos existentes de transformação social com uma capacidade completa de superar todos os tipos de atrasos onde o brasil estaria fadado a passar.
Os Conjuntos de Mudanças de Influência Positivista
Interessante citar que ao início da República acabou aos poucos se aplicando diversos conjuntos de mudanças, estas que viriam através de uma influência positivista, que aos poucos determinou alguns processos, veja como funcionava a seguir. Aos poucos o ensino secundário existente nas cidades do Distrito Federal e no Rio de Janeiro, acabava ficando bastante limitado ao Ginásio Nacional o que aos poucos superaria todos os objetivos introdutórios que seriam adquiridos aos poucos em sentidos de formar uma educação diferenciada para eles mesmos. Aos poucos o currículo estudantil era modificado e estruturado, com uma parte voltada para ciências fundamentais o que acontecia a partir de uma ordem lógica que era proposta por diversos fundamentadores modernos.
É possível ainda se afirmar que os aspectos considerados físicos, além de estéticos e moral de toda a aprendizagem em diversos tipos de disciplinas, como por exemplo áreas de ginástica, desenho, moral e bons costumes, música, entre outros. Existia ainda uma preocupação com todo o desenvolvimento de uma compreensão determinada com todo o desenvolvimento de uma determinada compreensão de vários tipos de dinâmicas sociais, dentre eles podemos citar também a história universal e do Brasil, o direito pátrio, a economia política e até mesmo a sociologia. Surgiu então uma época em que seria realizada uma introdução bastante precoce inspirada diretamente em todo o intelectualismo irrealista das disciplinas, tudo isto que o próprio sistema existentes a época não propunha para os estudantes adolescentes como um padrão correto e sim para os adultos da época.
As Mudanças a Partir de 1900
Foi então que a partir do ano de 1911 acabou ocorrendo uma determinada reforma nos códigos existentes de ensino valorizando assim todas as ideias consideradas positivistas, como por exemplo a adoção de diversos tipos de critérios práticos de estudos de disciplinas, toda a ampliação existente da liberdade de ensino e principalmente da frequência bem como toda a sua transferência existente para as diversas faculdades de exame de acesso ao ensino superior. Apesar de o positivismo ter vindo a desenvolver sistemas de pensamentos diferenciados, cientificistas e ainda racionalistas, todo o Positivismo onde existia uma exposição geral de doutrinas, e ainda dos métodos considerados científicos não é verdade que todos eles possam ser considerados como cientificistas e racionalistas, mas se utilizam de processos gerais voltados para a investigação de forma a interpretar os vários fenômenos que já teriam sido propostos pelo menos 200 anos antes do nascimento dos pensadores que fundamentaram estas citações, e que podem ainda ser considerados como uma grande herança comum dos pensamentos contemporâneos existentes.
Quem Foram os Principais Fundamentadores do Positivismo?

O positivismo foi fundamentado pela primeira vez pelo francês Auguste Comte (1798-1857), este que aos poucos passou a atribuir uma série de fatores humanos em várias explicações voltadas para diversos tipos de assuntos diferentes, acabando por sua vez por contrariar o que seriam os primados da razão, de metafísica e principalmente de teologia. Segundo outros pensadores o Positivismo seria uma visão de que o inquérito considerado científico sério não deveria procurar suas causas últimas que seriam derivadas em fontes externas, mas sim aos poucos de confinar aos estudos de vários tipos de relações existentes entre os diversos fatos que seriam acessíveis por observações. Os positivistas aboliram o pensamento da busca pela explicação de fenômenos externos que intrigavam as pessoas como a criação do homem, para que pudessem assim explicar as coisas consideradas mais práticas e presentes na vida de todos como por exemplo as leis, as relações sociais, a ética entre outros processos. O emprego da frase positivista “ordem e progresso” na bandeira do Brasil mostra que o positivismo teve fortes influências por aqui o que conduziria pela orientação ética de vida social.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

GETULIO VARGAS - 1930 /1945 - BREVE RESUMO

 MOVIMENTO DE 1932 – CONSTITUCIONALISTA
A Revolução Constitucionalista de 1932 aconteceu em São Paulo e foi uma insurreição contrária ao novo quadro político que se instaurou no país após a Revolução de 1930.
As elites paulistas, as classes mais favorecidas pelo sistema que vigorou na Primeira República, almejavam, com essa agitação, reaver o domínio político que haviam perdido com a Revolução de 1930. Além deste fato, a demora do governo provisório de Getúlio Vargas em convocar a Assembleia Constituinte suscitava muita insatisfação, especialmente no Estado de São Paulo. No começo do ano de 1932, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Democrático (PD) lançam uma campanha a favor da Carta Constitucional do país e do término da interferência federal nos estados.
A repercussão popular é grande, o sentimento de patriotismo brota nos corações paulistas, tornando mais forte o ideal de liberdade e a disposição de se lutar por ele. No dia 23 de maio de 1932, durante a realização de um ato político no centro da cidade de São Paulo, a polícia coíbe os manifestantes, ocasionando a morte de quatro estudantes. Em homenagem a esses quatro jovens, o movimento passa a chamar-se MMDC – iniciais de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, os mortos – e amplia a base de apoio entre a classe média. Em 9 de julho começa a rebelião armada, está deflagrada a Revolução Constitucionalista. Um grande número de civis ingressa espontaneamente no corpo de infantaria e é transferido para as três grandes frentes de batalha, no limite entre Minas Gerais, Paraná e Vale do Paraíba.
O Estado se mobiliza, milhares de pessoas de todas as classes sociais doam pratarias, joias e alianças para ajudar financeiramente a revolução e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP – incumbiu as empresas brasileiras de fabricar armamento militar. Organizações civis forneciam fardas, auxílio, alimento e ajudavam na inscrição de voluntários. Todo o Estado, unido, trabalhava com garra para a vitória da causa paulista.
Os comandantes militares, Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclydes Figueiredo, no entanto, sabiam que as forças federais eram superiores. Eles contam com a união e a ajuda garantida por outros estados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Mas o apoio não chega, e São Paulo é cercado pelas tropas legalistas. Após ajustes, envolvendo indulto aos rebeldes e facilidades para o exílio dos líderes civis e militares do movimento, os paulistas anunciam sua rendição em 3 de outubro de 1932.

Constituição de 1934
A conturbação causada pela Revolução Constitucionalista de 1932, forçou o governo provisório de Getúlio Vargas a tomar medidas que dessem normalidade ao regime republicano. Dessa maneira, o governo criou uma nova Lei Eleitoral e convocou eleições que foram realizadas no ano posterior. A partir de então, uma nova assembleia constituinte tomou posse em novembro de 1933 com o objetivo de atender os anseios políticos defendidos desde a queda do regime oligárquico.
Em 16 de julho de 1934, foi noticiada uma nova constituição com 187 artigos. Em termos gerais, essa nova carta ainda preservava alguns pontos anteriormente lançados pela constituição de 1891. Entre muitos itens foram respeitados o princípio federalista que mantinha a nação como uma República Federativa; o uso de eleições diretas para escolha dos membros dos poderes Executivo e Legislativo; e a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário.
Na questão trabalhista, a Carta Magna proibia qualquer tipo de distinção salarial baseada em critérios de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Ao mesmo tempo, ofereceu novas conquistas à classe trabalhadora com a criação do salário mínimo e a redução da carga horária de trabalho para 8 horas diárias. Além disso, instituiu o repouso semanal e as férias remuneradas, a indenização do trabalhador demitido sem justa causa e proibiu o uso da mão de obra de jovens menores de 14 anos.
Com relação à economia, a Constituição de 1934 tinha claras preocupações com respeito à adoção de medidas que promovessem o desenvolvimento da indústria nacional. As novas leis permitiam a criação de fundações, institutos de pesquisa e a abertura de linhas de crédito que viabilizassem a modernização da economia por meio da expansão do parque industrial. Na agricultura, o governo tomou medida semelhante ao favorecer a variação dos itens da nossa pauta de exportações agrícola.
No campo educacional, o governo incentivou o desenvolvimento do ensino superior e médio. A grande meta era formar futuras gerações preparadas para assumir postos de trabalhos gerados com os avanços pretendidos no setor econômico. Paralelamente, também assegurou a criação de um ensino primário público, gratuito e obrigatório. Além disso, defendia o ensino religioso nas escolas e o uso de diferentes grades curriculares para meninos e meninas.
Nessa mesma carta, as diretrizes eleitorais criadas em 1932 foram finalmente consolidadas. Fazendo jus às propostas da Revolução de 30, a nova lei eleitoral permitiu a adoção do voto secreto e direto. Paralelamente, a nova lei permitiu o voto para todos aqueles maiores de 21 anos, incluindo as mulheres. Somente os analfabetos, soldados, padres e mendigos não poderiam ter direito ao voto.
Apesar de conceder direitos de natureza democrática, essa mesma constituição mostrava seu lado autoritário ao determinar que as novas leis eleitorais não valessem para escolha do novo presidente. Dessa forma, Getúlio Vargas foi indiretamente eleito por meio da escolha dos membros da Assembleia Constituinte – em sua maioria aliada ao presidente – que estabeleceram um mandato de mais quatro anos.

Governo Provisório (1930 – 1934)
Mediante a decisiva importância que os militares tiveram na consolidação da Revolução de 30, os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela forte presença dos “tenentes” nos principais cargos políticos do novo governo. Em sua grande parte, os principais representantes das alas militares que apoiaram Vargas obtiveram as chamadas interventorias estaduais. Pela imposição do presidente, vários militares passaram a controlar os governos estaduais. Tal medida tinha como propósito anular a ação dos antigos coronéis e sua influência política regional.
Dessa maneira, consolidou-se um clima de tensão entre as velhas oligarquias e os tenentes interventores. Tal conflito teve maior força em São Paulo, onde as oligarquias locais, sob o apelo da autonomia política e um discurso de conteúdo regionalista, convocaram o “povo paulistano” a lutar contra o governo Getúlio Vargas. A partir dessa mobilização, originou-se a chamada Revolução Constitucionalista de 1932. Mesmo derrotando as forças oposicionistas, os setores varguistas passaram por uma reformulação.
Com a ocorrência desse conflito, Vargas se viu forçado a convocar eleições para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. No processo eleitoral, as principais figuras militares do governo perderam espaço político em razão do desgaste gerado pelos conflitos paulistas. Passada a formação da Assembleia, uma nova constituição fora promulgada, em 1934. Com inspiração nas constituições alemã e mexicana, a Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou medidas democráticas e criou as bases de uma legislação trabalhista. Além disso, a nova constituição previa que a primeira eleição presidencial aconteceria pelo voto da Assembleia. Por meio dessa resolução e o apoio da maioria do Congresso, Vargas garantiu mais um novo mandato.

Período Constitucional - 1934 a 1937 
Nesse segundo mandato, conhecido como Governo Constitucional (1934 a 1937), observou-se a ascensão de dois grandes movimentos políticos em terras brasileiras. De um lado estava a Ação Integralista Brasileira (AIB), que defendia a consolidação de um governo centralizado capaz de conduzir a nação a um “grande destino”. Esse destino, segundo os integralistas, só era possível com o fim das liberdades democráticas, a perseguição dos movimentos comunistas e a intervenção máxima do Estado na economia. De outro, os comunistas brasileiros se mobilizaram em torno da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Entre suas principais ideias, a ANL era favorável à reforma agrária, à luta contra o imperialismo e à revolução por meio da luta de classes.
Contando com esse espírito revolucionário e a orientação dos altos escalões do comunismo soviético, a ANL promoveu uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Em 1935, alguns comunistas brasileiros iniciaram revoltas dentro de instituições militares nas cidades de Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). Devido à falta de articulação e adesão de outros estados, a chamada Intentona Comunista foi facilmente controlada pelo governo.
Mesmo tendo resistido a essa tentativa de golpe, Getúlio Vargas utiliza-se do episódio para declarar estado de sítio. Com essa medida, Vargas ampliou seus poderes políticos, perseguiu seus opositores e desarticulou o movimento comunista brasileiro. Mediante a “ameaça comunista”, Vargas conseguiu anular a nova eleição presidencial que deveria acontecer em 1937. Anunciando outra calamitosa tentativa de golpe comunista, conhecida como Plano Cohen, Getúlio Vargas anulou a constituição de 1934 e dissolveu o Poder Legislativo. A partir daquele ano, Getúlio passou a governar com amplos poderes, inaugurando o chamado Estado Novo (1937 – 1945).

Fundação da USP - 1934 
Após a derrota da Revolução de 1932, São Paulo sentiu a necessidade de formar uma nova elite capaz de contribuir para o aperfeiçoamento do governo e a melhoria do país. Com esse objetivo um grupo de empresários fundou a Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP), em 1933, e o interventor Armando Sales criou a Universidade de São Paulo (USP), em 1934. Como disse Sergio Milliet, "de São Paulo não sairão mais guerras civis anárquicas", e sim "uma revolução intelectual e científica suscetível de mudar as concepções econômicas e sociais dos brasileiros". A busca de conhecimentos aplicáveis à vida do país vinha reforçar a crítica à cultura bacharelesca e à formação deficiente das escolas de direito.
A ELSP desejava formar elites administrativas para os novos tempos, marcados por uma atuação crescente do Estado, enquanto a USP pretendia preparar professores para as escolas secundárias e especialistas nas ciências básicas. A sociologia norte-americana constituiu o modelo da ELSP. Já o perfil da Faculdade de Filosofia da USP foi influenciado pelo mundo acadêmico francês.
Professores estrangeiros como Roger Bastide, Emílio Willems, Donald Pierson, Pierre Monbeig e Herbert Baldus, entre outros, difundiram nas duas instituições novos padrões de ensino e pesquisa, formando as novas gerações de cientistas sociais no Brasil. A ELSP, a Faculdade de Filosofia da USP e o jornal O Estado de S. Paulo formavam o que o historiador Carlos Guilherme Motta chamou de "um tripé de sólido enraizamento cultural e político".
O entrelaçamento entre cultura e política também se fez sentir na criação do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo em 1935, pelo prefeito Fábio Prado. Nesse órgão trabalharam Paulo Prado, Mário de Andrade, Antônio de Alcântara Machado, Rubens Borba de Moraes e Sergio Milliet.
Outra consequência do projeto político-cultural que se desdobrou em São Paulo após a Revolução de 1932 por iniciativa tanto de instituições governamentais como de empresas privadas foi o notável crescimento da indústria editorial.

Contexto Externo Nazifascismo x socialismo 
A política exterior do governo Vargas na década de 1930 tem sido qualificada de diversas maneiras pelos estudiosos do tema: jogo duplo, equidistância pragmática etc. Esses rótulos referem-se às relações que o Brasil mantinha simultaneamente com os dois novos eixos de poder em ascensão no mundo, Estados Unidos e Alemanha. Superado o constrangimento inicial causado pelo apoio norte-americano ao governo deposto em 1930, Vargas procurou dar continuidade à política externa praticada desde o início do século XX, que fazia dos Estados Unidos o principal parceiro internacional do Brasil. No entanto, questões de natureza econômica levaram-no a manter ao mesmo tempo um relacionamento com Berlim. Esse equilíbrio delicado só iria ser rompido com a Segunda Guerra Mundial, quando o governo brasileiro foi forçado a tomar uma posição.
Passados os efeitos imediatos da crise de 1929, quando as economias avançadas da Europa e dos Estados Unidos optaram por rígidas políticas protecionistas, os governos alemão e norte-americano entenderam que a saída para suas respectivas crises econômicas era a reativação do comércio internacional. A Alemanha optou pelo comércio de compensação, que consistia na troca de mercadorias sem a intermediação de moeda forte, enquanto os Estados Unidos mais uma vez apostaram no livre-comércio. Para ambos os países, sem possessões coloniais, a América Latina em geral, e o Brasil em particular, representavam um importante mercado fornecedor de matérias-primas e consumidor de produtos manufaturados.
Também no terreno ideológico uma clara cisão separava os dois eixos de poder em ascensão. Os Estados Unidos empunhavam a bandeira da liberal-democracia e invocavam os ideais pan-americanistas para se aproximar dos vizinhos hemisféricos, desenvolvendo a chamada política de boa vizinhança. Já a Alemanha, que a partir da vitória do Partido Nacional Socialista em 1933 adotara o nazismo como ideologia oficial, defendia o autoritarismo antiparlamentar e nacionalista. Assim como o fascismo italiano, o nazismo expressava a falência do liberalismo na Europa. Foi nesse contexto que, na área diplomática, Vargas adotou o que o historiador Gerson Moura chamou de política de "equidistância pragmática".
Desde o início Vargas enfrentou problemas na definição de sua política econômica. Ao se iniciar seu Governo Provisório, em novembro de 1930, o Brasil ainda sofria os efeitos da crise de 1929 e enfrentava dificuldades com seus produtos de exportação, em especial o café, cujos preços internacionais tiveram acentuada queda. Além disso, o país se ressentia dos danos decorrentes da interrupção da entrada de capitais estrangeiros e do aumento dos preços dos produtos importados. Como resultado, registrou-se um profundo déficit no balanço de pagamentos, que terminou por acarretar uma grave crise cambial e a suspensão do pagamento do serviço da dívida externa em 1931. A situação só tenderia a melhorar um pouco no governo constitucional de Vargas (1934-1937), quando ocorreu uma relativa liberalização e um rápido crescimento.
Não é de surpreender que no plano das relações econômicas internacionais Vargas tivesse procurado tirar o melhor partido, tanto do sistema de comércio compensado da Alemanha como do livre-cambismo norte-americano. Essa postura do governo brasileiro é ilustrada pela assinatura de acordos comerciais com ambos os países. Com a Alemanha, o Brasil assinou Acordos de Compensação em 1934 e 1936, pelos quais ficava garantida a exportação de algodão, café, laranja, couro, tabaco e carne enlatada em grandes quantidades, em troca de produtos manufaturados alemães. Com os Estados Unidos, foi assinado o Tratado Comercial de 1935, pelo qual o Brasil oferecia concessões tarifárias a determinados produtos norte-americanos, e os Estados Unidos liberavam de tributos os principais produtos de exportação brasileiros. A tolerância de Washington e Berlim frente ao comportamento equidistante de Vargas se explicava pelo interesse de ambas as potências em constituir seus respectivos sistemas de poder, estratégia que colocava os interesses de natureza econômica temporariamente em segundo plano. Essa complacência, de outro lado, alargava o campo de manobra do governo brasileiro.
Também no terreno ideológico o governo Vargas adotou posição equidistante, em parte atendendo às diferentes simpatias que seus auxiliares diretos nutriam por cada eixo de poder. De um lado, o governo tinha homens como Oswaldo Aranha, grande admirador dos Estados Unidos; de outro, homens como Eurico Dutra e Góes Monteiro, simpatizantes do regime alemão. O governo brasileiro acabou por se inclinar em direção ao sistema de poder norte-americano. Isso ocorreu graças a um conjunto de fatores, que incluiu os artifícios do discurso pan-americanista, a composição de interesses domésticos e o próprio esgotamento dos recursos de barganha do governo brasileiro na negociação de seu alinhamento aos Estados Unidos. Mas a situação só se definiria claramente com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em fins de 1941.

AIB - Ação Integralista Brasileira - Plínio Salgado 
Surgida em um singular momento da História do Brasil, a Ação Integralista Brasileira aparece no momento em que novos grupos sociais aparecem no cenário sociopolítico do país. Com a queda das estruturas políticas oligárquicas, os grandes eixos de discussão política e ideológico do país perdem força no meio rural e passam a ocupar os centros urbanos do Brasil.
Nesse mesmo período, novas teorias políticas surgem na Europa como um reflexo das crises advindas do período entre guerras (1919 – 1938) e a crise capitalista que culmina, em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque. Na Europa, o fascismo italiano e o nazismo alemão foram dois grandes movimentos políticos que chegaram ao poder em face às incertezas vividas naquele período.
No Brasil, a rearticulação política vivida com a Revolução de 1930 fez com que o Integralismo aparecesse como uma alternativa frente ao recente governo de Getúlio Vargas e o crescimento dos movimentos operário e comunista. Sob o comando de Plínio Salgado, a Ação Integralista conseguiu o apoio de setores médios, empresários e setores do operariado. Entendidos por muitos como um “fascismo abrasileirado”, esse movimento contou com suas particularidades. Entre as principais ideias defendidas pelos integralistas, podemos destacar o corporativismo político, a abolição do pluripartidarismo, a perseguição aos comunistas, o fim do capitalismo especulativo e a ascensão de um forte líder político. Além do conteúdo ideológico, os integralistas fizeram o uso massivo dos meios de comunicação, frases de efeito, criação de símbolos e padronização comportamental.
Os integralistas utilizavam de uma saudação comum, “Anauê”, expressão de origem indígena, para cumprimentar seus associados. Além disso, vestiam camisas verdes e adotaram a letra grega sigma (símbolo matemático para somatória) como formas que incentivariam um forte sentimento de comunhão e amor à pátria. Mesmo contando com intensas manifestações, os integralistas perderam força com a implementação do Estado Novo, no final dos anos 30.

ANL - Aliança Nacional Libertadora - Luís Carlos Prestes 
 Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi uma frente de luta contra o imperialismo, o fascismo e o integralismo, contou com a participação de amplas esferas ideológicas e culturais da sociedade brasileira. Com o lema “pão, terra e liberdade” teve um crescimento rápido a partir de seu lançamento no teatro João Caetano na cidade do Rio de Janeiro. Mais de 1600 comitês foram realizados em todo País até a ANL entrar na ilegalidade em 11 de julho de 1935.
A organização foi fundada pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), nascida em março do ano de 1935 tinha como finalidade livrar o País do nazi-fascismo. No Brasil a Ação Integralista Brasileira (AIB)  exibia sua total afeição pelo fascismo. Em resposta formaram-se frentes antifascistas que congregavam tenentes socialistas e comunistas descontentes com o Governo Vargas.
Em meados de 1934 um pequeno grupo de intelectuais e militares contrariados com os rumos do governo de Getúlio Vargas organizou varias reuniões no Rio de Janeiro, com a intenção de criar uma organização política capaz de dar base nacional as lutas que se travavam. Dessas reuniões surgiu a ANL, cujo primeiro manifesto político foi lido na Câmara Federal. A Aliança Nacional Libertadora tinha como fundamentos:
Interrupção do pagamento da dívida externa do Brasil;
Nacionalização das corporações estrangeiras;
Reforma agrária e o amparo aos pequenos e médios proprietários;
Garantia de amplas liberdades democráticas;
Constituição de um governo popular;
No final do mês de março a ANL foi oficialmente lançada na Capital Federal. Na ocasião, dezenas de pessoas assistiram a solenidade; o manifesto foi lido pelo estudante Carlos Lacerda, que nos anos seguintes se tornaria um grande oponente do comunismo.
Na época Luiz Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança”, achava-se exilado na União Soviética, porém fora proclamado presidente de honra da organização. Prestes gozava de admirável consideração devido a seu papel de líder na Coluna Prestes que na década precedente havia tentado derrubar o governo pelas armas. Nos meses posteriores dezenas de pessoas se filiaram a ANL, cavalheiros ilustres mesmo sem se filiar mostraram-se atraídos pelo movimento, varias manifestações publicas foram realizadas em diversas cidades brasileiras inclusive com artigos divulgados nos jornais.
Em 1935 Prestes, na clandestinidade retorna ao Brasil, encarregado pela Intentona Comunista de desenvolver no País um levante armado para estabelecer um governo revolucionário, em sua companhia veio um grupo de ativistas estrangeiros, entre os quais estava sua mulher a alemã Olga Benário.
Ao passo que a ANL ascendia, aumentava a crise política no País com incansáveis conflitos entre integralistas e comunistas. No dia 5 de julho a ANL realiza manifestações publicas para celebrar o aniversário dos levantes tenentistas da década de 1920. Sem o consentimento de muitos dirigentes da organização, Carlos Prestes faz um discurso fervoroso ordenando a derrubada do governo e reclamando todo o poder para a ANL. O Presidente aproveita a repercussão do episódio para com base na lei de Segurança Nacional fechar a organização.
A ANL passa a ser ilegal e não pode mais realizar comícios perdendo contato com a população e, por conseguinte seu apoio entusiasmado. Alguns componentes da ANL resolveram explodir um levante para destituir o governo. Em novembro de 1935 estoura no Rio Grande do Norte uma agitação em nome da ANL. Este motim dominou a cidade por quatro dias. As manifestações ocorreram também em Recife e Rio de Janeiro, porém foram rapidamente abafadas pelo Governo Federal – Getúlio inicia um processo de prisões a todos os membros

Intentona Comunista 1935.
A Intentona Comunista também conhecida como Revolta Vermelha de 35 ou Levante Comunista, foi uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas. Foi liderada pelo Partido Comunista Brasileiro em nome da Aliança Nacional Libertadora, ocorreu em novembro de 1935, e foi rapidamente combatida pelas Forças de Segurança Nacional.
Entusiasmados pela composição política europeia pós-primeira guerra mundial, na qual duas frentes disputavam espaço (Fascismo e Comunismo) surgiram dois movimentos políticos no Brasil com estas mesmas características.
Em 1932, sob o comando do político paulista Plínio Salgado foi fundada a Ação Integralista Nacional, de cunho fascista. De extrema direita, os integralistas combatiam com fervor o comunismo.
Paralelamente à campanha Integralista, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) impulsionou a fundação da Aliança Nacional Libertadora, um movimento político radicalmente contrário à Ação Integralista Nacional.
A ANL, criada em 1935, defendia os ideais comunistas e suas propostas iam além daquelas defendidas pelo PCB, como:
O não pagamento da dívida externa;
A nacionalização das empresas estrangeiras;
O combate ao fascismo;
A reforma agrária;
No dia 5 de julho de 1935, data em que se celebravam os levantes Tenentistas, Luís Carlos Prestes lançou um manifesto de apoio à ANL, no qual incentivava uma revolução contra o governo. Este foi o estopim para que Getúlio Vargas decretasse a ilegalidade do movimento, além de mandar prender seus líderes.
Com o decreto de Getúlio Vargas, o plano de fazer uma revolução foi colocado em prática.
A ação foi planejada dentro dos quartéis e os militares simpatizantes ao movimento comunista deram início às rebeliões em novembro de 1935, em Natal, no Rio Grande do Norte, aonde os revolucionários chegaram a tomar o poder durante três dias. Em seguida se alastrou para o Maranhão, Recife e por último para o Rio de Janeiro, no dia 27.
Entretanto, os revolucionários falharam com relação à organização. As revoltas ocorreram em datas diferentes, o que facilitou as ações do governo para dominar a situação e frustrar o movimento.
A partir desse episódio, Vargas decretou estado de sítio e deu início a uma forte repressão aos envolvidos na Intentona Comunista. Luís Carlos Prestes foi preso, bem como vários líderes sindicais, militares e intelectuais também foram presos ou tiveram seus direitos cassados.
A ANL não conseguiu concretizar seus planos e a Intentona Comunista não desestabilizou o governo de Getúlio Vargas. O incidente comunista acabou sendo usado como desculpa, pois na época, o governo plantou a denúncia de um plano comunista - Plano Cohen - que ameaçava a ordem institucional, permitindo o golpe que originou o Estado Novo, em 1937.

Plano COHEN
Documento divulgado pelo governo brasileiro em setembro de 1937, atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelos comunistas. Anos mais tarde, ficaria comprovado que o documento foi forjado com a intenção de justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937.
O panorama político no Brasil durante o ano de 1937 foi dominado pela expectativa da eleição do sucessor de Vargas, prevista para janeiro do ano seguinte. O presidente, contudo, alimentava pretensões continuístas e nos bastidores articulava o cancelamento do pleito. O pretexto para isso seria a iminência de uma revolução preparada pelos comunistas, conforme informações obtidas pelas autoridades militares.
Em setembro, realizou-se uma reunião da alta cúpula militar do país, na qual foi apresentado o Plano Cohen, supostamente apreendido pelas Forças Armadas. Participaram dessa reunião, entre outros, o general Eurico Dutra, ministro da Guerra; o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército (EME); e Filinto Müller, chefe de Polícia do Distrito Federal. A autenticidade do documento não foi questionada por nenhum dos presentes, e dias depois o Plano Cohen seria divulgado publicamente, alcançando enorme repercussão na imprensa e na sociedade ao mesmo tempo em que era desencadeada uma forte campanha anticomunista. O plano previa a mobilização dos trabalhadores para a realização de uma greve geral, o incêndio de prédios públicos, a promoção de manifestações populares que terminariam em saques e depredações e até a eliminação física das autoridades civis e militares que se opusessem à insurreição.
Vargas aproveitou-se em seguida para fazer com que o Congresso decretasse mais uma vez o estado de guerra e, usando dos poderes que esse instrumento lhe atribuía, afastou o governador gaúcho Flores da Cunha, último grande obstáculo ao seu projeto autoritário. No dia 10 de novembro, a ditadura do Estado Novo foi implantada.
Em março de 1945, com o Estado Novo já em crise, o general Góes Monteiro denunciou a fraude produzida oito anos antes, isentando-se de qualquer culpa no caso. Segundo Góes, o plano fora entregue ao Estado-Maior do Exército pelo capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB) Mourão Filho, por sua vez, admitiu que elaborara o documento, afirmando porém tratar-se de uma simulação de insurreição comunista para ser utilizada estritamente no âmbito interno da AIB. Ainda segundo Mourão, Góes Monteiro, que havia tido acesso ao documento através do general Álvaro Mariante, havia-se dele apropriado indevidamente. Mourão justificou seu silêncio diante da fraude em virtude da disciplina militar a que estava obrigado. Já o líder maior da AIB, Plínio Salgado, que participara ativamente dos preparativos do golpe de 1937 e que, inclusive, retirara sua candidatura presidencial para apoiar a decretação do Estado Novo, afirmaria mais tarde que não denunciou a fraude pelo receio de desmoralizar as Forças Armadas, única instituição, segundo ele, capaz de fazer frente à ameaça comunista.

GOLPE DO ESTADO NOVO -  10/11/1937
 O período autoritário que ficou conhecido como Estado Novo teve início no dia 10 de novembro de 1937 com um golpe liderado pelo próprio presidente Getúlio Vargas e apoiado, entre outros, pelo general Góes Monteiro. Para que ele fosse possível, foi preciso eliminar as resistências existentes nos meios civis e militares e formar um núcleo coeso em torno da ideia da continuidade de Vargas no poder. Esse processo se desenvolveu, principalmente, ao longo dos anos de 1936 e 1937, impulsionado pelo combate ao comunismo e por uma campanha para a neutralização do então governador gaúcho Flores da Cunha, considerado, por seu poder político e militar, um obstáculo ao continuísmo de Vargas e à consolidação de um Exército forte, unificado e impermeável à política.
O Estado Novo foi um período autoritário da nossa história, que durou de 1937 a 1945. Foi instaurado por um golpe de Estado que garantiu a continuidade de Getúlio Vargas à frente do governo central, tendo a apoiá-lo importantes lideranças políticas e militares. Para entender como foi possível o golpe, eliminando-se as suas resistências, é preciso retroceder ao ano de 1936.
A Constituição de 1934 determinava a realização de eleições para presidente da República em janeiro de 1938. Com isso, desde 1936 a sucessão presidencial tomou conta da cena política, embora Vargas procurasse adiar e esvaziar o debate. Armando de Sales Oliveira, governador de São Paulo, lançou-se candidato pela oposição depois de tentar, sem sucesso, atrair o apoio das forças situacionistas. Estas, por sua vez, apresentaram o nome do paraibano José Américo de Almeida. Além dos dois, outro pretendente à presidência foi Plínio Salgado, líder da Ação Integralista Brasileira (AIB).
A campanha sucessória desenrolou-se em meio a um quadro repressivo, de censura e restrição da participação política, resultado do estado de guerra decretado no país em março de 1936 com a justificativa de combater o comunismo. Os instrumentos de força criados para reprimir a ação comunista terminaram sendo utilizados também contra antigos aliados de Vargas contrários ao continuísmo, enfraquecendo-os ou neutralizando-os. Desse modo, as resistências políticas ao golpe foram sendo progressivamente minadas. O combate ao comunismo serviu igualmente para alijar setores militares contrários ao projeto de Góes Monteiro de construção de um Exército forte, unificado e isento de influências políticas.
Além da repressão ao comunismo, outro meio pelo qual se afirmou a hegemonia do grupo de Góes Monteiro foi a ação contra o governador gaúcho Flores da Cunha. Flores era visto como um obstáculo, uma vez que desde de 1935 vinha se intrometendo em assuntos militares, explorando e alimentando cisões no seio das Forças Armadas. Essa sua ação pesou, inclusive, na própria saída de Góes Monteiro do Ministério da Guerra, naquele ano. E a ameaça representada pelo governador era ainda maior pelo fato de ele ter sob seu comando uma poderosa Brigada Militar, bem armada e numerosa.
Foi a investida contra Flores da Cunha que reaproximou o grupo de Góes de Vargas. Também para Getúlio o governador gaúcho, com sua força política e militar, e sua oposição ao continuísmo repetidas vezes manifestada, representava uma ameaça. Assim, ao mesmo tempo em que se abria a discussão sobre a sucessão presidencial, punha-se em prática um plano elaborado por Góes Monteiro, com o apoio do presidente da República, para a desarticulação de Flores.
O final do ano de 1936 foi marcado por importantes mudanças tanto nos meios políticos quanto nos militares. Na política, as forças se realinharam e trocaram de posição de acordo com suas orientações estratégicas, preparando-se para o embate da sucessão que se avizinhava. Diversas substituições foram feitas nos comandos militares do Sul visando a uma maior eficácia na ação contra o governador gaúcho. Passo importante nesse sentido foi dado com a substituição do ministro da Guerra João Gomes, reticente à intervenção no Rio Grande, pelo general Eurico Gaspar Dutra.
Ao longo de 1937, o processo eleitoral foi sofrendo um progressivo esvaziamento. A própria candidatura situacionista perdeu gradativamente consistência. José Américo de Almeida não obteve em nenhum momento o apoio de Vargas que, ao contrário, fez o possível para esvaziá-lo. Mais do que isso, procurando marcar sua diferença em relação a Armando Sales, que se apresentava como oposição, José Américo passou a sustentar um discurso mais radical que seu concorrente e com um forte apelo popular. Acrescente-se ainda o fato de que, preocupando-se excessivamente com o Norte, José Américo provocou um deslocamento progressivo de outras forças regionais que o apoiavam. Até mesmo o governador mineiro Benedito Valadares, que havia garantido seu lançamento como candidato, a partir de fins de setembro tornou-se defensor da ideia de retirada das candidaturas e de uma reforma constitucional visando à prorrogação dos mandatos.
Outro importante elemento de esvaziamento da campanha sucessória foi o cerco promovido por Vargas em torno de alguns focos regionais de resistência ao continuísmo. Em Pernambuco, o governador Lima Cavalcanti foi acusado publicamente de envolvimento com o comunismo, abrindo-se em seu partido uma dissidência liderada pelo ministro Agamenon Magalhães, que disputava a liderança no estado. Na Bahia, governada por Juraci Magalhães, começavam a circular boatos de uma intervenção federal. No Rio Grande do Sul, o general Góes Monteiro preparava-se para derrubar militarmente Flores da Cunha. Para tanto, mudanças fundamentais foram efetuadas nos comandos militares a partir de junho de 1937. O general José Pessoa que, juntamente com Valdomiro Lima, mostrara-se contrário à intervenção no Sul, foi substituído no cargo de inspetor do comando do distrito da Artilharia de Costa. Valdomiro Lima foi preterido na chefia do Estado-Maior do Exército em favor de Góes Monteiro. O general Lúcio Esteves, por sua vez, foi substituído pelo general Daltro Filho no comando da 3ª Região Militar, no Rio Grande do Sul.
Entrava na sua reta final o projeto golpista. No mês de setembro, de modo significativo, o governo realizou antecipadamente as cerimônias de rememoração das vítimas da revolta comunista de novembro de 1935. Alguns dias depois, o Ministério da Guerra divulgou o que ficou conhecido como Plano Cohen, um documento forjado que relatava a preparação de uma nova ofensiva comunista. Essa foi a base para que o governo pedisse ao Congresso o retorno ao estado de guerra, que havia sido momentaneamente suspenso.
Vendo-se cercado e perdendo o controle de sua Brigada Militar, que foi federalizada, Flores da Cunha terminou por renunciar ao governo gaúcho. Em 10 de novembro de 1937 o Congresso Nacional foi cercado por tropas da Polícia Militar e fechado. No mesmo dia Vargas anunciou pelo rádio à nação o início de uma nova era, orientada por uma nova Constituição elaborada por Francisco Campos. Começava ali o Estado Novo.

ESTADO NOVO OU DITADURA - 1937 /1945
Dado como um governo estabelecido por vias golpistas, o Estado Novo foi implantado por Getúlio Vargas sob a justificativa de conter uma nova ameaça de golpe comunista no Brasil. Para dar ao novo regime uma aparência legal, Francisco Campos, aliado político de Getúlio, redigiu uma nova constituição inspirada por itens das constituições fascistas italiana e polonesa.
Conhecida como Constituição Polaca, a nova constituição ampliou os poderes presidenciais, dando a Getúlio Vargas o direito de intervir nos poderes Legislativo e Judiciário. Além disso, os governadores estaduais passaram a ser indicados pelo presidente. Mesmo tendo algumas diretrizes políticas semelhantes aos governos fascista e nazista, não é possível entender o Estado Novo como uma mera imitação dos mesmos.
A inexistência de um partido que intermediasse a relação entre o povo e o Estado, a ausência de uma política eugênica e a falta de um discurso ultranacionalista são alguns dos pontos que distanciam o Estado Novo do fascismo italiano ou do nazismo alemão. No que se refere às suas principais medidas, o Estado Novo adotou o chamado “Estado de Compromisso”, onde se criaram mecanismos de controle e vias de negociação política responsáveis pelo surgimento de uma ampla frente de apoio a Getúlio Vargas.
Entre os novos órgãos criados pelo governo, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) era responsável por controlar os meios de comunicação da época e propagandear uma imagem positiva do governo. Já o Departamento Administrativo do Serviço Público, remodelou a estrutura do funcionalismo público prejudicando o tráfico de influências, as práticas nepotistas e outras regalias dos funcionários.
Outro ponto importante da política varguista pode ser notado na relação entre o governo e as classes trabalhadoras. Tomado por uma orientação populista, o governo preocupava-se em obter o favor dos trabalhadores por meio de concessões e leis de amparo ao trabalhador. Tais medidas viriam a desmobilizar os movimentos sindicais da época. Suas ações eram controladas por leis que regulamentavam o seu campo de ação legal. Nessa época, os sindicatos transformaram-se em um espaço de divulgação da propaganda governista e seus líderes, representantes da ideologia varguista.
As ações paternalistas de Vargas, dirigidas às classes trabalhadoras, foram de fundamental importância para o crescimento da burguesia industrial da época. Ao conter o conflito de interesses dessas duas classes, Vargas dava condições para o amplo desenvolvimento do setor industrial brasileiro. Além disso, o governo agia diretamente na economia realizando uma política de industrialização por substituição de importações.
Nessa política de substituições, o Estado seria responsável por apoiar o crescimento da indústria a partir da criação das indústrias de base. Tais indústrias dariam suporte para que os demais setores industriais se desenvolvessem, fornecendo importantes matérias-primas. Várias indústrias estatais e institutos de pesquisa foram criados no período. Entre as empresas estatais criadas por Vargas, podemos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores (1943) e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945).
Em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial, uma importante questão política orientou os últimos anos do Estado Novo. No início do conflito, Vargas adotou uma postura contraditória: ora apoiando os países do Eixo, ora se aproximando dos aliados. Com a concessão de um empréstimo de 20 milhões de dólares, os Estados Unidos conquistaram o apoio do Brasil contra os países do Eixo. A luta do Brasil contra os regimes totalitários de Adolf Hitler e Benito Mussolini gerou uma tensão política que desestabilizou a legitimidade da ditadura varguista.
Durante o ano de 1943, um documento intitulado Manifesto dos Mineiros, assinado por intelectuais e influentes figuras políticas, exigiu o fim do Estado Novo e a retomada da democracia. Acenando favoravelmente a essa reivindicação, Vargas criou uma emenda constitucional que permitia a criação de partidos políticos e anunciava novas eleições para 1945. Nesse meio tempo surgiram as seguintes representações partidárias: o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrata (PSD), ambos redutos de apoio a Getúlio Vargas; a União Democrática Nacional (UDN), agremiação de direita opositora de Vargas; e o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que saiu da ilegalidade decretada por Getúlio.
Em 1945, as medidas tomadas pelo governo faziam da saída de Vargas um fato inevitável. Os que eram contrários a essa possibilidade, organizaram-se no chamado Movimento Queremista. Empunhados pelo lema “Queremos Getúlio!”, seus participantes defendiam a continuidade do governo de Vargas. Mesmo contando com vários setores favoráveis à sua permanência, inclusive de esquerda, Getúlio aceitou passivamente a deposição, liderada por militares, em setembro daquele ano.
Dessa maneira, Getúlio Vargas pretendeu conservar uma imagem política positiva. Aceitando o golpe, ele passou a ideia de que era um líder político favorável ao regime democrático. Essa estratégia e o amplo apoio popular, ainda renderam a ele um mandato como senador, entre 1945 e 1951, e o retorno democrático ao posto presidencial, em 1951. 

A CONSTITUIÇÃO POLACA - TENDENCIA FASCISTA
A Constituição brasileira de 1937, outorgada por Getúlio Vargas em 10 de novembro do mesmo ano, foi a quarta Constituição do país. 
O golpe de Estado, do qual ela resultou, foi justificado pelo Plano Cohen que levantava uma possível ameaça comunista. Rompendo com as anteriores, a Constituição de 1937 tinha um caráter centralista e autoritário, influenciada pela Constituição autoritária da Polônia e sendo apelidada, por isso, de Polaca, deu início à Ditadura Vargas. 
A princípio ela deveria ser submetida a um plebiscito para sua legitimação porém, através da justificativa de um estado de guerra, ela entrou em vigor sem uma resposta do povo. Como medidas centralizadoras e autoritárias podemos citar a extinção dos partidos políticos, redução do poder Legislativo e fim da divisão federativa. Era possível, pelo presidente, a nomeação e demissão de interventores estaduais e a demissão sumária de qualquer servidor público. Foi novamente instaurada a pena de morte e instituído o estado de emergência que permitia a suspensão de imunidades parlamentares, o exílio, prender e invadir domicílios. O mandato presidencial foi ampliado para 6 anos. 
Alguns instrumentos foram criados para auxiliar o funcionamento do novo regime ditatorial. O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) foi instituído com o objetivo de manipular ideologicamente a população mantendo um medo de uma suposta ameaça comunista no ar e ao mesmo tempo criar uma boa imagem de Getúlio. A Polícia Secreta foi outro utensílio que foi criado para reprimir indivíduos que eram considerados como perigosos contra a ordem pública. O último instrumento, com influência fascista, foi a vinculação dos trabalhadores as sindicatos. Dessa forma o ele poderia melhor controlar a massa operária e sua influência política e manipulá-los de acordo com seus interesses.
Conhecida como “A Polaca” devido a sua suposta inspiração na carta vigente na Polônia, instaurou no Brasil a ditadura do Estado Novo, de Getulio Vargas. Essa constituição continha um caráter explicitamente fascista e autoritário. Agora, a grande concentração de poder estava virada para a figura do presidente da república e não mais no Poder Executivo, indo totalmente contra a ideia de equilíbrio entre os poderes. Se formos analisar, em 1824 toda a organização política girava em torno da pessoa do Imperador, agora se pode afirmar que boa parte da organização política do Estado Novo girava em torno do presidente da república. 
Essas mudanças de concentração de poder estão claramente vistas no texto constitucional. Primeiramente pelos desaparecimentos de qualquer menção a necessidade de independência, harmonia ou equilíbrio entre os Poderes e mesmo da organização de partidos políticos, onde se entende que o Presidente da República seria a única pessoa possível de atuar neste campo, já que não poderia ter a participação de mais nenhum ator, tendo seu poder ilimitado nesta área. A criação do Conselho Federal, é um claro exemplo de como o Presidente tem sua influencia ampliada, já que o órgão seria presidido por um ministro indicado pelo presidente da republica e teria dez membros nomeados pelo mesmo. Na prática, a centralização do poder na figura do Presidente conseguia ir além do que já previa a constituição. Getulio Vargas aboliu os partidos políticos e dissolveu o congresso, governando totalmente via decretos-lei. O referendo previsto na constituição para legitimá-la simplesmente foi ignorado, bem como as eleições por ela previstas.
A Constituição de 1937 pode ser considerada como um deslize na caminhada para um aperfeiçoamento da divisão equilibrada e eficiente dos poderes.

DECADÊNCIA DO ESTADO NOVO
Para o Estado Novo, a entrada do Brasil na guerra ao lado dos Aliados teve efeitos contraditórios. De um lado, o regime ganhou tempo. O estado de guerra representava um bom argumento para o governo adiar por tempo indeterminado a consulta popular que deveria validar a Constituição de 1937. De outro, a opção por lutar contra o nazi-fascismo colocou em xeque a manutenção de uma ditadura no país. As oposições procuraram aproveitar o desgaste do governo decorrente dessa contradição para retomar a iniciativa. Foi nesse quadro de redefinições que o Estado Novo entrou em crise e finalmente caiu em outubro de 1945.
A partir de 1942, o governo Vargas começou a se movimentar no sentido de preparar a transição controlada de um Estado autoritário para um regime mais aberto. Não por acaso, naquele ano o ministro do Trabalho Marcondes Filho iniciou uma campanha de popularização da figura de Vargas nos meios de comunicação, principalmente através do programa radiofônico "Hora do Brasil". O objetivo era assegurar maior base de apoio para o governo entre as classes trabalhadoras. Esta era também a raiz da preocupação de consolidar os direitos sociais e trabalhistas, expressa em medidas aprovadas em 1943 como a CLT e o aumento do salário mínimo.
Mas a transformação do Estado Novo passava também pela formulação de uma estratégia para enfrentar a questão político-eleitoral. No interior do governo, surgiram propostas variadas, todas preocupadas em criar mecanismos de transição seguros que mudassem o regime mas mantivessem o poder nas mãos de Vargas. Uma alternativa aventada foi a de se promover eleições imediatamente, com base nas entidades de classe existentes, em geral dominadas pelo próprio governo. Vargas, no entanto, procurou não se precipitar e aguardou o rumo dos acontecimentos nos planos externo e interno.
A partir de 1943 a oposição passou a se movimentar com maior desenvoltura, a despeito da ação da censura e de outros órgãos repressivos. Durante todo o ano sucederam-se passeatas de estudantes, promovidas pela UNE, contra o nazi-fascismo. Em outubro, importantes lideranças civis e liberais de Minas Gerais lançaram um documento contestando o regime ditatorial conhecido como o Manifesto dos Mineiros. O governo reagiu punindo vários dos signatários, acusados de insuflar "nosso pior inimigo: as divergências internas". Vargas prometeu a normalização da vida política do país para logo após o fim da guerra, em "ambiente próprio de paz e ordem".
A tensão política manteve-se no ano seguinte. Tornou-se muito difícil para o governo conservar unida a sua base de sustentação no momento em que se abria a possibilidade de retorno ao regime da competição política. As dissensões internas tornaram-se inevitáveis. Um exemplo foi a renúncia do ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, após o fechamento pelo governo de um organismo de apoio aos Aliados - a Sociedade Amigos da América.. Apesar de tudo, o governo continuou apostando na estratégia da candidatura única de Vargas nas futuras eleições presidenciais. Durante todo o ano, Marcondes Filho tratou de intensificar sua campanha de enaltecimento da figura de Vargas no rádio.
As oposições, por seu lado, partiram para uma atuação mais agressiva e começaram a costurar alianças com um ator que ganhava cada vez mais prestígio naqueles anos de guerra: os militares. Em outubro de 1944, a candidatura presidencial do brigadeiro Eduardo Gomes, herói dos 18 do forte, começou a ser articulada nos meios militares e civis. Em janeiro de 1945, no I Congresso Brasileiro de Escritores, intelectuais de renome defenderam a imediata redemocratização do país. Em fevereiro, a imprensa resolveu desconhecer a censura oficial e publicou uma entrevista com José Américo de Almeida defendendo eleições livres e apresentando Eduardo Gomes como candidato das oposições.
Para fazer frente às pressões e romper o isolamento político, ainda em fevereiro o governo resolveu baixar a Lei Constitucional nº 9, que previa a realização de eleições em data a ser marcada 90 dias depois. Era o primeiro passo para a redemocratização do país. Em maio foi decretado o Código Eleitoral: as eleições para a presidência da República e para o Parlamento Nacional seriam realizadas no dia 2 de dezembro daquele ano, e em maio de 1946 se realizariam as eleições para os governos e assembleias estaduais. De acordo com as regras do jogo, Vargas poderia concorrer às eleições, desde que se desincompatibilizasse do cargo três meses antes do pleito. O presidente, no entanto, afirmava que não tinha interesse em permanecer no poder.
A redemocratização do país mobilizou a sociedade brasileira. Surgiram partidos políticos nacionais que teriam a partir daquele momento, até a década de 1960, grande importância. Foram eles a União Democrática Nacional (UDN), que reunia grande parte das oposições; o Partido Social Democrático (PSD), beneficiário da máquina política do Estado Novo, e, finalmente, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), formado a partir da base sindical controlada por Vargas. Enquanto a UDN apoiou a candidatura de Eduardo Gomes, o PSD lançou a do general Eurico Dutra. O PTB inicialmente manteve-se distante dos dois candidatos.
Mesmo com a campanha nas ruas, continuavam as dúvidas. Vargas seria candidato? Que papel teria ele na redemocratização do país? Setores oposicionistas e segmentos da elite estadonovista temiam os projetos continuístas do ditador. Temiam também seu prestígio junto às forças populares. Por isso, queriam afastá-lo do poder o mais rápido possível.
A UDN defendia a convocação imediata da eleição para a presidência da República, deixando a promulgação de uma nova Constituição para um segundo momento. Os udenistas não admitiam que coubesse ao ditador a tarefa de presidir a constitucionalização do país. Já para os comunistas, que puderam atuar livremente após a anistia de abril de 1945, o primeiro passo para a implantação do regime democrático deveria ser a instalação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Sob a vigência de uma nova Carta é que deveriam ser realizadas as eleições para a presidência da República, governos estaduais e assembleias legislativas. Na prática, a proposta dos comunistas implicava que Vargas permanecesse no poder ainda por um largo período. Essa proposta aproximava o PCB do PTB e fortalecia o movimento queremista, surgido em meados de 1945, cujas principais palavras de ordem eram "Queremos Getúlio" e "Constituinte com Getúlio". Rapidamente o queremismo ganhou as ruas, deixando as elites civis e militares preocupadas com as intenções continuístas do presidente.
No dia 10 de outubro, Getúlio baixou um novo decreto antecipando para 2 de dezembro as eleições estaduais. Segundo o decreto, os então interventores deveriam outorgar dentro de um prazo de 20 dias as constituições estaduais. Caso quisessem ser candidatos, bastaria renunciar aos seus mandatos 30 dias antes do pleito. Tudo levava a crer que Vargas sairia profundamente fortalecido das eleições, realizadas sob a égide de seu governo. A partir de então, aceleraram-se as articulações conspiratórias. Entre os principais envolvidos estavam o ministro da Guerra, general Góes Monteiro, e o candidato do PSD à presidência da República e ex-ministro da Guerra, general Eurico Dutra. Os conspiradores contavam também com o aval do embaixador americano no Brasil, Adolf Berle.

No dia 25 de outubro, Getúlio nomeou seu irmão Benjamim Vargas chefe de Polícia do Distrito Federal. Circulavam rumores de que, ao assumir o cargo, Benjamim prenderia todos os generais que estivessem conspirando contra o regime. Essa nomeação funcionou como uma espécie de gota d'água. No dia 29 de outubro, Getúlio Vargas foi deposto pelo Alto Comando do Exército e, declarando publicamente que concordava com a deposição, retirou-se para São Borja, sua cidade natal. No dia seguinte, José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, assumiu a presidência da República, para transmiti-la, em janeiro de 1946, ao candidato vitorioso nas eleições, Eurico Dutra.