sexta-feira, 16 de agosto de 2013

GOVERNO GETÚLIO VARGAS - 1934 A 1937


Após a Revolução Constitucionalista de 1932, arquitetada isoladamente pelos paulistas para reivindicar a quebra constitucional de Getúlio Vargas na presidência, é criada uma nova Constituição em 16 de julho de 1934, que permitiu grandes avanços democráticos como o voto secreto, o voto feminino e a obrigatoriedade do ensino primário. Getúlio Vargas também usou a nova Constituição para se reeleger na presidência; segundo o documento, o próximo presidente seria eleito em votação da Assembleia Constituinte, da qual ele saíra vitorioso (1934 – 1937 – “Governo Constitucional“).
Entretanto, neste momento duas vertentes ideológicas radicais começaram a florescer:
Ação Integralista Brasileira (AIB): tinha caráter fascista, a exemplo dos líderes Benito Mussolini, da Itália, e Adolf Hitler, da Alemanha. Representava a extrema-direita e defendia uma intervenção maior do Estado na economia brasileira e a supressão dos direitos individuais, com a intenção de centralizar o poder nas mãos do Executivo.
Aliança Nacional Libertadora (ANL): tinha como base ideológica o socialismo disseminado pela Revolução de 1917, na União Soviética, e representava a extrema-esquerda. Defendia a reforma agrária no país, a revolução marxista do proletariado em prol do comunismo e a queda do sistema imperialista.
Getúlio Vargas, que havia se apoiado na Aliança Libertadora para tomar o poder das mãos de Júlio Prestes, não simpatizava mais com seus ideais e decretou sua ilegalidade, pois era contra o comunismo e as reformas sociais que eles pregavam para o Brasil.
Na tentativa de tomar o poder de Getúlio Vargas, que estava inclinado aos ideais de direita, a ANL articulou um golpe em 1935 e montou a Intentona Comunista, que tinha adeptos nas cidades de Natal, Rio de Janeiro e Recife. Sem grandes forças para enfrentar o governo, Getúlio Vargas conseguiu conter facilmente a influência da ANL, que tinha como líderes o casal Luiz Carlos Prestes e Olga Prestes, que acabou sendo morta em um campo de concentração.
Entretanto, os membros do AIB queriam cessar de vez a ‘ameaça comunista’ que pairava no Brasil. Para convencer Getúlio Vargas a evitar manifestações políticas dos comunistas, os integralistas alegam que a ANL está se fortalecendo secretamente com influência direta dos soviéticos e acusa-os de articular um golpe mais efetivo e articulado do que a Intentona Comunista de 1935.
As instituições tradicionais de direita, como o Exército, o empresariado e os cafeicultores, apoiaram o fortalecimento do Poder Executivo, com medo de que mais revoltas fossem incitadas e, consequentemente, seus empregados revogassem mais direitos trabalhistas.
Com apoio das classes dominantes do país, Getúlio Vargas quebra novamente a Constituição e declara “estado de sítio”, através do Plano Cohen arquitetado pelos integralistas de direita. Para conter a ameaça comunista, o presidente instaura a ditadura do Estado Novo em 1937, centralizando o Poder Executivo nas mãos da presidência.

 

ALEGORIA DO PATRIMÔNIO - RESENHA


Uma das pedras de toque do turismo cultural é, sem dúvida, a visitação a monumentos históricos e artísticos, geralmente agrupados no que se convencionou definir, no Brasil, como Patrimônio Histórico.
E um grande problema nesta área no Brasil, nos últimos anos, tem sido a gestão, associada à preservação, de bens patrimoniais utilizados como atrativos turísticos.
Em muitos casos, no afã de gerar renda, agregar valor a um determinado roteiro e, de alguma forma, criar alternativas econômicas para certas comunidades, “aproveitando-se” a existência de um monumento, esquece-se o óbvio: discutir o que faz daquele monumento um patrimônio, tentar compreender como ele toma parte da vida do lugar, como se dão as relações entre ele e a população local. Quase sempre isso ocorre por absoluta falta de embasamento teórico em relação ao tema.
Em L’allégorie du patrimoine, de Françoise Choay, finalmente torna mais acessível o entendimento de  questões teóricas relativas ao universo da preservação patrimonial. O livro não se trata de um manual de restauro, nem tampouco de roteiro para a criação de atrativos turísticos de fundo histórico. Então, por quais motivos ele interessaria aos profissionais de Turismo? A verdade é que A alegoria do patrimônio nos mostra, de modo crítico e didático, como se deu a evolução do conceito de monumento ao longo da História ocidental e, mais ainda, como este conceito está associado ao imaginário e à memória das populações que convivem com determinados bens patrimoniais, além de discutir as relações entre o poder público e a instituição de monumentos.
Desse modo, o livro se inicia, na Introdução, com uma discussão sobre os conceitos de patrimônio e monumento, relacionando-os à construção da identidade histórica e à memória local. O primeiro capítulo, intitulado Os humanismos e o monumento antigo, nos remete à Antigüidade greco-romana e à Idade Média, desnudando as formas pelas quais o monumento tomava parte na vida cotidiana dos povos europeus até as portas do Renascimento. O segundo capítulo, A época dos antiquários: monumentos reais e monumentos figurados, aborda a transmudação do monumento em alegoria, primeiro sob a égide da Renascença e depois na opulência do Barroco, mostrando a relação deste processo com o Humanismo, o surgimento das nações europeias como Estados e, já no século XVIII, com a Ilustração e o Antigo Regime. O terceiro capítulo, A Revolução Francesa, trata especificamente do modo como aquele momento histórico tratou os monumentos, num primeiro instante, como elementos de representação do poder absolutista e clerical, destruindo e depredando boa parte deles e, depois, alçando-os à posição de símbolos da nacionalidade francesa, especialmente no período napoleônico.
No capítulo seguinte, A consagração do monumento histórico (1820-1960), Choay descreve como se deu o processo de construção do conceito de monumento histórico, desde o Romantismo do século XIX até o Pós- Guerras de meados do século XX. Em A invenção do patrimônio urbano fica clara a importância de Haussmann1 , o reformulador da Paris do oitocentos, para a demarcação e apartamento definitivo entre as “cidades do passado” e as “cidades do presente”, ou seja, a separação entre mundo rural - ligado ao passado - e vida urbana - ligada à modernidade da Revolução Industrial. No sexto capítulo, intitulado O patrimônio histórico na era da indústria cultural, Françoise Choay mostra as relações que se construíram, no mundo pós-moderno, entre a indústria cultural - baseada no simulacro - e o patrimônio, discutindo a forma como sua conservação passa, muitas vezes, apenas pelo interesse econômico-financeiro e, não mais, por sua relação com a identidade de uma determinada população ou sua relevância histórico-cultural.
Por fim, em sua conclusão, A competência de edificar, a autora retoma algumas questões tratadas ao longo do livro e discute-as tendo como pano de fundo a cultura de massa do final do século XX, criticando a crescente inflação de bens patrimoniais por que passa o mundo contemporâneo. Um detalhe à parte em A alegoria do patrimônio é sua iconografia. As ilustrações do livro, mesmo sendo apenas em preto e branco, clarificam os conceitos e idéias presentes em suas páginas, tornando sua compreensão mais imediata.
Esses são os motivos que fazem ser a leitura deste livro uma tarefa imprescindível àqueles que lidam com os monumentos e bens patrimoniais no Brasil, quer sejam profissionais da área de restauro, quer sejam da indústria do Turismo.
 
1 -Georges Eugène Haussmann (1809- 91), urbanista francês que extensivamente redesenhou Paris sob o reinado de Napoleão III (1852-70). Seus  projetos incluíram a construção de novos e mais largos bulevares, a instalação da estação ferroviária fora da área central da cidade, e novos parques – em particular, o Bois de Boulogne. Grandes setores da Paris medieval foram varridos por sua reconstrução da cidade. As formas dominantes nos projetos de Haussmann eram as de largos e longos bulevares, pontuados por praças circulares, propiciando vistas soberbas dos principais monumentos parisienses, tais como a Ópera e o Arco do Triunfo. Suas inovações tiveram uma forte influência em muitos dos projetos de reurbanização do início do século XX efetivados na Europa, na América Latina (especialmente Brasil e Argentina), e em muitas colônias francesas então espalhadas pelo mundo.

POLARIDADE E GEOPOLÍTICA - BREVE ANÁLISE


Há pelo menos quarenta anos o debate político neste país gira em torno da escolha entre livre mercado e intervencionismo estatal, identificados respectivamente com a “direita” e a “esquerda” e incumbidos de definir automaticamente, a partir dessa base econômica, as demais alternativas humanas em todos os campos da cultura, da legislação, da moralidade, etc. Quando alguém se define como “liberal”, é portanto automaticamente classificado entre os direitistas, conservadores e reacionários, tornando-se, em contrapartida, socialista, progressista e revolucionário tão logo mude para o campo do intervencionismo estatal. Os ícones das facções respectivas são Roberto Campos e Celso Furtado.

Quando outros fatores – de ordem moral, cultural, geopolítica ou militar – intervêm na disputa, complicando o quadro e privando o distinto público dos confortos do esquematismo primário, a única reação do cérebro nacional é tentar recuperar às pressas seu estado de equilíbrio homeostático mediante a proclamação de que a esquerda e a direita não existem mais, de que o mundo entrou numa fase de unanimismo paradisíaco e de que, em suma, não há mais nada a discutir, exceto os nomes destinados a preencher os cargos na hierarquia da paz universal.

Passando, assim, de um esquematismo bocó a outro mais bocó ainda, acreditam ter superado todo conflito ideológico e ascendido às alturas de um pragmatismo sublime, onde, extintas as paixões baixas, reina soberana a razão tecnocientífica, nada mais importando senão o cálculo objetivo de custos e benefícios.

Infelizmente, tudo isso são ilusões autolisonjeiras, destinadas a resguardar a mente humana de um confronto com as dolorosas complexidades do mundo real.

Desde logo, a escolha entre livre mercado e intervencionismo é uma coisa quando encarada como alternativa teórica, como modelo abstrato de sociedade ideal, e outra coisa completamente diversa quando inserida no quadro histórico e geopolítico concreto. A bandeira da liberdade econômica foi erguida, primeiro, contra os despotismos monárquicos. Naquela época ela se identificava com as forças da revolução. Um liberal estava mais próximo de um socialista que de um monarquista ultramontano. Mais tarde, com a ascensão dos totalitarismos estatistas russo e alemão, a liberdade de mercado tornou-se “reacionária”. Contra a ameaça socialista, os liberais davam agora a mão a seus inimigos de outrora, monarquistas e conservadores cristãos. Esta segunda forma adquirida pelo debate ideológico, que é aquela na qual ainda se baseia a distinção usual brasileira entre direita e esquerda, já foi de há muito absorvida e transcendida por uma terceira equação. O livre mercado tornou-se o pretexto com que as forças globalistas interessadas na construção de um governo mundial controlador e despótico vão minando as soberanias nacionais e induzindo povos inteiros a abdicar de todas as demais liberdades em troca do simples poder de comprar e vender. O argumento de que a liberdade econômica traz consigo todas as demais liberdades é aí usado como pretexto para produzir o resultado oposto: suprimir todas as liberdades exceto uma. Concomitantemente, essas mesmas forças globalistas dão apoio bilionário a todas as organizações esquerdistas e revolucionárias do mundo, para jogá-las contra os Estados nacionais, daí resultando que muitos adeptos do livre mercado, imaginando-se embora homens da “direita”, acabem se juntando à rebelião esquerdista contra os tradicionalismos morais e culturais, que para uns são obstáculos à revolução, para outros, entraves ao livre mercado. Unidos pelo apego a velhos estereótipos deslocados da situação presente, ambos não percebem que, em sua luta contra o Estado nacional, que uns odeiam como reacionário e os outros como intervencionista, só contribuem para que, sobre as ruínas de tantos Leviatãs menores, se erga o Grande Leviatã do Estado mundial.

O conflito ideológico não terminou. Apenas complicou-se formidavelmente. A luta entre a liberdade e a tirania assumiu novo formato, no qual os engenheiros da tirania, jogando com os símbolos convencionais do debate político, conseguiram colocar a seu serviço até mesmo os adeptos da liberdade.

 

GEOGRAFIA - PEQUENA ANÁLISE CRÍTICA


Capítulo I

O Objetivo da Geografia

A introdução desde capítulo vem a questionar - o que é geografia? parece simples, mas refere-se a um conhecimento polêmico. Na antiguidade qualquer indivíduo poderia dar uma definição, sobre este significado , ou faria definições que eram adicionadas.

A definição mais usada do que é que é geografia, se refere ao estudo da superfície terrestre. Sendo a superfície da terra uma área privilegiada, caberia a geografia descrever e analisar todos os seus fenômenos. Para este autor, existe duas classes de ciências, as especulativas e as empíricas , dividindo a geografia em humana e física . Como a geografia é uma ciência diversificada e descritiva em que busca uma visão conjunta do planeta. Alguns escritores falam sobre outro significado da superfície terrestre , como a biosfera , ou a crosta terrestre; enfim a superfície da terra é uma das linhas do pensamento geográfico .

Outra definição da geografia se trata ao estudo da paisagem com elemento da discussão das formas morfológicas e o seu funcionamento. Esta seria um organismo com funções vitas de interação ecológica. A ecologia é introduzida na geografia buscando a interação dos fenômenos distintos de uma determinada porção do espaço.

Outra questão que propõem a geografia é o estudo da individualidade dos lugares como foi colocada pelos autores Heróddo e Estrabão nas regiões por onde andaram mostrando aspectos sociais e naturais, e assim, deram o ponto de partida para a geografia regional.

A geografia também é definida como estudo a diferenciação de áreas; na qual visa a individualização das áreas, e compará-las as outras. Outro sentido para a geografia se refere ao espaço. Este conceito é vago e torna um aspecto problemático, porque vem da explicação , o que se entende por espaço. Existe três possibilidades mais usadas, em tentar explicar o que venha a ser espaço: O espaço é uma forma de conhecimento sem especificar a geografia. Seria também um atributo dos seres, sendo que, nada existe sem o seu espaço. E o espaço também é um ser exclusivo do real, característico e dinâmico. Então existiria uma maneira de pensar o espaço como objeto da geografia, só depois da afirmação efetuada, buscando a lógica e localizando os fenômenos essenciais para a dimensão do espaço.

Outros autores definem a geografia como estudo da relação homem e meio, buscando explicar e relacionar entre sociedade e natureza. Assim, procuram mostrar a ação do homem transformando o meio e a adaptação a sua maneira. Estas várias definições sobre geografia nos mostram o leque de opções que se tem para definir a geografia e cada autor usa as suas definições próprias. Isso abarcou somente a geografia iradicional e não levou ao pensamento geográfico contemporâneo, mostrando a complexidade do problema de definir a geografia . A geografia renovada procura planejar e enfatizar o pensamento geográfico tradicional. a inexistência de um consenso sobre o pensamento geográfico e algo que persiste aos dias atuais . O encaminhamento no qual nos remete é o plano da geografia tradicional.


Capítulo II

O positivismo como fundamento da geografia tradicional

As varias definições do objeto do estudo da geografia é uma linha do pensamento da geografia tradicional, sobre o positivismo. O primeiro manifesto, esta no positivismo circunscrevendo o trabalho cientifico e dominando os fenômenos, restringindo aos aspectos visíveis do real e palpáveis. A análise destes fenômenos nos mostra que a geografia é uma ciência pautada na observação, na enumeração e na classificação de fatos referentes ao espaço. As concepções presentes nestas definições impediram a geografia de chegar a um conhecimento generalizado, que ultrapassasse a descrição dos fenômenos.

Outro manifesto positivista é a idéia de que existe um único método de interpretação comum entre as disciplinas, não aceitando a diferença entre ciências humanas e naturais. É um método originário das ciências desenvolvidas, pelas quais as outras deveriam orientar. Sendo que a geografia sempre procurou ser uma ciência natural dos fenômenos humanos, na qual o homem é um agente modelador do relevo, por usa ação com a força da erosão. Desta maneira a geografia é uma disciplina que procura interagir o homem e a natureza.

Outra linha de pensamento positivista: A geografia é uma ciência de síntese . Como uma disciplina que relaciona e ordena os conhecimentos produzidos por todas as outras ciências, servindo para encobrir a indefinição do objeto da geografia.

A continuidade do pensamento geográfico e compreendido numa visão expressiva como o principio da unidade terrestre dizendo que a terra é um todo e pode ser compreendido como um conjunto; há, também o princípio da individualidade: no qual cada lugar tem uma feição, que lhe e peculiar, própria e que não se reproduz de modo igual em outro lugar. Existes princípios que definem regras gerais no trato com objeto da geografia e são responsáveis pela continuidade da mesma. Os princípios citados fornecem sustentação da autoridade e legitimidade da geografia e são assimilados pelos menos crítico e por aqueles que fazem uma pesquisa sem avaliação detalhada.

Por todas estas razões, aparecem as dificuldades de explicar o que é geografia. se colocarmos perspectivas de fundamentação fora do positivismo clássico, abre a discussão sobre os caminhos trilhados e multiplica as dificuldades para definir esta disciplina. As pesquisas os trabalhos realizados com fundamento a estes "princípios" servem mais para dizer o que não é geografia, do que para definir o objeto.

A geografia discute fatos referentes ao espaço concreto definido e delimitável - a superfície terrestre. Só será geográfico um estudo que abrange a formação ou a transformação do espaço.

Diante destes vários fatores a pergunta o que é geografia? , passa a ter uma nova definição. Passa do plano da abstração , quando a aceitação de que existem tantas geografias, quantas os métodos para interpretação.

Assim, há uma dependência da geografia com relação a uma postura política e social de quem faz a geografia. A explicação do que é geografia, passa do conteúdo de classe, subjacente a cada proposta, realizando uma história crítica do pensamento geográfico. alguns geógrafos militantes dizem que a geografia é uma prática social, referente ao espaço terrestre, sendo que está prática, deve ser analisada e investigada no estágio da luta ideológica, desenvolvida nesse campo de debate especifico, que é a geografia.


Capítulo III

Origem e Pressuposto da Geografia

A rotulação da geografia se deu dês da antiguidade clássica, especificamente ao pensamento grego. No entanto havia uma difusão deste termo, porém o conteúdo referindo era variado. Uma das delimitações do pensamento grego era com Tales e Anaximandro privilegiado o espaço e a discussão do formato da terra. Heródoto preocupava em descrever lugares, com fundamentos regionais. Isto sem falar nas questões tidas como geográficas, sem aparecer com esta designação, as relações entre o homem e o meio.

Dessa maneira, há uma dispersão do pensamento geográfico. No entanto tudo que se entende hoje como geografia não era apresentada com esta rotulação, esta situação permanece até o final do século XVIII. Porém existia autores que rotulavam os seus estudos como Cláudio Ptolomeu que escreveu a obra síntese geográfica resgatando o pensamento grego clássico, e também, Bernardo Varenius com a obra geografia generalis

que será um fundamento das teorias de Newton . Analisando estes autores, e seus temas tratados pouco tem em comum, com o que é considerado geografia .

No final de séc.XVIII não é possível padronizar o pensamento geográfico , era considerado geografia , os relatos de viagens , a o conhecimento existente sobre fenômenos naturais . A caracterização do conhecimento geográfico só vai ocorrer no final do séc. XIX . Neste instante a geografia passa ser autônoma e particular com o objetivo de avançar as relações capitalistas de produção .

A primeira questão proposta era a extensão real do planeta , ao conhecimento das formas dos continentes isto era a estrutura da idéia de conjunto terrestre . Essa questão se inicia som a história das navegações . O eurocentrismo é um processo que ocorre uma transição feudal-capitalista está relação faz expandir a ação das sociedades européias a todo globo terrestre. No final do séc. XIX , todos os pontos da superfície terrestre já haviam sido visitado .

Outra caracterização da geografia , era que os dados referentes aos pontos diversos da terra , já haviam sido levantados . Tal processo vem ocorrendo por causa do avanço do mercantilismo e com a formação dos impérios colonialistas . A ocupação dos territórios que eram descobertos , não era um processo simples , precisavam ser conuistados e criar e estabelecer constantes , aproximando-se destas áreas . O processo de exploração das colônias, através das atividades comerciais contribuíram para se fazer um levantamento técnico sobre os fenômenos naturais, o que gerou um interesse das metrópoles que procurou agrupar o material recolhido nos escritórios coloniais e na sociedade geográfica. Basicamente o processo de elaboração desse material era o fundamento da geografia.

O aperfeiçoamento das técnicas cartográficas era outra característica unitária. Esta representação era , necessária para o avanço do comércio e fundamental para as navegações . enfim com o avanço das técnicas de impressão , popularizou as cartas e os Atlas . o processo de expansão do modo de produção capitalista força as condições materiais para o sistema de geografia . Assim foram também no plano filosóficos e cientifico e as transformações ocorridas no plano econômico e político . Estes pressupostos referem-se a formulações, sobre os temas tratados pela geografia.

Com o surgimento das correntes filosóficas do século XVIII, propõe-se uma valorização do território geográfico , buscando compreender fenômenos naturais . A perspectiva de explicar os fenômenos , englobava tratados pela geografia . Todavia, havia discussão filosóficas tratando sobre temas geográficos. alguns autores com Kant ou Sibnez se dedicaram à filosofia do conhecimento , relacionando a questão do espaço . Outros autores como Hegel ou Herder fala sobre a influência do meio sobre as sociedades, estas formulações valorizaram a temáticada geografia.

Outra questão geográfica foi colocada pelos autores pensadores do iluminismo discutindo as formas de poder e a organização do Estado . Rosseau dizia que a democracia só podia existir em áreas menores porque em áreas extensas a forma de governo seria autocrática . Montesquieu em seu livro O Espírito das Leis, dedica um capítulo discutindo o pensamento determinista de que "o meio determina o caráter dos povos". Os trabalhos desenvolvidos pela economia política, atuaram no desenvolvimento dos temas geográficos, e foi responsável pela análise dos fenômenos da vida social, como a produtividade do solo, a diferenciação dos lugares , em termos de recursos minerais ; o aumento populacional entre outros . Essas teorias divulgaram estas questões, que constituiriam o temário clássico da geografia.

Enfim, com o aparecimento das teorias do Evolucionismo o temário geográfico vai ter um reconhecimento pleno. Este conjunto de teorias do destaque a explicação da evolução das espécies, a adaptação ao meio seria um dos processos fundamentais. Haeckel discípulo de Darwin desenvolveu a idéia de ecologia, isto é do estudo da inter relação de elementos que combinam um determinado espaço.

No início do século X?X , os pressupostos da geografia , já estavam definidos . A Terra estava conhecida. A Europa dominava o comércio mundial. As ciências naturais desenvolveram conceitos e tórias, utilizadas pela geografia. O modo de produção capitalista foram os principais fatores que influenciou a sistematização da geografia. A burguesia pensava no sentido de transformar a ordem social existente. Por outro lado, a geografia estava em pleno domínio capitalista, e a burguesia já estava no domínio dos estados.

A geografia será filha das singularidades ocorridas pelo processo da transição feudal capitalista, onde surgiu o capitalismo. Os autores alemães Humboldt e Ritter são os pais da geografia, toda elaboração geográfica será sediada na Alemanha. E lá que surge as primeiras teorias e as primeiras propostas metodológicas; e também as primeiras correntes deste pensamento. O aparecimento da geografia e o desenvolvimento do capitalismo não é uma relação aleatória. No entanto cabe-nos discuti-la


Capitulo IV

A sistematização da geografia: Humbold e Ritter

A situação histórica da Alemanha, no inicio do século XIX, época em que se dá a eclosão da geografia. Está no processo tardio da penetração das relações capitalistas nesses países. Na Alemanha, o estado nacional não estava constituído, era um aglomerado de feudos, cuja ligação ainda reside alguns traços culturas comuns. Poder estava nas mãos dos proprietários de terras, a estrutura feudal estava inchada, Neste momento é que ocorre a penetração das relações capitalistas, sem romper com a ordem vigente. Tal introdução capitalista causa uns arranjos singulares, chamados por alguns autores de feudalismo modernizado.

Com a introdução do capitalismo altera a estrutura fundiária alemã. As terras passam para as mãos dos elementos pré-capitalista, que logo após torna-se capitalista; e o latifúndio que era uma economia fechada passa para uma economia de mercado. No entanto, as relações de trabalho não se alteraram, continua a mão-de-obra servil. Não há um desenvolvimento no comércio local, e as sua produção é destinada ao exterior. Há um pequeno desenvolvimento das cidades e também da burguesia, que não consegue impor seus interesses. A burguesia só consegue desenvolver com o apoio do estado que é comandado aristocracia agrária. Com a sedimentação do capitalismo e com expansionalismo napoleônico, surge nas classes dominantes alemãs, a idéia de unificação nacional, com congregado os principados alemães os reinos da Áustria e da Rússia. É nesta situação que se compreende a eclosão da geografia.Todos estes aspectos citados conferem a discussão geográfica. Temas como organização do espaço, apropriação do território, variação regional entre outros, eram discutidos palas classes dominantes da Alemanha.

As colocações iniciais do sentido da sistematização da geografia vão ser obras de autores prussianos ligados aristocracia: Alexandre Von Humboldt, conselheiro do rei da Prússia e Kal Ritter, vinda de uma família de banqueiros. Eles são contemporâneos e vivenciaram a revolução francesa, morreram em 1859, ocupando altos cargos da hierarquia universitária alemã.

Alexandre Von Humboldt, possuía informações naturalista e realizou várias viagens.Ele entendia a geografia como uma síntese de todos os conhecimentos relativos a terra. É de sua definição do objeto geográfico era: a contemplação de universidade das coisas, de tudo que consiste no espaço, concernente a substancia e forças, da simultaneidade dos seres materiais que consiste na terra.Assim a geografia seria uma disciplina sintética, preocupada com a conexão entre os elementos e buscando através destas conexões a causalidades existentes na natureza.

A obra de Ritter possuiu um caráter metodológico. Ela possuía uma formação em filosofia e história. Ritter defendia o conceito de sistemas naturais, isto é área delimitada dotada de uma individualidade. Sendo assim, a geografia de Ritter é um estudo de lugares, uma busca das individualidades destes. A sua proposta era antropocêntrica e regional, valorizando a relação homem natureza. A obra desses dois autores vão ser as bases para os trabalhos posteriores, sejam para aceitá-las ou refutá-las as formulações colocadas por eles. Assim os autores posteriores criaram uma linha de pensamento, até então inexistente, dando-a geografia uma cidadania acadêmica. Apesar disso, não há uma formação de uma escola, deixam umas influências gerais, que será resgatada pela geografia tradicional.

As citações de Humboldt e Ritter são bem divulgadas. Vários geógrafos foram alunos deste último: E. Reclus, Semenov, Iyan Shanskiy, F.Von Richthofen , entre outros. Mas na Rússia as ideais Humboldt e Ritter tiveram aplicação mais literal entre autores como Mushketow, Dukuchaev, Woiekov. Portanto foi na Alemanha que contribui para a sistematização do pensamento geográfico.

As geração seguintes se destaca mais pelo avanço empreendido nas sistematização dos estudos especializados. É o caso de W.Penk com a geomorfologia e de Hann e Koppen , com a climatologia. Dos autores alemães merecem destaques: O. Peschel e F.Von Richthofen. Para Peschel a geografia era um estudo das formas existentes nas paisagens terrestres. Richthofen realizou inúmeros trabalhos de campo, aprimorando técnicas de discrições. Estes ajudam a manter aberta a discussão teórica do pensamento geográfico, na Alemanha, nos outros países da Europa, a geografia continuam com o levantamento exaustivo sob os diferentes lugares da terra.


Capítulo V

Ratzel e a Antropologia

As formulações de Friedrich Ratzel também alemão e prussiano, publica as suas obras no último quartel do séc. XIX. A sua geografia foi um instrumento poderoso de legitimação dos designo expansionista do estado alemão, recém constituído, o que contribuiu para a unificação da Alemanha. Havia, porém movimentos para a unificação da Alemanha, como alianças e ações unificadas formadas pelas classes dominantes locais e centralizadas em um comando comum. A disputa do poder central era entre a Áustria e Rússia, o qual cominou uma guerra entre os dois reinos. A vitória d Rússia formou o estado prussiano imprimindo suas características na nova nação, formando uma organização militarizada, a direção do estado estava nas mãos da aristocracia. Ocorreu uma repressão social interna, como uma agressiva política exterior. As características prussianas foram passadas para a Alemanha, através de uma política cultural nacionalista, surgindo também guerra de conquistas empreendidas por Bismarck, o primeiro-ministro da Rússia e do império alemão.

A unificação tardia da Alemanha não impediu o seu desenvolvimento interno, porém a deixou de fora da partilha dos territórios coloniais. Daí veio o agressivo projeto imperial, com propósito de anexar novos territórios. Ratzel com a sua geografia expressa a elogio ao imperialismo no qual é um representante típico. Ele define o objeto geográfico como o estudo da influencia das condições naturais exercem sobre a humanidade. Ratzel concluiu estudos sobre a influência da natureza sobre os homens, dizendo que estas influências vão se exercer mediatizadas, através das condições econômicas e sociais. Para ela quando a sociedade se organizar para defender um território torna-se estado. Esta análise entre o estado e o espaço foi uma das questões privilegiadas da antropogeografia.

A geografia colocada por Ratzel privilegia o elemento humano, valoriza a formação de territórios, as migrações, a distribuição dos povos e dar raças da superfície terrestre, os estudos monográficos das áreas habitadas. Porém a sua obra, não teve grandes avanços, manteve-se em realizar a observação e a discrição dos procedimentos. Os discípulos de Ratzel constituíram a " escola determinista" de geografia ou a doutrina do "determinismo geográfico". Os autores dessas correntes definiram que "o homem é um produto do meio" empobrecendo as formulações de Ratzel. Ellem Semple geógrafa americana, aluna de Ratzel, foi responsável pala divulgação de suas sustentações nos Estados Unidos, Uma das suas teorias foi a que relaciona a regiões e relevo, nas regiões assim acidentadas regiões politeístas . As teorias de geógrafo inglês Elsworth Huntington eram mais elaboradas, este ator coloca as condições naturais mais hostis seriam propícias ao maior desenvolvimento, e que a tropicalidade é fruto do subdesenvolvimento.

Outra proposta de Ratzel que foram desdobradas era a geopolítico, dedicado a dominação dos territórios. Os autores mais conhecidos foram Kgellen, Mackinder e Kaushofen. O primeiro criou a geopolítico, o segundo trouxe a discussão para o nível de estados maiores, tratando sobre o domínio das rotas marítimas, as áreas de influência de um país, e as relações internacionais. O general alemão Karl Haushofer, amigo de Hitler, foi outro teórico geopolítico, deu um caráter bélico definido como estratégia militar.

A ultima perspectiva das formulações de Ratzel, foram a escola ambientalista, a qual propõe o estudo do homem e as relações aos elementos do meio em que ele de insere. É mais um determinismo do que um ambiêntalismo. A obra de Ratzel contribui em muito para a evolução do pensamento geográfico, a sua importância maior de trazer para o debate geográfico os temas políticos e econômicos colocados o homem no centro das análises .


Capítulo VI

Vidal de La Blache e a Geografia Humana

A grande escola da geografia formulada por Paul Vidal de La Blache se opõe às colocações de Ratzel. Para compreensão do processo de eclosão do pensamento geográfico, na França é preciso refletir sobre os traços gerais do desenvolvimento francês no século XIX.A revolução Francesa foi realizada pela burguesia, extinguindo os resquícios feudais, instalou seu governo atendendo os seus interesses. A centralização do poder estava garantida pela monarquia absoluta. Napoleão Bonaparte contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo na França, que se rompeu com a Revolução Francesa, varrendo os elementos herdados do feudalismo. Esta revolução foi um movimento popular, comandado pela burguesia, dirigido pelos ideológicos dessa classe, gerando propostas progressistas instituindo uma tradição liberal no país que vai expressar posturas defendidas pela geografia Francesa. Com a consolidação do domínio burguês e das massas políticas vão produzir um acirramento das lutas de classes neste país. Por este motivo, a França foi o berço do socialismo militante, e onde a democracia burguesa primeiro se revelou. As jornadas de 1848 e da Comuna de Paris, e suas repressões fazem cair por terra a dominação burguesa. No entanto, são mantidos os discursos ideológicos. A França foi um país que transpareceu mais o avanço e a consolidação da burguesia, porém bastante distinta da Alemanha, também no aspecto ideológico e a geografia se manifesta nestas diferenças.

A França e Alemanha, no caso a Prússia na 2ª metade do século XIX, disputam o controle da Europa, culminando a guerra Franca Prussiana, em 1870 e a Prússia sai vencedora.

A França perde território e cai o segundo Império de Luís Bonaparte, ocorre o levante da Comuna de Paris, é neste período que desenvolve a geografia. Esta disciplina é colocada em todas as séries do ensino básico e foram criados os institutos de geografia. O estado interessa pelo estudo da geografia como conseqüência da própria guerra.

A geografia de Vidal de La Blache só será compreendida em relação à conjuntura colocada ao antagonismo com a Alemanha, e o desenvolvimento histórico da França. Ratzel exprimia o autoritarismo, cujo agente privilegiado era o Estado. Vidal propõe um tom mais liberal, partindo do homem abstrato do liberalismo. Uma das críticas feitas por Vidal as formulações de Ratzel, diz respeito a politização explícita deste. Vidal condena o vínculo existente entre o pensamento geográfico e os interesses políticos. Ele propunha uma despolitização aparente no temário dessa disciplina. Esse foi o primeiro debate com a geografia alemã. Terras como espaço vital é duramente criticado. A geografia Francesa cria uma especialização chamada geografia colonial.

Vidal de La Blache criticou em parte as formulações de Ratzel no seu caráter naturalista, mas endossou as idéias que a geografia é uma ciência de lugares e não de homens. Outra crítica de Vidal é com relação ao determinismo derivado da Antropogeografia, e ele propõe uma teoria relativista dizendo que tudo que se refere ao homem é mediado pelas contingências, a partir destas formulações surge uma geografia com nova visão que buscava ir além de enumeração e relatos de viagens.

A definição da geografia por Vidal é a relação homem natureza na perspectiva da paisagem, na perspectiva Vidalina a natureza passa a ser vista como possibilidades para a ação humana, então surge o Possibilismo dado a esta corrente por Lucien Febrre. A teoria de Vidal colocava que o homem se adaptou ao meio, criando um relacionamento constante e acumulativo com a natureza, chamado por ele de gênero de vida, que uma vez estabelecido tenderia a produção simples, até ficarem escassos os recursos ou quando aumentar a população, esta tenderia a mudar ou desenvolveria tecnologia para a sua produção gerando assim um processo de colonização. Para Vidal de La Blache a geografia caberia estudar os gêneros de vida, a sua manutenção ou transformação como a formação dos domínios de civilização.

A proposta de Vidal de La Blache não rompeu com as formulações de Ratzel e sim prosseguiu com elas. As diferenças existentes é que Vidal era relativista, negando a idéia de causa e determinação de Ratzel, eram menos generalizadas. No entanto, o positivismo aproxima os dois autores, vinculando a metodologia de pesquisa oriunda das ciências naturais. Entretanto, a geografia de La Blache é concebida como um estudo de paisagem, nisso vem o interesse do homem, por suas obras enquanto contingentes numéricos, presentes numa porção da superfície da geografia. Enfim, discute a relação homem natureza sem abordar as relações entre os homens.


Capítulo VII

Os Desdobramentos da Proposta "Lablachiana".

Vidal de La Blache, ao logo de seus estudos e pensamento, no âmbito da ciência geográfica, contribui de forma expoente no rumo da geografia francesa, foi através de suas realizações e reformulações que gerou uma discussão geográfica a ponto de criar uma espécie de "doutrina" a do possibilismo , e foi neste contexto, que Vidal de La Blache fundou a primeira escola de geografia na França.Vidal de La Blache, teve diversos seguidores ao longo de seu pensamento, este "seguidores" mesmo tendo incorporado seus Próprios métodos, eles mantiveram o fundamento da proposta de Vidal de La Blache, e promoverão uma ampla pesquisa. Na verdade a proposta Lablachiana teve vário desdobramento originado de seu pensamento: tais desdobramentos assim citados a baixo: Desdobramento relativo à geografia física.Abordagem sobre a geografia humana "classificas, posteriormente de positivista dos fatos geográficos". Outro fato ainda de importância na proposta de La Blache, incide no desenvolvimento da problemática econômica, enfatizando as instalações humanas, em relação às atividades produtivas e elaborou o conceito de "meio Geográfico ", diferenciando o do" meio - físico ". pág.74 , e também tiveram outros autores que discutirão os fundamentos positivistas , formulando polemicas com algumas Colocações de La Blache. "Devido a sua proposta da região, progressivamente a partir".Desse conceito de região humanizada, a região foi sendo incorporada com uns produtos históricos, que expressa a relação homem natureza. Desta forma fortaleceu a geografia Humana, tal como a proposta de La Blache.O estudo referente ao conceito de região obedece ao seguinte modelo. 1º. "As Bases Físicas", enumerando as características de cada um dos elementos naturais presentes. 2º. "O Povoamento" discutindo a formação histórica (econômicas, exploração, fundação das idades etc."3º . "Estrutura agrária" descrevendo a população Rural, a 4º . " Estrutura Urbana" analisando a rede de cidades , os equipamentos e as funções urbanas. 5º. "Estrutura Industrial" tecnologia emprega e Distinção da produção, a origem da matéria prima. Estes foram então o receituário dos estudos da geografia regional. . Por isso pode-se dizer que a geografia regional foi principal desdobramento da proposta vilalina .

O acúmulo de estudos regionais proporcionou o aparecimento de especializações, por ex: a geografia agrária , geografia urbana. Geografia industrial, da população ou do comércio. "Destas especializações dos estudos regionais, a que manteve a perspectiva mais globalizaste foi sem dúvida, a geografia econômica " pág.78 visando o objeto de análise , discutindo os fluxos , o trabalho , a produção , chegando ao ponto da geografia econômica ter seu ramo próprio dentro da própria geografia , igualando-se a nível de importância a geografia humana. Vidal de Blacha deixou influência também no pensamento dos historiadores no que toca a concepção do respeito. Principalmente no confrontamento de idéias do alemão Ratzel e Vidal de La Blacha. As discussões levantadas por Sorre a respeito do "habitat". Habitat conceito no qual aborda a humanização do meio, que expressa as múltiplas relações entre homem e ambiente.

"A proposta de Sorre, pode ser entendida, com uma reciclagem da geografia humana concebida por La Blacha, na qual representou um enriquecimento das teorias anteriormente apresentadas. A nova adequação das teorias inseridas por Sorre, conjuntaram a segunda grande reformulação da geografia. M. Le Lannom e A Cholley, fecha o estudo da geografia tradicional (na França, onde objetivado" o homem habitante ", este autor privilegiou a organização social em detrimento do naturalismo, logo reforçou o caráter humano no estudo da geografia". Este em fim foi o tinerário da geografia na França, que teve na geografia regional, sua principal objeto e também tratou do estabelecimento da geografia humana (fenômenos humanos, organização do meio, e processos de produção referente a ação humana ) , assim uma geografia humana mas não social" pag.82/83.


Capitulo VIII

Além do Determinismo e o Possibilismo a Proposta de HartShorne

A outra grande corrente do pensamento geográfico vinculou-se aos nomes de A. Hettner e R. Harts .Horne . esta corrente advém de uma menor carga de empirismo , em relação aos pensamentos anteriores. Nesta visão, foi a grande orientação dentro da geografia tradicional , privilegiou um pouco mais o raciocínio dedutivo . "A geografia de Ratzel e a de Vidal tiveram suas raízes filosóficas no positivismo de Augusto Comte. A geografia de Hettner e Hartshorne fundamentavam-se no" neokantismo" de Rickert e Windeobend . O fato de ter sido menos empiristas não quer dizer que esta proposta tenha rompido com este traço marcante de toda a geografia , apenas ela não se negou também ao uso de dedução " págs . 84/85.

Alfred Hettner geógrafo alemão, publicou suas obras entre 1890 e 1910, foi reorientado pelas as críticas francesas feitas a Ratzel, desta maneira, sua nova visão da geografia alemã, foi o marco para a terceira caminho para a análise geográfica, um novo entendimento não baseado não na influência pelo determinismo e possibilismo. Hettner propõe a ciências geográficas o estudo das "diferenciações de áreas". A geografia seria então o estudo das inter-relações dos elementos, no espaço terrestre.

As propostas de Hettner encontravam escassas em sua época, talvez em função do domínio incontestado do possibilismo, que atravessava sua fase áurea. Só através da retomada de um conceituado geógrafo americano Ricard Hartshorne, passou a ser amplamente discutida. "Hettner, porém, ao contrário das anteriores, desenvolvendo-os e aprimorando-o" pág. 86.

A geografia Americana só se desenvolveu a partir dos anos 30, surgindo duas grandes escolas americanas.

Uma na Califórnia, aproximando-se bastante da Antropologia, elaborando a geografia cultural.

A outra, escola situada a meio oeste, aproximou-se da sociologia funcionalista e da economia.

Mas, sem duvida a produção de Hartshorne que encontrou maior repercussão,

devido a seu caráter amplo em busca de uma geografia geral Hartshorne publicou em 1939 o livro "Natureza da Geografia", que foi mundialmente discutido. Dos debates dessa obra, retirou material para escrever o livro "Questões Sobre a Natureza da Geografia", publicado em 1959. Desta forma, foi ultima tentativa de agilizar a geografia tradicional, dando lhe um aspecto moderno. Suas principais idéias eram de que a ciência, se definirem por métodos próprios, não por objetos singulares. Assim a geografia teria sua caracterização, seu próprio método de analisar a realidade "para Hartshorne os estudos geográficos não isolaria os elementos, ao contrário era trabalharia com suas inter-relações" pág. 87 e sendo assim, desistia da procura do objeto de estudo para a geografia, seria no estudo da inter-relação fenômenos heterogêneos, apresentados numa visão sistemática, sendo o estudo das "variações de áreas".

"Hartshorne argumentou que os fenômenos variam de lugar para lugar, que as suas áreas inter relacionam e também variam. O caráter de cada área seria dado pela integração de fenômenos inter relacionados. Assim, a análise deveria buscar a integração de maior número possível de fenômenos inter - relacioná-los". Pág.88.

O processo de estudo do inter-relacionamento entre diferentes áreas, estudadas é um processo inúmeras vezes repetidas até que se julgue suficientemente para entender o caráter da área enfocada. A esta forma de estudo Hartshorne denominou-se geografia ideográfica ."Seria uma análise singular (de um só lugar) e unitária (tentando apreender vários elementos), que levaria a um conhecimento bastante profundo de determinado local." Pág.89.

"Porém, Hartshorne também propôs uma segunda forma de estudo, denominado, geografia"Nomotética".esta deveria ser generalizada apesar de parcial (tomando os mesmos fenômenos e fazendo as mesmas relações) em outros lugares as comparações das integrações obtidos permitiram , chegar a um padrão de variação daqueles fenômenos tratados" pág.89 , por se tratar de uma mesmo ponto de vista , abrindo a possibilidade de um conhecimento genérico.

"Desta forma, Hartshorne articulou a geografia geral e a regional, diferenciando-as pelo nível de profundidade de suas abordagens. Quanto maior a simplicidade dos fenômenos e relações tratadas, maior a possibilidade de generalização. Quanto mais aprofundada a análise efetuada, maior o conhecimento da singularidade local" pág.90.

Esta foi a apresentação da proposta que Hartshorne propôs e foi amplamente discutida.

Os desdobramentos dos estudos realizados por Hartshorne, na geografia nomotética, abriram-se assim a perspectiva de trabalho de um número bastante elevado de elementos relacionados de acordo com o interesse de plano.

Instrumentaliza os diagnósticos, e deu possibilidades para o uso de quantitativas da computação geográficas, porém tal desdobramento ser viram para os movimentos de renovação da geografia.

As propostas de Hartshorne encerram as derradeiras tentativas da geografia tradicional.

"A Geografia Tradicional, deixou uma ciência elaborada, um corpo de conhecimento sistematizados, com relativa unidade interna e discutível.Em segundo lugar a Geografia Tradicional deixou um grande acervo empírico , fruto de um trabalho exaustivo .

E finalmente a geografia tradicional elaborou alguns conceitos como: (território; ambiente; região; habitat; área etc.) que merecem ser rediscutidas.


Capítulo IX

O Movimento de Renovação da Geografia

"A geografia conhece hoje um movimento de renovação considerável, que advém do rompimento de grande parte dos geógrafos com relação a perspectiva tradicional " pág.94.

O movimento de renovação da geografia inicia em meados da década de cinqüenta, e se desenvolve rapidamente nas décadas seguintes. A partir de 1970 a geografia tradicional, estava totalmente enterrada. A partir dessa década de 70 os geógrafos de se reorienta e buscam caminhos anteriormente não trilhados.

Mas o porque da crise, na geografia tradicional?

Em primeiro lugar, havia se alterado a base social. O desenvolvimento vivia-se a época de grandes truste , do monopólio de grande capital, propunha-se assim a ação reguladora do mercado, que estava articulado no planejamento econômico, estava abrindo a autonomia do estado na intervenção estatal na economia, abrindo-se dessa maneira um novo rumo as ciências humanas. "A geografia tradicional não apontava nessa direção, devido a sua defasagem proporcionando a sua própria crise. Pág.95".

Em segundo lugar "o desenvolvimento capitalista havia se tornando realidade mais complexa, do se tinha imaginado, a urbanização atingia graus até então desconhecidos, com as megalópoles. Pág.95". O espaço terrestre se globalizava no fluxo das relações econômicas, vivia-se, portanto o capitalismo das empresas multinacionais . Estas circunstâncias defasaram o instrumento de estudo da geografia, implicando numa crise das técnicas tradicionais de análise, estabelecendo-se assim uma crise de linguagem metodológica de pesquisa. O movimento de renovação da geografia busca dar novos parecer às técnicas geográficas, "de um instrumento elaborado na época do levantamento de campo, vai se tentar passar para a época do assessoramento remoto, as imagens de satélite, o computador" pág.96.

O terceiro lugar a renovação do pensamento da ciência e da própria geografia, ultrapassa em muito os postulados positivistas, nesta nova versão estes postulados passam a ser simplistas e pueris devido a grande modificação no pensamento geográfico. Apesar de tal pensamento existiam ainda problemas internos dessa disciplina, por exemplos:

A indefinição do objeto de análise de estudo, seria um dos primeiros pontos, "abrindo flancos, na crítica da autoridade da geografia, por outros campos do conhecimento cientifico" pág 97. Outro ponto discutido se enquadram de não conseguir dar explicações genéricas, a não ser em explicações simplistas como o mecanismo determinista ou de outra forma de generalização. As faltas de leis se tornaram, alvos altamente questionados e foram uns dos objetos principais para a crise na geografia tradicional. A dualidades existentes entre a produção geográfica, sendo a geografia física e geografia humana, geografia geral, geografia regional, geografia sintética e geografia tópica.

"La Blache, por exemplo, formula uma proposta que resolve a primeiro e a terceira, porém à custa do segundo, em sua geografia unitária e sintética, entretanto abre mão da generalização, pela perspectiva regional" pág.97. Hartshorne resolve esta última questão, com as idéias do estudo nomotética e idiográfico, entretanto através de questões tópicas.

Todas essas questões forneceram as razões para a crítica do pensamento geográfico tradicional.

O movimento de renovação advém da diversidade de métodos de interpretação e de posicionamentos dos autores, que divergem entre si, do bojo que compõem esta renovação. Isto gerou propostas antagônicas que podem ser agrupadas em dois grandes conjuntos, denominados Geografia Pragmática e Geografia Crítica .


Capítulo X

A Geografia Pragmática

A geografia pragmática efetua uma crítica apenas à insuficiência da análise tradicional, ataca o caráter nãoprático da geografia tradicional. Nesse sentido, os autores pragmáticos vão romper uma ótica prospectiva, um conhecimento voltado para o futuro, que instrumentalize uma geografia aplicada. Desta forma, seu intuito geral é o de uma "renovação metodológica. O de buscar uma nova tendência, uma nova técnica de linguagem, que dê conta das novas tarefas postas pelo planejamento."A finalidade explicita é de criar uma tecnologia geográfica, um móvel utilitário, daí sua denominação de pragmática"pág.100

"A crítica dos autores pragmáticos à geografia tradicional fica num nível formal. É um questionamento da superfície da crise, não de seus fundamentos. Uma crítica acadêmica, feita de forma formal, que não toca nos compromissos sociais do pensamento tradicional" pág.101.

A geografia pragmática é uma tentativa de romper com a linha tradicional da geografia, mas sem que tudo se rompa, com seu conteúdo de classes. Suas propostas visam apenas uma redefinição das formas de vincular os interesses do capital, daí sua crítica, superficial a geografia tradicional.

Neste sentido, o pensamento tradicional geográfico pragmático e o tradicional possuem uma continuidade, um conteúdo de classe instrumentais práticos e ideológicos da burguesia.

Os discursos burgueses perseguem, a renovação conservadora considerável da geografia, passa do positivismo clássico para o "neopositivismo".

"Neste processo, há um empobrecimento de grau de concretude do pensamento geográfico, apesar da sofisticação técnica e lingüística, este permanece formal (preso às aparências do real), e agora mais pobre, mais abstrata."pág.102.

A geografia quantitativa difundida na obra de Dematteis, "a nova geografia" e para outros autores filiados e esta corrente, a temário geográfico poderia ser explicado totalmente em métodos matemáticos, assim todas questões sejam elas tratadas da paisagem, ação da natureza sobre o homem, seriam passiveis de serem expressas em números (pelas medições de suas variações) e compreendendo em forma de cálculos. "Para eles, os avanços da estatística e da computação proporcionam uma explicação geográfica"pág.103.

A quantitativa permite a elaboração de "diagnósticos" sobre um determinado espaço, apresentando uma descrição numérica exaustiva sobre as suas características.

"A geografia da percepção informa como implementar no plano formulando, principalmente no que tange a reação do elemento humano, frente as alterações prescritas"pág.108.

O acervo de técnicas formuladas pela geografia pragmática é uma forma de utilização na questão ideológica, uma vez, que representa um componente eficaz na política, propõe um preciso objetivo neutro, que desvincula ou encobre a intervenção da realidade. Esta é uma geografia de dominação. O planejamento sempre serve para a manutenção da realidade existente.

"A geografia pragmática é um instrumento de dominação burguesa". pág.108 , o seu saber é indissolúvel ao desenvolvimento capitalista monopolista e a manutenção da exploração do trabalho.

Neste contexto, a geografia pragmática no seu pensamento, serve a burguesia e sendo assim, seus métodos se tornam inquestionáveis, tornando-se as suas reflexões no âmbito da ciência geográfica empobrecida, dessa maneira a geografia tradicional é mais rica em sua concepção do que a geografia pragmática, pois ela corresponde ao real, bem ao contrário da geografia pragmática.

"Em suma, este é uma das vertentes do movimento de renovação do pensamento geográfico. Aquela que engaja a produção dessa disciplina no projeto de manutenção da realidade existente" pág. 111.


Capítulo XI

A Geografia Crítica

"A outra vertente, do movimento de renovação do pensamento geográfico, agrupa aquele conjunto de propostas que se pode denominar Geografia Crítica. Esta denominação advém de uma postura crítica radical, frente à Geografia existente (seja a geografia tradicional ou pragmática), a qual será ao nível de ruptura com o pensamento anterior".pág.112

A geografia crítica pensa ao seu saber, como uma arma de processo político de conhecimento científico, propondo uma geografia militante, que lute por uma sociedade mais justa."Esta proposta pensam a análise geográfica como um instrumento de libertação do homem".pág.112

Além de aprofundar na crise, acham de suma importância evidenciá-la analisando e fazendo por prevalecer o questionamento acadêmico do pensamento tradicional, entretanto vão bem além, da critica da estrutura acadêmica, que possibilitou a repetição do equivoco: o ("mandarinato" ) , o apego as velhas teorias. Desta maneira, ao nível da crítica de conteúdo interno da geografia, não deixará pedra sobre pedra.

Os autores dessa nova linha de renovação do pensamento geográfico (geografia crítica) abordam, e mostram as vinculações, entre as teorias geográficas e o imperialismo, sempre beneficiando a apologia de expansão. Mostra o trabalho dos geógrafos, agindo sob articulação do estado escamoteando as contradições sociais. Com visões unilaterais, neste contexto sempre via o homem-natureza,, numa ótica que encobertava as relações entre os homens; via a população de um dado território, com um todo homogêneo, sem atentar para a divisão em classes.

"O autor que formulou a crítica mais radical da geografia tradicional foi, sem dúvida Yves Lacoste, em seu livro", Geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra". Lacoste argumenta que o saber geográfico manifesta-se em dois planos: a "Geografia dos Estados-Maiores" e a "Geografia dos Professores". Para ele, a primeira existiu ligada à própria prática do poder. Essa geografia seria feita, na pratica estabelecendo estratégias de ação de domínio da superfície terrestre. Todo conquistador (Alexandre , César ou Napoleão) sempre teve um projeto com relação ao espaço, também os Estados e , mais modernamente, a direção de grandes empresas monopolistas. A "Geografia dos professores" , esta, Para Lacoste, tem uma dupla função : Em primeiro lugar, mascarar a existência dos geógrafos dos "Estados-Maiores" apresentando o conhecimento geográfico como um saber inútil; assim, mascarar o valor estratégico de saber pensar o espaço, tornando-os desinteressantes para a maiorias das pessoas, em um conhecimento além de tudo apolítico e mais inútil. Lacoste mostra esta relação entre dois planos, discutindo o uso, pelo Departamento de Estado dos E.U.A., das "ingênuas" teses francesas, nos bombardeios do Vietnã ." pág.114/115.

A crítica de Lacoste é bastante incisiva, pos põe o saber geográfico nas mão da burguesia. Sendo assim, existiria uma guerra apontada a proposta de renovação no pensamento geográfico, que implica uma ruptura com a geografia tradicional, de um discurso que contraponham às tradicionais. Daí Lacoste definir seu trabalho como "guerra epistemológica". Que nega a ordem estabelecida, que vêem seu trabalho como arma de combate.

Continuando ainda na abodegam do livro de Lacoste, este autor admite que os detentores do poder seja o Estado ou a grande empresa, sempre possuem uma visão integrada do espaço, dada a intervenção articulada de vários espaços.Por outro lado, o cidadão comum tem uma visão fracionada do espaço, pois só conhece os lugares por suas vivência cotidiana. Desta explicação concluí-se que o estado age sobre todos os lugares, e isto se transforma numa arma de dominação."Assim argumenta Lacoste, é necessário construir uma visão integrada do espaço, numa perspectiva popular, e socializar este saber, pois possuí fundamental valor estratégico nos combates políticos. Diz explicitamente" é necessário saber pensar o espaço, para saber nele se organizar, para saber nele combater."" Pág.116. A proposta da Geografia Crítica assume inteiramente um conteúdo político explícito, que aparece de forma cabal nas afirmações de alguns autores como:

Yves Lacoste ("a Geografia é uma prática social em relação à superfície terrestre".).

D.Harvey ("a questão do espaço não pode ser uma resposta filosófica para problemas filosóficos, mas uma resposta calcada na prática social")

M.Santos ("o espaço é a morada do homem, mas pode ser também sua prisão").

"Vê-se que a renovação geográfica passa a ser pensada, em termos de teoria e prática, como uma práxis revolucionária, naquele sentido não basta explicar o mundo, pois cumpre transformá-lo".Pág.117.

A geografia crítica tem suas origens na geografia regional francesa. A figura de Jean Dresch aparece, no seio desse movimento, como exemplo único de afirmação de um discurso político. Suas teorias foram já uma antecipação (Dresch escreve suas obras nas décadas de 30 e 40). Esta ala da Geografia Regional vai progressivamente se inteirando do papel dos processos econômicos e sócias, no direcionamento da organização do espaço. Assim a Geografia Regional francesa aproxima-se da História e da Economia. E no bojo as primeiras manifestações de um pensamento geográfico crítico.

A Geografia Ativa opunha-se a de executar um tipo de análise, que colocasse a descoberto as contradições do mudo de produção capitalista. Enseja assim, a geografia de denúncias de realidades espaciais injustas e contraditórias. Tratava-se de explicar as regiões, mostrando não apenas suas formas e suas funcionalidades, mas também as contradições sociais aí contidas: a miséria, a subnutrição, as favelas, enfim as condições de vida de uma parcela da população. Daí a idéia, desenvolvida por estes autores, do espaço como base da vida social, e sua organização como refluxo da atividade econômica.

Entretanto a geografia de denúncias, não rompia, em termos metodológicos, com a análise regional tradicional.Mantinha-se a tônica descritiva e empiristica , apenas passava-se a englobar no estudo tópicos por ela não abordados.Introduziam-se novos temas , mantendo-se os procedimentos de análise gerais regionais .Tal perspectiva aparece com clareza, em obras como a Geografia da Fome, de Josué de Castro , ou a Geografia do Subdesenvolvimento de Y.Lacoste .Estes estudos abriram um papel significativo, pois abriram novos horizontes para os geógrafos, ao apontar uma perspectiva de engajamento social, de atuação crítica.

"O outro autor que mais se destacou dentro desse movimento foi, sem dúvida alguma, Pierre George. Seu grande mérito foi introduzir pioneiramente alguns conceitos marxistas na discussão geográfica. P.George tenta uma conciliação da metodologia da análise regional com instrumento do Materialismo Histórico. Assim, discute as relações de produção, as relações de trabalho, a ação do grande capital, as forças produtivas etc.p.George elabora uma extensa obra, constituída como ensaios, como Sociologia e Geografia; manuais, como Geografia Econômica; estudos concretos, tanto monografias,como Geografia de URSS ou Europa Central nos quais abordam a ação do homem ou o Panorama do Mundo Atual."pág 119.

A geografia de denúncias não realizou por inteiro a crítica da Geografia Tradicional, apesar de politizar o discurso geográfico.

A Geografia Crítica, também se desenvolve bastante a partir dos estudos temáticos notadamente aqueles dedicados ao conhecimento das cidades ( não se trata da Geografia Urbana Tradicional). Aqui , foi particularmente importante a contribuição dada por autores não geógrafos ."Na verdade a Geografia Crítica abre para um leque bastante amplo de influências "externas". Afinal, rompe o isolamento do geógrafo é também uma de suas metas". Pág 120.

Em termos de uma concepção mais global de Geografia, cabe uma exposição da proposta de Milton Santos, apresentada em seu livro "Por uma geografia nova " esta obra representa apresenta uma proposta geral ao estudo geográfico _ é assim um livro de claro conteúdo narrativo. Nesse trabalho, depois de avaliar criticamente a Geografia Tradicional, a crise do pensamento geográfico e as principais propostas de renovação, efetivadas pela Geografia Pragmática, M.Santos passa a expor sua concepção do objeto geográfico . Tenta dar uma resposta para a questão primordial desse volume: o que é geografia? Como deve ser a análise de um geógrafo?

Milton Santos argumenta que é necessários discutir o espaço social, e ver a produção do espaço como objeto.Afirma, entretanto, que o espaço é também um fator, pois é uma acumulação de trabalho, uma incorporação de capital na superfície terrestre, que a cria formas duráveis, as quais denomina"Rugosidade" ."As formas espaciais são resultados de processos passados, mas são também condições para processos futuros. As velhas formas são continuamente revivificadas pela produção presente, que as articula em sua lógica".pág.124

"Milton Santos argumenta que toda atividade produtiva dos homens implica numa ação sobre a superfície terrestre, numa criação de novas formas, de tal modo que" produzir é produzir espaço" . afirma que a organização do espaço é determinada pela tecnologia , pela cultura e pela organização social da sociedade, que a empreendem. Na sociedade capitalista, a organização espacial é imposta pelo ritmo de acumulações."pág.124

O estado é o agente de transformação, de difusão é dotação. É o intermediário entre as forças internas e externas. Assim, não é passivo; ao contrário, orienta os estímulos e é o grande criador das rugosidades ".

"Assim, uma articulação de elementos naturais e processos históricos, de passado e presente",variáveis assincrônicas funcionando sincronicamente ". Desta forma, há um contínuo processo de modernização em curso, que não atinge todos os lugares ao mesmo tempo, que é estimulado pelo Estado, e que obedece à lógica do capital e não aos interesses do homem (manifestando-se então como uma "modernização maldosa"".

Está é, em termos bem resumidos. a proposta de Milton Santos , uma das mias amplas e acabadas de Geografia Crítica.

"De forma geral, podemos dizer que a Geografia Crítica é uma frente, onde obedecem ao objetivo e princípios comuns, convivem com propostas dispares. Assim, não se trata de um conjunto monolítico, mas ao contrário, de um a agrupamento de perspectivas diferenciadas. A unidade da Geografia Crítica manifesta-se na postura de oposição a uma realidade social e espacial contraditória e injusta, fazendo-se do conhecimento geográfico uma arma de combate à situação existente".


Palavras Finais

O pensamento Geográfico vivencia na atualidade um amplo processo de renovação. Rompe-se com as descrições áridas, com as exaustivas enumerações, enfim com aquele sentimento de inutilidade que se tem ao decorar todos os afluentes da margem esquerda do rio Amazonas.Este movimento abre novas perspectivas para os geógrafos. Alguns dirão que a geografia esta em crise. Porém, como já afirmou um combatido companheiro: Viva a Crise. É aqui que nos encontramos hoje, na busca de uma proposta alimentada por um ideal humanista.


Glossário

Hipótese: s. f. 1. Suposição feita sobre uma coisa possível ou impossível, de que se tiram conclusões. 2. Acontecimento incerto; eventualidade. 3. Explanação científica de um fato não verificado. 4. Mat. Proposição admitida como dado de um problema.

Singularidade: s. f. 1. Qualidade de singular. 2. Ação ou dito singular. 3. Extravagância.4

2. Que vale só por si. 3. Que não tem igual nem semelhante; distinto, notável, extraordinário. 4. Especial, particular, privilegiado. 5. Esquisito, excêntrico, original. 6. Assombroso.

Geografia Regional: O que estuda a região como um fenômeno único, cujas combinações não se repetem, não se podendo encontrar leis a aplicar em áreas ainda não estudas.

Ciências Ideográficas: são as que fazem a descrição dos fatos particulares, ou singulares. Estão na base das ciências do espírito, que se dedicam ao estudo de fenômenos únicos e não pretendem formular leis de aplicação universal.

Ciências nomotéticas: são as que procuram leis gerais de aplicação universal. Estão na base das ciências naturais.

Empirismo: s. m. 1. Sistema filosófico que nega a existência de axiomas como princípios de conhecimento. 2. Conhecimentos práticos devidos meramente à experiência.

Pragmática: s. f. 1. Conjunto de regras ou fórmulas que regulam as cerimônias oficiais ou religiosas. 2. Formalidade da boa sociedade; etiqueta.

Indução : s. f. 1. Ato ou efeito de induzir. 2. Raciocínio em que, de fatos particulares se tira uma conclusão genérica.

Positivismo: s. m. 1. Filos. Sistema criado por Augusto Comte, que se baseia nos fatos e na experiência, e que deriva do conjunto das ciências positivas, repelindo a metafísica e o sobrenatural. 2. Tendência para encarar a vida só pelo seu lado prático e útil.

Marxismo: (cs), s. m. Filos. Sistema doutrinário do socialista alemão Karl Marx.

Percepção : s. f. Ato, efeito ou faculdade de perceber.

Geografia da Percepção : Geografia da percepção informa como implementar o plano formulado, principalmente no que tange à reação do elemento humano, frente às alterações prescritas.

Apologia: s. f. 1. Discurso ou escrito laudatório para justificar ou defender alguém ou alguma coisa. 2. Elogio, louvor.

Síntese: sín.te.se

s. f. 1. Toda operação mental pela qual se constrói um sistema. 2. Generalização, agrupamento de fatos particulares em um todo que os abrange e os resume. 3. Resumo. 4. Quadro expositivo do conjunto de uma ciência. 5. Gram. Figura que consiste em reunir numa só duas palavras primitivamente separadas. 7. Lóg. Método de demonstração que parte das noções mais simples às mais complexas. 8. Mat. Demonstração das proposições pela única dedução daquelas que já estão provadas até chegar àquela que se quer estabelecer. 9. Quím. Operação pela qual se reúnem os corpos simples para formar os compostos, ou os compostos para formar outros de composição ainda mais complexa.

Militante : adj. m. e f. 1. Que milita. 2. Que está em exercício. 3. Teol. Que pertence à milícia de Jesus Cristo. 4. Agressivamente ativo por uma causa: Comunista militante.

Habitat: (ábitat), s. m. (t. lat.) 1. Biol. Lugar de vida de um organismo. 2. Meio geográfico restrito em que uma sociedade possa sobreviver.