segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

AS MODALIDADES DE AVALIAÇÃO DISCENTE NO ENSINO SUPERIOR À DISTÂNCIA: EFICIÊNCIA DOS INSTRUMENTOS

RESUMO:
Este texto, elaborado a partir de estudos bibliográficos, tem com objetivo levar a uma reflexão sobre o processo da avaliação da aprendizagem, nos cursos à distância, o qual serviu e serve a interesses mercantis e financeiros das elites dominantes e não dos discentes.
Desenvolvemos o estudo deste caso para identificar as percepções dos tutores e orientadores do curso sobre sua responsabilidade na classificação, regulação e a sujeição dos discentes aos processos produtivos, nesta fase já foi possível identificar manifestações de conflitos moral e cognitivo entre os tutores e os discentes quanto ao desempenho acadêmico.
       1) A CRÍTICA 
Quando tratamos de crítica aos métodos de avaliação dos cursos EAD sabemos que estamos nos arriscando em um terreno perigoso, afinal cursamos esta pós-graduação na modalidade EAD e observamos que o discurso do mesmo fundamenta sua proposta pedagógica numa abordagem construtivista, e num sistema de avaliação processual e contínua sob a responsabilidade do tutor ou do professor.
Neste processo-pedagógico podemos afirmar que a figura do professor detém um dos papéis mais relevantes pois é simultaneamente professor e avaliador, ou numa expressão comum é promotor, juiz e membro do conselho de sentença simultaneamente; sua avaliação se dá baseada em seus conhecimentos, experiências, crenças e valores; corroboram para este nosso posicionamento o que afirma Sordi (apud CHUEIRI, 2008): “uma avaliação espelha um juízo de valor, uma dada concepção de mundo e de educação, e por isso vem impregnada de um olhar absolutamente intencional que revela quem é o educador quando interpreta os eventos da cena pedagógica” (p.52).
2) PROBLEMA
Na modalidade a distância, há uma estreita relação entre a tutoria e a avaliação, as delimitações entre estes são difusas, tornando impossível ao estudante perceber como está organizado o sistema avaliativo e o processo de acompanhamento do aprendizado, levando o discente a questionar-se se de fato existe tal acompanhamento.
3) HIPÓTESE
Como é possível a um curso que se propõe progressista pautar-se num modelo tradicional, quase arcaico de avaliação como testes ou apresentação de trabalhos com pontuações, avaliar para classificar, ou pontuar é uma das mais tradicionais concepções acerca da avaliação escolar; de fato, desde o período Joanino na educação brasileira os alunos são comparados a partir de um “score”, de uma tabela, um padrão determinado pelo professor ou pela instituição, esta avaliação fornece pouca ou nenhuma informação sobre o conhecimento efetivamente adquirido pelo discente, ou o domínio deste sobre o conteúdo sua única função é a padronização; o foco não é o real aprendizado, mas uma tabela programada, repetida inúmeras vezes ao longo dos semestres. Fundamentam nossa afirmação
o fato da avaliação assumir, frequentemente, o sentido de premiação ou punição. Essa questão torna-se mais grave na medida que os privilégios são justificados com base nas diferenças e desigualdades entre os alunos. Fundamentada na meritocracia (a ideia de que a posição dos indivíduos na sociedade é consequência do mérito individual), a Avaliação Classificatória passa a servir à discriminação e à injustiça social (DICIONÁRIO DA EDUCAÇÃO, 2008, s/p.).
4) OBJETIVO                     
                O que buscamos aqui é determinar se os modelos avaliativos da educação à distância estão em consonância com o discurso transformador e sóciointegrador da retória que o sustenta, ou se ao contrário trata-se de uma concepção de ensino tradicional, conservadora,  que prioriza transmissão do conhecimento calcada na medição do quanto o aluno alcançou dos conteúdos apresentados ou trabalhos solicitados, e o quanto não conseguiu assimilar  no modelo tradicional este medir dá-se via nota, conceito ou menção.
Numa proposta pedagógica transformadora a IES deveria buscar privilegiar o processo de construção do conhecimento do discente.
5) JUSTIFICATIVA
Embora indispensável para a sobrevivência financeira e sustentabilidade da universidade, a padronização das avaliações e pode ser alvo de interesse da comunidade universitária nos caso do corpo docente.  E os tais critérios de avaliação ou pontuação são construções, demarcados por alguém a partir de sua própria percepção e em consonância com os interesses da IES que a contratou, facilitam sobremaneira o trabalho de avaliação da aprendizagem do tutor ou professor no modelo tradicional de ensino e causa distorções; corrobora tal afirmativa Habermas (1983), que defende o paradigma da comunicação, a verdadeira objetividade é a intersubjetividade, isto é, o consenso, no nosso caso, entre os especialistas, os orientadores e os acadêmicos, sobre os critérios em que se dará o processo avaliativo; e também a sustentação de Loch (2000):
[...] que avaliar não é dar notas, fazer médias, reprovar ou aprovar os alunos. Avaliar, numa nova ética, é sim avaliar participativamente no sentido da construção, da conscientização, busca da auto critica, auto-conhecimento de todos os envolvidos no ato educativo, investindo na autonomia, envolvimento, compromisso e emancipação dos sujeitos (p. 31).
6) FUNDAMENTAÇÃO E CONCLUSÕES
A educação tradicional, que mede e classifica, não consegue medir o profissional totalmente formado, por este motivo foi substituída pelos teóricos pelos modelos progressistas, construtivistas e interativos. Como é possível então adotar nas IES um discurso progressista se não utiliza-se parâmetros progressistas na avaliação; como podemos afirmar que os cursos superiores na modalidade à distância enfatizam o que foi aprendido, como foi aprendido o que ficou faltando no processo e aprendizado e por que se a forma de diagnóstico desta avaliação foram procedimentos pautados em formulários?
Nessa lógica, o erro, a falha não pode ser passível de punição, pois a própria estrutura da educação está equivocada não integra o aluno rumo à sua aprendizagem; em uma prática pedagógica emancipadora, consonante com os modelos construtivistas e progressistas a avaliação investigativa e processual é destacada, não a avaliação classificatória baseada em um placar.
A avaliação deve antes de tudo investigar os progressos e dificuldades dos discentes, ou seja a avaliação não pode ser um fim e si mesma, mas uma ferramenta para alcançar os objetivos propostos pela Instituição, onde a identificação dos progressos e avanços do aluno leve à alteração de sua auto-estima, condição indispensável para que o aluno tenha interesse, motivação na construção do conhecimento e de fato, aprenda. Por outro lado, a identificação das dificuldades, realizada numa ação dialógica entre professor e aluno, e as providências para saná-las, garante ao discente a certeza que a instituição está interessada em seu progresso acadêmico e não apenas nos valores que recebe.
7) REFERÊNCIAS                                
BASCKES, Dorimar Daal Bosco, Tese de Mestrado: Avaliação Do Processo Ensino Aprendizagem: Conceitos E Concepções Disponível em : http://www.nre.seed.pr.gov.br/cascavel/arquivos/File/Equipe%20Pedagogica/producao_dorimar.pdf, acessada em 20/12/2014
DEMO, Pedro. Teoria e Prática da Avaliação Qualitativa. Temas do 2º Congresso sobre Avaliação na Educação. Curitiba, 2004.
Dicionário da Avaliação. Disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index2.aspx??%20ID_OBJETO=23967&ID_PAI=23967&AREA=AREA&P=T&id_projeto=27  acesso em 29/10/14
HABERMAS, Jürgen (1983). Conhecimento e Interesse. In: Habermas, J.; Benjamim, W. et al. Os Pensadores. S. Paulo: Abril Cultural
GHIRALDELLI, Junior P. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1991
LOCH, J. M. de P. Avaliação: uma perspectiva emancipatória. In: Química na Escola, nº 12, novembro, 2000.
LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições, 14 ed.São Paulo: Cortez, 2002
 ________Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2003 MENGA, L, MEDIANO. Z, Avaliação na Escola de 1º grau: uma análise sociológica – Campinas, SP: Papirus, 1992.
PRETI, Orestes . Tese defendida: “Avaliação Da Aprendizagem Em Cursos A Distância: “Delegando Responsabilidade Aos Tutores”?” Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD) – Instituto de Educação – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Brasil – disponível em http://www.uab.ufmt.br/uploads/pcientifica/avaliacao_aprendizagem.pdf. Acessada em 03/12/2014
ROMANOWSKI, Joana P.; Wachowicz, Lílian A. (2005). Avaliação Formativa no Ensino Superior: que referenciass manifestam os professores e os alunos? In: Anastasiou, Lea das Graças C.; Alves, Leonir P. (Org.). Processos de Ensinagem na Universidade. 5 ed. Joinville, SC.: UNIVILLE, p. 121-139
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez (1985). Ética. 8 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O EFEITO DO ELOGIO SOBRE O INTELECTO INFANTIL


Este blog já existe há algum tempo. E frequentemente tenho insistido sobre a importância da família no processo educacional de jovens e crianças. No entanto, pouco tenho detalhado sobre o tema. Por conta disso, preciso remediar esta falha. Já publiquei quase três anos atrás uma postagem sobre como explicar as usuais críticas ao realismo em mecânica quântica para crianças. E mais recentemente veiculei um texto sobre como explicar a teoria da relatividade especial para crianças. Mas agora o tema é mais abrangente: Como estimular a inteligência desses futuros adultos a partir de elogios.
Para dar suporte às ideias aqui apresentadas, tomo como base um detalhado e demorado estudo publicado em 2013 no prestigiado periódico Child Development
De acordo com a teoria da habilidade incremental, inteligência é algo que pode ser desenvolvido. Não se trata de uma característica inerente e imutável com a qual uma pessoa está destinada a viver para sempre. No entanto, o leitor deve ter muito cuidado com esta visão. Em momento algum se afirma que uma pessoa de inteligência normal possa se tornar um gênio ou um superdotado. Apenas se afirma que inteligência pode ser melhorada com estímulos adequados. E um dos possíveis estímulos é o elogio. Mas como deve ser o elogio, quando se trata de crianças?
Um elogio da forma "Nossa, como você é inteligente!" é extremamente inadequado. Isso porque a criança pode se sentir inútil e indefesa diante de uma futura tarefa difícil. E a tendência é ela desistir da busca por soluções para problemas mais complexos, justamente porque não quer mais errar. Esta tendência foi claramente identificada pelos pesquisadores do artigo acima citado, com efeitos muito negativos a curto e médio prazo. 
No entanto, um elogio da forma "Gostei da maneira como você resolveu este problema" ou "Gostei de ver seu empenho" é um estímulo à motivação. Esta atitude é a mais recomendável para crianças entre um e três anos de idade, apresentando reflexos positivos até cinco anos depois. 
Ou seja, crianças não devem se sentir intelectualmente superiores. O que elas precisam é da motivação para se tornarem cada vez melhores. A referência para a criança, portanto, não é a comparação dela com outras, mas a comparação dela com ela mesma. O elogio deve exercer influência positiva sobre a criatividade da criança para encontrar soluções.
Espero que o leitor também perceba que elogios não podem surgir gratuitamente, sem uma permanente oferta de desafios. Elogio é apenas um dos estímulos. Um problema a ser resolvido já é outro. 
Esta recente descoberta em psicologia cognitiva infantil está em perfeita sintonia com a visão meramente intuitiva de Terence Tao, matemático ganhador da Medalha Fields. Segundo ele, para fazer contribuições relevantes em matemática não há necessidade de ser um gênio. Precisa sim de uma certa inteligência. Mas também precisa trabalhar duro, conhecer bem sua área específica de estudos, conhecer outras áreas de estudos, conversar com outros matemáticos, formular questões e ter muita paciência. O que incrementa inteligência é a capacidade de encarar desafios, mesmo que eles não sejam superados. 
Para finalizar esta postagem, eu gostaria de recomendar um jogo de tabuleiro que conheci durante minha infância e que lamentavelmente não vejo mais entre crianças de hoje. O nome do jogo é Caixa Negra. É um excelente estímulo para crianças de até dez anos de idade desenvolverem intuições sobre realidades não visíveis a olho nu. Caixa Negra é uma brincadeira brilhante que sugere a investigação de mundos invisíveis a partir de seus efeitos sobre o mundo visível. Espero que o leitor aprecie o valor deste jogo tanto quanto eu. 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Com o avanço tecnológico e principalmente a disponibilidade de tecnologias que permitem o aumento da acessibilidade à internet para população Brasileira, a Metodologia de Ensino a Distância vem ganhando cada vez mais espaço no Sistema de Ensino Brasileiro.
Trata-se de um método de ensino, no qual, professores e alunos se relacionam através do ambiente virtual de aprendizagem (AVAS), que permite a integração entre o educador e o aluno (a), através da disponibilização de aulas web, vídeos e material técnico, além de incentivar a prática de pesquisas, através da consulta on-line de material disponibilizado na web, culminando na efetiva troca de ideias e conhecimentos entre os envolvidos.

Nessa modalidade os interlocutores principais (Coordenadores, Professores, Tutores e Alunos), transcendem a prática usual de ensino, fundamentada no ensino presencial para o ensino virtual. O professor é um mediador do conhecimento, que orienta o aluno na construção de sua aprendizagem. Ele recebe o apoio do tutor que também participa dessa prática pedagógica e o aluno é estimulado a pesquisar abstraindo assim o conhecimento relacionado à matéria proposta.

Esta prática alternativa de ensino, que contribui em muito para aqueles que não possuem disponibilidade para frequentar cursos presenciais, está atualmente recebendo o devido reconhecimento dos órgãos governamentais fiscalizadores do ensino, das entidades de classes e entidades/sistemas de ensino particulares. Podemos citar duas características que julgamos serem relevantes e que são bem quistas pelos que frequentam cursos EAD, a saber: a flexibilidade de tempo e a diversidade dos meios de aprendizagem, uma vez que, com o uso da tecnologia e internet pode-se ter acesso aos AVAS, no momento que for possível e necessário, permitindo ao aluno (a) a organização e planejamento dos horários nos quais o estudo poderá vir a ser concretizado, dentro da sua disponibilidade de tempo. 
Mas, dentro de todas as estruturas que os cursos a distância fornecem para aqueles que não podem estar em sala de aula, existem algumas desvantagens, como, por exemplo, a desvalorização do certificado no mercado de trabalho por causa do preconceito que existe sobre uma modalidade de ensino considerada por muitos um atalho ou um facilitador para obtenção do diploma. Na verdade, frequentar um curso a distância, requer muita disciplina e força de vontade, a abordagem é centrada no aluno o que lhe permite desempenhar um papel ativo na sua formação.
Portanto, a educação a distância é uma nova visão de ensino que mudará nosso futuro.