sábado, 30 de abril de 2011

SUPERMAN, A IDEOLOGIA E AS MENSAGENS SUBLIMINARES

Resumo: 
Este artigo traz por tema as ideologias e as mensagens subliminares norte americana, através do super herói Superman, que em mais de 70 anos de criação em suas primeiras tiras de jornal, viria a se tornar um um dos mais famosos personagens e conhecido mundialmente, e que ao longo dos anos o personagem passaria por transformações acompanhando a sociedade da década de 1930 até os dias de hoje.

Palavras Chave: Superman, Histórias em Quadrinhos, Estados Unidos, Ideologia, Herói

Abstract: 
This study provided by theme ideologies and North American subliminal messages through the superhero Superman, that in more than 70 years of creation in his first comic strips, would become one of the most famous characters and world renowned and that over the years the charactertransformed by following the society of the 1930s until today.
Keywords: Superman, Comic Books, United State, Ideology, Hero
INTRODUÇÃO
O intuito deste artigo é demonstrar como um personagem em quadrinhos pode representar inúmeros mitos, símbolos, ideologias, massificação e o ufanismo de seus roteiristas e da própria empresa, apresentado um personagem, Superman como modelo.
As referências utilizadas aqui serão os quadrinhos norte americanos dos últimos 25 anos da editora DC Comics, que é a detentora dos direitos do Superman que iremos analisar. Abordaremos neste trabalho as mensagens subliminares e ideologias produzidas ao longo dos anos através deste personagem. Para isso podemos referenciar outros personagens e a Editora Marvel, para ilustrar, elucidar o Superman com o idealismo[1] norte americano. Devemos lembrar que a massificação do personagem é enorme e que atualmente se utiliza de outras “mídias”, tais como: filmes e animações para a divulgação do personagem.
Superman, o primeiro super herói reconhecido foi criado em 1938, época de grande dificuldade para os norte americanos, conhecido como a Grande Depressão (1929-1945). Os EUA enfrentavam grandes problemas econômicos, políticos e sociais, com altos índices de desemprego, a violência e as cidades sob controle da máfia.
O personagem que veio de outro planeta ainda criança, cresceu envolto na  ideologia norte-americana nesse período de dificuldades mundiais. Foi criado por fazendeiros pobres, chega à cidade grande adulto e com seus atos “heróicos” e altruístas, torna-se o protetor dos cidadãos oprimidos pela fome, violência e descaso dos governantes. A primeira aparição do Superman foi na revista Action Comics #1 em 1938, nos Estados Unidos, seus autores Joe Shuster (1914-1992) e Jerry Siegel (1914-1996). Alguns anos depois, foram criados muitos outros personagens heróis, Batman e Robin, Flash, Lanterna Verde, Arqueiro Verde, Gavião Negro, Spectro, Aquaman entre outros. Alguns heróis se uniram e criaram a Liga da Justiça da América (LJA). Entretanto Superman não fazia parte da LJA, pois seu personagem era o mais importante entre todos que existia, então a editora preferiu deixá-lo com sua revista “solo”. 
            Ao longo das décadas Superman foi sendo reformulado, acompanhando o período histórico e também pela necessidade da editora DC Comics (detentora dos direitos do personagem). Seus poderes e sua origem foram apresentados ao público gradativamente para que pudessem acompanhar sua evolução. Um herói que tinha seus poderes vinculados aos raios do sol amarelo de nossa galáxia. Dentre eles o poder de correr mais “rápido que uma locomotiva” e saltar o prédio mais alto do mundo (Empire State Building que até 1972 e foi superado com a construção do World Trade Center), ter a força de 10 homens, sua visão de raios-X (que era uma das descobertas mais importante do período) foi apropriado pelo personagem, o uniforme com as cores da Bandeira do EUA e o “colant” juntamente com o uso da “sunga” por cima do uniforme, remete a idéia do o artista de circo conhecido como “homem mais forte do mundo na época[2], “que utilizava uma roupa muito justa mostrando seus músculos. Os quadrinhos e o Superman tinha o poder de se manifestar de forma positiva em um período onde as dificuldades eram enormes. As histórias em quadrinhos (HQ’s) se tornaram um veículo de comunicação da massa, alienando toda uma população carente e necessitada de alguém que os ajudasse.
O pós-guerra (1945-1950), os EUA viviam sob ameaça dos socialistas/comunistas e todo “idealismo utópico” que o Socialismo defendia, podia ser considerada uma ameaça ao sistema  capitalista, ao crescimento e ao lucro. Começa toda uma propaganda negativa contra o Socialismo e contra os comunistas. Os quadrinhos não passaram ao largo deste processo de perseguição aos comunistas, os heróis foram condenados e censurados por psicólogos, políticos e educadores.
O senador Joe McCarty (1908-1957) com o Macartismo[3] e o psicólogo Fredric Wertham, lideraram a “cruzada” contra os quadrinhos, estes alegavam que o conteúdo das HQ´s era comunista e também exibiam maus exemplos para as crianças e adolescentes. O psicólogo Fredric Wertham (1895-1981), lançou o livro Seduction of the Innocent (1954), que tratava as HQ’s de forma negativa, dizendo que Batman e Robin eram gays, a Mulher Maravilha tinha desvios sexuais por ter um corpo definido e o Superman era prejudicial para as crianças, pois seus poderes desafiavam as leis da física. O fato dos heróis quererem “ajudar a todos”, soou como pensamento Socialista.
Os fatos repercutiram tanto que o senado americano criou uma comissão para apurar e criar um conjunto de regras sobre o que poderia ser mostrado nas HQ’s. Desta forma as revistas deveriam passar por uma revisão e depois de uma avaliação, a publicação recebia um selo (Comic Code) autorizando a comercialização. Para se adaptarem as novas regras os roteiristas tiveram que escrever histórias mais leves e com conteúdos mais brandos, Batman foi o que mais sofreu com essas mudanças, pois o ambiente sombrio e violento que habitava seu personagem teve que ser amenizado.
 A partir da década de 1960 essa censura foi abolida. Muitos personagens que haviam sido submetido às mudanças e ficado “sem graça” e retirados de circulação, retornaram ao mercado com nova repaginação, com mudanças em seus uniformes e com histórias mais elaboradas e atrativas. Período conhecido como a “Era de Prata” dos quadrinhos.
  Censuras e críticas ao longo dos anos têm criado debates sobre o tema heróis, vilões, super heróis, super vilões, ideologias, política, economia, sociedade, mas sempre de maneira branda. A partir de 1987 os quadrinhos sofreram uma grande transformação com Frank Miller, que quebrou o tabu e se tornou um marco dos quadrinhos escrevendo “O Cavaleiro das Trevas”, mostrando a violência, a política e o idealismo de forma explicita.
Os leitores gostaram destas transformações e o mercado de HQ elevou seu nível de arte gráfica, mudando o papel, o formato e a linguagem. Mesmo com historias mais elaboradas sua linguagem ficou mais fácil, com suas histórias envolventes, a quantidade de figuras e cores, agradam o público que cada vez mais consome estes “produtos”.
Os profissionais dos quadrinhos se tornaram mais qualificados, tenha como exemplo o roteirista Paul Dini e o ilustrador Alex Ross, norte americano que ganhou status de artista, por reproduzir em suas ilustrações o realismo.
O MITO DO HERÓI
Desde a antiguidade os heróis são descritos como homens destemidos de tamanha coragem. A origem do Superman mescla diversas mitologias, é um “mix” de diversos personagens históricos.
Na Grécia antiga, encontramos Hércules, um semideus, filho de Zeus e dotado de força descomunal. Outro semideus é Aquiles[4], ele era invulnerável em todo o seu corpo, exceto em seu calcanhar, sua única fraqueza. Na mitologia nórdica, temos Siegfried[5], guerreiro invencível sendo seu ponto fraco uma pequena parte nas costas. Temos Hermes, um dos deuses olímpicos que possuía asas nos pés e isso lhe permitia voar e ser muito rápido. Hermes inspirou também outro herói o Flash.
A religião cristã foi outra fonte de inspiração para o personagem do Superman. Moisés que foi adotado e deixado em uma cesta, o mais emblemático: Deus enviara seu único filho para ser o salvador do mundo, Jesus. Quando adulto morre e ressuscita.
Na Idade Média, na ordenação de um cavaleiro, ele fazia o juramento comprometendo-se a ser sempre corajoso, leal, cortês, e proteger os indefesos. Em suma, os dons e valores personificados neste personagem vêm sendo difundidos desde a Antiguidade Clássica, acrescidos de intervenção dada à mudança da realidade para a ficção.
Superman é dotado de força descomunal. Pode voar, ser muito rápido, sua única fraqueza é a Kryptonita (minério de seu planeta natal). Como os heróis da mitologia grega e nórdica. Superman também foi adotado. Fora achado em sua pequena nave e mais tarde descobre que talvez seja o único sobrevivente do Planeta Krypton, que estava à beira de um cataclismo e antes do colapso e da explosão do planeta, seu pai, o cientista Jor-el, o colocou em uma nave e enviou para o nosso planeta, pois sabia que o sol amarelo da Terra proporcionaria poderes e que os mesmos seu filho poderia utilizar para ajudar os seres humanos, ainda em desenvolvimento. Sua aparição é como adulto. Ele morre e retorna de sua morte, ele jura usar seus poderes em prol da humanidade e jura que protegerá os humanos mesmo que isto implique sua morte.
A figura mítica do herói teve sua origem na Grécia Antiga e no modelo ideal do herói tendo que ser sempre bravo destemido e digno de confiança, acabou sendo retratado nas HQ’s e reforçando essa mentalidade. Os norte americanos induzem que todo o herói tem que ser bom, tem que ser justo e tentar ajudar os que não podem se ajudar. Ninguém questiona isso, virou senso comum, o herói é intocável, a representação é a mesma do mito, cuja significação ultrapassa a razão. 
Essas imagens simbólicas que foram transformados na figura do Superman, considerado o maior super-herói do mundo, um personagem carismático que ao mesmo tempo tem todas as características descritas por Eco. Ele demonstra a humildade e usa a covardia (fraqueza) para disfarçar sua super força. Valores estes que nos foram ensinados desde pequenos, tais como: que devemos ser boas pessoas, que devemos ajudar os mais fracos, nossos pais nos ensinam que não devemos brigar que devemos ajudar os idosos, etc...
Outro ponto importante a ser analisado é a idéia de bem e mal, que é explicado por Spinoza. “Chamamos de mau o que é a causa da tristeza, isto é o que diminui ou reduz nossa potência de agir” (SPINOZA, 2011, p. 93). Então entendemos que, a contraparte da tristeza é a alegria, e quando não conseguimos agir, esperamos que alguém nos traga a alegria, desta forma nasce o herói que pode fazer o que não conseguimos.
PORQUE O SUPERMAN É O MAIOR SUPER HERÓI QUE EXISTE?
Superman é o representante mais importante no mundo fictício. Da imaginação foi para os quadrinho e para o cinema, se tornando "quase real", é a soma dos melhores valores em um único personagem, porque sempre faz o que é certo. E adentra as fronteiras de outros países para ajudar os necessitados e em razão de seus poderes (super velocidade, vôo, super força, visão diversas, super audição, invulnerabilidade a quase tudo, poderes que nenhum outro super-herói possui). Por isso ele tornou-se um símbolo de justiça, liberdade e esperança, de todos os “grandes heróis”, Batman, Flash, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Arqueiro Verde, Homem Aranha, Capitão América, Capitão Marvel. Estes são regionalizados, ou seja, a proteção de cada herói é restrita a cidade em que vivem.
Atualmente, os mitos sofrem um processo de adaptação cultural, política e as ideologias vigentes, nisto há necessidade de atender a demanda de uma população que deseja consumir o personagem. O jogador de futebol pode ser comparado ao herói que, segundo o pensamento de Spinoza, pode nos trazer a alegria pois, em um jogo pode decidir com uma jogada. Ele faz o que gostaríamos de fazer: “ajudar nosso time”. Mas não conseguimos fazer e dependendo da competição, este, pode se tornar um herói nacional.
AS IDEOLOGIAS
            No liberalismo Adam Smith (1723-1790), defende que o Estado não deve interferir na economia, mas também defende que o Estado tem o dever e a obrigação de manter a ordem pública, respeitar as leis, promover a justiça e proteger a propriedade privada, ou seja, evitar roubos e abusos por terceiros. O herói tem que prender o ladrão para se fazer justiça e cumprir a lei, mas a polícia existe para que? Não é dever do Estado nos proteger? Então o Estado deveria ser nosso herói, pois o herói está para proteger a propriedade.
O neoliberalismo já aceita intervenções do governo na economia e assume que o Estado não tem condições de atender a população de maneira eficiente. Como o Estado não pode trazer essa segurança que o herói traz, então para nos sentirmos seguros criamos o mito para nos atender. O neoliberalismo assume sua deficiência e transfere então para as ONG’s algumas questões sociais. Transfere para a Igreja o conforto e a esperança de melhoras de nossas vidas, só esta faltando transferir totalmente para a propriedade privada a segurança. E em pequena proporção isso já é feito. Já que o Estado não pode nos assegurar, chamemos o Superman! Ele fará as prisões e entregará a policia que cuidará da parte burocrática. Esse é um claro exemplo sobre a crítica dos departamentos de segurança, afinal de contas a violência assola nossa sociedade.
A ideologia dos mitos se propaga nas culturas de massa, sejam elas nos quadrinhos, na literatura, no cinema ou na televisão. O herói sempre surge como guardião dos nobres valores do povo que o acolheu, assim como é transmissor dos ensinamentos para as futuras gerações. Batman por exemplo, teve seus pais mortos por assaltantes, mas ele nunca comete assassinatos, leva ou entrega os bandidos para a polícia para se fazer cumprir as leis, o mesmo acontece com o Superman, pois ninguém está acima das leis. Os americanos criadores do personagem Superman juntamente com a empresa detentora dos direitos usa os meios de comunicação de massa, para a divulgação de sua ideologia baseada no destino manifesto[6]
É de conhecimento popular que o EUA é o país das oportunidades, que você pode ser transformar do dia para noite em um milionário, basta ter uma excelente idéia, é isso que eles querem que todos acreditem. Este exemplo de influência ideológica pode ser observado no núcleo familiar do super herói. Os pais adotivos de Superman eram fazendeiros pobres que o acolheram ainda criança, vindo de um “lugar distante”. Mesmo com todas as adversidades da Grande Depressão, os ensinamentos transmitidos para o pequeno Clark Kent[8], foram tão significantes que ele se transformou no maior herói de todos. Isso não poderia significar que ele aproveitou a oportunidade? A dupla identidade também é uma maneira de aproximar o leitor do herói, Clark Kent, um homem simples, pacato e trabalhador, que mesmo com todos os seus poderes, tem contas para pagar, emprego, horário a cumprir, vida social, família, amigos, namorada. Nunca reclama e cumpre com seus deveres cívicos, como qualquer “pessoa”. Esse é o padrão de comportamento esperado para os cidadãos de bem.
MENSAGENS SUBLIMINARES
            Nos quadrinhos vários super heróis vem trazendo inúmeras mensagens, por exemplo, o Capitão América um homem muito franzino com a aparência de um menino, se voluntaria no exército e participa de uma experiência na qual se transforma em um super soldado. Isso remete ao idealismo militar que transforma meninos em homens. Ele torna-se um combatente na 2ª guerra mundial e ajuda a derrotar Adolf Hitler que é representado pelo Caveira Vermelha. 
            O Homem Aranha que ao ser picado por uma aranha radioativa ganha super poderes e com a morte de seu tio que o criou e lhe ensinou que “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, pôs sua vida de lado em prol de ajudar os outros.
Batman/Bruce Wayne, Homem de Ferro/Tony Stark, Arqueiro Verde/Oliver Queen são os bilionários no mundo dos quadrinhos e são heróis. Não tem poderes, mas criaram maneiras de ajudar o próximo. A idéia é que os mais ricos têm que ajudar os desfavorecidos. Os ricos procuram atacar a violência armada, pois eles são vitimas da mesma, mas não a violência econômica que joga milhões na miséria, no entanto garantir a idéia de que milionários possam tornarem heróis, mesmo da diferença social, ainda podemos vê-los como salvadores da sociedade.
O personagem e as histórias do Superman trazem o idealismo norte americano, alienando o leitor e levando-o a se identificar com o personagem. Humanizando-o, mostrando suas dúvidas, seus temores, seus sonhos e com isso faz com que os leitores aceitem com naturalidade a ideologia reproduzindo esse pensamento. Como exemplo disso temos a origem do Superman, Jor-el (pai biológico do Superman) envia seu único filho à Terra para salvá-lo e este veio a ser o salvador. Sua nave cai em uma fazenda e é adotado por terrestres. Isso remonta a história de Deus que envia seu único filho para ser o salvador e de Moisés que é deixado dentro de um cesto e é adotado pela filha do faraó do Egito.
 Superman é morto (história escrita em sete capítulos em 1992 e se estendeu pelas revistas Liga da Justiça da América, Superman, Aventuras do Superman e Action Comics). Superman teve velório e enterro, mas posteriormente ele retorna (em 20 capítulos em 1993, nas mesmas publicações acima citadas) como na Bíblia[8] que Deus envia seu único filho Jesus, para ser nosso salvador, Jesus também faz sua aparição já adulto com 33 anos, é crucificado e morto e ressuscita deixando seus ensinamentos para as próximas gerações. Isso remete a um plágio da vida de Jesus Cristo, fato que é admissível considerando que na ideologia do Destino Manifesto, é o pensamento que expressa a crença de que o povo dos Estados Unidos é eleito por Deus para comandar o mundo.
            Outra menção muito clara a respeito da comparação do Superman com Jesus Cristo é no filme Superman Returns (2006), Superman vai embora do Planeta Terra e retorna depois de cinco anos ausente, que é uma alusão ao retorno de Jesus [8], em outra parte do filme a voz de Jor-el diz para o Superman: “Apesar de Ter sido criado como um ser humano, não é um deles. Eles (os humanos) querem ser ótimas pessoas, só lhes falta Luz para mostrar o caminho. Por esta razão, da capacidade deles para o bem, eu o enviei a eles, meu único filho”.
            A nave do pequeno Kal-el cai nos EUA, é encontrado por fazendeiros e criado pelos mesmos como se fosse seu próprio filho. O educam e lhe ensinaram todos os valores adotados pelos americanos. Seus pais adotivos sabiam que ele era “diferente”, pois com o passar dos anos ele veio a demonstrar habilidades que nenhum outro poderia apresentar, até que um dia ele poder ajudar os outros com suas habilidades. Superman ele atravessa fronteiras dos outros países com a missão de ajudar os necessitados isso não acarreta nenhum problema, pois essa é a essência do herói: ajudar quem mais precisa. Curiosamente o exército americano também atravessa fronteiras de outros países com intuito de ajudar, isso aconteceu no Vietnam, Coréia, Iraque, que tinha Saddam Hussein como tirano que oprimia seu povo, e um herói não pode permitir que isso aconteça. Recentemente no governo de Barack Obama, o líder terrorista Osama Bin Laden, foi caçado e morto por militares norte americanos, com o propósito de acabar com o terrorismo mundial.
Em O Reino do Amanhã (1997), história que se passa no futuro, Superman havia abandonado Metrópolis, pois o mundo e os valores haviam mudado. A nova geração de heróis não seguia seus passos, os antigos valores foram abandonados, o herói que se preocupava com muitos, agora se preocupava com si próprio. Esses ideais que ele havia aprendido com seus pais, os valores de verdade e justiça continuavam inabaláveis e não concordando com isso ele voltou para “resolver” o problema, mesmo que para isso tenha que usar a força, isso faz uma alusão e uma crítica ao governo americano que, como o Superman, tomou a frente e enfrentou o “mal” pelo uso da força. Mas se analisarmos melhor, veremos um Superman que tem dúvidas, raiva e comete erros é derrotado. Isso servirá de justificativa para a humanização de um personagem alienígena, ao mesmo tempo ele deixa de ser uma figura inatingível, causando a sensação de que qualquer um de nós pode ser como ele. 
Na minissérie Superman entre a Foice e o Martelo (2004), a nave de Superman cai na URSS e não nos EUA como sabemos, Superman se torna o ícone de poder de Joseph Stalin, nesta série se faz menção ao socialismo / comunismo. Nesta versão por causa do Superman, o mundo é praticamente socialista e o capitalismo é que é decadente e causa flagelo nas pessoas. Lex Luthor o arqui-inimigo do Superman, supera todas as adversidades e torna os EUA o  único país capitalista do mundo e inicia um governo liderado por cientistas, escritores e filósofos como Platão [10] defendia. Aqui mostra três formas de governo, mas a liderança e resistência começa pelos EUA e a mudança para uma sociedade sem um poder centralizado, também começa por eles. Mais uma vez a força dos EUA pode mudar a maior das adversidades.
Em Paz na Terra (1999), é levantado o tema fome, e na luta contra a fome Superman toma a iniciativa de levar os alimentos excedentes que o EUA  produz e entregar a quem mais precisa. Outros países solidários entregam seus excedentes a fim de “solucionar” este problema. Primeiramente Superman "percebe" e inicia o combate a fome, posteriormente por questões humanitárias crê no direito de “atravessar” outras fronteiras para fazer o bem, sem se importar se querem ajuda ou não, questiona o uso da fome como forma de dominação e não aceita esse tipo de governo. A mensagem deixada é que nos EUA ninguém passa fome e todos são livres, que o governo é democrático e justo, ajuda outros que necessitam e que não existe discriminação étnicas, religiosas.
A edição nº 900 (04/2011) da revista Superman americana, criou uma polêmica, pois Superman quer renunciar a cidadania americana. Superman vai até o Irã ajudar manifestantes contra a polícia, o governo iraniano não gosta da intervenção do Superman alegando que ele age em nome do governo americano. E em uma conversa com um funcionário americano, Superman diz que irá renunciar a cidadania. A razão da sua renúncia à cidadania é “A verdade, a justiça e os valores americanos não são suficientes”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A editora se pronunciou através de Jim Lee e Dan Diddio coeditores: “Superman é um visitante que vem de um planeta distante e adotou os valores americanos há muito tempo. Como personagem e ídolo, ele representa o melhor do que é ser americano”. 
A citação dos Co-Editores deixa clara a intenção de que empresa utiliza o personagem do Superman como meio de massificar a ideologia norte americana, sendo ela declarada abertamente como fizeram os editores ou utilizando meios menos explícitos. Os norte americanos, por mais que eles próprios levantem questões e critiquem seus governantes, ainda não é suficiente para mudar o pensamento capitalista que está arraigado no povo e no governo, que creem no seu país e na importância que eles representam. Ficou claro em todos os quadrinhos analisados que o Superman é a figura representativa dos valores e do povo americano e conforme sua popularidade e carisma fazem com que nos convençamos disso. 

 BIBLIOGRAFIA
ECO, Umberto. O mito do Superman. In: Apocalípticos e integrados. 5ª edição, São Paulo: Perspectiva, 1998.
MARCONDES, Danilo, Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Baruch Spinoza - 7ª Ed. - Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
SMITH, Adam, A Riqueza das Nações, Volume II, Investigação Sobre sua Natureza e suas Causas, p 192: tradução, Luiz João Baraúna. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.
BIBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução: Bíblia Reina-Valera. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Sociedade Bíblica Intercontinental do Brasil, 2009 – João 3.17  e Mateus 24:42
REVISTA MUNDO DOS SUPER HEROIS, São Paulo, Europa, 2009, Ed. Nº 18, p. 22 a 47.
BLACKBURN, Simon, A República de Platão: uma biografia / Simon Blackburn; tradução, Roberto Franco Valente; revisão técnica, Danilo Marcondes. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. (Livros que mudaram o mundo)
SUPERMAN RENUNCIA CIDADANIA AMERICANA. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/04/29/super-homem-renuncia-cidadania-americana-nos-quadrinhos-causa-polemica-924345601.asp> Acesso em : 16 ago 2011
SUPERMAN Returns. Direção: Bryan Singer. Produção: Bryan Singer, Gilbert Adler, Jon Peters. Interpretes: Brandon Routh, James Marsden, Kate Bosworth, Kevin Spacey, Marlon Brando, Parker Posey, Sam Huntington, Stephan Bender e outros. Roteiro: Bryan Singer, Dan Harris, Michael Dougherty. Trilha Sonora: John Ottman, John Williams. Los Angeles: Warner Brothers, 2009. 1 DVD(154 min), widescreen, color. Produzido por Warner Bros. Pictures. Baseados nos personagens de Superman criados por Jerry Siegel e Joe Shuster
Revistas em quadrinhos
O Cavaleiro das Trevas. São Paulo, Abril, 1987.
Super-Homem, Paz na Terra. São Paulo, Abril, 1999.
O Reino do Amanhã. São Paulo, Abril, 1997.
Action Comics, #900, Estados Unidos,2011.
Superman.São Paulo, Abril, 1987.
A morte do Superman, São Paulo, Abril, 1992.
O Retorno de Superman, São Paulo, Abril,1993.
Superman entre a Foice e o Martelo, 3 edições , São Paulo, Panini, 2004.

NOTAS
[1] Idealismo norte-americano, faço referências a questão dos USA é um país de oportunidades, uma nação que enviada por Deus, o ufanismo, o patriotismo.
[2] O circo na época além de ter seus espetáculos habituais, com palhaços, trapezistas, domadores de animais, tinha também o freak show (show de bizarrices), pessoas que eram “diferentes” fisicamente, como a mulher gorda ou barbada, o anão, o gigante, o engolidor de fogo, o homem grande e forte, etc...
[3] Senador Joseph McCarty liderou uma caça às bruxas contra os “comunistas, e o termo "Macartismo" é sinônimo de atividades governamentais antidemocráticas, visando a reduzir significativamente a expressão de opiniões políticas ou sociais julgadas desfavoráveis, limitando para isso os direitos civis sob pretexto de "segurança nacional".
[4] Aquiles que lutou na Guerra de Tróia fora banhado nas águas do rio, mas como foi seguro pelo calcanhar único parte que não fora banhada. 
[5] Siegfried herói nórdico que mata um dragão e se banha com seu sangue para ter invulnerabilidade, exceto por um dos ombros, coberto por uma folha.
[6] O Destino Manifesto é o pensamento que expressa a crença de que o povo dos Estados Unidos é eleito por Deus para comandar o mundo, e por isso o expansionismo territorial americano é apenas o cumprimento da vontade Divina. Escrito por John L. O'Sullivan escritor e político influente defensor do Partido Democrata em Destino Manifesto, 1839.
[7] Clark Kent nome dado pelos pais adotivos do Superman, seu nome Kryptoniano é Kal-el.
[8] João 3.17
[9] Mateus 24:42
[10]  Platão defende que um Estado deve ser governado por filósofos em A República de Platão Livro I


quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Homem em evolução - pré história

O surgimento do homem. No texto apresentado não pretendo mostrar relação entre homem e macaco, mas levanto algumas questões da evolução do homem com o mesmo. Reconhecido por Aristóteles de que a estrutura do corpo humano tem maior semelhança com macacos e gorilas, considerados por Lineu como de mesmo gênero-Homo e Símia. A questão em colocar o homem e macaco no mesmo gênero não difere em que um evolui do outro, ou que ambos vem de um ancestral comum; apenas se equiparavam em níveis de complexidade e perfeição de seus corpos. Lamarck e Darwin foram os primeiros que conceberam e reconheceram o homem advindo de ancestrais animais. Nos anos de 1863(Huxley e Vogt), 1866-74(Haeckel) extraíram provas que colocavam o homem juntamente com os macacos, gorilas e lêmures na ordem zoológica. Apesar de serem aceitos ate hoje, as mesmas se encontram exponencialmente aumentadas. Apesar de esquemas sugeridos por Simpson(1953),que faz do homem uma família separada,Heberer(1956) para englobar as subfamílias,são os primeiros a reconhecerem que o nenhum esquema altera a estrutura do assunto ,de que o homem é um primata.Estamos certos de que o homem passou por estágios evolutivos,mas é um problema traçar todo esse processo evolutivo do homem e seus parentes durante a história da terra.Vários pesquisadores dedicaram-se inteiramente a história do homem,através da paleontologia,arqueologia entre outras ciências,acumulou-se bastante conhecimento sobre o homem.Muitos dos estágios a cerca do homem são intrigantes.Certamente viram novas descobertas que revolucionaram nosso saber.

Provas da evolução humana. O homem é parente de todas as formas de vida, Lamarck e Darwin não pouparam esforços para provar isso. Bem sucedidos em suas afirmações, as provas de seus respectivos sucessos fazem parte da biologia elementar.

Provas da anatomia comparada. Em comparação com a estrutura do corpo do macaco, cada osso do corpo humano, corresponde a um osso no corpo do macaco. Alguns desses ossos se diferenciam de tal maneira, que podemos determinar uma espécie a partir do mesmo. O homem compartilha com o macaco vários traços de sua evolução, interessante apontar que alem de características físicas, também vemos características e costumes mentais, tais elas como: predominância do macho sobre a fêmea, cuidados maternos em excesso, ausência da estação de acasalamento etc. Supostamente, o homem seria único com as tentativas de encontrar algo que estivesse ausente no corpo de outros primatas, sem sucesso algum nestas tentativas. Assim como as diferenças entre uma espécie de gorila e outra, ocorre o mesmo com o homem.

Provas da embriologia. Segundo a lei de Baer, mais tarde transformada por Haeckel na lei biogenética, afirma que embriões jovens se parecem um com os outros e à medida que se desenvolvem se tornam diferentes. Assim a lei esta errada, embriões não parecem com a forma adulta de outros animais, e sim com os mesmos de sua espécie. Assim como os adultos sofrem mudanças, o mesmo ocorre com os embriões, ambos passam por mudanças e se adaptam ao ambiente, isto os tornam bem sucedidos em suas funções biológicas. Muito a respeito do desenvolvimento humano não tem sentido, exceto com a admissão de condições ancestrais remotas.

Provas dos vestígios. Se usarmos como exemplo, os músculos do corpo humano, que corresponde aos mesmos dos gorilas humanóides, podemos afirmar que são estruturas herdadas de nossos ancestrais. Podemos também questionar o porquê do não desaparecimento de certos órgãos com a evolução. O desenvolvimento é independente e tende a ser mantido por longos períodos, durante a evolução.

Provas da fisiologia, genética e sorologia. Células humanas podem ser encontradas em células diferentes, funções corporais podem ser encontradas em vários animais. Homem e organismos são conseqüências de hereditariedades.

Os primatas vivos. A trajetória do homem desde o inicio ate os dias atuais são cercados de hipóteses e duvidas sobre a evolução, de qual primata evoluímos, se realmente foi de um primata etc. Se levanta a hipótese que o homem vem de um animal que deu origem às lêmures, macacos, gorilas e conseqüentemente ao homem. A cerca de todas essas duvidas, surge uma resposta e que nosso ancestral foi um gorila que abandonou a vida nas árvores e se adaptou ao solo. Outra hipótese é de que, o homem veio de um animal semelhante ao tarseiro, e se desenvolveu independente, do que veio a conduzir os macacos e gorilas. Significa dizer que toda nossa semelhança com os símios foi adquirida independente, por evolução paralela.

Irreversibilidade da evolução. Pode uma evolução ser perdida sem deixar vestígios?Cada espécie é especializada em alguma coisa, tarseiro para vida noturna em florestas, o homem para cultura, o gorila para locomoção braquiante etc. Então por que não encontramos vestígios de nossos ancestrais presentes no corpo humano?É reversível a evolução?Sim, em seu aspecto mais simples ela é reversível. Levemos em conta o ambiente em que determinada espécie vive,passe por mudanças climáticas,pode a espécie sofrer mudanças genéticas para se adaptar ao novo clima,e podendo voltar ao que era se assim for necessário.Não quer dizer que voltar a se readaptar ao antigo clima seja mais difícil,vai depender da matéria-prima genética ,na qual a seleção natural possa agir.A readaptação pode ocorrer de duas maneiras,primeiro se os antigos genes que antes eram adaptados a um certo clima do ambiente existirem,podem agora serem selecionados,o conjunto voltara ao que era.Um exemplo são as moscas da espécie Drosophila na Califórnia,em determinadas épocas do ano sua espécie se altera e depois volta ao que era.O retorno do antigo ambiente pode encontrar a espécie tão alterada que não é mais o mesmo que volta ao ambiente,então a readaptação será construída a partir de novos materiais.A menos que seja aceitável a suposição de que o homem tenha abandonado sem deixar vestígios de sua locomoção braquiante e substituída por outras adaptações.Não devemos colocar essas opiniões em julgamento,são conciliáveis apenas com descobertas de fósseis.Mesmo com novas descobertas,ainda estarão sujeitas a novas avaliações,que pode não eliminar diversas opiniões

Primatas fósseis não-humano. A busca humana pelo seu passado é incessante, isso traz vantagens e desvantagens. À medida que o homem procura fósseis, a velocidade de descobertas cresce. Um problema com isso é que a medida de novas descobertas, dando um nome de espécie, causando alguns problemas como, tratar gênero como espécie. As subdivisões do tempo geológico se relacionam com a evolução da ordem dos primatas. A descoberta de vários fosse a épocas diferentes, prossimios e tarsoides, que deixaram quantidade relativa de fosseis no paleoceno e eoceno, Parapithecus encontrados nas camadas inferiores do oligoceno. Na metade do terciário a evolução estava em processo rápido. No mioceno,numa ilha do lago Vitória ,na África equatorial,encontraram um crânio incompleto e deformado.Julgando a estrutura dos dentes e o crânio,pertencia a família dos gorilas,mas tinha características com o macaco,este fóssil foi dado o nome de Proconsul.Se interpreta que o Proconsul não desenvolvido venha a locomoção dos gorilas atuais, ou seja, a braquiante.Provavelmente se deslocavam sobre as quatro patas.Apesar de estar próximo do ancestral,tanto dos gorilas,quanto dos hominídeos,é pouco provável que ele tenha sido,no miocenio e pliocenio existia uma subfamília ,Dryopithecinae dos pongideos.Seus fragmentos foram encontrados nos mais diversos lugares,desde a Europa ate a Índia.Vários gêneros e espécies foram atribuídos a esta subfamília,de início pode causar uma grande confusão,ma s o fato é que durante a segunda metade da era terciário ,hominídeos ,em especial o grupo do gorilas,estavam sofrendo varias mudanças evolutivas.Certamente ,eles não eram iguais aos macacos modernos,os ossos de suas pernas afirmam que algum deles não haviam adquirido o habito braquiante.Encontrado em 1856 na Toscana,Itália ,em camadas ora mioceno superior,ora do pliocenio inferior,tido como Cercopiteco.Hürzerler(1958),julga que seus dentes quanto seus ossos do braço,tem características humanas,que o mesmo deve ser classificado na família dos hominídeos ,não a dos gorilas.Pode ser apenas uma hipótese,mas se for comprovada, poderemos afirmar que nossa linha de evolução separou-se do que produziram os gorilas a pelo menos 11 milhões de anos.

O Australopithecinae. Em 1924, foram encontrados os mais importantes fosseis no continente africano, na áfrica do sul por Broom, Dart Robinson, Leakey entre outros. Pertencentes a uma subfamília, Australopithecinae. Posta por Simon (1945) nos pongideos, e Heberer (19459a; b), coloca-a nos hominídeos, como podemos ver, são opiniões divergentes. Com a descoberta do Australopitecos,um dos “elos” perdido entre o homem e o que lhe deu origem.Mesmo não sendo um ancestral direto do homem,podemos considerar sua ligação com o gênero do homem.Descoberto por Robinsom(1954) na África do Sul,restos de 65 a 100 Australopitecos.Apesar de sua idade geológica não ser certa,é provável que darem do Valfranquiano,que é a parte mais antiga do pleistoceno.Com base nas eras e suas datações o Australopitecos preencheria certo espaço em nossa história.Se por outro lado,for verificado que ele é mais recente,então poderemos dizer que são apenas contemporâneos dos hominídeos.O Australopitecos provavelmente tinha postura ereta,confirmado por sua pelve e um osso do pé,que mostra suas características hominídeas.Sua dentição mais próxima do homem que a do gorila.Porem possuíam cérebros pequenos e a forma do crânio não era humana.Levando em conta seu crânio,de inicio de foram considerados um tipo de gorila.Embora não tenha convencido a todos,a descoberta de serem bípedes aproximaram-nos mais aos hominídeos que a qualquer gorila conhecido.Também foram descobertos seus ossos,então somente são o ponta pé de nossa história,como também foram os primeiros criadores de ferramentas.Embora com todas essas atribuições de espécie e gênero,não há provas de que tenha existido mais de três espécies de um único gênero.Apesar de boa parte de seus fosseis terem sido encontrados na África do sul,Leakey(1959,1960),encontrou restos em Tanganica.Encontrado em Java por Koenigswald,uma mandíbula com três dentes,que pode ser representado como Australopitecos,caso for verdade,significa dizer que o Australopitecos viajou bastante e que existiram por bastante tempo.
O homo erectus e seus parentes. Encontrados na Ásia Oriental, Java e China Setentrional. Embora não pertencentes a espécies Sapiens ,compartilhavam do gênero,o homem de Java,chamado de Pitecantropos Erectus, Pithecantropus Robustus e Pithecantropus Modjokertensis.O homem de pequin(Sinanthropus Pekinensis),raças situadas ao norte que será chamada de Homo Erectus Pekinensis.Os restos do Homo Erectus encontradas em camadas geológicas difíceis de serem datadas com a seqüência padronizada européia.Hipoteticamente são atribuídos ao pleistoceno(glaciação de Mindel ou período interglacial( Mindel-Riss).A Possivelmente do segundo(Mindel-Riss),ou terceiro glacial(Riss) na Europa.Representado por mais de 40 fragmentos,dão um conjunto de seu esqueleto.O material referente ao homem de Java é bem menor,mas o suficiente para estabelecer certos pontos.O Homo Erectus andava sem duvida ereto,seu fêmur idêntico ao fêmur do homem moderno,seus cérebros eram maiores que os dos Australopitecos.

Os pré-sapiens e os Pré- neanderthalenses. No ultimo período glacial (würm), a Europa era habitada pelos neanderthalenses, antes deles, imagina-se que residia na Europa outra raça mais semelhantes ao homem moderno,que apareceu,desapareceu e reapareceu. Restos do Homo Sapiens foram encontrados em Ehringsdorf e em Stenheim na Alemanha,em Swanscombe próximo a Londres,Fontechevade na França central e em Saccopastore,perto de Roma( os restos de Saccopastore podem pertencer a um neanderthal).A maioria desses achados pertencem ao período glacial (Riss-Würm),acompanhados de inventos de pedra primitivos.Acredita-se que com esses fragmentos tenha se conseguido chegar perto do homem moderno,Homo Sapiens.Os homens de Ehringsdorf ,Stenheim e Saccopastore são chamados de pré-neanderthalenses e os de ,Fontechevade e Swanscombe,são chamados de pré-sapiens(Boulee Vallois 1957).Em Java numa camada geológica mais recente ,encontrados cinco crânios conservados e mais seis fragmentos,que podem ser atribuídos ao Homo Sapiens.Com grande capacidade craniana e traços do homo erectus,levanta-se a hipótese de que o Homo Erectus,teria se transformado em Java no Homo Erectus Soloensis,e este por ultimo nos atuais aborígines da Australianos.

A raça de Neanderthal. O gelo predominava na Europa durante a ultima glaciação (Würm),partindo da Escandinávia ,parte norte da Alemanha,centro-sul da Rússia,e norte da Inglaterra.Em reação ao rigoroso clima em que o ambiente se encontrava se formou uma raça,Homo sapiens neanderthalenses,descobertos em 1856 em Neanderthal,perto de Düsseldorf,Alemanha.Foram encontrados restos na França,Belgica,Espanha,Italia,Tchecoslovaquia,Ioguslavia,Palestina,Criméia,Pérsia(Kurth 1960b) e sul do Turquestão.Provavelmente a forma de fóssil humano mais bem conhecido,além do Homo sapiens sapiens.O homem de neanderthal era baixo e atarracado,cabeça grande,capacidade craniana de 1.450cm³,mandíbula forte face bem desenvolvida,sem queixo e grandes dentes.Supõe-se que eram curvados,mas a discordâncias em torno disto,viviam em cavernas,tinham conhecimento do fogo e produziam armas rústicas com pedras,eram caçadores e usavam peles de animais como vestes.

De onde veio o Homo sapiens?O Homo sapiens, era um viajante e colonizador, se pergunta onde, como e quando ele surgiu. Não se sabe o bastante para uma resposta parcial.Uma vez que a espécie difere em vários genes,uma nova espécie não pode aparecer por mutação numa certa data e local.Surgem gradualmente,pelas múltiplas ocorrências mutacionais que ocorrem ou ocorreram em épocas diferentes,e as espécies não surgem como indivíduos separados ,mas como populações.Todas as espécies do gênero Homo constam na arvore evolutiva humana,mas a medida que algum apresenta uma particularidade ausente no homem moderno,tona difícil encarar uma forma como ancestral direto.Esse tipo de interpretação daria ao homem muitos parentes colaterais,mas nenhum progenitor.Provavelmente teve origem num país,que não houve descoberta de fósseis humanos,o que torna essa hipótese facilmente aceitável.

O que é uma espécie? Podemos definir espécie?Homo sapiens é uma única espécie biológica. Não teria como surgir da união de duas ou mais espécies,mesmo levando em conta o quanto foi paralelo seu desenvolvimento.Espécies surgem de raças por processos de divergências graduais.Devem-se encontrar espécies distintas,para serem consideradas da mesma espécie ou não,podendo serem consideradas de outra espécie.A classificação portanto é livre.

Isolamento reprodutivo. Quaisquer agentes que diminuam ou impeçam a permuta de genes entre espécies, são chamados de mecanismos de isolamento reprodutivo. É necessário apontar que esse tipo de mecanismo não ocorre em todas as espécies,qualquer mecanismo é bastante forte para isolar uma espécie,mas a separação é obtida pela combinação de vários mecanismos que se reforçam.Existe um ponto na linha evolutiva em que sistemas geneticamente abertos(raças) transformam-se em sistemas geneticamente fechado(espécies).Isolamento reprodutivo e fechamento de sistema genético,tona irreversível a evolução.

Raças e espécies dos homens fósseis. Novas descobertas não só acrescentaram nova s formas,mas também alteram interpretações de anteriores.Reconhecidos como dois gêneros Homo e Australopithecus.Classificar como categoria é de livre escolha,apenas se define como importante,que são fenômenos biológicos.Dobzhansky(1944a) e Mayr(1950),sustentavam a hipótese que só existia uma espécie em todo o globo numa determinada época da historia evolutiva.Demostrado por Robinson(1954),que duas espécies viveram na mesma época,mas essa hipótese se matem apenas no gênero Homo.O Australopithecus por ter adotado um modo de vida,passou a depender da fabricação de ferramentas ,ganhando o gênero de Homo.Falta provas de quando e onde ocorreu essa transformação de Australopithecus para Homo.Usavam também ferramentas os Australopithecus de sterkfotein, Australopithecus Transvaalensis e Australopithecus Robustus boisei,significa dizer que,mais de uma espécie tentaram um novo modo de vida.Em relação a tempo,mais provável que tenha sido no estagio Villafranquiano do Pleistoceno.A forma de vida bem sucedida provavelmente se multiplicou e se propagou pelas regiões .

Origens monofiléticas ou polifiléticas. Muitas duvidas a cerca da evolução perdura,em relação de que o homem descende de uma ou varias raças de macacos.Não se pode negar que a raça humana contenha todos os elementos de vindos da maioria ou todas as raças fósseis do Homo erectus e Homo sapiens,embora possamos depender de apenas uma raça primitiva,tendo desaparecido todas as demais.Há 35.000 ou 40.000 anos atrás,na Europa,apareceram homens cuja estrutura corporal era semelhante a do homem moderno,classificados como Homo sapiens sapiens.Há 24.000 anos o homem moderno povoou o continente australiano e americano,tomou-se formas mundial sua distribuição.Suas ferramentas de pedras encontradas em vários lugares,isso indica a passagem do homem em determinado local.Na Europa,África e Ásia ocidental e na maior parte da Índia,foram encontradas ferramentas de pedras milenares,como machadinhas,laminas e rachadores de pedra,ambas as ferramentas da metade do pleistoceno.Outras armas encontradas são grosseiras,cutelos de pedra e ferramentas de devastar,estas por suas vez encontradas em maior quantidade,assim se relaciona que a distribuição de raças ocidentais e orientais,nos remete que descendemos das raças ocidentais.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O DESEMPREGO NO BRASIL E SEUS DESAFIOS ÉTICOS

Resumo
Este artigo propõe-se a discutir o desemprego no Brasil e seus desafios éticos. A controvérsia encontra-se nas disparidades entre as taxas de
desemprego e o perfil da educação, principalmente nos últimos anos da década de 1990. Os impactos da globalização e o emprego de novas tecnologias ocasionam aumento de desemprego com diminuição de postos de trabalho em muitos setores da economia. Apresentar esta controvérsia para a compreensão ética é essencial numa situação onde a crise do
emprego formal é uma realidade e a busca de atividades produtivas, como a produção para consumo próprio, e os serviços sociais e domésticos
estão sendo valorizados como formas alternativas.

Introdução
O atual debate social apresenta geralmente
o desemprego como o resultado de três fatores
emergentes: a mundialização dos mercados, que
provoca uma reestruturação da produção, a
introdução de uma tecnologia que utiliza cada
vez menos mão-de-obra e o fim de uma era de
crescimento econômico sustentado, que garanta
o pleno emprego.
Assim, dentro do contexto da globalização,
podem-se observar mercados altamente
competitivos, movidos por políticas econômicas
agressivas, que têm evidenciado um ambiente
com grandes e imprevisíveis mudanças. Sob este
aspecto, a inovação tecnológica passou a ser um
fator vital para a sobrevivência das organizações,
pois ela determina o avanço da qualidade de
produtos e serviços.
Dessa maneira, a impressão vaga de que a
globalização e a tecnologia trazem consequências
negativas tem levado muitas pessoas a declararse
contra ela, pois parece que carregam consigo
tanto potencialidades positivas quando negativas,
e que a atitude mais sensata, no caso das novas
tecnologias, consistiria em explorar umas e
minimizar as outras. Entre as potencialidades
positivas, podem-se citar os avanços tecnológicos
como geradores de bem-estar e conforto. Entre
as potencialidades negativas, pode-se citar o
desemprego, que afeta países emergentes, em
grande parte por desqualificação profissional.
Sob esta ótica, é importante estabelecer uma
correlação entre o novo contexto econômico
mundial, o nível de desemprego no país e a
estrutura de educação e formação profissional
existente, associada aos investimentos do
governo nos últimos anos. O aumento do
desemprego tem sido objeto de diversos estudos
e levantado diversas opiniões, que em alguns
casos podem ser contraditórias.
A ética, por outro lado, apresenta-se, ao
mesmo tempo, como um sentimento, uma ciência
e uma doutrina. Ela nos ensinava, inicialmente,
a escolher entre o bem e o mal. A economia parece
fugir de todos os esquemas morais anteriores e
nos obriga a escolher entre múltiplas opções,
cada uma produzindo efeitos positivos e negativos.
É nesta perspectiva de arbitragens múltiplas e
ambivalentes que tentamos situar alguns
desafios éticos, e não em uma perspectiva binária
e reducionista de escolha entre o bem o e mal.

1 O desemprego no Brasil
No Brasil, as informações mais completas sobre a situação do mercado de trabalho são fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e também pelo Departamento
Intersindical de Estudos Estatísticos e Sócio-
Econômicos (DIEESE). Para o IBGE, desempregada é
toda pessoa com 16 anos, ou mais, que durante a
semana em que se fez a pesquisa tomou medidas
para procurar trabalho ou que procurou
estabelecer-se durante a semana precedente.
Já o DIEESE, para estabelecer essa informação,
utiliza um prazo de trinta dias, além de incluir o
desemprego oculto, representado pelo trabalho
precário e desalento. Assim, a porcentagem de
pessoas desocupadas em relação ao total da população ativa, ou seja, ocupados mais desempregados, é conhecida como taxa de desemprego.
A impossibilidade de definir o desemprego
redunda na multiplicidade de suas medidas. Cada
fonte estatística tem seu conceito, incompatível e
portanto incomparável com qualquer outra fonte
e, geralmente, escolhido em função de critérios de conveniência. O DIEESE define o fenômeno da forma mais abrangente possível, somando-se o desempregado aberto com os empregados precários e os empregados desalentados, ao passo que o IBGE restringe a medida ao desemprego aberto. As comparações internacionais de taxas de desemprego apresentam ainda maior perigo, uma vez que essas não dependem apenas de definições, mas também de peculiaridades institucionais, culturais e econômicas literalmente incomparáveis. Assim, tudo o que os números podem indicar é a variação do desemprego, sua estrutura e natureza.
A teoria econômica mais tradicional distingue
três tipos de desemprego, de acordo com seus
mecanismos geradores e, paralelamente, três
perspectivas de luta contra estes. A falta de
visibilidade e de transparência do mercado de
trabalho, a informação imperfeita que os agentes
têm, provoca uma forma benigna e geralmente
de curta duração de desemprego, chamada
friccional. A vaga e o candidato adequado existem,
mas os dois não se encontram, de sorte que a vaga
fica vazia e o candidato frustrado. É necessário
circular as informações por todos os meios: meios
de comunicação, lugares públicos, bancos de
emprego etc.
O desemprego dito conjuntural está ligado a
fases de recessão da atividade produtiva. A
experiência da década de 1980 ensinou claramente
que o desinvestimento provoca um desemprego duradouro, podendo haver conflito entre objetivos de curto e de longo prazos. Mas a forma mais resistente de desemprego está ligada a um descompasso entre a estrutura qualificada
da mão-de-obra necessária e da força de trabalho
disponível. A curto e a longo prazos, as três formas de desemprego misturam-se e confundem-se. No
longo prazo, a pior forma de desemprego (estrutural) resulta de uma defasagem entre a
evolução da tecnologia e o ensino.
Para preparar o recurso humano para uma tecnologia sofisticada e em permanente evolução, o ensino profissionalizante pode não ser a melhor opção. A maioria dos trabalhadores atuais deve mudar profundamente seu modo de trabalhar em função da introdução do progresso técnico na produção. Hoje constitui privilégio de uma minoria desfrutar de um emprego estável com tempo integral, o ano inteiro e durante a vida ativa. A maioria dos ativos destina-se a ocupações irregulares, temporárias, precárias, de tempo parcial ou falsamente independentes.
O aumento do desemprego no Brasil apresenta três explicações fundamentais: fatores estruturais, conjunturais e sazonais.
Dos fatores estruturais, o Brasil amarga efeitos de três fatores perversos: baixo crescimento, educação insuficiente e legislação inflexível. Destes fatores, a educação insuficiente
desde a infância é responsável direta ou
indiretamente pela baixa qualificação da mão-de-
obra no Brasil e apresenta-se como um dos pontos mais críticos para o país. Assim, é possível
evidenciar que boa parte dos problemas como
desemprego no país é gerada pela baixa
qualificação da mão-de-obra existente, oriunda
de uma educação precária e insuficiente. É importante salientar que, à medida que as
empresas se modernizam e aumenta a complexidade
da tecnologia utilizada, requisitam-se maiores aptidões técnicas e pessoais e, assim, a cada dia mais pessoas são consideradas desqualificadas para os cargos abertos nas empresas, caso o sistema de ensino vigente não proporcione formação adequada.

2 Teorias sobre o desemprego
O desemprego tem diversas causas e parece não haver uma única teoria a explicá-lo. Assim, existem diversas abordagens para o fenômeno,
conforme segue:
a) Job Search - Seu objetivo é explicar o desemprego onde trabalhadores e firmas têm informações incompletas e dispendiosas dentro de um mercado de trabalho competitivo.
b) Substituição intertemporal - A idéia básica
é que tanto o lazer corrente quanto o futuro são substitutos, e em períodos em que a taxa de salários e juros forem baixos os trabalhadores trocariam trabalho por lazer presente voluntariamente.
c) Sinalização - Ocorre quando um trabalhador
qualificado se recusa a aceitar empregos desqualificados com o receio de associar sua imagem profissional a ela.
d) Salários eficientes - Para evitar que os
trabalhadores façam “corpo mole” (shirking), as firmas adotam o pagamento de salários-eficiência. Gera-se desemprego involuntário, pois é desestimulada desta maneira a contratação de
mais trabalhadores.
e) Deslocamentos setoriais - Segundo este
modelo, o desemprego é devido à realocação
da mão-de-obra entre os setores econômicos, extinguindo muitos vínculos empregatícios.
f) Histerese - O modelo propõe que quanto mais a taxa de desemprego subir, mais elevada ela tende a se tornar, devido ao alto grau de correlação entre o desemprego passado e o corrente.
2.1 Causas e efeitos do desemprego
Para os economistas chamados clássicos ou monetaristas, o desemprego baseia-se no funcionamento do mercado e no desejo dos trabalhadores de receberem salários excessivamente
altos. Assim, o desemprego acima do friccional
deve-se a uma política de salários inadequada.
Esse desemprego é qualificado como voluntário.
Já para os economistas keynesianos, o desemprego
deve-se fundamentalmente ao nível insuficiente da demanda agregada por bens e serviços.
Assim, defende-se que o desemprego acima do friccional é involuntário e ocorre porque o nível
da demanda agregada é insuficiente. Contudo, os custos mais graves do desemprego são para aqueles que sofrem diretamente os seus impactos, pois muitas pessoas não têm acesso ao seguro-desemprego.
E, para aqueles que se mantêm empregados, fica a obrigação de pagar parte dos custos do desemprego por meio de impostos ou contribuições sociais mais elevadas. Neste contexto, o desemprego traz conseqüências degradantes, prejudicando os bons hábitos de trabalho e a produtividade dos trabalhadores.
Assim, pode-se afirmar que o desemprego é o
primeiro fator determinante da pobreza.

3 Tópicos importantes na análise do desemprego
3.1 Perfil da educação no Brasil
O Relatório do Ministério da Educação e do
Desporto para a Conferência Internacional de
Educação de Genebra em 1996 apresenta o seguinte quadro sobre a educação no Brasil:
O perfil da educação brasileira apresentou significativas mudanças nas duas últimas décadas. Houve substancial queda das taxas de nalfabetismo, aumento expressivo do número de matrículas em todos os níveis de ensino e crescimento sistemático das taxas de escolaridade média da população. Não obstante, o quadro educacional do país é ainda bastante insatisfatório tanto do ponto de vista qualitativo quanto em relação a alguns indicadores quantitativos. No que se refere à escolaridade da população, observam-se duas tendências importantes:
primeiro, o crescimento da renda per capita verificado nas quatro últimas décadas foi acompanhado de expansão da taxa de escolaridade média, passando-se de dois anos de estudo em 1960 para cerca de 5 anos em 1990. Em segundo lugar, a queda das taxas de analfabetismo de 39,5% para 20,1% nas quatro últimas décadas, foi paralela ao processo de universalização do atendimento escolar na faixa etária obrigatória (7 a 14 anos), tendência que se acentua a partir de meados dos anos 70, sobretudo como resultado do esforço do setor público na promoção das políticas
educacionais.
Este movimento não ocorreu de forma homogênea; acompanhou as características de desenvolvimento socioeconômico do país e reflete suas desigualdades. Além das imensas diferenças regionais quanto ao número médio de anos de estudo, que apontam a região Nordeste bem abaixo da média nacional, cabe também destacar a grande oscilação deste indicador em relação à variável cor, mas relativo equilíbrio do ponto de vista de gênero.
Esta situação torna-se ainda mais grave ao se observar a evolução da distribuição da população por nível de escolaridade. Se é verdade que houve considerável avanço na escolaridade correspondente à primeira fase do ensino fundamental (1.ª a 4.ª série), é também verdade que em relação aos demais níveis de ensino os indicadores são ainda insuficientes: em 1990, apenas 19% da população do país possuía o primeiro grau completo; 13%, o nível médio e 8% possuía o nível superior. Considerando a importância do ensino fundamental e médio para assegurar a formação de cidadãos aptos a
participar democraticamente no mundo da vida e do trabalho, os dados indicam a urgência das tarefas e o esforço que o Estado e a sociedade civil deverão assumir para superar a médio prazo o quadro existente.
Conforme o Plano Nacional de Educação (BRASIL, 1997), os níveis de investimentos em educação existentes no país correspondem à parcela do PIB semelhante à de países desenvolvidos. Porém, a grande questão é a eficiência de sua aplicação. Se os recursos destinados à educação não são abundantes, também não são desprezíveis.
Os últimos dados comparativos disponíveis
indicam que, em termos de percentual do PIB, o
Brasil não se coloca em posição muito desfavorável
no conjunto dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Por outro lado, se for considerado
o percentual de recursos públicos legalmente
vinculados à educação, há bem poucos países que
o superam, inclusive se for levado em conta
aqueles que são reconhecidos como tendo
efetuado uma verdadeira revolução industrial.
3.2 Impactos da globalização
Tanto as negociações comerciais da Rodada
Uruguai em 1994, quanto os acordos de livre
comércio tais como a União Européia, o NAFTA e
o Mercosul, foram acusados de pôr em perigo
os salários e empregos (UNITED NATIONS, 1995).
O que dizem os fatos (BANCO MUNDIAL, 1995) a
esse respeito? Nos países industrializados, duas
tendências inquietantes se destacam. Em países
como os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália,
as desigualdades salariais cresceram, ao passo
que nos países europeus, com legislação social
mais rígida, o desemprego aumenta ou persiste.
Embora o efeito direto das importações deva
ser pequeno, as conseqüências indiretas
(inovações tecnológicas defensivas e de deslocamento de mão-de-obra não qualificada para o
setor de serviços) não podem ser desprezadas.
Mas existem outros fatores em jogo, especialmente
mudanças tecnológicas que poupam mão-de-obra. Nos países em desenvolvimento, observam-se duas tendências contraditórias. No Leste Asiático, o aumento do comércio exterior coincidiu com uma maior igualdade dos salários e das rendas; na América Latina aconteceu o inverso. Assim, a igualdade social não depende unicamente da abertura comercial.
Os países ricos costumam apontar três “vilões” do desemprego: a nova tecnologia, as importações baratas e a imigração de mão-de-obra barata. Desse diagnóstico decorrem três políticas perigosas: o controle da tecnologia, o protecionismo e medidas de contenção das migrações. O semanário inglês The Economist defende a idéia de que o argumento está baseado sobre um vício fundamental de raciocínio: supor que a produção é constante (crescimento zero)
e que, portanto, o estoque de trabalho a ser
distribuído é fixo. Este pressuposto contraria os
fatos: nos Estados Unidos, produtividade, emprego
e produto cresceram desde 1880 e o desemprego
ficou estável. Os três acusados só seriam culpados
em um mundo onde todas as necessidades e
desejos já estiveram satisfeitos, o que não existe.
No Brasil, a abertura dos mercados coincide
com o início do governo Collor. Desde então, os
dados da Federação das Indústrias de São Paulo
(FIESP) sobre a indústria paulista apresentam-se
como alarmantes: salvo dois curtos períodos, de
julho de 1991 a janeiro de 1995, os saldos de
fechamentos e criação de monopostos de
trabalho na indústria são negativos e elevados
(-120.000 em janeiro de 1991 e -60.000 em
agosto de 1995). Mas pelas estatísticas globais
de desemprego publicadas pelo DIEESE esse
números não crescem; até pelo contrário. A série
de taxas mensais de desemprego na grande São
Paulo sobrepõe três tendências:
a) uma tendência sazonal a diminuir no fim
do ano e aumentar no inverso;
b) um ciclo conjuntural (sucessão de expansões
e recessões) de 10 a 12 anos, com
o desemprego caindo de março de 1985 a dezembro de 1989, subindo de janeiro de 1990 a março de 1993 e declinando desde então;
c) uma tendência secular a permanecer em torno de uma taxa de 10%.
Como compatilizar as informações? Dois fenômenos devem ter acontecido: uma transferência de ativos da indústria para os setores terciários e informais e uma maior rotatividade da mão-de-obra sem que o saldo de desemprego a acompanhasse.
Cabe assinalar um fenômeno recente e surpreendente: o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), do Ministério do Planejamento,
indica que a renda parou de se concentrar. Até
pode-se observar uma discreta redistribuição do
poder de compra a favor dos mais pobres, através
dos preços dos alimentos. Mesmo que o fato deva ser
creditado ao fim da inflação (Plano Real) e não
à abertura da economia, continua confirmada a
tese de que, na América Latina, a globalização
significa maior desigualdade.
De modo geral, a globalização gera, nos
países em desenvolvimento, novas oportunidades,
mas também grandes desafios. Do lado positivo,
a integração internacional carrega consigo
mercados mais amplos para o comércio, maior
diversificação de bens, mais influxos de capital
privado e maior acesso a tecnologias. Porém, as
novas oportunidades se fazem acompanhar de
novos e grandes desafios na área da gestão
econômica. As novas possibilidades favorecem
os mais ágeis, e a volatilidade dos fluxos de
capital dificulta as políticas econômicas dos
países em desenvolvimento. O acerto das políticas
macroeconômicas traz maiores recompensas, mas a inércia e o equívoco custam mais caro.
Finalmente, o crescimento dos países em desenvolvimento não é prejudicial e sim benéfico para os países industrializados.
3.3 Emprego de tecnologia e o desemprego
Dizia Colbert, ministro da Fazenda de Luiz
XIV, a um inventor que lhe trazia uma nova máquina de tecelagem: “procuro um meio de ocupar o povo para que cada um possa viver dignamente de seu trabalho e não de tirar do povo o pouco de ocupação que ele tem. Leve sua máquina para outro país, onde faltam braços”. A história não confirmou
o receio do ministro. A ociosidade dos recursos humanos não parece maior hoje do que no século XVII.
A curto prazo, o progresso técnico muda a composição qualitativa e setorial do emprego e, portanto, provoca um desemprego transitório de adaptação.
Nem mesmo essa forma de emprego deve ser evitada de
qualquer jeito.
Não se deve evitar de todo jeito o desemprego
de adaptação, mas, sim, administrá-lo com programas de reconversão, para os poucos suscetíveis de adaptar-se, e de amparo financeiro,
para a grande maioria.
A “teoria da compensação” procura estudar
o impacto da tecnologia sobe o emprego a longo
prazo e pode formular-se na seguinte proposição:
o efeito negativo direto da introdução do progresso
é compensado pelo crescimento indireto do
emprego. As comparações internacionais
permitem-nos sugerir que não existe uma
correlação necessária entre tecnologia avançada
e taxas de desemprego elevadas. As economias
mais avançadas do ponto de vista da tecnologia
têm desemprego menor que países quase
totalmente descapitalizados.
3.4 A alternativa do prosumo
A sociedade industrial se acostumou a pensar
o trabalho como uma atividade assalariada de
produção de excedentes para comercialização.
Porém, a produção para consumo próprio,
chamada por Alvin Tofler (1980) de “prosumo”,
adquire uma importância crescente.
A maior motivação em trabalhar para si
mesmo e a quebra das economias de escala em
muitos setores permitem às atividades de
prosumo muitas vezes atingir qualidade e rentabilidade competitivas como as atividades
de mercado. Sua perspectiva de ampliação das atividades e a maior utilização de horários de
trabalho flexíveis e contínuos poderão mudar o estilo de vida e o tempo disponível. Desta
maneira, o cidadão poderá dividir seu tempo entre o trabalho em regime de mercado ou de prosumo e
um tempo flexível para atividades de lazer ou de
trabalho benévolo.
3.5 O futuro do trabalho
O progresso técnico e a mundialização têm
provocado uma realocação espacial e setorial da
atividade econômica, que pode ter um impacto
sobre o nível de emprego, mas que cria bolsões
regionais e setoriais de desemprego de ajustamento.
O trabalho operário está em declínio.
Serviços expandem-se, mas ligados a uma
desigualdade social entre os que vendem e os
A maior motivação em trabalhar para si mesmo
e a quebra das economias de escala em muitos setores permitem às atividades de prosumo muitas vezes atingir qualidade e rentabilidade
competitivas como as atividades de mercado que compram. As atividades emergentes situam-se
nas áreas de manipulação de dados e palavras,
representações orais e visuais.
Quanto aos empregos primários, estagnam-se
em 5% dos ativos. Essa reestruturação setorial
exige uma reconversão do emprego e leva a um
desemprego estrutural de longa duração. Além
disso, a natureza da atividade sofre mudanças e
deve redefinir a ética do trabalho. Para o sociólogo René Castel (1995), duas palavras caracterizam o emprego do futuro: precariedade e flexibilidade.
Hoje, do ponto de vista do trabalho, a questão
social cristaliza-se em torno de três pontos: a
desestabilização dos estáveis, a instalação na
precariedade e um déficit global de empregos.
Assim, toda atividade produtiva pode ser
vista como concatenação de cinco dimensões: é
um desempenho de competência, uma atividade
de produção de bens ou serviços, um status
multidimensional, um modo e nível de remuneração
e um mecanismo de integração social. O
futuro do trabalho depende de como vão evoluir
essas cinco dimensões.
4 O desemprego e os seus desafios éticos
Como conclusão do presente artigo, propõem-
se alguns desafios éticos que marcaram esta reflexão sobre o desemprego no país e no
contexto mundial.
Em relação ao Brasil, talvez a conclusão mais
contundente a que se pode chegar é que o país,
mesmo possuindo escassez de capital para investimentos em educação, pode gerar resultados
muito mais expressivos. Cabe, neste contexto,
uma reflexão sobre a ética e a gestão dos recursos
destinados à educação que, conforme os próprios
relatórios governamentais, poderiam e deveriam
ser aplicados de maneira a atender as necessidades
dos cidadãos.
Como já foi citado anteriormente, três séculos
atrás, o Ministro Coulbert proibia a instalação de
novas máquinas de tecelagem na França para
manter o nível de emprego. O país que praticar
tal estratégia hoje deverá se proteger da concorrência internacional e o protecionismo levará ao atraso e ao isolamento. O povo dificilmente renunciará de forma espontânea a viver a grande aventura do progresso.
O fato de a máquina dispensar o homem de
tarefas insalubres e repetitivas não deve ser visto
apenas pelo lado negativo do desemprego; ela
também liberta o trabalhador para tarefas mais
criativas e proporciona mais tempo livre. Neste
sentido, o desemprego de adaptação pode ser
minimizado por programas de reconversão para
os que são suscetíveis de adaptar-se.
A tentação de manipular a idéia do “crescimento
zero” continua fascinando as mentalidades
catastrofistas. Ela, porém, contraria a condição
humana. Os desejos e aspirações são insaciáveis,
de tal forma que satisfazer uma determinada
necessidade não apaga a frustração, mas a desloca
a outros objetos ou ideais. Essa insatisfação
permanente causa sofrimentos, mas é a mola
propulsora do progresso.
A instituição do salário mínimo é cada vez mais questionada como instrumento de redistribuição de renda e proteção aos mais pobres. Contudo, um estudo do Banco Mundial sugere que o salário mínimo nos países em desenvolvimento não ajudou em termos de justiça. Só o crescimento da renda per capita pode aumentar os salários reais.
Toda atividade produtiva envolve um risco de fracasso, que pode ser reduzido, mas jamais
eliminando totalmente. Quem deve assumir o risco? O governo, o empresário ou o trabalhador?
A distinção é meramente funcional, uma vez que
a falência gera desemprego e que o trabalhador
também paga imposto, convém, porém, colocar a questão em termos claros.
A estabilidade do emprego e a irredutibilidade
dos salários transformam a mão-de-obra em custos fixos. Assim, empresas contratam em função do seu ponto mínimo de produção. Outra vez, a estabilidade de alguns se paga pelo desemprego de outros. A rigidez da legislação social e trabalhista define a fronteira entre o emprego formal, o setor informal e o desemprego.
O risco de se juntar ao exército de desempregados constitui uma das fontes mais freqüentes de
estresse nas sociedades modernas.
Mas nem sempre esse medo nasce de forma espontânea e se apresenta com risco real. A comissão de Justiça e Paz da Bélgica destaca um paradoxo: quanto menos riscos as pessoas correm, mais elas se sentem ameaçadas. Embora os níveis de desemprego
atuais no Brasil sejam equivalentes aproximadamente
aos de dez anos atrás, observa-se um aumento da sensação de insegurança. Será isso uma forma de neomilenarismo?
Todo tipo de imposto se tornará mais efetivo,
no que se refere a seu objetivo institucional,
quando sua forma de arrecadação ocorrer da
maneira mais transparente possível, especialmente
aqueles que incidem sobre salários. Em vez
dessas contribuições serem pagas pelas
empresas, os encargos deveriam ser pagos pelos
trabalhadores. Do ponto de vista contábil, não
haveria diferença, mas apenas do ponto de vista
do exercício da cidadania. Percebendo o serviço
comprado, o trabalhador cobrará seu uso.
Diante da crise do emprego formal, convém
valorizar formas alternativas de atividades
produtivas como o prosumo (produção para consumo próprio) e os serviços sociais e domésticos.
Vale lembrar que o trabalho informal constitui uma concorrência desleal ao setor formal.
Porém, a repressão é impossível como também indesejável, uma vez que o setor informal constitui
uma válvula de escape ao desemprego estrutural.
Na sociedade industrial anterior, o trabalho
não representava apenas um meio de subsistência.
Era também o principal fator de inserção
do indivíduo na comunidade. Nossa sociedade
poderia deixar de ser uma sociedade onde o
trabalho é o principal fator de integração social.
Ainda temos, contudo, de inventar uma civilização
do tempo livre.
Diante da crise do emprego formal, convém valorizar
formas alternativas de atividades produtivas como o prosumo e os serviços sociais e domésticos.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A BATALHA DE ACTIUM

44 a.C., Idos de Março, Roma

Julius Caesar, um dos maiores generais romanos, saíra vitorioso de uma longa e sangrenta guerra civil e esperava agora que a paz voltasse a Roma. Mas isso não iria acontecer.

Nesse dia, quando César saía do Senado apinhado, foi esfaqueado e morto por 40 dos seus companheiros senadores. Os assassinos, chefiados por Brutus e Cassius, outrora amigos de César, imediatamente declararam o seu acto como uma vitória da liberdade sobre a tirania (muitos senadores esperavam que o Império sob o comando de César se tornasse uma orgia de abuso do poder, a mais implacável das tiranias).

No entanto, para a maioria dos romanos, Julius Caesar tinha sido um deus e poucas horas após o seu funeral esta cidade de um milhão de habitantes estava amotinada. Roma corria o risco de cair na anarquia. Marcus António, amigo íntimo de Caesar e segundo no comando, interveio imediatamente numa tentativa de reprimir os tumultos. Elevando a toga do seu mentor (Julius Caesar) acima da cabeça do seu cadáver, Marcus António apelava à vingança. Os assassinos de Caesar foram forçados a abandonar Roma perdendo quaisquer esperanças de abalar a opinião pública. Marcus António conseguira virar os romanos a seu favor.

Pouco tempo depois da morte de César, Marcus António tomou completamente o controlo de Roma. Esperava que o testamento de César lhe concedesse o poder e o prestígio de que necessitava para governar. Mas quando o testamento foi lido aos cidadãos romanos, Marcus António tomou conhecimento de que a maior parte da imensa fortuna de César não lhe tinha sido deixada e, o mais importante, o nome de "César" também não. O grosso da herança havia sido deixado a um parente desconhecido de 18 anos: Caius Octavius, filho adoptivo de César.

As notícias do testamento foram enviadas para Appolonia onde Octavius se encontrava em treino militar com as tropas de César. Apesar de apanhado de surpresa, o jovem Octavius reagiu rapidamente e apressou-se a voltar a Roma com o fim de tomar posse da sua perigosa herança. Embarcou para Itália e algumas semanas depois desembarcava em segredo a Leste de Roma. A chegada de Octavius não perturbou Marcus António. António era 20 anos mais velho que Octavius e um bem sucedido membro do Senado romano.

O confronto inevitável ocorreu nos jardins de Pompeia, numa ocasião em que Octavius sentiu que António o tratava com altivo desdém. António começou por desprezar Octavius e tudo fez para humilhar o que ele considerava um simples garoto. Furioso com esta atitude, Octavius exerceu a sua influência junto dos cidadãos mais poderosos de Roma, conseguindo rapidamente o apoio dos senadores que se opunham a Marcus António. Num gesto cheio de significado político mudou o seu nome para Julius Caesar Octavianus e mandou mesmo cunhar moedas com a sua efígie e a de César: o deus e o filho de deus. Estes factos abalaram o domínio de Marcus António sobre Roma e, acima de tudo, sobre o exército. Tinha, claramente, substimado o seu rival.

Esperando reconquistar a chefia, António decidiu partir com as legiões que ainda lhe eram fiéis, tendo como objectivo enfrentar os assassinos de César no Norte da Itália, apesar de esta ser uma ocasião perigosa para se afastar de Roma. Com muitos dos membros do Senado implicados no assassinato de César, Octavius tirou partido destas divisões políticas angariando apoios, enquanto António estava no Norte da Itália. Conseguiu convencer bastantes senadores de que as convicções políticas de António representavam um perigo para a sua segurança. O Senado autorizou-o a utilizar a força contra Marcus António. Assim, servindo-se da imensa fortuna de César, Octavius ofereceu a si mesmo um grande exército.

Quando estes rivais se encontraram pela luta do poder, em Modena, no Norte da Itália, iniciou-se o combate. Mas as tropas de António não estavam dispostas a combater os seus antigos companheiros. A batalha transformou-se num motim e Marcus António foi derrotado. Todavia, António ainda detinha muito poder e ambos os contendores se aperceberam que só agindo juntos poderiam evitar outra guerra civil. Concordaram em unir forças e destruir qualquer potencial oposição à sua aliança.

Durante a noite seguinte foram espalhadas, por toda a Roma, listas contendo os nomes dos seus rivais: mais de 400 membros do Senado e 2.000 proprietários. Todos aqueles cujos nomes constavam da lista eram mortos, sem apelo, sem julgamento, sendo todos os seus bens confiscados. Os que tinham a sorte de verem a lista antes de os legionários chegarem, corriam para casa e suicidavam-se pois só assim poderiam garantir aos filhos a herança dos seus bens.

Roma foi pacificada. Todos os seus "inimigos" imediatos tinham sido aniquilados. Constituíndo os assassinos de César a única ameaça ao poder dos novos ditadores, Marcus António e Octavius partiram com um exército colossal, composto por várias centenas de milhar de homens, dispostos a esmagar Brutus e Cassius. Foram encontrá-los nos olivais do Norte da Grécia perto de uma pequena cidade chamada Philippi (situada na antiga Macedónia, quase junto ao mar interior grego).

42 a.C., Macedónia, Philippi

Foi uma luta difícil que só terminou quando Marcus António reorganizou as suas tropas e aniquilou os últimos apoiantes da antiga República.

Tendo a sua pouco promissora aliança atingido o objectivo a que se propusera, Octavius e António decidiram dividir a República em duas partes. Marcus António faria de Atenas a sua capital e controlaria as províncias do Oriente, enquanto Octavius dominaria o Ocidente e a cidade de Roma.

Com Octavius controlando Roma, os cidadãos esperavam agora gozar um período de paz, um período em que a cidade e as suas províncias conseguissem esquecer o assassínio de César. Mas a tempestade que se preparava entre Octavius e António, desde a leitura do testamento de Julius Caesar, estava prestes a rebentar.

A faísca veio de uma antiga civilização: o Egipto. E da sua brilhante e ambiciosa rainha, Cleópatra, que fora amante de Julius Caesar. Agora, Cleópatra governava por direito próprio com bastante sucesso.

"Dizem que a beleza dela não era incomparável mas a sua presença tinha um encanto irresistível". Descendia dos gregos Ptolomeus, conquistadores do Egipto, corria-lhe nas veias a força do seu antepassado Alexandre Magno.

O Egipto tinha-se tornado vital para a sobrevivência de Roma. O Nilo, com as cheias anuais e um delta fértil, alimentava as províncias romanas em expansão. Alguns séculos antes, os egípcios tinham aperfeiçoado a arte da irrigação tornando o Egipto o celeiro do mundo.

Enquanto os governantes do Egipto permanecessem sob a sua influência Roma sentir-se-ia segura mas agora o jovem príncipe Cesarião, filho de Cleópatra e Julius Caesar, sentava-se no trono do Egipto ao lado de sua mãe. Através de Cesarião, Cleópatra tinha direito ao nome e poder de César. Enquanto Cleópatra e o filho vivessem representavam uma grande ameaça ao poder de António e Octavius sobre Atenas e Roma.

Marcus António descobriu uma oportunidade de usar Cleópatra a seu favor conseguindo uma aliança contra Octavius. Encontraram-se na requintada barca da rainha e este encontro iria mudar o mundo romano. Cleópatra imaginava-se a fundar uma nova dinastia greco-romana e a reconstruir o império de Alexandre Magno e dos antigos faraós.

António acreditava que uma relação com Cleópatra fortaleceria o seu direito ao nome e dinastia do grande César.
Em Roma, Octavius usou a nova aliança de António e Cleópatra como pretexto para começar uma nova guerra. Encetou uma campanha de propaganda maliciosa contra Marcus António para pôr fim ao apoio de que este ainda gozava. Alimentou os receios existentes em Roma acerca do Egipto, divulgando histórias de um Oriente decadente no qual demónios semi-humanos eram adorados e as tropas comandadas por eunucos enquerquilhados. Afirmava que o Egipto era uma terra de feiticeiros e magia negra, de sacrifícios humanos e actos indecritíveis. Realizava numerosos jogos nos estádios públicos onde denunciava os seus rivais. Servindo-se dos grandes poetas do seu tempo criou uma imagem de Marcus António semelhante à de um Hércules derrotado: o grande guerreiro posto de rastos por uma feiticeira, despojado da sua alma e da sua virilidade.

Octavius conduzia uma das campanhas políticas de maior sucesso na história. Após algumas semanas, as multidões exigiam-lhe que declarasse guerra ao Egipto.

Os apoiantes de António em Roma representavam ainda mais de metade do Senado. Foram obrigados a partir. Mesmo depois do grande sucesso da sua campanha, Octavius não queria arriscar uma guerra em território italiano, queria defrontar António num local da sua escolha. Mas necessitava de uma frota de guerra para competir com António e Cleópatra. Anos de guerra civil e ataques de piratas tinham deixado Roma sem uma armada eficiente.

Para superar este obstáculo, Octavius usou um lago vulcânico protegido, junto de Nápoles. Aí, a salvo de ataques, construiria uma grande frota. Quando as embarcações estivessem prontas e as tripulações preparadas, transportaria as embarcações por um canal até ao mar, a meia milha de distância apenas.

Entretanto, em Atenas e Alexandria, trabalhavam também, milhares de homens. Marcus António e Cleópatra preparavam o seu exército e frota. Os Ptolomeus do Egipto sempre se destacaram na construção de barcos. Esse facto, aliado à força do exército romano de António, composto por quase 90.000 homens, deu-lhes confiança na vitória.

Mas decorreram dois anos até que as forças adversárias se defrontassem à entrada do mar Ândria. António tinha estabelecido a sua base perto de uma pequena cidade chamada Actium. Os espiões de Octavius deram-lhe esta informação e, por isso, desembarcou as suas tropas mais acima, na costa, alcançando o seu primeiro objectivo: tinha preparado uma armadilha a António, podendo bloquear a frota de António. Foi isso que fez.

Como dois gladiadores desconfiados, os exércitos de António e Octavius procuravam os pontos fracos de cada um. A tensão quebrou-se quando a frota de António foi alvo de uma emboscada ao levar para Actium mantimentos absolutamente necessários. A maior parte das suas embarcações foi afundada.

31 a.C., Actium

Após este desastre, António sofreu a deserção das suas tropas. E, a 1 de Setembro de 31 a.C., ao cair da noite, observou o clarão dos seus próprios barcos que tinha sido obrigado a incendiar por falta de homens que os tripulassem. No acampamento, Marcus António e Cleópatra tinham de tomar uma decisão difícil. Com a frota e o exército ameaçados restavam-lhes apenas duas alternativas: ou atacavam Octavius por terra, apostando na maior experiência militar de António ou tentavam furar o bloqueio naval tantando salvar o máximo possível de homens e mantimentos.

Os soldados de António afirmaram querer lutar em terra onde a sua força e experiência garantiriam a vitória mas Cleópatra achava que a única esperança se encontrava no mar e a decisão final foi tomada na sua tenda.

Na manhã seguinte, Marcus António ordenou às 230 embarcações que lhe restavam que se preparassem para a batalha. Ainda que fossem quase metade do dos adversários, os barcos de António eram muito maiores e ele esperava conseguir abrir caminho por entre a frota adversária.

Mas Octavius e o seu almirante Agrippa provaram ser estrategas brilhantes e, pouco depois, tinham cercado os barcos de António à saída dos estreito da costa macedónica. Esta é a última grande batalha naval da era romana. Mais de 700 embarcações travaram combates, individualmente e em conjunto, numa área que abrangia várias milhas. Em breve, os barcos de Octavius, mais pequenos e velozes, danificavam seriamente os de António.

Quando o vento de súbito mudou, Cleópatra aproveitou a oportunidade para se pôr a salvo e fugiu com a sua armada que havia ficado sempre resguardada atrás da de António (ficando entre a armada de António e alinha de costa, em frente ao estreito de Actium). Marcus António dirigiu-se, então, para o Norte rodeando a esquadra de Agrippa e rumando depois para Sul ao encontro de Cleópatra, deixando os seus homens a lutar sozinhos.

Sem a experiência do comandante, a frota de António foi presa fácil para Octavius. À medida que o dia avançava as baixas aumentavam e, ao anoitecer, o mar estava pejado de cadáveres e barcos afundados.

Em terra, o exército massiço de Marcus António comtemplava o mar incrédulo. Ao fim de uma semana todos se tinham rendido. A imagem de um general romano fugindo de uma batalha com a sua amante daria a Octavius a vantagem psicológica decisiva.
Para António e Cleópatra foi uma derrota terrível. O seu sonho ruíra. No ano seguinte (30 a.C.) Octavius entrou vitorioso em Alexandria, capital de Cleópatra. Marcus António preferiu suicidar-se a ter de enfrentar o seu velho inimigo. Cleópatra, prisioneira no seu próprio palácio, apresentou-se a Octavius oferecendo-lhe uma aliança. Perante a sua recusa suplicou-lhe que poupasse a vida do filho. Mas a súplica chegou demasiado tarde: Cesarião já havia sido executado. Sabendo que Octavius iria exibi-la em Roma como um despojo de guerra, Cleópatra também se suicidou (com a picada de uma áspide segundo reza a lenda).

Pouco depois, Octavius declarou formalmente que o Egipto, o reino do crocodilo, fazia parte do novo império romano. A vitória deua a Octavius o domínio incontestado de Roma. E uma vez mais deu provas da sua habilidade política. Sabia que o seu antecessor, Julius Caesar, tinha sido assassinado por ostentar o poder. Por isso decidiu manter os privilégios da Roma republicana nos seus lugares. O Senado e os cônsules administravam o império e intitulou-se simplesmente princeps: o primeiro cidadão.

Na prática, contudo, era Octavius que detinha o poder absoluto. A batalha de Actium constituiu um momento decisivo na história a que se seguiu o período áureo da prosperidade romana. A autoridade de Octavius provou ser o alicerce sobre o qual se desenvolveria um grande império, um império que unificaria a Europa durante os 400 anos que se seguiram.

O novo poder de Roma foi caracterizado pela arquitectura grandiosa e pela Pax Romana, paz sob o domínio romano. Quatro anos, apenas, após a batalha de Actium, o Senado votou a atribuição de um novo nome a Octavius: Augustus Caesar. A fase final da metamorfose de rapaz em deus. Viveria durante mais 40 anos, durante os quais transformou Roma na cidade mais grandiosa do mundo. Uma Roma e um mundo que, 2.000 anos depois, ainda dão testemunho dos seus feitos extraordinários.